sábado, 30 de junho de 2007

FERNANDO PESSOA



P OEMA PIAL
Casa Branca - Barreiro a Moita(Silêncio ou estação, à escolha do freguês)
Toda a gente que tem as mãos friasDeve metê-las dentro das pias
Pia número UMPara quem mexe as orelhas em jejum.

Pia número DOIS,
Para quem bebe bifes de bois.


Pia número TRÊS,Para quem espirra só meia vez.

Pia número QUATRO,Para quem manda as ventas ao teatro.

Pia número CINCO,Para quem come a chave do trinco.

Pia número SEIS,Para quem se penteia com bolos-reis

Pia número SETE,Para quem canta até que o telhado se derrete.

Pia número OITO,Para quem parte nozes quando é afoito.

Pia número NOVE,Para quem se parece com uma couve.

Pia número DEZ,Para quem cola selos nas unhas dos pés.

E, como as mãos já não estão frias,Tampa nas pias!

Fernando Pessoa

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Tenho três bons livros publicados. O meu nome já apareceu várias vezes nos "media". Por razões políticas, enquanto diseur, performer ou cantor, enquanto poeta. Supostamente já atingi determinados objectivos mas continuo teso. As mulheres só me querem quando subo ao palco. Eis a minha tragédia. TEnho o dom da palavra mas nem sempre o consigo expressar. Que vai ser de mim? Já disseram que eu era o último dos poetas românticos. Provavelmente sou. Mas de que me vale isso?

terça-feira, 26 de junho de 2007

LIBERDADE


Não existe para a liberdade inimigo mais provocante e fundamental do que as instituições liberais.

(Nietzsche, "O Crepúsculo dos Ídolos")

segunda-feira, 25 de junho de 2007

O POETA VEM

O poeta vem à pastelaria
o poeta vem para junto da mulheres
dos ditos das mulheres
dos mexericos das mulheres
do universo das mulheres

o poeta vem à pastelaria
lê e escreve
sobre as mulheres
deixa-se levar na corrente
das palavras rápidas das mulheres

o poeta vem à pastelaria
em busca do amor
em busca da dama de porcelana

o poeta lê e escreve
é um poeta
é isso que esperam dele

o poeta lê, escreve e caminha...

A. Pedro Ribeiro.

sábado, 23 de junho de 2007

Nietzsche


A arte é o grande estímulo da vida.

(Nietzsche, "Crepúsculo dos ídolos")

quarta-feira, 20 de junho de 2007

A VIDINHA



A VIDINHA

António Pedro Ribeiro

Não, não nasci para a vidinha pequeno-burguesa. Tenho asco aos moralismos das coisas coisas certinhas, às horas pré-determinadas. Não, não nasci para os horários das 9 às 5. Venho de reis malditos, de poetas visionários. Só a espaços sou feliz aqui. A rotina mata-me. Só o Amor e a Liberdade me guiam. Ás vezes basta uma palavra, uma palavra de ternura de uma mulher para nos elevar, para nos convencer de que estamos vivos e a verdadeira felicidade só pode estar aqui. Porquê tantas fronteiras?
Ouço a música que ouvia aos 15 anos. Mas já não tenho 15 anos. Sou um poeta maldito. Os meus admiradores e detractores esperam isso de mim. Tenho a vantagem de poder ter comportamentos excêntricos, de escrever textos marados e até há quem os publique.

terça-feira, 19 de junho de 2007

SALOON NA PÓVOA





"Saloon" foi apresentado no Diana Bar
Editado em 2007-06-11 12:46
Na passada Sexta-feira, o Diana Bar foi palco de um momento de poesia com a sessão de lançamento do livro "Saloon" de A. Pedro Ribeiro.

