quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

LUTEMOS PELA VIDA

Terrorismo, guerras, capitalismo, extrema-direita. O caos e a barbárie reinam sobre a Terra. Trump, Marine Le Pen e outros nazis mostram os dentes na Europa. O capitalismo é cada vez mais feroz, rouba-nos o tempo, rouba-nos a vida. As pessoas atropelam-se na corrida do empreendedorismo, da competição cega. Esquecem o amor, a liberdade, a poesia, perdidas na vidinha das compras e das contas. São controladas e castradas pelos ecrãs, pelas imagens onde se passeiam vedetas inacessíveis que vivem por elas. O natal sabe a hipocrisia. Fanáticos matam em nome de Alá e o Ocidente em nome do deus-dinheiro. Milhões morrem de fome. A pobreza grassa. Tal como a pobreza intelectual e espiritual. O cidadão comum não questiona a máquina. As forças moderadas perdem terreno a olhos vistos. Porque se corromperam, porque se afastaram dos homens. É tempo de caos. Mas do caos também vem a luz. É tempo de combate. Lutemos pela liberdade, pelo amor, pela Vida. Com Jesus, com Marx, com Bakunine, com Nietzsche, com Che Guevara. Lutemos porque estão a destruir o Homem. Lutemos pelas crianças, pelo presente, pelo futuro. Lutemos porque só assim a vida faz sentido.

domingo, 25 de dezembro de 2016

POSSESSO

Estou possesso
a mente arde
soltam-se demónios
criações
mãe, tenho sede
tenho poderes
ouço vozes
gaitas de foles
o coração bate
dá sinais
abarca o mundo
em Sócrates 
em Nietzsche
em Jesus 
mãe, que querem de mim?
Que significam as minhas visões,
as palavras que vêm dos céus?
Mãe, devo unir ou devo combater?

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

EM TRANSE

Ouço os anjos. Estou em transe. Há gritos de borboleta. Há barcos no mar. E tu danças, danças para mim. Já não há limites, companheira. Provo o vinho do paraíso. Canto. Voo sobre os homens. Há ouro, muito ouro na caverna. Medito. Elevo-me. Atinjo estados de iluminação. Jesus, Buda, Zaratustra. Vim conquistar o mundo. Leões, dragões, serpentes. Estou ás portas do céu. Quem me ama? Quem me vem dar amor? Estou possesso. Deliro. Tenho milénios em mim. Atravesso desertos. Sou tentado por Satã. Ainda assim acredito no homem. Incêndios. Guerras. Pilhagens. Primeiro virá o caos. Companheira, tenho visões. Vejo Camelot próspera novamente. Vejo William Blake e a Fêmea Eterna. Vejo o sacrifício e a dor. Em transe. Gritos ébrios. Como sois normais, como vos repetis. Jesus, Jesus. Busco o super-homem. Jesus, Jim, vou explodir. Trago mensagens dos céus. Leonor, Leonor, estou em êxtase, no gozo da sabedoria. Leonor, Leonor, cheguei aos meus dias.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

UM HOMEM DE VISÕES

Desde miúdo que penso muito, já o meu pai o dizia. Claro que nem sempre esses pensamentos são produtivos. Muitas vezes ando às voltas e voltas. Não estou sempre a fazer arte e filosofia. Poderia ter talvez seguido uma carreira brilhante nos estudos. Mas vieram os desencaminhadores, os malditos e, além do mais, terei tido depressões e certamente crises e dolorosas solidões já na adolescência. Sei que não nasci para a sociedade do dinheiro, do sucesso, da competição. Vim gozar, experimentar, buscar a sabedoria. Vim também criar, transformar, fazer poesia. Sou um homem de visões, de iluminações. Tenho o lado "demens" muito desenvolvido. Falta-me chegar a mais gente, ser mais divulgado e reconhecido. Puxo, puxo muito pela mente. E vejo muita idiotice à minha volta. Idiotice e medo. Seres humanos assim nunca serão plenos, integrais, nunca serão super-homens mas sim sub-homens. Também são cegos que se deixam governar por imbecis, como dizia Shakespeare. Porque, de facto, os poderosos não passam de psicopatas imbecis agarrados aos seus milhões, aos seus brinquedos. É a demência do ter. Bastava um abanão, um sopro cósmico e tudo cairia.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

A MINHA HORA

Mais um caderno que se inicia. A patroa ri, abana as ancas. Realmente nesta profissão é preciso puxar muito pela cabeça, como dizia Ezra Pound. É preciso ler muito, investigar muito. Não é brincadeira. Claro que depois há as coisas que nos saem de jorro, a escrita automática. Mas é preciso percorrer um longo caminho até chegar aqui e ir mais além. Comecei aos 14 anos com aqueles versos ingénuos no liceu Sá de Miranda ou até terei começado com as redacções da escola primária. Agora convenço-me de que tudo está ao meu alcance, até as gajas da televisão. Convenço-me de que sou um profeta libertador. Estive em três partidos: no Bloco, no MRPP, no PSR. Em todos eles tinha chefes acima de mim. Fartei-me. Vim para criar um novo movimento sem dirigidos nem dirigentes, embora com profetas e ideólogos. A patroa, ao longe, excita-me. Está a chegar a minha hora.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

QUIXOTE

Dizem que me passo para lá de changrilá. Se não me passasse já teria dado um tiro nos cornos. Não que as pessoas não sejam amáveis comigo. Só que me parece que estou noutra dimensão. A dimensão dadá, cubista, surrealista. A dimensão de Artaud. Por que raio não posso auto-proclamar-me Deus, Jesus e Satã? O que é que me impede? Qual é o limite? Não há impossíveis. Dentro da minha mente tudo é possível e mesmo fora dela. O que me impede de incendiar, de fazer a revolução? Afastai-vos, ó castradores. Agora reino aqui. Liberto o meu fogo, a minha mente, como um grande dragão. Os dias são meus, Dulcineia. Sou Quixote.

sábado, 10 de dezembro de 2016

O MAIO DE 68 E AS "VERDADES" CAPITALISTAS

O senso comum capitalista, nomeadamente o de origem norte-americana, impôs uma série de "verdades":
- É impossível que as pessoas governem a sua própria vida.
- As pessoas querem apenas ter poder e privilégios umas sobre as outras. Nesse sentido, para Fredy Perlman, os estudantes estudam apenas com o objectivo de obter boas notas, já que com boas notas podem alcançar empregos bem remunerados, o que representa "a capacidade de dirigirem e manipularem outras pessoas", bem como a capacidade de consumirem mais bens do que os outros. A aprendizagem por si só é desprezada.
- Todos parecem satisfeitos e os que não estão podem expressar-se através do voto ou do consumo.
- Mesmo que alguns tentem mudar a situação, a união é impossível. Os revoltosos iriam lutar entre si.
- Ainda que se unissem, seria impossível destruir o Estado e o aparelho policial e militar dos EUA.
A revolução de Maio de 68 desmente estas teses. Os estudantes começaram a gerir as suas universidades. Não para terem melhores notas, pois acabaram com os testes. Não para terem altos salários mas para discutir a abolição dos empregos privilegiados e com salários elevados. Discutia-se o fim de uma sociedade alienante e escravizadora. Os trabalhadores deixaram de respeitar a "lei e a ordem", ocupando fábricas e percebendo que "os polícias existem para garantir que as fábricas continuem a "pertencer" aos proprietários capitalistas". Estudantes e trabalhadores compreenderam que a "lei e a ordem" deve ser destruída para que a nova sociedade, autónoma, anarquista, seja edificada.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

SÓ QUERO VER O PODER A ARDER

"Oh, que vamos ter um dia alegre,
a beber whisky, cerveja e vinho,
por ocasião da Coroação!
Oh, que dia alegre que vamos ter
a beber whisky, cerveja e vinho!"
(James Joyce, "Ulisses")
Na "Confeitaria da Casa" a ler o "Ulisses" de James Joyce. Estava perdido lá por casa. Vou falando com mais gente aqui em Vilar do Pinheiro. Ainda assim não cheguei ao "dia alegre a beber whisky, cerveja e vinho". Refugio-me na leitura e na escrita. No momento presente estou bloqueado. Preciso de uma cerveja. De qualquer modo, o mundo é meu. Combato demónios e fantasmas interiores. Busco o sublime enquanto as velhas falam de doenças. A Ana traz a cerveja. A espuma. O gás. O Santo Graal. Já poucos cavaleiros há como eu. Vimos de Artur, de Camelot, da Távola Redonda. São tão comezinhas as vossas preocupações. O "bluff" do outro. O vendilhão. Só pensa em dinheiro, no jogo. Bom, ao menos reconhece-me como poeta. No entanto, esta gente encaixou no sistema. Não quer aprender, crescer. Parou no tempo do negócio, do capitalismo. Não tem noção do novo tempo que aí vem. Da terra da paz, da sabedoria e da abundância. Com Jesus, com Bakunine, com Che Guevara. Claro que será preciso passar pelo caos. Já estamos a passar pelo caos. Guerras, terrorismo, rapina capitalista, atropelo e corrida pela sobrevivência, pela carreira, pelo lugar, alterações climáticas, grandes desastres naturais. Claro que canto o apocalipse. Claro que canto o vinho, a cerveja e o whisky. Odeio os castradores e os controleiros. Amo a Vida. Tenho poderes. Sou dionisíaco. Amo a Fêmea Eterna. Bebo à tua, William Blake. Bebo à tua, Rimbaud. Sou, talvez, o último dos poetas negros. Ah, como desejo as mulheres belas. Como desejo tê-las. Sou filho de Satã. Bebo à liberdade absoluta. Vivo a noite e o dia. Provoco, incendeio. Não gosto de dinheiro. Só quero ver o poder a arder.

