sexta-feira, 30 de outubro de 2009

LIBERDADE


Vim ao mundo gratuitamente
não tenho de pagar o que como
nem o que bebo
não tenho de pagar
a ponta de um corno pela vida
nem tenho de trabalhar
para pagar o que como
e o que bebo
não tenho de me sacrificar
por coisa nenhuma
a vida é livre e gratuita
só faço o que quero
o que me dá na real gana
e é isto que vos tinha a dizer.

A. Pedro Ribeiro

FRATERNIDADE


Ao Joaquim Castro Caldas
Ao Jaime Lousa
Ao Sebastião Alba

Mais um dia
mais um café
escrever é o meu ofício
e escrevo com o meu próprio sangue
acredito nas minhas palavras
acredito nas minhas palavras, ouviste?
Tenho convicções
não abdico delas
já tive as minhas desilusões políticas
já não tenho aquelas certezas
mas continuo a ter convicções
acredito no homem
acredito no homem enquanto criador
apesar de tudo
apesar da rapina e da competição
acredito também no amor
no amor que une a mãe à criança
no amor que não se paga
no amor livre e gratuito
no amor infinito
no amor
sim, no amor
apesar de estar com a raiva toda
falo do amor
o amor é uma espécie de divindade
o amor é um gajo esfarrapado,
como dizia Sócrates,
um gajo teso que caminha pela cidade
sem ter onde dormir
um gajo sábio sem eira nem beira
como o Jaime e como o Alba
o gajo que te dirige a palavra
e te quer
que apanha bebedeiras
e cospe poemas
como o Joaquim
que é terno sem deixar de ser narciso
que tira o som ao primeiro-ministro
que pergunta pela tua loucura
que te saúda na rua
que diz que a tua performance foi brilhante
é isso o amor
a fraternidade
o encontro dos criadores
e fica para sempre.

EM CIMA


Hoje estivemos em cima. Literalmente em cima no Campo Alegre. Obrigado João Gesta!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

UM POETA NO SAPATO

Quintas de Leitura prometem 40 minutos de poemas incendiários

«Um poeta no sapato» é o título da próxima Quinta de Leitura, que promete «quarenta minutos de poemas incendiários, eivados de amor e humor de todas as cores«, disse hoje à Lusa fonte da organização.

A sessão realiza-se dia 29, no Teatro Campo Alegre, no Porto, com os poetas Daniel Jonas, Nuno Moura, A. Pedro Ribeiro e João Rios, que o programador, João Gesta, qualifica como «quatro vozes fulgentes, irreverentes, alucinantes da poesia portuguesa contemporânea».

Entre os poemas programados para a sessão está a «Declaração de amor ao primeiro-ministro», por A. Pedro Ribeiro, em que o poeta diz que: «Estou apaixonado pelo primeiro-ministro/Quero vê-lo num filme porno (...).»

Diário Digital / Lusa

quarta-feira, 28 de outubro de 2009


São seis da manhã. Não consigo dormir. Tomei uma pastilha e meia e não tenho sono. Ontem também dormi a tarde toda. Agora sinto-me activo. Preocupado com o espectáculo de quinta. Afinal, só recebo depois do dia 15. O que não deixa de ter o seu lado bom. Pode ser que assim controle nos gastos, o que não tem acontecido. Vou dizer cinco poemas: "Poema à Gaja da Mesa do Fundo", "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro", "O Poeta e as Gajas Boas", "O Hino ao Bêbado" e "Se me Pagares uma cerveja Estás a Financiar a Revolução". Em princípio é uma boa escolha.
Estou cheio de speed e falta aqui o Rocha. O Rocha desapareceu de vez. Coitado do Rocha! Sempre sozinho. É tempo de começar a pensar no "Um Poeta no Piolho", que vai ser apresentado no "Piolho" em Dezembro. Integrado no centenário. E já, agora, no livro seguinte: "Fora da Lei" ou "Da Merda até Deus". Muita actividade.