Sobre a sua obra, o autor referiu a abordagem que é feita da mulher, quer no aspecto lírico quer no aspecto sexual, e falou também da combinação entre o lado místico e o lado surrealista que se entrecruzam em “Saloon”.
“Trata-se de um conjunto de poemas extraordinariamente coeso”, foi deste modo que João Rios, “diseur” convidado, descreveu o livro do seu amigo A. Pedro Ribeiro. Na opinião de António Oliveira, das Edições Mortas, o lançamento do livro “é uma espécie de desgraça do autor perante a sua obra”. O editor considerou que, em “Saloon”, “o poeta encontra-se perante a sua obra numa circunstância de utilidade de estarmos vivos e essa utilidade exige que o poeta tome a decisão do gesto, da palavra”. Terminou dizendo que “devemos entrar no ‘Sallon’ prontos para a nudez da nossa existência e moral”.
“A arder”, “Rua”, “Sallon”, “O Futuro já não é…”; “Mamas”; “Jesus”; “Madalena” e “O boi” foram alguns dos poemas declamados por A. Pedro Ribeiro e João Rios para suscitarem o desejo do leitor para esta obra que ultrapassa a moral, numa combinação de bem e mal.

terça-feira, 12 de junho de 2007

segunda-feira, 11 de junho de 2007

CORO


Que os sacerdotes do corvo da aurora, vestidos de negro da noite, ca mais maldigam em roucos roncos os filhos da alegria! Nem os irmãos aceites a quem ele, tirano, chama livres ponham limite ou façam tecto! Nem a pálida lascívia religiosa chame virgindade ao que deseja e não age!


PORQUE TUDO QUANTO VIVE É SAGADO.
(WILLIAM BLAKE)

sábado, 9 de junho de 2007

A PADEIRINHA


Passas por mim

na estação

e eu não te reconheço

passas por mim

com o pão

e eu não te reconheço


és o sangue a paixão

serena

as meninas conferenciam

e eu só, à mesa


sou o poeta

nada tenho com os negócios dos homens

venho dos xamãs

da antiga Grécia

nada tenho com esta merda

restas tu

que agora reconheço

à mesa.


A. Pedro Ribeiro, 9.6.2007

quinta-feira, 7 de junho de 2007

PALOMA


Paloma

que me chamas anjo

que brincas comigo

no fio

que brindas comigo

no gelo


Paloma

do Brasil da Argentina

pomba branca a voar

para lá do mar

quem te quer?

quem te vai levar?


sou apenas um anjo negro

um roqueiro sem dinheiro

que te quer

e observa

longe

perto

minha princesa

dama de copas

na minha copa

tigresa Teresa

El Rei Afonso

que conquista~

e nunca se verga.