domingo, 4 de dezembro de 2016

O ARTISTA MALDITO

O artista maldito vive o apocalipse. Numa só tarde vai do céu ao inferno. Nada tem a ver com o conforto e a segurança do burguês. Segue a estrada do excesso, arde, consome-se, entrega-se, rejeitando a poupança e a economia, nas palavras de Michel Onfray. O artista maldito anuncia a catástrofe mas também o mundo novo. Dança com os espíritos e com as bacantes. O artista maldito não conhece limites.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

PESSOAS QUE NOS DECIFRAM

Há pessoas com as quais passaríamos a falar horas e horas. Há pessoas que nos decifram e nos ensinam coisas novas. Há pessoas que, mesmo estando dentro do sistema, compreendem a hybris e a loucura. Há pessoas que percebem as nossas virtudes e as nossas falhas. Há pessoas cultas, inteligentes e humanas. Há pessoas perspicazes. Há pessoas que nos admiram. Que nos dão forças. Que dizem que vamos chegar lá. À revolução e à glória.

sábado, 26 de novembro de 2016

FIDEL

Hoje não quero mesmo saber de Ronaldos, nem de politiqueiros rasteiros, nem de capitalistas merdosos, nem de putas da tv. O Comandante Fidel Castro morreu. Fidel resistiu sempre ao capitalismo e ao imperialismo norte-americanos. Com Ernesto Che Guevara, derrubou Batista e fez a revolução cubana. Fidel foi sempre internacionalista, solidário com os explorados, com os povos do mundo. Fidel deu a vida pela Humanidade. Poucos houve como ele.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

DOS POETAS

Para o padre Mário de Oliveira, os poetas são seres humanos em excesso, são "cada dia aves do céu". O que vai de encontro à ideia do poeta livre, do vadio que deambula pela cidade de Agostinho da Silva. Os ricos em excesso, os burgueses, os capitalistas, pelo contrário, ignoram tudo quanto é ternura, só entendem de dinheiro e de poder. Não entendem nada da Vida nem da Morte. Enquanto que os poetas conhecem os segredos da vida, "entram no mistério, habitam as profundezas do real". Os poetas, os verdadeiros poetas, não os versejadores da corte, desprezam prémios, fama, distinções, "frequentam o essencial".

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

FILHOS DA VIDA

"Aconteço no decurso da Evolução. Sou Filho da Vida que me precede. Já estou, inteiro, mas ainda em semente no Big-Bang. Tenho 13 mil e 700 milhões de anos. Em mim a vida torna-se, finalmente, consciência. Já não sou um Animal Racional mais. Passei à condição de Ser Humano. Sempre em relação. Sempre em comunhão." (Padre Mário de Oliveira, "Pratico, Logo Sou")
Vimos de longe. Temos uma missão na Terra. Temos de nos cuidar uns aos outros e de cuidar o planeta. Tudo o que o planeta dispõe e tudo o que nele se produz é de todos. Não podemos ser-viver sem poemas. Ainda há muitos mistérios nos homens. Os nossos anjos, os nossos demónios, os nossos fantasmas. Mas sabemos que precisamos dos outros, do amor dos outros. Embora haja alturas em que a solidão nos faz falta- para reflectir, para criar, para produzir. Sabemos também que algo nos puxa para a liberdade, que queremos quebrar as barreiras. Sabemos que, enquanto Seres Humanos, temos capacidades prodigiosas. Que tanto podem tender para o bem como para o mal. Acreditemos que, em comunhão, atingiremos a divina sabedoria.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

O DESENCONTRO

Cada vez é mais difícil o encontro. Cada vez nos roubam mais o tempo. Aparentemente as pessoas comunicam mais através dos smartphones, das mensagens, do facebook mas, na prática, o contacto directo, olhos nos olhos, cara-a-cara, diminui assustadoramente. Segundo Jean Baudrillard, a ideologia da sociedade de consumo já trata a pessoa como um doente. O indivíduo procura a segurança, tem necessidade de ser tranquilizado e de que velem por ele. A função das instituições sociais é a do médico, do psiquiatra. Só que esse psiquiatra encaminha o indivíduo para a norma, para o mercado. Dá-lhe comprimidos. Tira-lhe a espontaneidade. Faz com que ele seja apenas mais um na manada, tira-lhe a originalidade. No fundo, castra-o e rouba-lhe o tempo da festa, da liberdade, da fraternidade.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

ZARATUSTRA

Ainda é cedo. Muito cedo. Ainda não são horas de Zaratustra. Zaratustra tem reflectido demais entre os seus animais. Agora precisa reencontrar os seus companheiros, as suas companheiras. As mulheres selvagens excitam-no. Precisa combater o inimigo. O vendilhão, o Estado, o mercador. Zaratustra bebe e brada. Não suporta o homem comum, tal como Dionisos. Farta-se do tédio, do bom senso. Procura algo de maior. Zaratustra olha as imagens mas odeia-as. Porque são ilusões, porque são falsas. Zaratustra prefere o toque da mulher bela. Ainda é cedo. Muito cedo. Ainda não chegou a hora. Os homens superiores ainda não se reuniram na caverna. Os homens pequenos fogem da noite e do perigo. Zaratustra ri, goza e dança. Já não tem horas. Procura Melania. Zaratustra goza com todos os poderes e com as vedetas. É como Diógenes. Goza e pragueja. Tem a louca sabedoria. É do caos e da ressurreição. Zaratustra dança e canta. Procura Sarenna. Procura Melania. É poeta-vidente. Profeta.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

ESCRAVOS

Porque é esta gente tão alinhada, tão quadrada? Porque se contentam com umas migalhas? Não deveria o homem aspirar a ser Deus ou o Super-Homem? Porque são tão cristãos e não se elevam dentro de si? Que máquinas os puseram doentes, que máquinas lhes impõem as coisas? Porque não seguem Sócrates, Jesus, Nietzsche, Marx ou Bakunine? Quem fez deles escravos com mais ou menos dinheiro? Quem os convenceu de que são felizes?

domingo, 6 de novembro de 2016

O PLANETA EM PERIGO

O Planeta está em perigo. As mudanças são já tão dramáticas que o UNEP (Programa das Nações Unidas para o Ambiente) reconhece que mesmo que seja possível conter o aquecimento global nos 1,5 ºC não será possível eliminar efeitos que a humanidade sente, sobretudo com a maior frequência de fenómenos extremos- furacões e secas- e com o aumento da temperatura.
Apesar de tudo, o Acordo de Paris para a redução das emissões de gases com efeitos de estufa (GEE) entrou em vigor. No entanto, será necessário avançar mais para evitar uma grande tragédia e reduzi-las em um quarto até 2030. As concentrações de GEE na atmosfera, resultantes sobretudo da queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo), estão a aumentar desde a Revolução Industrial, formando uma espécie de estufa sobre o Planeta, responsável pelo aumento da temperatura. O ano de 2015 foi o mais quente desde que há registos e os primeiros oito meses de 2016 foram-no ainda mais.
Ainda está nas nossas mãos salvar a Humanidade e o Planeta. Se abandonarmos a paranóia do crescimento pelo crescimento, a economia do lucro, da exploração, da rapina, se vivermos em harmonia com a natureza e com os animais, a coisa ainda é possível. Caso contrário, será o fim, a destruição total.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

PIOLHO

Regresso ao Piolho. O Piolho já não é o local das tertúlias. Venho para aqui escrever, encontrar-me com amigos e amigas e beber copos. Também não faltam cá os futeboleiros. Em vez de um cérebro têm uma bola na cabeça. Não que eu não goste de futebol. Mas não faço disso uma questão de vida ou de morte. Olha que miúda linda à minha frente...apetece logo beber mais cerveja. Que importa a merda do dinheiro e da poupança? Que importa um gajo andar a martirizar-se? Fiesta! Sempre fiesta! Gozamos com esta merda. Quão absurda é esta merda. Valham-nos as mulheres e a revolução. E a cerveja. Muita cerveja. Como em Bukowski.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

GLÓRIA

A glória. Outra vez a glória. Foi no Pinguim com a "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro". É certo que há outros mais badalados, mais inchados, mais requisitados pelas mulheres. Mas eu sou genuíno, como me dizem. O que eu procuro não é só para mim. É para uma comuna livre, é para o ser humano. Por isso continuo a desafiar o instituído, a insultar todos os deuses. Xamã urbano. Ouço os espíritos. Gozo com o mundo cor-de-rosa, com as pop-stars. Gozo com as notícias e com os comentadores vendidos. "Sobrinho de Nietzsche", como diz o Nelson de Oliveira, gero estrelas. Caminho entre os homens como entre os animais. Vou percebendo os sinais. Afastai-vos, ó relógios e computadores! Eu vivo. Percorro as ruas. Louco. Tão louco. Nada supera a minha loucura. Vem, mulher, vem até mim. Dar-te-ei reinos de luz.
Explosão! É o caos! O céu rebenta em mil pedaços. O novo começo. O além-Deus.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

COCAÍNA

É claro que somos cocaína, ó Luís Serguilha. Claro que voamos. No entanto, duvido que o cérebro ou a mente sejam o poder opressor que nos controla, que nos aprisiona. Direi mais que é o corpo, as limitações físicas, bem como os condicionalismos económicos. A nossa mente é superior. É ela que é cocaína, mescalina, que nos leva até ao infinito como em Rimbaud, Nietzsche, Henry Miller. Podemos, de facto, voar e não ficar presos a esta realidade "útil", castradora. Podemos voar e ultrapassar o dinheiro e o trabalho, parar de correr para a caixa registadora. Podemos ser sublimes. Explodir. Nada está acima de nós. Nenhum deus está acima de nós.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