OLHA A BOLSA A CAIR

PSI-20 recuou 0,39 por cento
Bolsa de Lisboa fecha em baixa
27.10.2009 - 17h12
Por Lusa, PÚBLICO
A bolsa portuguesa fechou hoje em baixa, com o seu principal índice – o PSI-20 – a recuar 0,39 por cento para 8.486,06 pontos, numa Europa mista.

Das 20 acções que compõem o índice de referência, 14 encerraram no vermelho e seis encerraram em alta, numa sessão em que mudaram de mãos 66,9 milhões de títulos, num valor de 146,8 milhões de euros.

A liderar as subidas estiveram a Jerónimo Martins, que avançou 1,90 por cento para 5,98 euros, e PT, que avançou 1,55 por cento para 7,82 euros.

Pela negativa, destaque para a Sonae Indústria, que recuou 3,08 por cento para 2,54 euros, e para o BCP, que perdeu 2,50 por cento para 0,97 euros.

A pressionar o PSI 20 para terreno negativo esteve o sector financeiro, com os títulos das três cotadas do sector a registarem desvalorizações superiores a 2 por cento.

O BCP cedeu 2,50 por cento para 0,97 euros, seguido pelo BES, que desvalorizou 2,21 por cento para 5,08 no dia em que divulga os resultados dos primeiros nove meses do ano, e pelo BPI, que perdeu 1,94 por cento para 2,32 euros.

O peso-pesado PT esteve a travar maiores perdas, registando uma subida de 1,55 por cento para 7,82 euros, um dia depois de ter feito uma emissão de 750 milhões de euros em obrigações.

Ainda nas telecomunicações, a ZON cedeu 1,78 por cento para 4,41 euros e a Sonaecom desvalorizou 1,57 por cento para 1,99 euros.

Na Europa, as bolsas encerraram mistas, com Paris a perder e Frankfurt, Madrid e Londres a registarem valorizações.

O índice Euronext 100 caiu 0,25 por cento para 653,54 pontos, enquanto o índice DJ Stoxx 50 avançou 0,93 por cento para 2.468,12 pontos.

A GLÓRIA É UMA GAJA FODIDA

Estou nervoso. Quinta é o grande dia. A Glória é uma gaja fodida. Só se dá de vez em quando. Nunca sei o que esperar do público. Uns manifestam-se entusiasticamente, outros parecem indiferentes. Nunca sei com o que contar. É este o encanto de estar em palco. É este o encanto de entrar ou não a matar.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

UM POETA NO SAPATO NO CAMPO ALEGRE


Eles são quatro vozes fulgentes, irreverentes, alucipantes, da poesia portuguesa contemporânea: António Pedro Ribeiro, Daniel Jonas, João Rios e Nuno Moura. A actriz Adriana Faria ajuda à festa e o artista plástico Mário Vitória dá imagem à sessão. Mônica Coteriano & Pedro Gonçalves (Dead Combo) contam-nos "The Story of My Life". Uma imperdível performance baseada na história da violoncelista Guilhermina Suggia. Fecham a noite os "Moliquentos". Concerto com Tânia Carvalho (voz e piano), Bruna Carvalho (bateria) e Zeca Iglésias (baixo eléctrico).
Quinta, 29, no Teatro Campo Alegre no Porto pelas 22,00 h.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Bebi até fartar nestes dias. Ontem até passei o dia na cama. Só me levantava para comer. O que está a dar é escrever sobre Deus ou Alá. Vou ter de me debruçar sobre esses temas. Aqui no "Vip" hoje não se passa nada. Só um gajo a olhar para "O Jogo". Beber, às vezes é a única forma de um gajo se sentir em cima. Na quinta conto ganhar 400 euros. Não é mau. Espero não gastá-lo em dois tempos. Como tem acontecido ultimamente. Até me sinto um deus. Espero que, daqui a bocado, o Benfica ganhe para me sentir melhor. E que dê quatro ou cinco de preferência.

