segunda-feira, 30 de abril de 2018

AS MIÚDAS E O CONCERTO

E agora? Não sou um cantor, sou um performer. Ontem, pela primeira vez num ensaio, a voz falhava. Tenho que ter cuidado. Por outro lado, sou alvo de ameaças. Só me faltava esta para alimentar a lenda. As mulheres tentam-me. Sentam-se ao meu lado. Livres. Selvagens. Ontem estive a discutir filosofia e política com o Nils. Marx, Bakunine, Stirner, Nietzsche, Marcuse, Walter Benjamin, Max Weber. Amanhã novo concerto no Centro Comercial de Cedofeita. Tenho que estar em forma. A garganta. Deus meu, a garganta. As mulheres fazem-me beber. Porra. É mesmo assim. É sexo. E a Catarina é mesmo simpática. Ai, Tozé, Tozé, estás a passar dos limites...Não tenho medo de macacos filhos da mãe. Bebo e reino. Esta é a minha era. Sou um performer e como eu há poucos neste país. Mas tenhamos um pouco de humildade, senhoras, senhores. Ouçamos as miúdas. As miúdas defendem-me. De uma maneira geral, defendem-me. Não é essa história de ser Jesus ou um profeta, nada disso. Mas é algo de místico. Não, nasci para trabalhar, para ganhar a vida. Nasci para a luz, para o gozo, para a poesia. É um facto. A minha vida fala por si. Não que não trabalhe. Tantas vezes voluntariamente, tantas vezes de borla. Todavia, tenho as influências de Marx, de Bakunine, de Che Guevara. Tendo a defender os trabalhadores, mesmo quando os trabalhadores não merecem, mesmo quando se colocam ao lado do sistema. Como já disse, esta é a era do caos e do apocalipse, da insanidade, da esquizofrenia. Esta é a minha era. O resto é conversa. Há tempo. Muito tempo. As miúdas riem. Começam a compreender-me.

sábado, 28 de abril de 2018

OS SLOGANS GASTOS E O NOVO DISCURSO

Os sindicatos são necessários. Mas repetem sempre os mesmos "slogans". Já cansa. É só economia. São quase como os partidos de esquerda. Para não falar do BE com as suas causas fracturantes. À parte a eutanásia e pouco mais, já chateia. Também não é atacar no consumo como o Renato Filipe Cardoso diz. Isso é contraproducente. Depois eu é que sou utópico...será que estes gajos não percebem que isto é uma grande operação de alienação, de controlo das mentes? As próprias pessoas se castram umas às outras no medo, em relações amorosas cinzentas. Com isto não digo que não haja gente inteligente, gente de bem, gente generosa. Só que a questão é que se o amor, se a fraternidade, se a liberdade, se a poesia que essas pessoas soltam será suficiente para suplantar a máquina capitalista. Henry Miller dizia que sim. Mas não vejo nenhum partido preocupado com estas questões. Com as alterações climáticas, felizmente, já vejo. No entanto, continuo a dizer: as pessoas têm culpa. Atropelam-se umas às outras, fazem-se à corrida pelo dinheiro. pelo estatuto, pela carreira. Não são tão inocentes e dóceis como isso.

terça-feira, 17 de abril de 2018

O PATRÃO

Fala-se de trabalho na confeitaria. De empresas, de empresários, de carga fiscal, de facturação, de máquinas, de obras, de lucros, de custos. A conversa não me agrada. Prefiro olhar para C., dona do balcão. Acabei o Fichte. Esse, sim, entusiasmou-me. Um filósofo que não conhecia. "Lições Sobre a Vocação do Sábio seguido de Reivindicação da Liberdade de Pensamento". Agora tenho Lenine sobre Marx para ler. Se não fosse o problema do dinheiro, até estaria bem. Embalar e facturar, diz o patrão. Merda do dinheiro. Bom, hoje gasto pouco. Começo a controlar. Eu que me dedico à busca da sabedoria. O patrão não se cala. Agora fala de petróleo e de Angola. Eu falo de liberdade. Ontem andei hesitante. Demoro a reagir. Os pequenos, às vezes, aproveitam-se das nossas fraquezas. O patrão finalmente foi embora. F. passa. Os futeboleiros na televisão. C. teoriza. Exibe-se. Horas de partir.

terça-feira, 10 de abril de 2018

O REBANHO

Não sejamos tão rigorosos com as pessoas. As pessoas lá têm as suas vidas, sem grandes filosofias. Gostam de uns mexericos, de umas novelas, têm medo, deixam-se levar na cantiga mas a maioria não terá mau fundo. Olhemos para R. Não teve as tuas possibilidades...não tem o teu tempo livre...mas, lá está...as pessoas juntam-se ao rebanho, não aguentam o caminho da solidão e da criação. É pena.