BRAGA, O TRIUNFO

Braga, o triunfo. De novo, o triunfo. Foi no Juno. Agora bebo cervejas no "Chave d' Ouro". Observo os jovens. Ás vezes falo com eles. Mereço. Penso que mereço. Aqueles dias em que não conseguia comunicar. Fui até humilhado. Sofri tanto. Agora reino. Como Zaratustra. Bebo e vejo Madalena e Jesus. Bebo o cálice sagrado. Entre as raparigas do deserto. Elas amam-me. Sou Narciso. Tenho o direito a ser Narciso. Ah, mulher dos livros, tu não me conheces. Só conheces o leitor, o estudioso, o poeta solitário. Não conheces a minha embriaguez. Ah, como subi ontem. E como subo agora. Afastai-vos, ó merceeiros! Olha que sorriso lindo, que olhos, que boca, que nariz. Que menina linda tenho à minha frente. Como a amo. Como ri. E outra que entra, pernas à mostra. Como as amo. Como as quero. Gata, como te passeias. Como te desejo. E bebo. E continuo a beber. Como Bukowski. Mas depois aparece o gajo a falar em IVA's e facturas e fode tudo. Filhos da puta de moedeiros, de mercadores! Têm sempre que nos andar a foder a vida. E os gajos da praxe. Outros fascistas. Estava eu tão bem. E vêm estes cânticos patéticos, estas macaquices. Macacos. Felizmente, foram embora. E eu volto a reinar com a minha cerveja. Braga, minha cidade. Em ti eu reino.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

A PATROA

Na realidade, mantenho as aparências. Passo por intelectual, por leitor voraz, por poeta respeitado e, ao mesmo tempo, ardo de desejo pelo cu da patroa. Ai, aquele cu majestoso, aquelas ancas. Comia-a. Lambia-a. Montava-a. Sou de Sade, de Miller, de Bukowski. Como lhe lambia a cona, animal, deitada. Como ela me mata, me excita enquanto leio Aristóteles. Sou de Satã, sou de Dionisos, sou inimigo dos bons costumes e da mercearia. Ai, patroa, como te mexes, como gemes quando te chupo a cona. Pareces a Serenna, a Lisa, a Minka. Como te como. Como me dás a mama. Ah, patroa. És minha. Dou-te tudo. Todo o dinheiro. Todos os livros. Toda a poesia.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

O CAMINHEIRO DOS CÉUS

De acordo com o padre Mário de Oliveira, vivemos ainda na etapa infantil da humanidade, a etapa histórica onde predominam os intermediários, os comerciantes, os sacerdotes, as religiões, os chicos-espertos, a finança, a intriga, em suma, o poder. O poder "instala-se nos palácios, ocupa os seus cadeirões, rodeia-se de secretárias, acompanhantes de luxo, montes de motoristas, carros de luxo, adjuntos, secretários de estado, directores-gerais, assessores, guarda-costas". Insiste em classificar de utopia a via política mais inteligente e mais sábia para sermos uma comunidade que cresce de dentro para fora. Foi para este projecto se tornar "realidade, poema e polifonia vivos" que, há mais de 13 mil milhões de anos, aconteceu o "big-bang" e, com ele, o universo, ainda nas sábias palavras do padre Mário. Nós, seres humanos, somos os únicos com a capacidade de tomar consciência da maravilha e de a fazer crescer. Ela aconteceu para que nós acontecêssemos. Se realmente quisermos, nada nos impede, nenhum império, nenhuma máquina, nenhum exército, de darmos o passo para o super-homem, para o ser das estrelas, para o caminheiro dos céus, para o humano pleno e integral.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

LEÃO

Leão, percorro a selva. Rio e rujo. Os dias são meus. O poder arde. E esses escrevinhadores, como os acho patetas. E todos os senhores. E todo o rebanho que se atropela.
Agora percebo os vossos joguinhos, as vossas mercearias. Tudo tão pequeno perante os céus, perante a Vida. Tudo tão curvado perante a altivez da águia. Tudo tão morto, tão falso. Eu sou a vontade e a vida. Eu pertenço à Fêmea Eterna.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

QUE SOCIEDADE!

Que sociedade. Desconfia-se do elogio na praça pública. Precisamente por esse elogio não poucas não ser sincero, soar a hipocrisia. Desconfia-se até do afecto, do abraço, do acto de pureza. Porque se espera o favor, o lugar, a cunha. Desconfia-se de tudo ou de quase tudo. Desde o circo mediático até à plebe. Já pouco há o sentido da honra. A verdade é uma palavra vã. Restam alguns, algumas. Ainda assim contaminados pelos ecrãs. Ainda assim contaminados pela doença.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

ESQUIZOFRENIA

As pessoas caminham para a esquizofrenia. Vivem num mundo de imagens e obrigações. Só se cumprimentam por conveniência. Senão seria o caos total. Atropelam-se. Não se amam. Falta-lhes Sócrates, falta-lhes Jesus. Têm conversas paranóicas e julgam-se normais. Não procuram a sabedoria nem o desconhecido. Perdem-se em trivialidades. Vivem sob controlo do poder financeiro e do poder mediático. Deixam que outros vivam por eles as suas vidas. Só muito raramente se abrem ao desconhecido. Esquizofrénicos.

domingo, 9 de outubro de 2016

O CHE E A ALIENAÇÃO


Os partidos de esquerda falam exclusivamente de questões económicas. Ernesto Che Guevara combatia tanto a miséria como a alienação. Afirmava até que um dos objectivos fundamentais do marxismo é fazer desaparecer o interesse, o factor interesse individual. Falava também em liquidar o dinheiro e o mercado. De facto, a vida não pode ser só dinheiro e trabalho. É pensamento, é arte, é amor, é sentimento, é alegria, é tristeza. Há vários factores não económicos que condicionam o nosso dia-a-dia. A relação com os outros, as imposições dos media, a solidão. Tudo isso altera o nosso estado de espírito. Daí que estejamos muitas vezes alienados. Daí que a vida seja, muitas vezes, insuportável.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

CERVEJA

cerveja
uma após outra
é só levar o copo
à boca
às vezes treme-se
mas agora está-se melhor
também para levar
essa vida de escravos...
deixa-me rir
há dias em que bate mais
depressa
bastam quatro ou cinco
outros em que é preciso
ir até às doze
cerveja
estou como Bukowski
esta gente não evolui
sempre na rotina
eu acordei aos 17,18
com Morrison
com os UHF
hoje iria de copo em copo
noite fora
desculpa lá, ó Rocha,
agarra-te à lituana
são todos tão lentos
e eu rebento
estoiro
vou à velocidade da luz
patetas,
não vos entusiasmais
não celebrais a vida
é só publicidade
e treta
falta o grande xamã
a hybris
a velha liberdade
quando falais
eu já estou no infinito
não vivo aqui
só a minha loucura
é real.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

O PINGUIM E OS INFINITOS

O público do Pinguim não é aquele que agarro mais. Há uns entusiastas, claro. Mas noto alguma frieza. De qualquer forma, eu vou representar, não vou ler poesia. Contudo, o Pinguim, pela sua história, por alguns grandes actores como o Joaquim Castro Caldas ou como o Rui Spranger, é um local de referência. Nós é que nos tornámos exigentes, talvez demasiado. E depois há o livro. Temos motivos para festejar. Ontem recebemos o dinheiro da Feira do Livro e fartámo-nos de beber. Hoje não será assim. Há que produzir. Há que escrever. Há que prosseguir a obra. Alegria. Euforia. Zaratustra berra e salta. E eu invento o Natal sobre a Terra. Explosões no meu cérebro. É minha a festa permanente. Como sou diferente de vós, ó normais. Como voo. Não, não sou desses poetas menores que por aí andam. Tenho asas, tenho a minha loucura. Percorro infinitos. 
Não, não me satisfaço com o banal, com o útil, com a economia. Sou dos céus, das estrelas. Já toquei Jesus, Zeus, Dionisos. Agora sou dos anjos. Brilho. Canto. Como explicar-vos? Não sou bem daqui. Venho de reis malditos. Não que não dê amor...eu sou fogo. Mulheres, por que me temeis?

domingo, 2 de outubro de 2016

O CONTROLE

Toda esta rede mundial de smartphones, de computadores, que contêm todos os nossos dados pessoais, é controlada pelo governo dos Estados Unidos, como denunciou o valoroso Eduard Snowden. São as nossas liberdades fundamentais que são postas em causa. São as nossas vidas que eles jogam. Além de mercadorias, somos autómatos nas mãos do império norte-americano. Temos de tomar consciência de que estamos a ser manietados. Temos de tomar consciência de que os nossos telemóveis e computadores não são inofensivos. Revoltêmo-nos contra a mercantilização e o controlo das nossas vidas. Reclamemos a Vida.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

NUNCA TRABALHEM!

"Nunca trabalhem" e "trabalhadores de todo o mundo, diverti-vos!", são máximas do Maio de 68 e do movimento surrealista que põem em causa toda a lógica do funcionamento da sociedade mercantil. Ou então "trabalha-se melhor dormindo, formai comités de sonho". Deste modo se goza com a lei do cálculo e da eficácia: "Aspiro a ser eu, a caminhar sem entraves, a afirmar-me só na minha liberdade". Apela-se à abolição do dinheiro. Toda uma lógica cruel, ridícula e imbecil é desmontada com palavras de ordem e apelos à acção."Nunca trabalhem" e "trabalhadores de todo o mundo, diverti-vos!", são máximas do Maio de 68 e do movimento surrealista que põem em causa toda a lógica do funcionamento da sociedade mercantil. Ou então "trabalha-se melhor dormindo, formai comités de sonho". Deste modo se goza com a lei do cálculo e da eficácia: "Aspiro a ser eu, a caminhar sem entraves, a afirmar-me só na minha liberdade". Apela-se à abolição do dinheiro. Toda uma lógica cruel, ridícula e imbecil é desmontada com palavras de ordem e apelos à acção.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

COMPETIÇÃO E SABEDORIA

O homem sábio é aquele que não se deixa governar nem quer governar os outros. Platão acrescenta que "a única moeda verdadeiramente boa e pela qual convém trocar todas as restantes, é a sabedoria". Ensinar o homem, ensinar todos os homens, eis o máximo desígnio. Émile Zola vê cada escritor "como um criador que tenta, depois de Deus, a criação de uma terra nova". Contudo, eu ouço esta gente referir-se às entradas na faculdade e só ouço falar em médias. Poucos se preocupam com a verdadeira sabedoria. Com a busca do conhecimento. Aliás, vejo pouca gente a puxar realmente pela cabeça. É só o útil. O sentido prático. A competição.