QUATRO POEMAS DE "SALOON"



A. PEDRO RIBEIRO

RUA

A rua é sempre a mesma
Acima abaixo abaixo acima
Entras nas casas nos bares
Nas camas
Falas
Calas
Encontras este e aquela
Entras neste e naquela
Fornicas a solidão
Facas guerras guitarras
Ilhas descobertas
A coisa arde queima
Cais
Levantas-te
E depois sais
Como se fosse nada

É sempre a mesma rua
O mesmo copo
A mesma canção
E tu gostas.

x-x

SALOON

Todos os loucos desaguam à minha mesa.

O revisor da CP com dúvidas metafísicas
- sabe, estive a pensar como seria o mundo de pernas para o
ar-
o bisneto do escultor
- você é jornalista, faça-me uma entrevista.

As amigas acariciam-se nas bochechas
o filme recua dez anos
matilha que reconhece o totem

Bombos da corte
barbas pontiagudas
rússia imperial

Bazar do czar

Saloon
cavalos à porta
cowboys punks urinóis

chuta, chavalo

x-x

COLT 45

A pele a lata
O poema que se oferece
Em flor
A pose do assassino
Que controla
E o saloon é teu
A cidade é tua
Gingando de pistola
No coldre
Colt 45

x-x

LIKE A ROLLING STONE

Controlada
Abandonada à beira rádio
Perdes o controle e falas
Perdes o controle e calas
E o mundo vira lá fora
E o amigo é inimigo
E já não somos crianças
E meio mundo fode outro meio
E já não há pontos de apoio
Já não há palavras fáceis
E nenhuma das fórmulas gastas serve
E tu corres gemes choras
e eu observo
e amo-te
Quando tudo desaba
E o cigarro morre na boca.

(poemas de A. Pedro Ribeiro)

sábado, 24 de outubro de 2009

POIS, POIS, Ó SÓCRATES!

Dados do IEFP
Total de desempregados cresceu 29,1 por cento em Setembro
23.10.2009 - 17h14
Por Lusa
Adriano Miranda

Os últimos dados sobre desemprego foram divulgados hoje
O número de desempregados inscritos nos centros de emprego subiu 29,1 por cento em Setembro em relação ao mesmo mês do ano passado e aumentou 1,7 por cento face a Agosto, segundo os dados hoje divulgados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).

No final de Setembro, encontravam-se inscritos nos Centros de Emprego do Continente e das Regiões Autónomas 510.356 desempregados, mais 115.113 indivíduos do que há um ano atrás. Face a Agosto, o aumento foi de 1,7 por cento, o que representa um acréscimo de 8.693 inscritos. Para o aumento homólogo do número de desempregados inscritos - uma tendência que se mantém desde Outubro de 2008 - contribuíram sobretudo as subidas do desemprego entre os homens (mais 46,2 por cento).
Em termos etários, o desemprego tanto subiu entre os jovens (mais 29,2 por cento por cento) como entre os adultos (mais 29,1 por cento).
A procura de um novo emprego - que justificou em Setembro o registo de 91,7 por cento dos desempregados - aumentou 30,9 por cento face ao mês homólogo de 2008, enquanto a procura do primeiro emprego subiu 12,2 por cento.
De acordo com a análise dos técnicos do IEFP, todos os níveis de habilitação escolar apresentaram mais desempregados do que há um ano, mas os aumentos percentuais mais elevados verificaram-se nos 2º e 3º ciclo do ensino básico e no secundário, com uma subida de 35,9 por cento, e de 32,4 por cento e 36,9 por cento, respectivamente.
O aumento do desemprego foi mais acentuado nas situações de curta duração pois os registados há menos de um ano tiveram um aumento de 40,6 por cento em termos homólogos.
O aumento do desemprego fez-se sentir nos diferentes ramos de actividade económica, destacando-se, com os mais acentuados acréscimos percentuais, a subida de 71 por cento no sector da construção e de 58,9 por cento na indústria da madeira e da cortiça.
Em termos profissionais, comparativamente ao mesmo mês do ano anterior, o mais acentuado aumento do desemprego verificou-se no grupo “operários e trabalhadores similares da indústria extractiva e construção civil”, com mais 88,8 por cento, refere o IEFP.
O número de inscritos devido ao “fim de trabalho não permanente” - que, de acordo com o IEFP, é o principal motivo de inscrição de desempregados - representou 42,4 por cento das inscrições efectuadas em Setembro nos centros de emprego do Continente.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

