terça-feira, 28 de março de 2006

Borboletas Amestradas

Hoje, terça, 28, pelas 22,30 horas, há mais uma noite de poesia no "Pátio" em Vila do Conde. Com João Rios, Isaque Ferreira, João Tiago e A. Pedro Ribeiro. Amanhã, dia 29, quarta, pelas 23,00 horas, A. Pedro Ribeiro (voz) e António Aníbal (guitarra eléctrica) e as suas "Borboletas Amestradas" apresentam-se no Bar Velvet, também em Vila do Conde (junto ao Tribunal), numa performance poético-musical a rasgar com textos de Lou Reed, Jim Morrison, Ian Curtis, António José Forte e A. Pedro Ribeiro. "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" de APR é lançado no dia 5 de Abril, quarta, pelas 23,00 horas, no bar Púcaros, no Porto (à Alfândega).

domingo, 26 de março de 2006

A OTA E A OPA

depois da hóstia da OTA a OPA hostil está aí quem não as veste não é cristão nem OTÁrio.
josé fontes novas

o governo traça o objectivo de só deixar arder 100 mil hectares por ano até 2012. o povo ficou feliz por saber que ainda existem 600 mil hectares de floresta no deserto português.
josé fontes novas

sexta-feira, 24 de março de 2006

Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro

Agora é certo. "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro- Manifestos do Partido Surrealista Situacionista Libertário" de A. Pedro Ribeiro (Objecto Cardíaco) está nas livrarias. Ver http://www.objectocardiaco.pt/projectos/portfolio/ver_projecto.php?id=36.

segunda-feira, 20 de março de 2006

PRIMEIRO-MINISTRO

Sou feliz
sou primeiro-ministro.

OPA

Quero lançar-te uma OPA
antes que desapareças.

CAEM OPAS

Caem OPAS no telhado
e tu, ao sol, a fazer malabarismos
entram engravatados
e tu, à lua, a abanar as ancas
Chovem primeiros-ministros
e tu, ao balcão, a mostrar as mamas.

OS PERSONAGENS DE OUTRORA

A noite cai
os personagens de outrora
saúdam-me
vão ficando apáticos
depois saem
conferenciam lá fora

Os amigos não estão na redacção

Venho à "Brasileira"
e não sou feliz.

CANÇÃO PUNK

Quero um primeiro-ministro
para comer ao pequeno-almoço
quero um trabalho
para mandar para o caralho
quero um défice
para meter no cu

eu não quero ser competitivo
eu não quero ser executivo
eu não quero ser um gajo normal.

SE EU TIVESSE DINHEIRO

Se eu tivesse dinheiro
vinha cá embebedar-me
todos os dias
só para te olhar
se não houvesse dinheiro
nem cartões
ia contigo até ao mar
recomeçar.

sábado, 18 de março de 2006

POEMA DE AMOR

Olhas e pões-me doido
andas e pões-me doido
corres e pões-me doido
varres e pões-me doido
sorris e pões-me doido

Os cidadãos prudentes
agarram-se aos bolsos
os cidadãos prudentes
têm sempre cacau
os cidadãos responsáveis
agem com prudência.

O café esvazia-se

Olhas
e fazes-me consumir.

CIDADÃO CUMPRIDOR-II

Quero entregar a minha alma ao Governo
deixar-me colectar em êxtase
amar-te ordeiramente como um cidadão cumpridor
Quero lançar uma OPA em directo no Telejornal
imolar-me no mercado global.

O CIDADÃO CUMPRIDOR VOLTA A ATACAR

O meu sonho é ser competitivo, ser um cidadão de sucesso. Quero submeter-me voluntariamente às directivas do primeiro-ministro, sacrificar-me em prol do país. Quero lançar uma OPA, investir na bolsa, adaptar-me ao mercado.
Quero tornar-me um executivo e não ficar pensativo. Quero ser empreendedor, um democrata cumpridor. Quero ser responsável, credível, prudente e racional, seguir uma lógica empresarial. Quero suicidar-me em directo à porta do Telejornal.

terça-feira, 14 de março de 2006

Rimbaud e Breton

A verdadeira vida está ausente.
(Rimbaud)

As palavras fazem amor.
(André Breton)