domingo, 25 de setembro de 2016

POESIA DE CHOQUE

Hoje regresso à Poesia de Choque. Presentemente encontro-me a beber cerveja e a ler "Música para Água Ardente" de Charles Bukowski em pleno Candelabro. Uma mulher escreve à minha frente. Atende o telemóvel. Vai embora. O Candelabro está quase às moscas. Em frente, uma farmácia. Entra uma miúda estrangeira. Prova vinho tinto. A velhota espreita à porta. Acabou o Verão, como dizia o meu pai. No Facebook há alguns gajos que me irritam. E bebo. Sobretudo bebo. O álcool alimenta-me, dá-me forças. Aqui no Candelabro sempre me dão umas cervejas de borla. Malta porreira. Mesmo que não se passe nada de relevante. Bom, agora começam a aparecer umas miúdas jeitosas. Umas miúdas que me fazem escrever. O poeta do anarquismo, da boémia e das mulheres. O poeta em silêncio. O poeta doido. O poeta há tantos anos por aqui. No entanto, as pessoas parecem mais distantes. Não se aproximam. Não entram em contacto. Fecham-se em grupos ou isolam-se. Não há comunicação. Há uns anos não era assim. Havia mais espontaneidade. Agora tudo parece mais frio. Os contactos são fugazes. Há muito pouca fraternidade. Há medo até, não sei. Esquizofrenia. As pessoas têm medo umas das outras. Não arriscam. Não se insinuam. Há demasiado artificialismo. Demasiado produtivismo. Dionisos é afastado. A vida está podre. Não morde.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

BEBE, POETA, BEBE

Afinal, posso beber mais ou menos à-vontade. A psicóloga bem diz que o cérebro é afectado mas eu não acredito. Bukowski e Henry Miller continuaram geniais. De qualquer forma, já tremo pouco. Foi só um susto, ó poeta. Afinal de contas, o que é que isto nos dá? Dá-nos o direito a admirar umas mulheres belas, dá-nos o direito a filosofar e a apanhar tédio. Nada mais. A revolução parece distante. Com quantos contamos para fazê-la? Bebe, Pedro, bebe. Ao menos mantens-te em cima, ao menos segues a sabedoria selvagem. O que levam daqui os sóbrios? Tédio e rotina. Até Platão escreveu "O Banquete". Bebe, poeta, bebe. Mica as gajas belas. De qualquer forma, o teu lugar é à mesa como o de Mário de Sá-Carneiro, como o de Fernando Pessoa. Curte a vida, ó poeta. Curte as mulheres. Diz-lhes coisas elevadas e coisas estúpidas. Já andaste por tantos lados. Já foste este e aquele. Precisas de uma mulher com garra. De uma mulher que balance as ancas.

domingo, 18 de setembro de 2016

PRIMAS-DONAS

Agora que até tenho algum cacau nos bolsos as gajas deveriam vir ter comigo. Para falar. Não peço mais. Claro que eu também sou exigente. Quero primas-donas, quero gajas belas e atraentes. Mas, por outro lado, quero mulheres que me compreendam. Eu preciso que me compreendam. Que entendam as minhas ideias, os meus ideais. Porque eu não tenho uma conversa banal. Nem sei como as gajas belas não se aproximam mais. É a tal história: querem segurança, querem garantir a descendência. Eu não sou desses. Eu sou do álcool, da noite, da poesia. Eu como Morrison, Baudelaire e Rimbaud. Não sirvo para pai de família.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

A PREGAR AOS PEIXINHOS

Merda. Estou a cair. Limito-me a olhar para as gajas. Os livros, hoje, não me entusiasmam muito. Não tenho com quem falar. Não me interessa falar com qualquer um. Também é a falta do álcool. Merda de sistema que castra, que controla. Mesmo resistindo, ele mói o cérebro. Não sou a estrela do rock n' roll. Seca. Tédio. A TV mata. A net também. E esta gente, sempre igual, sem reagir. A entreter-se com merda, com a vidinha, a fazer contas. Porra. Aborreço-me de morte. Valha-me a cerveja. Há gente que parece que se aguenta. Nem sei como. Lá se agarra à família, à casa, ao frigorífico. Eu só suporto esta merda quando algo me eleva. De resto, vejo as gajas boas irem parar a outros, inacessíveis. De resto, vejo uns a foderem-se aos outros. De resto, vejo tudo atrás do dinheiro e do sucesso. Não vejo grande espécie. Não vejo Deus, pelo menos o deus bom. Jesus, se viesse, seria internado. E eu ando a pregar aos peixinhos.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

A FORÇA DO ROCK

A vida rola com a força do rock. Quero uma mulher. Não sou quadrado. Tenho a força do rock. Não tenho esse paleio normal, melado. Danço ao som da guitarra. Não do tem que ser, do cálculo. Eu sou da hybris, do poeta maldito. Odeio burgueses e engravatados. A mente cavalga. O livro está a caminho. Amanhã estarei na Feira do Livro. Não pertenço ao rebanho. Estoiro. Rebento. Subo à montanha com Zaratustra, com o profeta, com o mago.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

MULHERES

As mulheres gostam de me ver sobressair, de me ver em palco, de recitar, de gritar, de cantar até. Na vida normal passarei muitas vezes despercebido mas no palco já não sou eu, como dizia Léo Ferré. No fundo, no palco sou a estrela. Elas vêm ter comigo, dialogam, abraçam-me, apesar da minha barriga. Quanto mais envelheço mais me pareço com o meu pai. As barbas vão ficando cada vez mais brancas. No entanto, como me dizem, sou jovial. Não me visto como um burguês. Não me converto à máquina. Sim, sou um sucessor de Jim Morrison, de Charles Bukowski e de Henry Miller.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

INTEIRO

O meu pequeno paraíso
os patos os gansos
os cães ladram ao longe
pouso os óculos
agora nem sequer preciso
deles para ler
nem para escrever
as tremuras estão melhor
graças ao novo medicamento
e aos cortes no álcool
ainda me tereis aqui inteiro
por mais uns tempos.

sábado, 3 de setembro de 2016

MÓNICA

Vi a Mónica. Tão linda. Disse que eu era o melhor poeta que conhecia. Pena que ficasse tão pouco tempo. Tão querida. Enamorei-me dela. No meio dos broncos da bola. E dos outros imbecis. Que país! Valha-nos a beleza da Mónica, da Goreti e da Fernanda. I love women/ I think they are great/ they're a blessing to the eyes/ a balm to the soul/ what a nightmare if there were no women in this world- cantava o velho Lou Reed. Nem sei como as mulheres bonitas podem gostar destes grunhos, das vedetas cor-de-rosa, dos futebolistas. Deus meu. Os gajos não têm nada na cabeça. Têm a inteligência nos pés ou na ponta da pila. Que bando de macacos, de primatas.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

A EDUCAÇÃO ALTERNATIVA

O filósofo anarquista inglês William Godwin defende que a sociedade que nós reclamamos exige "um estado de grande aperfeiçoamento espiritual" e só será possível mediante um grande desenvolvimento do intelecto. A única riqueza é a riqueza intelectual, a da cultura, a da mente. E, uma vez liberto da propriedade, "resta apenas o homem livre, o homem em si mesmo", como diz o poeta Shelley. Com efeito, não será com robots, com multidões domesticadas que ergueremos a sociedade socialista. Grande parte dos homens, aliás, está irremediavelmente perdida. Quanto aos outros, temos de ser capazes de construir uma educação alternativa, uma cultura alternativa. Uma educação que se oponha à desinformação e à lavagem ao cérebro. Uma educação, uma cultura, uma informação que actue junto das crianças, dos jovens, dos adultos, que os agite, que os provoque, que os motive, que os faça pôr em causa todos os dogmas e as regras do instituído. Sim, precisamos enriquecer-nos. Sim, precisamos evoluir. Esta é a via.

MANIFESTO ANTI-CANEÇAS

Por A. Pedro Ribeiro e Maria Goreti Pereira
O Caneças escreve para a "Caras"
O Caneças agora dá-se com a Lili
O Caneças escreve cartas ao Cavaco
O Caneças faz chichi
O Caneças é um sapo
O Caneças é um chato
O Caneças está em cacos
O Caneças grama o Lopes
O Caneças desprezou Eurídice
O Caneças diz-se de intervenção
mas faz parte da situação
O Caneças é um aldrabão
O Caneças vai a Plutão
O Caneças não lê Platão
O Caneças quer o novo "Orpheu"
O Caneças furou um pneu
O Caneças mete veneno
O Caneças é um estafermo
O Caneças é megalómano
O Caneças tem paleio
O Caneças é um prolegómeno
O Caneças, agora, é vedeta
O Caneças tem cheta
O Caneças é uma treta
que nem escrever sabe
O Caneças sobe
O Caneças pode
O Caneças é um batráquio
O Caneças é supersónico
O Caneças é o que faço dele
O Caneças é um vendedor
O Caneças é uma pasta de dentes
O Caneças é um estupor
O Caneças é um detergente
Alô, Canetas! Daqui Lápis,
diz o Alberto
O Caneças é machista
não leninista
pois é, Caneças,
é a "Caras"
o socialismo
ficou na gaveta
fica tu na retrete
o Caneças é um frete
o Caneças é um traque
o Caneças usa fraque
o Caneças vai à lua
o Caneças está com tusa
o Caneças é um croquete
o Caneças é uma chiclete
não penses que me humilhas
caneta uso eu
o Caneças queria o "Orpheu"
o Caneças é um pigmeu
o Caneças é sideral
viva o Caneças imperial!
Viva o Pato Donald
e o Lopes editorial!
Dança, Caneças
nesse cagaçal
dança, Caneças,
para o mundial!

