quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A DITADURA DAS MAIORIAS

A DITADURA DAS MAIORIAS




António Pedro Ribeiro




A democracia é a ditadura das maiorias.




A maior parte das vezes a maioria vem do homem pequeno, do rebanho, daquele que teme a solidão, por isso tende a imbecilizar-se. O homem da maioria vai normalmente atrás do rebanho. Teme ficar mal visto pelo grupo, pela maioria. Segue as opiniões dominantes, as opiniões do tem que ser, da maioria.


Já pouco nos atrai na democracia, na partidocracia.


Defendemos, como Platão, um governo de filósofos. Um governo de homens e mulheres justos, eticamente irrepreensíveis, sábios.


Nada vemos disso nos governos de hoje, por isso temos o que temos: corrupção, charlatanice, prepotência, mercearia, imbecilidade.


Já pouco nos diz a democracia.


Os partidos, mesmo os de esquerda, permanecem ancorados à economia, à linguagem redutora da economia, isto é, ao mercado e à mercearia.


Nada dizem de substancialmente novo, de elevado, de sublime.


Aspiram à maioria.


Tentam convencer o rebanho.


Nada mais.


Nós, caminheiros da solidão, não somos deles.


Nunca poderíamos ser como eles.


in www.freezone.pt

O HOMEM DA LIBERDADE

António Pedro Ribeiro




O homem da liberdade percorre a cidade em busca da luz. O homem da liberdade percorre a idade em busca do amor.


O homem da liberdade tornou-se naquele que é. O homem da liberdade cansa-se da conversa rotineira dos outros homens. O homem da liberdade quer novos homens, novas conversas.


O homem da liberdade percorre a cidade e as ideias vêm. O homem da liberdade percorre a liberdade.


O homem da liberdade não vê a liberdade no homem, sobretudo naquele que lhe está mais próximo. O homem da liberdade mesmo assim acredita no homem, no homem que não está completamente perdido. O homem da liberdade não quer saber que muitos dos outros homens não queiram saber dos seus escritos.


O homem da liberdade percorre a cidade em busca da liberdade. O homem da liberdade é da cidade mesmo que a cidade o não o compreenda.


O homem da liberdade faz do dias um novo começo. O homem da liberdade não quer o mesmo que os outros homens.


O homem da liberdade fica a noite inteira no jardim com a Carlinha. O homem da liberdade não tem medo da noite.


O homem da liberdade olha a mulher e deseja-a mas não tem as preocupações do homem comum. O homem da liberdade saúda o homem comum mas não o segue. O homem da liberdade não trabalha como o homem comum. O homem da liberdade não é como o homem comum e o homem comum sabe-o. O homem comum, no fundo, inveja o homem da liberdade. O homem comum inveja a liberdade e o desprendimento do homem da liberdade.


O homem da liberdade não é da realidade, é da liberdade.


O homem da liberdade dispensaria perfeitamente os pagamentos e o dinheiro.


O homem da liberdade é deste mundo mas não é deste mundo. O homem da liberdade vive aquilo que é e aquilo que escreve.


O homem da liberdade não está morto nem velho. O homem da liberdade não envelhece.


O homem da liberdade está satisfeito consigo mesmo mas quer ainda mais.


O homem da liberdade não aparece no Telejornal nem está preocupado com isso.


O homem da liberdade está e não está dentro do fogo. O homem da liberdade é o fogo.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

NO FRATERNIZAR

Novo Livro do Apocalipse ou da Revelação

segundo ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO, Poeta



São três Textos-Poema. Em forma de prosa.

Chegaram-me por mail. Numa primeira reacção à leitura do Livro.

Ao seu Autor, só dias de­­pois o vi num recital de Poesia e o abracei pela 1.ª vez!



Caro padre Mário,
o seu livro e o seu Jesus inspiraram-me este texto.
Um grande abraço.