QUEIMAI O DINHEIRO NA BIBLIOTECA DE VILA DO CONDE

Hoje, sexta, dia 23, às 21,30, "Queimai o Dinheiro" (Corpos Editora) é apresentado na Biblioteca José Régio em Vila do Conde. A apresentação do livro está a cargo de valter hugo mãe.


«"Queimai o Dinheiro" fala da sociedade contemporânea onde o dinheiro se elevou à condição de deus, onde o mercado e a economia tudo condicionam e convertem numa paisagem de servilismo e de morte, onde o homem não pode ser livre. "Queimai o Dinheiro" é uma crítica mordaz ao império do rebanho e dos economistas, daí o "Manifesto Contra os Economistas", daí os apelos à revolução e à anarquia. "Queimai o Dinheiro" fala também das mulheres, do sexo que espreita, das peregrinações nocturnas do poeta e de uma vida alternativa ao tédio e à rotina do capitalismo.»

in http://tripnaarcada.blogspot.com/2009/03/queimai-o-dinheiro_28.html

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

POEMA DE DESCONHECIDO

29.4.05
Poema de desconhecido...


Neste Portugal imenso

Quando chega o verão,

Não há um ser humano

Que não fique com tesão.

É uma terra danada,

Um paraíso perdido.

Onde todo mundo fode,

Onde todo mundo é fodido.

Fodem moscas e mosquitos,

Fodem aranhas e escorpiões,

Fodem pulgas e carrapatos,

Fodem as empregadas com os patrões.

Os brancos fodem os negros

Com grande consentimento,

Certos 'amigos' fodem as noivas

Até quase à hora do casamento.

General fode o Ministro,

A Autarca a ordem de prisão.

E os gajos da Assembleia da República

Vivem fodendo a nação.

Os freis fodem as freiras,

O padre fode o sacristão,

Até na seita do crente

O pastor fode o irmão.

Todos fodem neste mundo

Num capricho que alivia.

E os danados dos VIP'S

Fodem os putos da Casa Pia.

Parece que a natureza

Vem-nos a todos dizer,

Que vivemos neste mundo

Somente para foder.

E você, meu nobre amigo

Que agora se está a entreter,

Se não gostou da poesia

Levante-se e vá-se foder!!!
Publicada por Sandro em 10:51 AM

UM POETA NO SAPATO

Literatura: Quintas de Leitura prometem "quarenta minutos de poemas incendiários"
Porto, 21 Out (Lusa) - "Um poeta no sapato" é o título da próxima Quinta de Leitura, que promete "quarenta minutos de poemas incendiários, eivados de amor e humor de todas as cores", disse hoje à Lusa fonte da organização.
Lusa
17:52 Quarta-feira, 21 de Out de 2009

Porto, 21 Out (Lusa) - "Um poeta no sapato" é o título da próxima Quinta de Leitura, que promete "quarenta minutos de poemas incendiários, eivados de amor e humor de todas as cores", disse hoje à Lusa fonte da organização.

A sessão realiza-se dia 29, no Teatro Campo Alegre, no Porto, com os poetas Daniel Jonas, Nuno Moura, A. Pedro Ribeiro e João Rios, que o programador, João Gesta, qualifica como "quatro vozes fulgentes, irreverentes, alucinantes da poesia portuguesa contemporânea".