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

AS MAMAS DA REPÚBLICA

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, enalteceu as virtualidades das mamas desnudas, símbolo da república, em oposição ao burquini e à lei muçulmana. Afinal, não sou só eu a cantar a excelência e a volúpia de tais partes do corpo feminino. Afinal, não sou só eu a reclamar as mamas à mostra. Tantos anos criticado e agora tenho no primeiro-ministro francês um aliado. Não há dúvida de que os tempos correm a meu favor. Não há dúvida de que começo a reinar.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

BRASILEIRA

Manhã cedo n' "A Brasileira". As miúdas saúdam-se: "Bom dia". Devem ter tido uma bela noite de sono ou então uma bela foda. Eu, pelo contrário, levantei-me às 6 da manhã e pouco ou nada dormi. Estou fodido das pernas e da cabeça. Fui ao café do Quim tomar café e ler o jornal. Agora estou n' "A Brasileira". Como disse: não estou nada fresco nem me apetece celebrar a vida. Tomo cafés a ver se acordo. Em Guimarães homenagearam o Luiz Pacheco. Logo parto para Vila Verde, para a Arte na Aldeia.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

DEUS, QUERO UMA GAJA!

Deus,
quero uma gaja
Deus,
eu mereço
passo a vida a escrever
a puxar pela cabeça
a produzir filosofia
a elevar a humanidade
Deus,
vejo tantos gajos idiotas
com gaja
gajos mesmo broncos
cheios de cacau
Deus,
eu crio
eu sou filho de Dionisos 
eu mereço a mulher bela.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

A MULTIDÃO DAS PRAIAS

Se eu fosse um desses escritores ou poetas que ganham prémios ou vão às conferências...não sou. Fiz asneiras. Desalinhei. Desejo ardentemente as gajas. Agora até quase nem cravo. Como Bukowski, acho que o terrível não é a morte, "mas a vida que se leva ou não se leva até morrermos. As pessoas não honram as próprias vidas, mijam-lhes em cima". Estão demasiado concentradas no dinheiro e na família. "Engolem Deus sem pensar, engolem a pátria sem pensar". Deixam que os outros pensem por si, têm "os cérebros entupidos de algodão".
Sim, eu deixei-me disso. Ainda agora olho as multidões na praia da Póvoa. As pessoas juntam-se em manada. Não têm pensamento próprio. Não têm vontade própria. Teriam de ser únicas, solitárias, como Stirner, como Nietzsche. Em vez disso, disputam os lugares no metro e na vida. No resto do tempo, passam a vida a pastar, a ver passar navios. Não se elevam, não evoluem. E depois tu só podes ter estas conversas com algumas pessoas. Os detentores do poder estão ocupados a manter o poder mas, na verdade, só uma ínfima parte deles leu Marcuse, Chomsky ou Guy Debord. Têm os seus propagandistas, os seus psiquiatras, os seus sociólogos, esses conhecem, mas quem me garante que também não passam de um bando de frustrados. A seguir tens os escravos, os tais que trabalham e pastam, com quem é impossível manter uma conversa elevada. Daí que, neste momento, contes com com poucos revolucionários e equiparados.

domingo, 21 de agosto de 2016

ANA, SOFIA, RITA

Madrugada. Acordei cedo. Os galos cantam. Há pessoas que me elevam, que puxam pela minha mente, outras que nada me dizem como o Reis que só pensa na bola e em comida. Há pessoas que me estimulam a ter novas ideias e mesmo a concretizá-las como o Rocha que veio comigo a Vilar do Pinheiro.
A religião é para cretinos e para atrasados mentais. Deveria ser banida da face da Terra. Quantas mortes são provocadas pela ignorância, pelo medo, pela crendice? O poder religioso, aliado aos poderes político e financeiro, tem feito a cabeça das pessoas. Estas tornam-se dóceis, domesticadas, submissas. Entretanto eu prossigo, sonolento. Lembro-me de vocês, Ana, Sofia, Rita. Porque seguistes caminhos tão diferentes dos meus? Porque seguistes a via do sistema? Era bom que nos reunissemos um dia destes, que celebrassemos o xamã que tendes esquecido. Sem maridos. Como nos velhos tempos. Contar-vos-ia histórias. Antes que fique velho.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

DO AMOR

O amor, sim, o amor não é uma questão individual. Nem é somente uma questão a dois. O amor é uma questão da sociedade. Uma sociedade que não sabe dar amor é uma sociedade doente. É uma sociedade amputada. A sociedade não tem só que resolver os problemas dos direitos individuais e colectivos. A sociedade deve ser emoção, afecto. Não pode ser artificial, gélida. O amor diz respeito à sociedade, ao indivíduo, à comunidade. O amor fortalece-nos. Dá-nos vida. Eleva-nos. O amor é a solução.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

LAVAGEM AO CÉREBRO

Do nascimento até à morte, somos moldados tendo em vista a adesão ao sistema. Desde a família e a escola, aprendemos a respeitar a hierarquia e os valores burgueses. De acordo com Alain Krivine, o trabalho destrói o ser humano para o transformar em robot, entregando-o à fórmula metro-trabalho-casa. Embrutecido pelo trabalho, manietado pela publicidade, controlado pela televisão, o indivíduo é chamado a decidir o seu destino, depositando o seu boletim de voto nas urnas de quatro em quatro anos. Eis o grande embuste. Eis aquilo que as grandes corporações e os políticos ao seu serviço fazem de nós. Reduzem-nos a bonecos. No entanto, a culpa também é dos oprimidos que em dado momento da adolescência, da juventude ou mesmo da idade adulta não se apercebem ou não se querem aperceber de que estão a ser enganados e continuam a jogar o jogo. Pode ser um livro, um poema ou uma canção. Algo que nos faz despertar. Ainda assim, muitos despertam e não se deixam levar. Porque isto é mesmo uma lavagem ao cérebro. Contudo, nós temos a nossa inteligência e a nossa cultura. Não nos deixemos enganar.

sábado, 13 de agosto de 2016

COISAS E PRODUTOS

Para termos sucesso na sociedade capitalista e no ciclo trabalho-consumo temos que ser competitivos, agressivos, mentalmente rápidos, empreendedores, manipuladores e simpáticos. A nossa própria vida interior é promovida como um produto. Para os situacionistas, a publicidade transforma as pessoas em espectadores das suas próprias vidas. A vida é convertida em espectáculo. Os nossos sentimentos íntimos são metamorfoseados em mercadorias. Ao comprarmos o produto, estamos a pagar para reaver os nossos sentimentos. Somos, portanto, o produto que pagamos. Eis onde chegámos. A coisas. Eis até onde esses empresários, banqueiros, senhores dos media, políticos e técnicos ao seu serviço nos atiraram. Até cobaias. Até à máxima humilhação. Não, não me venham com pacifismos. É preciso afastar esta gente que nos vai destruindo as vidas. Não é mais aceitável tamanha sacanice.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

NÃO, NÃO ESTOU VELHO

Não, não levo uma vida de velho. Leio, produzo, sou um poeta de café na cidade de Braga. Não preciso de viajar para aqui e para ali, nem de ir para a praia para junto da multidão, bastam-me as minhas viagens mentais. Além do mais, sou um homem livre, afasto-me o mais possível da economia. Não, não preciso de ir a Paris nem a Barcelona para ser feliz. Basta-me ficar em Braga e ler uns livros ou beber uns copos. Porque Braga é a minha cidade, a cidade que me acolheu, nunca o esquecerei. Entretanto, os imbecis vão dizendo baboseiras na televisão. Gente imbecil que canta, gente imbecil que ouve. Ai, Jaime. Se estivesses aqui. Como em outros Verões. Agora não estou nas Enguardas mas na Ponte, nas proximidades da rua Carlos Teixeira, casa da Gotucha. Vou sendo um dos melhores poetas deste país. Alguém o disse. Modéstia à parte. Mas, de facto, não suporto estes atrasados mentais. Eu subi. Eu abandonei o rebanho. Não os suporto. Não sou democrata. Sou dos filósofos-poetas. 40 anos de música, diz o pimba. 40 anos de merda. E lá vêm as gajas boas. Que grande festa! Ah, eu deveria ser rei. E lá vem o Baião. E lá vem o cabrão. 760 20 60 20. E lá vem o prémio. Nossa senhora. Poupem-me. Venha a Márcia. Que gajos tão limitados que nos vendem. Que idiotice. Antes beber. Isto bateu mesmo no fundo. Basta ter como Presidente o Marcelo. Pão e circo. Tivesse eu guerrilheiros no Sameiro. É tudo tão ridículo, tão absurdo. Antes escrever. Se, ao menos, a gaja do café fosse mais bonita. Enfim, não se pode ter tudo. Para quê viajar se posso permanecer aqui? Para quê ir atrás da manada? Tens uma boa vida, Pedro. Dizes o que queres, fazes o que queres, escreves o que queres. O que é que te interessam as férias em família em Benidorm? O que é que te interessam as multidões? És um senhor. Mas ainda não chegou a hora de regressares à montanha com Zaratustra. Ainda tens de permanecer na cidade. És o homem da cidade. Bebes na cidade. Escreves na cidade. A mente explode. Alucina. Maria Paz. Maria Francisca. Apetece ser louco. Apetece dizer coisas. Lembro-me de ti, Jaime. Já partiste. Bebias. Eu agora, infelizmente, tenho de me moderar. A vida, sem àlcool, é uma merda. Digam o que disserem. Olha o que nos vendem? A podridão. A hipocrisia. Historiazinhas. Historietas. Só à bomba! Pudesse eu, ao menos, beber até ao fim. Sou o grande maldito. Não estou velho, Gotucha. Reino sobre a Terra. Porque os deixais viver a nossa vida? Não conto convosco. Não vos amo. Eu queria transpor a teoria para a prática. Sou escritor mas também sou revolucionário. Só já não posso ir de copo em copo. 
Dionisos. O Paraíso. A Festa permanente. Sou Rimbaud. Sou Baudelaire. Velho, eu? Tenham paciência. Eu agora reino. Eu não estou trôpego. Eu bebo como tu, Jaime. Eu sou teu irmão, Jaime. O poeta bêbado, Jaime. A propaganda, Jaime. O Feira Nova, Jaime. Os incêndios, Jaime. O país arde, Jaime. A Maria Francisca, Jaime. Não a conheceste, Jaime. O país a arder e eu a beber. Ah!Ah!