NEM SEQUER

PRECISO DE DEUS
Escrevo. São seis da madrugada. Não consigo dormir. Escrevo o que vem do coração. Sou Jesus. Sou Morrison. Sou Nietzsche. Amo a Humanidade. A Humanidade despojada de Poder e de Dinheiro. O meu único poder é o poder da palavra. Ultimamente tenho feito os outros rir. Se calhar, tenho de virar o disco. Cantar o caos e o amor. Este será um grande dia. Se não adormecer entretanto percorrerei as ruas de Braga manhã cedo. Percorrerei as ruas de Braga em busca de glória. Percorrerei as ruas de Braga e amarei o humano dos homens e das mulheres. O humano que resta nos corações dos homens e das mulheres. E levarei comigo o padre Mário. O livro do padre Mário, Novo Livro do Apocalipse ou da Revelação, faz-me renascer como o Plexus, de Henry Miller. Já não sou o mesmo. Tenho mesmo uma missão na Terra. Escreverei livros e levarei a mensagem seja onde for. “Queimai o Dinheiro” já é um sinal, “Da Merda até Deus” será outro. Mas tenho de publicar as minhas prosas. Neste tom profético que já tem sido publicado na Voz da Póvoa. Acredito no Homem, sou forçado a acreditar no Homem como Che Guevara acreditava. Não tenho nada a perder. Este é o caminho que tenho de seguir. Não há aqui dogmas, não há meias-palavras, não há cedências ao capitalismo ou ao Grande Irmão. Eu, António Pedro Ribeiro, 41 anos, renasço esta madrugada. Abençoado pela luz do padre Mário Oliveira. Abençoado pelo palco e pelos aplausos. Fascinado pela demanda do Graal, que é a mulher, que é Madalena. Eu, António Pedro Ribeiro, 41 anos, declaro-me revolucionário, filho das flores e do Maio de 68. Amante da Paz e da Liberdade. Poeta do caos e do amor. Profeta da rebeldia.
Estou em Braga e este é um dia triunfal, um dos mais felizes da minha vida. Tenho apenas uns trocos mas sou feliz. Abençoado por Zaratustra e pelos pássaros da manhã. Sou a criança sábia. Estou a regressar á infância. Não tenho de fazer pactos com a social-democracia nem com os Sócrates deste mundo. Não tenho de me ajoelhar diante do grande capital ou dos senhores do dinheiro. Sou um homem livre. Escrevo o que quero. Assumo o que quero. Sou o que quero. Nem sequer preciso de Deus, caro padre Mário. Basta-me o Jesus que expulsou os vendilhões do templo. Expulsar os vendilhões do templo, é isso que temos de fazer agora. Expulsar os senhores do dinheiro, do poder e da vida. Expulsá-los da vida. Eis a nossa missão na Terra. Demandar o Graal, o sagrado feminino, o amor das mulheres. Não devemos nada a ninguém. Entraremos na casa das pessoas como Jesus e Sócrates [o filósofo grego]. Sem dinheiro. Somos deuses. Comportamo-nos como reis no mundo do dinheiro, da intriga, da mercearia. Não podemos ser iguais aos outros. Nascemos de graça, na graça do divino. Nascemos e vivemos na dádiva, no coração, no espírito. Somos absolutamente livres. Amamos a eternidade do instante. Por isso, às vezes somos doidos, completamente fora. Não temos limites. Não somos formatados pela tradição ou pelo medo. Dançamos na corda-bamba de Nietzsche. Provocamos como Debord, como os surrealistas, como os dadaístas. Gozamos com o quotidiano imbecil dos outros porque queremos provocá-los, trazer-lhes a luz. E é a luz que vemos neste momento. A luz que queremos trazer aos outros, aos que ainda não estão completamente mortos para a vida. É a vida que queremos, não a vidinha das trocas, do mercado e do tédio. Sentimo-nos iluminados mas não somos mais do que os outros. Apenas diferentes. E exigimos sermos respeitados como tal. Somos do mundo. Deste mundo e não do outro. Profundamente deste mundo. “Humanos, Demasiado Humanos”. Desde a infãncia que pensamos mais do que os outros, que questionamos mais do que os outros, que observamos a realidade mais do que os outros. Nascemos com um dom. Já atravessamos muitos desertos, muitas idades de dor mas agora estamos curados. Estamos de volta à Idade do Ouro dos anos 80 e 90. Mas mais sábios, mais purificados, mais livres. Estamos prontos para enfrentar a cidade. Chegamos à idade de passar a mensagem. Este é o poema. O poema em prosa que há muito queríamos escrever. O poema bendito e maldito. O início do novo livro. O livro que pretende mudar a face da Terra. O livro que se dirige ao mundo. O livro que escrevo com o meu próprio sangue.



JESUS E O SUPER-HOMEM

Poderia acreditar num Jesus como o do padre Mário. Um Jesus que rejeita a Religião e a Igreja, que rejeita as hierarquias da Igreja. Poderia acreditar num Jesus que, como Nietzsche, rejeita o Deus do sacrifício, da submissão, da não-vida. Poderia acreditar num Jesus que, como Vaneigem, se opõe ao Deus-dinheiro e ao Poder. Num Jesus que rejeita o Deus do Templo, a confissão e as missas. Poderia acreditar nesse Jesus rebelde, insubmisso, que acredita na Humanidade e na transformação da sociedade. Um Jesus ao lado dos injustiçados, dos pobres, dos que nada têm, que rejeita a opulência das Igrejas. Um Jesus revolucionário que está pela Paz, desarmado, contra as guerras. Poderia acreditar num Jesus que promove a bondade e o humano. Poderia acreditar nesse Jesus. Mas hesito. Sou céptico. Tenho dúvidas. No entanto, essa ideia de um Jesus anti-capitalista que combate a idolatria do Dinheiro e do Poder não deixa de me atrair. Essa ideia de um Jesus a expulsar os vendilhões do templo. Essa ideia de que todos podemos ser Jesus. É claro que Nietzsche dizia que Jesus foi o único dos cristãos. É claro que Nietzsche diz que o homem pode superar-se: passar sucessivamente de camelo, a leão e a criança. Que pode tornar-se um deus, o super-homem. Mas não estaremos a falar da mesma coisa?



O NOVO HOMEM

O capitalismo é maléfico na sua essência. O capitalismo, alicerçado na trindade Poder/Dinheiro/Religião, como diz o padre Mário de Oliveira, é um sistema que nos converte em máquinas de compra e venda, em mercadorias, que destrói o que há de mais profundamente humano em nós. O capitalismo rouba-nos a vida. Torna-nos macacos a trepar para cima de outros macacos em busca da banana, do tacho, do dinheiro, do lucro, como diz Nietzsche. É tempo de dizer que não viemos ao mundo para isto. Não viemos ao mundo para o tédio ou para a fome. O homem não é, não pode ser troca ou mercado. O homem veio ao mundo gratuitamente, veio em busca da liberdade, do amor, da Verdade. Como é possível que nos tenhamos deixado descer tão baixo? Somos homens ou somos ratos? O que é que o império da finança, dos bancos, das bolsas e do poder nos dá? Tédio, fome e morte. É tempo de reagir. Destruamos o capitalismo pedra a pedra. Acabemos com todas as formas de idolatria e alienação. Só assim nascerá o novo homem, profundamente humano, imensamente livre.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O problema mais profundo da cultura é o da criação da nossa humanidade por nós próprios.
(Jean Lacroix, "Crise da Democracia, Crise da Civilização")

HENRY MILLER

Nenhuma mulher pode resistir à dádiva do amor absoluto.