Entre os poemas programados para a sessão está a "Declaração de amor ao primeiro-ministro", por A. Pedro Ribeiro, em que o poeta diz que: "Estou apaixonado pelo primeiro-ministro/Quero vê-lo num filme porno (...)."

in VISÃO http://aeiou.visao.pt

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

MAIS UMA ODE A BRAGA


Felizes vós, os que permaneceis em Braga
feliz eu que bebo uma "Carlsberg"
na "Brasileira"
felizes vós, mulheres que circulais
isto é a minha vida
isto deveria ser sempre a minha vida
assim sem trabalhos
nem obrigações
a escrever
a observar o mundo
a viver o instante
é aqui que eu quero estar
é aqui que me sinto em casa
é aqui que me sinto uma estrela
mesmo que já quase ninguém me conheça
mesmo que a Gotucha não esteja
é aqui que bebo cerveja
que sou o homem à mesa
é aqui que sou o poeta
afastai-vos, homens da norma!
Afastai-vos, arautos da social-democracia
e da moderação
e da ponderação
e da esquerda bem-comportadinha!
Não estou para vós!
Não faço coligações
nem acordos parlamentares
não estou à venda!
Estou em Braga
é aqui que quero estar
cresci aqui
enfrentei a noite aqui
saboreei a liberdade aqui
amei aqui
torno-me eu mesmo aqui
não preciso de Obamas
nem de Xananas
posso dizer
com toda a força:
eu não me converti!

Estou a percorrer o caminho
desde os 15 anos
a paz e o amor
a mulher sagrada
depois o Rei Lagarto
o espírito livre
Marx Bakunine
os surrealistas
a revolução
de novo, a paz e o amor
a mulher sagrada
a revolução
ninguém me pode acusar
ninguém me pode apontar a dedo:
tu traíste!
Tiveste recaídas,
é certo,
sentiste-te em baixo
cometeste erros
nem sempre seguiste
a via mais ortodoxa
mas nunca perdeste de vista
o objectivo
e agora estás em Braga
à mesa da "Brasileira"
na tua cidade
abençoado sejas!


Braga, "Brasileira", 17.10.2009

QUEIMAI O DINHEIRO NA BIBLIOTECA DE VILA DO CONDE


APRESENTAÇÃO DE "QUEIMAI O DINHEIRO" NA BIBLIOTECA JOSÉ RÉGIO

O livro "Queimai o Dinheiro" (Corpos Editora) de A. Pedro Ribeiro vai ser apresentado na Biblioteca José Régio, em Vila do Conde, na próxima sexta, dia 23, pelas 21,30 h. A apresentação do livro vai estar a cargo do escritor Valter Hugo Mãe. A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968 e reside actualmente em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). Além de "Queimai o Dinheiro", publicou os livros de poesia "Um Poeta a Mijar" (Corpos, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (2003), "Á Mesa do Homem Só" (Silêncio da Gaveta, 2001) e "Gritos. Murmúrios" (com Rui Soares, 1988). Participou em várias revistas ou colectâneas como "Portuguesia", "Aguasfurtadas", "Bíblia", "Sinismo" ou "Conexão Maringá" (Brasil) e foi fundador da revista literária "Aguasfurtadas". "Queimai o Dinheiro" é uma mescla de poesias e prosas que falam do dinheiro elevado a deus supremo, do homem reduzido às operações da bolsa e do mercado mas também do amor e da liberdade como últimos redutos da subversão.

HÁ EURODEPUTADOS IMBECIS E FASCISTAS, MESMO QUE NÃO CONCORDEMOS COM TUDO O QUE SARAMAGO DIZ OU ESCREVE

Daniel Rocha (arquivo) www.publico.clix.pt


Saramago criticou violentamente a Bíblia
No sítio pessoal na Internet, o vice-presidente do Partido Popular Europeu (PPE), eleito pelo PSD, escreveu: “Há uns anos, fez a ameaça de renunciar à cidadania portuguesa. Na altura, pensei quão ignóbil era esta atitude. Hoje, peço-lhe que a concretize... E depressa!”