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

POETA ÉBRIO

Não é assim tão grave. Ainda posso beber uns copos. Desde que não ultrapasse certos limites. Pensava que nunca mais poderia dizer poesia. A Leonor preocupa-se comigo. Já me conhece muito bem. É um anjo aquela menina. E eu sou poeta libertino e libertário. Precisava de um maior reconhecimento. Já tive os meus picos. Sei que voltarei lá. Não tenho dúvidas. Eu escrevo sobre a actualidade, não escrevo sobre quimeras, vivo o caos e o apocalipse, o mundo em fogo. Sei que chegará a minha hora. Combato os meus demónios e fantasmas. Bebo. Sou poeta ébrio. Não sou dos normais nem pertenço à multidão.
Contrariamente ao homem burguês, o artista arde, consome-se, entrega-se sem nunca se economizar, execrando sempre a poupança, nas palavras de Michel Onfray. Tudo nele é excesso, caos, hybris, loucura, libertação. Nada tem a ver com a castração dos números, do calculável, da finança. Foi esse o caminho que segui predominantemente depois da minha passagem infeliz pela Faculdade de Economia do Porto. Tornei-me um desalinhado, um poeta maldito.

domingo, 31 de julho de 2016

A ABOLIÇÃO DO ESTADO, DO CAPITALISMO E DA RELIGIÃO

A abolição do Estado, do capitalismo e da religião constituem condições indispensáveis à libertação do homem. As religiões constituem um conjunto de crendices e de superstições que se aproveitam do medo, da ignorância e das fraquezas das populações e que já não fazem sentido nos dias que correm. O Estado é a consagração do despotismo de uma minoria, de representantes eleitos ou não eleitos que nos retiram a individualidade e a soberania. Quem é Marcelo Rebelo de Sousa mais do que eu? Não somos ambos seres humanos, nascidos de pai e de mãe? O capitalismo é o mais odioso dos sistemas porque é subtil, porque ilude as pessoas: estas julgam que são livres, que pensam pela sua própria cabeça, quando são completamente manipuladas pelos mercados, pela corja financeira, pelos media, pela escola. Bakunine defende que a principal finalidade da revolução é o "aniquilamento do princípio da autoridade". E realmente só aniquilando a autoridade, que nos é inculcada desde tenra idade, só revoltando-nos contra as leis e ordens que nos são impostas e que nos tornam infelizes, estaremos aptos a construir um mundo novo. Além do mais, devemos revoltar-nos contra o dinheiro e contra o mercado. Segundo Aristóteles, o homem, para pensar, para sentir livremente, para se tornar um homem, deve ficar livre das preocupações da vida material.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

DESTRUIR PARA CONSTRUIR

Destruir para construir, para derrubar de vez esta sociedade desumana, como preconizava Bakunine. Claro que nada temos a ver com Alá, nem com Deus, nem com o Daesh. Mas também nada temos a ver com esta corrida desenfreada pelo lugar, pela carreira, pelo dinheiro, com este atropelo permanente. Nem sequer somos escravos do trabalho, do mercado ou da compra e venda. Procuramos o amor, a liberdade e a dignidade humana, não esta prisão, não esta farsa, não esta ditadura capitalista. É impossível chegar a um compromisso, a um acordo com os mercadores, com os carrascos, com os capitalistas. É preciso destruir, camaradas. Eles transformaram a vida num inferno, num sítio esquizofrénico. Nada de reformas do capitalismo como defendem o BE ou o PCP. Não há negociações possíveis. Ou és nosso ou és deles. Chegou a hora. Decide-te.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

O FASCISMO DA UE

As anunciadas sanções da União Europeia a Portugal são uma imposição ridícula e fascista por parte de uma instituição completamente desacreditada. Aquilo que o nazi Schauble e os seus aliados querem impor deriva de uma organização que ficou inteiramente em cacos depois do "Brexit" inglês e que de "união" nada tem, a não ser, a espaços, no campo financeiro. Além do mais, o presumível "incumprimento"  deve-se ao governo Passos Coelho, que seguiu as directivas de Bruxelas e que pôs o país de rastos, e não ao governo de António Costa, suportado pelo BE, pelo PCP e pelo PEV. Temos toda a legitimidade de resistir e protestar face ao fascismo de Bruxelas e de Berlim, inclusive de abandonar esta UE completamente podre, sem qualquer futuro.

domingo, 17 de julho de 2016

PSR, BLOCO, MRPP

PSR, Bloco de Esquerda, MRPP, os partidos porque passei. Conheci gente boa, gente genuína que luta por ideias e ideais. Contudo, nos partidos há sempre dirigidos e dirigentes. Há sempre os que distribuem panfletos e colam cartazes e as estrelas que aparecem na TV. Fartei-me disso.
O Bloco hoje é um partido reformista, que defende melhorias na democracia burguesa, com uma ou outra proposta radical. O PSR sempre era trotskista, sempre falava das questões sociológicas e dos afectos. O MRPP de Garcia Pereira era um partido revolucionário, marxista-leninista, que colocava o ênfase quase exclusivamente nas questões económicas. Arnaldo de Matos, o grande educador da classe operária, graças a uma autêntica purga, tem convertido o partido numa seita estalinista. Tanto o BE como o MRPP, como quase todos os partidos, tem-se centrado essencialmente na economia. Nós, anarquistas, não concordamos. A questão fundamental é que os seres humanos não são felizes na Terra. O ser humano é controlado e castrado por forças como os grande media ao serviço, sobretudo, do poder financeiro e não consegue ser livre. Mas não só. Desde que nasce vão-lhe sendo impostas regras, normas de comportamento e de conduta, ideias pela família, pela escola, pela multidão, pelo trabalho. Reina a lei do safanço, do mais apto, da competição, da destruição da vida. As festas são em dias marcados, o prazer é ilusório, reinam o medo, o tédio, a impotência e avançam os casos de suicídio e as doenças mentais: depressão, doença bipolar, esquizofrenia. Na verdade, a vida perde o sentido. E os partidos de esquerda nada têm a dizer perante isto.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

A VIDA AUTÊNTICA

O amor, sim, o amor, mas não o amor falso, forçado, de conveniência. O amor dá-nos a espontaneidade rumo à liberdade, rumo à realização do eu, rumo à plena afirmação da originalidade do indivíduo. Sim, a vida só tem um significado se o indivíduo for original, autónomo, se trilhar o seu próprio caminho. Se o ser humano não for capaz de pensar por si próprio, se a sua vida for determinada pelos outros ou por condicionalismos económicos, essa vida não faz sentido. Daí o papel do amor, do sentimento, da espontaneidade. Estes permitem ao homem crescer, fluir, desenvolver-se.
A educação, quer seja exercida pela família, quer seja pela escola, formata as crianças e os jovens num determinado sentido, impedindo-os de voar. Normalmente castra as emoções e a curiosidade e encaminha para a competição, para a busca do sucesso. Com efeito, a educação, os media e os poderes político e financeiro são contrários aos valores da Vida, tendendo a formar indivíduos medíocres, medrosos e competitivos. A "vida" que nos vendem está cheia de proibições, castrações e imposições, está nos antípodas do eterno retorno, da vida que cresce, que se renova, que desponta. Nada tem a ver com o amor, com a liberdade, com a poesia. É uma grande farsa que importa desmontar. Não estou a falar de abstracções nem de quimeras. Estou a falar da vida tal como era como quando viemos ao mundo. Estou a falar da vida tal como a merecemos. Estou a falar da vida tal como pode ser.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

O MUNDO ODIOSO DA ECONOMIA

A partir de certa altura, quando frequentava a Faculdade de Economia, compreendi o quão odioso é o mundo da economia e da finança. É um mundo que nega o livre, o gratuito, o desinteressado. É o mundo do lucro, dos juros, da agiotagem, do sacar a qualquer preço. É um mundo cruel, rígido, competitivo, implacável, feito de números, sem qualquer dimensão humana. Por isso, me declaro no oposto a esse mundo. Eu sou da liberdade, da vida que corre nas veias, do gozo, da dança, do canto. Até as minhas depressões tiveram uma razão de ser. Precisei atravessar o inferno e o deserto. Contudo, nunca cedi à viagem em que os vejo embarcados. Aliás, vivo numa dimensão completamente incompatível com a de muito boa gente. Sou daqueles que vocês renegaram, sou dos grandes malditos. Há incêndios em mim e no mundo. Estive nos partidos mas não tenho disciplina. Sigo um caminho errático. Vou atrás do excesso e da loucura. Jamais serei um merceeiro, um negociante. Amo os homens, sobretudo as mulheres. Adoro quando elas me vêm abraçar ao palco. No entanto, não esperem de mim o homem de família. Não esperem de mim o bom burguês. Não, não sou das multidões. Não sou da felicidade da maioria. Não sou sequer da democracia. Acho completamente palerma essa coisa da competição, da competitividade. Acho idiota dar-se tanta importância a uns pontapés na bola. Acho idiotas as religiões, capitalismo incluído. Acho que estou na estrada certa. Acho que já nem preciso do mainstream. Acho que há pessoas que estão próximas de mim. Acho que estou a mudar qualquer coisa.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