Octávio Paz

Na concepção de Octávio Paz, a actividade poética surrealista volta a ser uma operação mágica que se recusa a ver o mundo como um conjunto de coisas boas ou más, daí o seu anticristianismo. Do mesmo modo, nega-se a ver a realidade como um aglomerado de coisas úteis e nocivas. Daí o seu anticapitalismo.
(Eurico Gonçalves, Dadá-Zen)

Do Fontes Novas

gripe das aves A Direcção Geral de Veterinária deliberou que todas as pessoas que tenham animais sem dentadura, coisas de bico para os menos entendidos, deverão registar os ditos para que o número de constipações possa ser controlado. Por isso a partir desta data deve fornecer a ementa alimentar do seu dia a dia, sempre que no prato o galo deixe de cantar.

terça-feira, 7 de março de 2006

cartaz

o cartaz do outro lado da rua
promete a felicidade
a menina do café também.

domingo, 5 de março de 2006

Agostinho da Silva

...Uma das coisas que nos oprime na personalidade é o facto de termos de exercer no mundo uma profissão, de termos de ter um trabalho. (...) Então o segredo para nós podermos desenvolver a nossa personalidade vai ser o de ver de que maneira vamos abolir no mundo a obrigação do trabalho(...).
(Agostinho da Silva, "Vida Conversável")

teso

tenho o nome nos jornais
mas continuo teso
as meninas olham para a cara
mas rejeitam a barriga
as meninas olham para a cara
e confundem-me com os amigos
os clientes grunhem
as meninas não entendem os meus escritos
e deixam-me só com o copo à frente
apesar de serem muito simpáticas
e de estarem sempre a carimbar os cartões
as meninas gostam dos meus escritos
e sorriem para mim

apesar disso continuo teso.

Salário

se eu tivesse um salário
estaria melhor
se eu tivesse um salário
dar-te-ia o coração
se eu fosse mercador
venderia livros na praça

as meninas são bonitas
a menina bonita percebe os meus escritos
os conhecidos pagam-me cervejas
se eu tivesse um salário
as meninas olhariam mais para mim
se eu estivesse em consonância com o mundo
seria um empresário de sucesso
a menina não gosta do cavaco
e eu acredito na revolução
olho para o relógio
e o vendedor de jornais grita
- quero uma OPA
uma OPA no meu quintal

se eu tivesse um salário
não estaria aqui.

Sal

Ainda o Fontes Novas

Noticia Atrasada Lá para os lados da cidade do canudo, gerida e administrada por um cangalheiro à cerca de trinta anos, dai restar pouco do que era, apraz registar que a rotunda do cónego está a agitar as vias de acesso à inteligência, enquanto o império virou mistério dos sentidos, para espanto da tribo e o bem repousar da nação, que elege os seus ditadores democraticamente desde que os cravos murcharam. Pouco antes da cadeira ceder ao tombo, já o cujo dava trambolhões com a pátria e a família estava orgulhosamente só, por isso nada de estanhar. Diz quem sabe que o dito foi professor da antiga, hoje moderna mocidade portuguesa, que entre outras coisas ia a Fátima a pé. Os tampos agora são doutros e o Paulinho Nacional, defesa pela direita do ministério, jogou com a mão o bolo dos cheques, autografados pelo seu Independente raciocínio político, usando por acréscimo uma transparente pedagogia Moderna, que levou ao retiro dos excedentes cofres da caixa geral de esbanjamentos e aposentados limitada. Consta que decorrido mais um acto democrático, desapareceu e apareceu numa revista a apanhar banhos de sol numa suite de hotel nas arábias, a gozar uma oferta submarina, lamentando no entanto ter perdido o taxo para outro texto. Os rachadores de lenha, reconhecidos oposicionistas do regimento, vieram logo pedir o cepo do sinistro, em defesa do património balístico do ultramar, que se encontra em caquéctico repouso. Os ex combatentes também não gostaram nada da mudança estratégica de trincheira e receiam pela reforma, aliás desconfiam mesmo. Preocupado com a falta de fé, o nosso presidente, aquele que é de todos menos um, veio a terreiro defender a república dos bananas, exigindo respeito pelas excursões e incursões dos ditos patriotas, ao fundo maneio da nação. Também as feiras sentem a falta dos beijinhos do hino nacional e as peixeiras já prometeram dar mais se ele voltar. O Maoista Pereira Já disse que um pau de dois bicos é um palito e que não gostou nada da última vez que os puseram no mesmo prato. Por último o país retirou-se mais uma vez para reflexão e votou nos mesmos. josé fontes novas