“Tenho vergonha de o ter como compatriota! Ou julga que, a coberto da liberdade de expressão, se lhe aceitam todas as imbecilidades e impropérios?”, questiona o eurodeputado.

No sábado, José Saramago lançou o novo livro, “Caim”, e considerou a Bíblia “um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana”.

Na sequência destas afirmações, reagiram vários representantes da Igreja Católica e da comunidade judaica em Portugal, criticando Saramago e acusando-o de estar a fazer um golpe publicitário para promover o livro.

“Se a outorga do Prémio Nobel o deslumbrou, não lhe confere a autoridade para vilipendiar povos e confissões religiosas, valores que certamente desconhece mas que definem as pessoas de bom carácter”, escreve ainda Mário David na Internet.

Contactado pela agência Lusa, o eurodeputado disse que as afirmações “são pessoais e não representam o partido” porque foi eleito. “Não estou interessado em entrar em polémica”, afiançou, acrescentando que também não quer “contribuir para dar publicidade ao livro”.

Questionado se já leu “Caim”, ironizou: “Não li, nem vou ler. Ou é obrigatório?”.

“Esta posição é pessoal e vincula-me só a mim. Nem sequer sou católico praticante, mas tenho o direito à indignação”, justificou, acrescentando que se sentiu “violentado” pelas declarações do Nobel da Literatura sobre a Bíblia, que, na sua opinião, são “atentatórias da consciência e sentimentos dos outros”.

É MESMO CRIME

2009/OUT/20
Semanário "O Crime" não paga a colaboradores
O jornal "O Crime" está em dívida com vários jornalistas que lhe prestaram colaboração. A situação arrasta-se há 15 meses, sem que a empresa manifeste qualquer vontade de a regularizar.
Em causa está o pagamento de retribuições pelos trabalhos prestados, bem como o reembolso de despesas necessárias à realização dos mesmos.

O caso foi denunciado pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ) em comunicado hoje divulgado e que a seguir se reproduz na íntegra.

Semanário “O Crime” deve colaborações há 15 meses

1. Jornalistas que prestavam colaboração ao semanário “O Crime” continuam sem receber as respectivas retribuições e despesas, em dívida desde Março do ano passado, violando o elementar direito à remuneração do trabalho e abusando da posição de fragilidade em que aqueles profissionais se encontram.

2. Em causa está o pagamento de colaborações de vários meses (pelo menos Abril a Agosto), a que aquele semanário não procedeu, bem como a falta de reembolso de despesas necessárias à realização dos trabalhos, levando à recusa de prestação de trabalho por jornalistas em regime de colaboração nomeadamente nas regiões de Braga e de Coimbra.

3. Ao longo de todo este tempo, a empresa ignorou ostensivamente todas as abordagens com vista à regularização da situação efectuadas pelos jornalistas lesados e pelo SJ, tendo passado a acordar trabalhos com outros colaboradores.

4. Trata-se de uma situação inaceitável que deve ser regularizada imediatamente, pois atenta contra os mais elementares direitos de quem presta trabalho e constitui uma prática de concorrência desleal que os próprios empresários do sector deveriam combater.

Lisboa, 20 de Outubro de 2009

A Direcção

terça-feira, 20 de outubro de 2009

3 poemas de "Saloon"

MAMAS

As mamas de Cláudia
Trouxeram-me o café e um copo de água
E empurraram-me ao balcão

A brasileira arrefece a coxa
Com cerveja
E olha para mim
Enquanto faço crítica literária
À esplanada do "Xaphariz"
E leio um poema
De Jorge de Sena

Os foguetes estalam no ar
E os UHF soltam os cavalos na Apúlia.