A VIDA COMO CASTIGO

Deus foi criado com base no medo. É uma invenção daqueles que não conseguiram aprender a arte da vida, nas palavras de Osho. E esses religiosos e moralistas, acompanhados dos capitalistas, como não sabiam dançar, condenaram a dança. Impingiram a ideia de que a vida é um castigo, um sacrifício, algo de errado. E impuseram o trabalho penoso e a renúncia à própria vida em nome de Deus (ou do deus-dinheiro) e em troca de um suposto paraíso, situado no além. E é assim que o capitalismo e as religiões têm estragado muitas vidas. Em troca de quimeras ou do consumismo prescinde-se de uma vida exuberante, livre, plena. A favor dos "magos" das finanças, da máfia especulativa e de outras crendices desperdiça-se uma vida. Sob a lei mercantil reinam a morte e a não-vida.

sábado, 25 de junho de 2016

A UNIÃO EUROPEIA ACABOU

A União Europeia acabou. A votação do valoroso povo inglês e galês, digna do rei Artur e dos cavaleiros da Távola Redonda, no sentido da saída da UE deu a estocada final numa Europa que, ao fim e ao cabo, nunca foi unida, a não ser em termos de interesses financeiros, dos "investidores", dos especuladores e do imperialismo alemão. A Europa dos burocratas de Bruxelas, de Merkel, de Durão Barroso, de Juncker foi claramente derrotada. Nunca foi um projecto político nem cultural nem social. Serviu apenas para pôr países como Portugal ou a Grécia de joelhos, à mercê do comité central. É bom que fique em cacos. Para que um dia se edifique uma verdadeira União Europeia, uma verdadeira União Mundial, socialista, anarquista, sem fronteiras, sem Estados, sem patrões, de homens livres e criadores.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

O CAMINHO PARA A GRANDEZA

Agora, sim, sigo o meu caminho para a grandeza. Cume e abismo estão reunidos num só. Afastei-me da multidão e do partido. Procuro o impossível. Abraço o amor e alguns companheiros e companheiras. Já nem preciso de ir atrás da fama. Desejo as mulheres belas que se insinuam. A mente expande-se, ilumina-se. Fui leão. Sou criança. Experimento-me. Ainda provoco. Tenho um percurso que vai dar sempre a Nietzsche. A vida não pode ser um castigo nem uma prisão. A vida não pode ter patrões. A vida é uma viagem livre. Um crescimento, um movimento permanente. Nada pode ser imposto.
Sigo o caminho para a grandeza. Há dias tristes, dolorosos. Mas agora sei claramente quem sou. Sou um filho das estrelas. Um "caminheiro dos céus". Toda a gordura ficou para trás. Canto. Celebro o super-homem. Aquele que há-de vir. Oh, como me sinto leve, como me sinto solto. Tenho asas. Voo. Voo até ao infinito. Pai, mãe, obrigado por me terem trazido à Vida.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

NÃO ACEITEMOS MAIS A ESCRAVATURA

O presidente francês, François Hollande, ameaça proibir as manifestações em França devido às legítimas manifestações contra o novo Código do Trabalho. O direito à manifestação é um direito constitucional em França e um direito universal. François Hollande, no fundo, quer reforçar a tendência para o controlo e para a repressão já vigente nas sociedades capitalistas, onde o indivíduo se sente cada vez mais doente e só. Todas as manifestações e actos de protesto violentos são legítimos contra a violência de um poder podre que quer destruir o Homem, que quer impedi-lo de crescer. Não aceitemos mais a escravatura.

domingo, 12 de junho de 2016

LOUCO

Louco. Sou o mais louco. Se soubésseis. Sou como Mário de Sá-Carneiro ou Salvador Dali. Visto esta pele de senhor respeitável. 48 anos. Mas, na verdade, apetece-me desatar aos berros, aos poemas doidos. Não tenho limites. Olhai, até já fui candidato a Presidente, a deputado, a presidente de Câmara. Contudo, não suporto esta realidade. Apetece-me pintá-la de amarelo. Que surjam unicórnios e duendes! Que tudo se vire do avesso! Olhai, oxalá andasse sempre bêbado, a cantar na rua, a insultar Deus e os poderes. Olhai, sou mesmo louco. Faço piruetas, equilibrismo. Os normais aborrecem-me de morte. Sou louco, sou o mais louco de todos.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

A POLÍCIA DO PENSAMENTO

"No passado nenhum governo tinha podido manter os cidadãos debaixo de constante vigilância. Agora a Polícia do Pensamento vigiava toda a gente de forma incessante".
(George Orwell, "1984")

Câmaras de vigilância por todo o lado, ecrãs de TV a moldar-nos as ideias e os comportamentos, vigilância dos movimentos bancários, das consultas dos "sites" da Internet, do correio electrónico, dos telefonemas, da correspondência, escutas telefónicas. "Big Brother". Polícia do Pensamento. A sociedade do mercado é atrofiante. Cada vez nos limita mais as liberdades, inclusive a de pensamento. A informação e o entretenimento envenenam-nos o espírito, poluem-nos o cérebro, manipulam-nos, intoxicam-nos, nas palavras de Ignacio Ramonet. É preciso dar um grito. Um grito que acorde. Estamos a ser domesticados pelos senhores de Bilderberg. Estamos a perder a capacidade de reacção. Estamos a ser levados.

terça-feira, 7 de junho de 2016

ANTES BEBER

Bolas. Que se lixe o dinheiro! O que importa é criar. Venha uma cerveja. Farto-me do tédio e dos normais. Afinal nasci diferente ou tornei-me diferente. Não me adaptei, só sou eficaz com a caneta. Detesto as conversas dos vendedores. Bebo porque gosto de beber, porque me sabe bem, porque me sinto melhor. Habituei-me desde os 18 anos quando comecei a ir aos bares e aos concertos em Braga. É absurdo a nossa inteligência e a nossa criatividade estarem dependentes do dinheiro. É absurda esta vida de castrados. Não, comecei a fazer asneiras, comecei a gozar com esta merda. Abandonei as leis da economia, da poupança, do sacrifício. Tinha as minhas fobias mas também a minha ousadia. Ganho asas. Estou na estrada do excesso. Antes andar embriagado do que suportar esta prisão. Lá vão os carneiros. Obedecem. Aceitam o instituído. Sempre ordenadinhos. Porra! Não se vê uma explosão! Está tudo morto. Bem sei que há pessoas que não estão. Pessoas conscientes. Mas somos uma minoria. De resto, é o Euro e a vidinha. Que se foda o Ronaldo! Tenho visto velhos amigos, homens brilhantes, a morrer. Qualquer dia vou eu. Por isso é indiferente se gasto mais um ou dois. De facto, as pessoas fecham-se nos seus grupos, nas suas famílias. De resto, estamos cada vez mais sós. Mas que belo mundo deixámos construir. Um lugar de competição e de rapina. E depois, quem discute estas coisas? Doem, não doem? Queimam? Não, parece que está tudo bem, que nada se passa. Compra e vende. Vende e compra. Barca de tolos. Talvez eu devesse ter nascido noutra época, noutro século, não sei, mas o que vejo é absolutamente hediondo. E prossegue a louca correria. Esta gente mata-se por uns trocos. Não filosofa com Sócrates, Platão ou Nietzsche. A grande maioria desta gente não se apercebe do absurdo vivo ou então até se apercebe e deixa andar. Esta gente não tem coluna vertebral. Antes beber, de facto. Antes insultar os poderes na cara deles. Antes ser louco, antes ser deus. Aliás, porque raio há-de existir um deus superior a nós? Metem-nos a culpa, o pecado, o preconceito na cabeça. Filhos da puta. Estes gajos dão cabo de nós. E, afinal de contas, o que é que eu tenho a perder? Nada! Pelo contrário, tenho tudo a ganhar. Não será por acaso que venho de reis. Mas, sinceramente, não compreendo esta gente. Pronto, de vez quando há umas manifestações. Mas nada que se compare às manifestações violentas de França ou da Grécia. É tudo muito ordeiro, há muito respeitinho. Claro que há ocasiões em que o caos vem de fora, em que acredito que a coisa vai rebentar. Contudo, cá dentro é uma pasmaceira. Não nasce nada de novo. É só compra e venda e vendilhões e comerciantes.

domingo, 5 de junho de 2016

VALEU A PENA VIRMOS?

Esta gente não tem consciência. Bem sei que alguns se adaptaram perfeitamente ao sistema, falam impecavelmente, vendem o produto com simpatia. Provavelmente seguiram sempre em linha recta, nunca tiveram problemas de ordem psíquica. Os outros, mesmo os operários, integraram-se no capitalismo. Daí que eu já não acredite no carácter revolucionário da classe operária, contrariamente ao MRPP e ao PCP. Acredito numa certa pequena burguesia radical. Penso, todavia, que a grande maioria da população não tem consciência da dominação, do controlo e da alienação a que está sujeita. Nunca a manipulação e a lavagem ao cérebro foram tão longe como agora. O poder financeiro impõe a sua linguagem e controla tudo e todos. Tudo gira em torno do dinheiro. Os media e a publicidade vão-nos fazendo as cabeças. O imperialismo alemão e a Comissão Europeia ditam a sua lei. Que mundo de escravos. Onde está o homem livre? Onde está o homem que se levanta? Viveremos para sempre acorrentados e medicados? Viveremos para sempre doentes, sem vontade própria? Que mundo construímos? Não nascemos livres e sãos? Não nascemos para reinar sobre a terra? Não nascemos para o gozo e para a sabedoria? Porque viemos então? Valeu a pena virmos?

sábado, 4 de junho de 2016

A REPRESSÃO

A repressão é um fenómeno histórico e mental. Segundo Freud e Marcuse, desde a primeira e pré-histórica restauração da dominação, após a primeira rebelião, a repressão externa foi sempre apoiada pela repressão interna: é o próprio indivíduo escravizado que introverte os seus senhores e as suas ordens no seu próprio aparelho mental. Ou seja, são os próprios indivíduos que assimilam a dominação quer esta seja capitalista, quer seja outra. Daí se explica, em boa parte, a longevidade do capitalismo. Na sociedade mercantil predomina a luta primordial pela existência, uma arena onde os seres humanos se atropelam em busca do dinheiro, da posse, do poder. Essa luta conduz os homens para o domínio vazio do económico e afasta-os do princípio do prazer, levando-os a desviar as suas energias das actividades lúdicas e sexuais para o trabalho. Reinam, portanto, a repressão, o sacrifício e o aborrecimento por muito comunicativas que pareçam ser estas pessoas.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

UM NOVO MUNDO E UM NOVO HOMEM!