terça-feira, 5 de junho de 2007

SALOON NA PÓVOA


APRESENTAÇÃO DE “SALOON” DE A. PEDRO RIBEIRO


"Saloon", o novo livro de poesia de A. Pedro Ribeiro, publicado pelas Edições Mortas vai ser apresentado no Diana Bar, na Póvoa de Varzim, na próxima sexta, dia 8 de Junho, pelas 21,30 horas. "Saloon" sucede a "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro. Manifestos do Partido Surrealista Situacionista Libertário" (Objecto Cardíaco, 2006), a "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Edição Pirata, 2004) , a "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001) e a “Gritos.Murmúrios” (Braga, Grémio Lusíada, 1988). A apresentação da obra vai estar a cargo de António Oliveira (Edições Mortas), do poeta e diseur Rui Lage , do autor e do “diseur” Bruno Neiva.
"Saloon" fala dos bares, dos saloons, é também uma homenagem aos “westerns” de Clint Eastwood, de John Wayne, à BD de Lucky Luke, do cowboy solitário, desligado das convenções sociais. É um roteiro da vida à noite na cidade, por onde anda o narciso “do bar que controla”/ poeta-cantor libertino/ (cowboy) a gingar, a mulher (presente e ausente), o amor, o sexo puro e duro, os jogos de sedução, a prostituição, os copos até de madrugada, as alucinações, a loucura mas também uma certa redenção/misticismo/messianismo expresso em poemas como "Jesus" ou "Madalena". É ainda rebelião libertária/libertina em bruto em “Porto 2001”, “A Arder” ou “O Futuro Já Não É”. A ironia dada/surrealista, que marcou a anterior “Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro” é visível, por exemplo em “Mamas” ou “Oceano”.
A. Pedro Ribeiro ou António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 68 (não por acaso…). Andou vários anos por Braga, onde frequentou os liceus Sá de Miranda e Alberto Sampaio e outras capelas diurnas e nocturnas, pela Trofa, pela Póvoa de Varzim e por Vila do Conde e reside actualmente em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). É vocalista da banda punk-rock MANA CALORICA (www.myspace.com/manacalorica) e há 19 anos que diz poesia em vários tascos, salas e saloons do país (com “baptismo de fogo” em Braga no antigo Café Tuaregue, hoje Fórum), tendo actuado em duas performances poéticas ao lado de Adolfo Luxúria Canibal e Isaque Ferreira no Festival de Paredes de Coura em Agosto de 2006 . É licenciado em Sociologia e é jornalista. Foi fundador e é colaborador da revista “Aguasfurtadas”. Em 2005 a RTP e o DIÁRIO DIGITAL (Outubro) e o PÚBLICO (Novembro de 2004) noticiaram uma candidatura sua à Presidência da República pela Frente Guevarista Libertária.
António Pedro Ribeiro foi mandatário distrital em Braga pelo PSR nas eleições legislativas de 1995 e candidato às Juntas de Freguesia da Póvoa (onde ficou a dois votos de ser eleito para a Assembleia de freguesia) e de Vila do Conde em 2005 e 2001 pelo Bloco de Esquerda, partido de que se afastou. Actualmente considera-se anarco-nietzscheano-guevarista.

CONTACTOS: António Pedro Ribeiro tel. 229270069
http://tripnaarcada.blogspot.com/
http://partido-surrealista.blogspot.com/
LIVRARIA PULGA/EDIÇÕES MORTAS
TEL. 914223065 http://edicoes-mortas.blogspot.com/ info@edicoes-mortas.com
www.myspace.com/manacalorica

De SALOON, o poema RUA

A rua é sempre a mesma
Acima abaixo
Abaixo acima
Entras nas casas nos bares
Nas camas
Falas
Calas
Encontras este e aquela
Entras neste e naquela
Fornicas a solidão
Facas guerras guitarras
Ilhas descobertas
A coisa arde queima
Cais
Levantas-te
E depois sais
Como se fosse nada

É sempre a mesma rua
O mesmo copo
A mesma canção
E tu gostas.

A. Pedro Ribeiro.

sábado, 2 de junho de 2007

AOS MEUS AMIGOS



AOS MEUS AMIGOS

Onde estais vós,
Meus amigos,
Que me beijais a cara?
Já partistes deste mundo
Ou continuais a caminhada?
Onde estão as conversas que nos elevam
E as gargalhadas sem medo
Que enfrentam os medíocres
E a corja mercantilizada?
Onde estais,
Irmãos de sangue,
Que bebeis da minha taça?
Camelot Elsenor
Aí celebramos a aliança.

Onde estais vós
Que sois eu
Só num bar até de madrugada?
Tentaram sempre aniquilar-nos
Encostar-nos à parede
Até à última cilada
Mas nós resistimos sempre
Ao cântico da sereia.
Onde estais, companheiros,
Agora que vos chamo
Do fundo do Totem
À beira do nada?

Bem sei que para nós
O caminho é doloroso
Mas o que nos guia
Não são as leis do mundo
Nem do mercado
Mas a luz ao fundo da guitarra.
Onde estais, amigos,
Porque não bebeis a taça?

Conquistadores do oculto
Pesquisadores da alma
O caminho somos nós
Mas a visão ainda não é
Inteiramente clara.
Onde estais, irmãos de sangue,
Companheiros de noitada?

Abençoados malditos
Reis sem trono
Esperamos a última batalha.

Olhos de Deus
Voz de Satã
Iluminações
Até ao fim da estrada.

Vila do Conde, Pátio, 20.1.2007.
A. PEDRO RIBEIRO