A ARDER


"O poeta embriagado
insultava o universo."
(Rimbaud)



O país a arder
e eu também
o país a chorar
e eu a enlouquecer
aos berros
pelas ruas da aldeia
a insultar Deus e o presidente
e a uivar led zeppelin

o país a arder
e eu a beber
copo sobre copo
sem parar
o país a arder
e eu a discutir
com o estalajadeiro
a exibir o cartão do partido
e a carteira profissional
a oferecer poemas às meninas
e a dar-lhes treta

o país a arder
e eu a sofrer
a cambalear
livre, embriagado
animal de palco
o país em fogo
e eu em chamas
anjo em chamas

o país a arder
e eu a delirar.


MUSA

Gigantes de pedra
majestosos
vastidões verdes
precipícios

Eis os teus cabelos
a raiz
os lugares
onde acasalas
onde és plena.

(poemas de A. Pedro Ribeiro)

in http://quintasdeleitura.blogspot.com

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

MARIA MADALENA


Todo o amor
de uma mulher como tu
em Dezembro
todo o amor
sagrado
que ilumina
Rosa
que vens dos séculos
da noite dos séculos
que amaste Jesus
que carregas o fruto
que és o Graal
que foste banida do templo
e das escrituras
que és o amor
que dás a vida
juro defender-te
dos senhores das guerras
dos senhores das terras
dos senhores das bolsas
acredito no sagrado feminino
acredito na rosa
acredito no cálice

Irmãs,
este é o reino
o solitário percorreu o caminho
que conduz a ele mesmo
Zaratustra voltou a descer
da montanha
consumemos a união sagrada
dancemos nas praças
celebremos o dia
o cálice
a lâmina
enterremos de vez
estes dias de tristeza.

"Motina", 16.10.2009

O POETA TEM DE FALAR AOS ANJOS


Agora compreendo. Temos de celebrar a mulher. A mulher livre. Por isso tantas vezes a provocámos. A mulher sagrada. Como Maria Madalena. Que nos dá à luz e nos dá a luz. Que nos dá o amor. O sagrado feminino tem sido espezinhado ao longo dos tempos pelas Igrejas, pelos poderes. Só assim se explicam tantas guerras, tanta ganância, tanta luta pelo poder. A revolução anarquista e surrealista passa pelas mulheres. Daí o endeusamento da mulher feito pelos surrealistas. As mulheres têm um poder de que nem sempre têm consciência. O poder de criar vida, o poder de dar o amor. Sim, agora compreendo. Não pode haver contradição entre o amor e a revolução. Amamos as mulheres. Dissemos, escrevemos aquelas palavras, aqueles palavrões, só para as provocar, para as despertar.
É uma bênção olhar para a mulher amada, para a mulher que passa. É uma bênção sermos abençoados pelo sol. Mas a mulher tem de ter noção do quão abençoada é. Eis uma das missões do poeta. O poeta está cá para cantar a mulher, a beleza da mulher. O poeta está cá para derrubar o capitalismo mas ao fazê-lo deve celebrar a mulher. O poeta não pode ter um discurso puramente político, puramente marxista ou anarquista social. Olha o anjo que entrou. O poeta tem de falar aos anjos. O poeta tem de voltar aos 16 anos quando falava de paz, amor e anjos. O poeta tem de ser a criança sábia. O poeta nada tem a ver com o primeiro-ministro nem com os poderes. O poeta fala outra linguagem. O poeta anda sempre em busca do Graal. O poeta não vive no mundo dos políticos nem dos empresários, nem dos financeiros, nem dos bolsistas. O poeta torna-se naquele que é. O poeta é livre. O poeta quer a mulher livre. O poeta quer o homem livre. O poeta é a própria liberdade. O poeta quer a união sagrada.