"Desejo um novo Mundo e um novo Homem!", clama Teixeira de Pascoaes em "Regresso ao Paraíso". O Homem, ou alguns homens, vem dos céus e do infinito. O espírito humano é infinito. No entanto, na História da Humanidade na maior parte das vezes a pequenez tem levado a melhor. Os instintos da crueldade, da competição, da busca do lucro têm-se sobreposto. Os espíritos superiores que pregaram o amor, a liberdade ou a sabedoria como Jesus, Sócrates, Nietzsche, Marx, Bakunine são muitas vezes desprezados pelo sentimento utilitário dominante na sociedade mercantil. Nem os que dizem que seguem Jesus o seguem verdadeiramente. O que é certo é que desde cedo somos levados a apoucar as capacidades espirituais, criativas e cognitivas do ser humano, a desprezar o seu espírito libertário. Cedo nos convencem que não há alternativa à sociedade de compra e venda, cedo nos reduzem à impotência. Ora, poetas, escritores e pensadores como Rimbaud, William Blake, Walt Whitman, Jim Morrison, Antero de Quental, Teixeira de Pascoaes, Henry Miller, Dostoievsky, Aldous Huxley, George Orwell, Platão, Erich Fromm, Marcuse, Guy Debord dizem-nos o contrário. O homem é o único deus, capaz de enormes prodígios. E se se unir a outros homens no amor pode mover montanhas. Porque, de facto, é preciso um novo mundo e um novo homem. Porque, de facto, estamos numa sociedade de canibais. Porque, de facto, temos de nos ir buscar a nós próprios, às profundezas de nós próprios.

terça-feira, 31 de maio de 2016

DO NOVO MUNDO

Fomos lançados para aqui. Não pedimos para nascer. Contudo, já que estamos aqui importa viver o presente. O presente que se renova sempre. Segundo após segundo. Creio que viemos para nos aperfeiçoarmos, para desenvolvermos as nossas potencialidades e isso nada tem a ver com dinheiro ou com o ganhar a vida. Creio que é algo de muito mais espiritual, que tem a ver com a comunhão, com o amor. Mas tais estados só são atingíveis sob uma atmosfera de liberdade, não num regime mercantil, de exploração e escravidão. Creio que a demanda a que me refiro nada tem a ver com governos nem com poderes. Falo de gozo, de criação, de sabedoria, de iluminação. Falo do novo mundo e do homem livre. Falo no que podemos ser.

sábado, 28 de maio de 2016

A SELVA

"Vivem entre gorilas espirituais, vivem com maníacos do comer e do beber, escravos do êxito, inovadores de engenhocas, cães de caça da publicidade." (Henry Miller, "O Pesadelo de Ar Condicionado")
Como pode uma alma sensível viver e criar numa sociedade cada vez mais marcada pelo utilitarismo, pelo produtivismo e pelo consumismo norte-americanos? Como pode alguém sensível manter-se mentalmente são? Como pode um jovem seguir um percurso pleno na arte num mundo de broncos e chacais? Realmente, como diz Miller, "os pobres não conseguem pensar em nada a não ser na comida e nos problemas da renda". As classes médias sabem que o verdadeiro inimigo não é o capitalista nem o banqueiro que bajulam mas os poucos artistas rebeldes que denunciam com palavras ou tinta a podridão do sistema. Sim, ainda há uns quantos que resistem. Mas esses tiveram que resistir a muitas provações. Desde a infância que lhes pregam a cantiga do dinheiro e do ganhar a vida. Desde cedo que os tentaram convencer que eram eles os desajustados e que, por isso, se sentiam sós e infelizes. Os próprios colegas de escola se encarregam disso. Muitos caem. Outros morrem para sempre nesta selva. No entanto, pode haver um amigo, um colega, um professor, um livro, uma canção que altere tudo. E então descobrimos que estamos no caminho da Vida e da Sabedoria. E então descobrimos que somos mais fortes do que os papões do capitalismo. Porque nós vimos de lugares benditos, porque nós vimos dos céus, do Eterno, do Infinito. E por isso não há muros que nos travem. E por isso somos abençoados. E por isso somos divinos.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

O IMPÉRIO ACABOU!

Revolução. Ressurreição. Auto-sacrifício apocalíptico. Jesus e Satã. Regresso ao Paraíso. Todo eu sou luz. Todo eu sou vinho. Dai-me mulheres belas. Deixai-vos de conversas tolas. Todo eu sou sangue, incêndio. Vendilhões, ides conhecer a minha ira! Nem vós vos safais, ó criaturas da vida tranquila. O whisky jorra. Trago a espada. Não suporto formigas agarradas ao dinheiro. Eu vim cantar e celebrar a revolução. Eu vim insultar os credos e a moral. Eu vim para além do bem e do mal. Não suporto as vossas conversas. Reino. Gozo. Sei. O Império acabou!

quinta-feira, 19 de maio de 2016

QUE VIDA É ESTA?

Que sentido faz vender-se, ser explorado ou alienado? Que sentido faz entregar o nosso tempo à máquina? Que sentido faz sacrificar-se ou deixar que nos lavem o cérebro? Que vida é esta? Nós não viemos para isto. Nós viemos para celebrar, para conhecer, para criar, para amar, para nos iluminar-nos. A vida que nos é imposta é uma vida inferior, que não é própria do homem nobre. Bem sei que há pessoas que nunca perceberão isto. Bem sei que não será fácil fazer passar estas ideias. Contudo, é o que eu concluo da minha estadia aqui na Terra. Depois de ter lido os mestres, depois de ouvir os grandes, depois de ter conhecido certas pessoas, chego à síntese. Só faz sentido trazer crianças à terra se com elas celebrarmos a vida, se as educarmos no amor e no amor pela sabedoria, se lhes proporcionarmos as condições para que sejam criadoras, se lhes indicarmos o caminho da iluminação. Jesus negou o dinheiro, tal como outros, e, de facto, é absurdo viver em função de folhas de papel e de pedaços de metal.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

A VIDA É NOSSA

Braga. Hoje faço 48 anos. Já não sou um jovem. Tenho-me dedicado a observar o homem e o mundo. Para quê tanta pressa, tanta sofreguidão? Para quê perseguir a recompensa que nunca mais vem? Ou então olhar para aqueles palhaços imbecis na televisão ou para as vedetas que vivem por nós. Não, não vim para isto, tenham paciência. Aprendi com outros a liberdade. Não vim atrás da felicidade da maioria, nem vim dizer banalidades. Acredito num homem infinito, absoluto, num homem capaz de se transcender. Não sou dos macacos que seguem e trepam. Sou do homem que bebe e voa. Aos 48 anos publiquei livros, fiz performances, disse poesia, publiquei em jornais, revistas e fanzines, participei em actos revolucionários. Fiz o que havia a fazer. Cometi os meus erros, naturalmente. Não me arrependo. Nunca me vendi. Não sou como essas patas-chocas da TV. Claro que preciso de ir à TV dizer a palavra. Dizer o que os outros não dizem. Segui o caminho dos malditos. Nada a fazer, minha rica. Eles bombardeiam-nos todos os dias. Eles tentam fazer-nos a cabeça todos os dias. Docemente. Suavemente. Temos de contra-atacar. A Vida é nossa.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

O INFERNO

Como é possível ser o ser humano, ao mesmo tempo, um espírito superior, capaz de grandes prodígios, de grandes obras, de gestos de pura bondade, e um merceeiro, um mercador, um escroque? E o mais preocupante é que são os pequenos os que mais se maltratam uns aos outros, os que mais se pisam, os que mais se atropelam na corrida global. Depois há esse bando de gestores, financeiros, empresários, banqueiros que vendem pai e mãe na praça pública e acumulam milhões enquanto exploram e escravizam os outros. Isto para não falar na legião de políticos corruptos, especuladores e agiotas ao serviço da máquina. Construiu-se também um sistema de lavagem ao cérebro que inculca os "valores" da competição e da rapina, sobretudo via media mas que também vem da família, da escola e do trabalho. Ou seja, um autêntico inferno de onde se safam os mais "aptos". Darwinismo social. Enquanto isso, a pobreza, o desemprego, as desigualdades sociais, as depressões, o tédio, as doenças mentais, os suicídios sobem em flecha. Como é possível tanta injustiça? Como é possível o homem tão desigual?

quinta-feira, 5 de maio de 2016

FAMA E BUSCA DE CONHECIMENTO

É ridículo reduzir o homem à economia, ao consumo e à produção, como se faz hoje. O homem é pensamento, é arte, é transcendência. Que faz um homem ou uma mulher estar, pura e simplesmente, sentado no café a pensar? Que faz o poeta escrever, o pintor pintar? Não são certamente as incidências dos mercados ou as flutuações das bolsas. É a interrogação acerca do sentido da vida, é a vida, a própria vida. Pode ser também o desejo de conhecer, de descobrir, de desbravar caminho.
Toda esta busca de conhecimento que me move, que move outros, nada tem a ver com o dinheiro ou com o comércio. Exige esforço mental, leitura. Mas é desinteressada. Não procura recompensas. Tal como o passar de mensagens. Vou deixar de procurar a fama. A fama já não me interessa. Valho o que valho. Eles virão ter comigo mais tarde ou mais cedo. Eu sou original, genuíno. Tenho bloqueios, é certo. Mas tenho explosões criativas. Do nada faço nascer coisas. Do nada canto novos mundos.