ANIMAL POLÍTICO


No "Piolho"
o Sócrates fala sem som
e é sem som
que ele deveria continuar
assim já não engana ninguém
já não faz jogos de retórica
foi assim que o Joaquim Castro Caldas
o deixou em Famalicão
há quatro anos atrás
assim sem pio é que estás bom
aquele ar sério, grave
arrogante
governamental
aquele sorriso maquinal
que vem, de vez em quando,
a gravata
a pose
o movimento dos lábios
o piscar dos olhos
toda a sobriedade
do animal político
daquele que vive do e para o voto
daquele que nos comanda
daquele que nos saca a vida.

"Piolho", 15.10.2009

18 POR CENTO SÃO POBRES

Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza
18 por cento dos portugueses são pobres e a situação tende a piorar
16.10.2009 - 07h39 Lusa

O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza assinala-se sábado, numa altura em que 18 por cento dos portugueses são pobres. Uma realidade que as instituições de apoio social dizem estar a agravar-se.

Segundo a Assistência Médica Internacional (AMI), os seus centros Porta Amiga apoiaram no primeiro semestre deste ano mais 10 por cento de pessoas do que no mesmo período do ano anterior.

"Estes valores demonstram uma nítida tendência para um crescente número de casos de pobreza persistente. A grande maioria destas pessoas encontra-se em plena idade activa, entre os 21 e os 59 anos de idade", pode ler-se num comunicado daquela organização.

Além disso, a AMI destaca que há cada vez mais novos casos de pobreza. No primeiro semestre deste ano "foram 1836 as pessoas que recorreram pela primeira vez ao apoio social da AMI, mais 24 por cento do que no mesmo período no ano anterior".

Também a Rede Europeia Anti-Pobreza se manifesta preocupada com a situação em Portugal, onde afirma que 18 em cada 100 pessoas vivem na pobreza.

“O número europeu que serve de referência para definir a pobreza equivale a um vencimento mínimo mensal de 406 euros mensais. Quem tiver um rendimento inferior a 406 euros é pobre”, disse à Lusa Agostinho Jardim Moreira, presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza (REAP).

Num comunicado, a REAP sublinha que “os idosos e as crianças e jovens são os grupos etários com maior taxa de risco de pobreza em Portugal. A “vulnerabilidade à situação de pobreza” é de 26 por cento para os idosos e de 21 por cento para pessoas com menos de 17 anos, indica.

A mesma instituição destaca a desigualdade em matéria da distribuição de rendimento como um dos principais problemas: "Em 2008, 20 por cento da população com maior rendimento recebia aproximadamente 6,1 vezes o rendimento dos 20 por cento da população com o rendimento mais baixo”.

Por outro lado, a REAP recorda, citando dados do Instituto Nacional de Estatística, que no segundo trimestre de 2009, a taxa de desemprego foi de 9,1 por cento, um valor que, comparativamente ao mesmo período do ano passado, aumentou 1,8 pontos percentuais.

“Só a existência de empregos e de salários pode quebrar os ciclos de pobreza que estão criados e reestruturar as famílias, permitindo-lhes mandar os filhos à escola, cuidar dos idosos e viver com dignidade”, referiu Jardim Moreira.

Também a AMI regista que a maioria da população que recorreu aos centros Porta Amiga no primeiro semestre se encontra em situação de desemprego (80 por cento), "tendo como principais recursos os subsídios e apoios institucionais e o apoio de familiares ou amigos".

O serviço que registou mais procura entre as mais de cinco mil pessoas que, nos primeiros seis meses de 2009, pediram ajuda à AMI, foi o da distribuição de géneros alimentares, roupa e medicamentos.

Num contexto de pobreza mundial, 2010 será o Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social.


União das Misericórdias defende apoio discreto a famílias "envergonhadas"


O presidente da União das Misericórdias (UdM), Manuel Lemos, defendeu hoje "a prática de um apoio discreto" às famílias com necessidades, já que muitas têm vergonha de expor a situação de pobreza em que se encontram.

"Os provedores dão-me conta de muitas situações, em particular de famílias residentes em meios urbanos e suburbanos. Todos têm histórias para contar", disse Manuel Lemos à Lusa, a propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, que se assinala sábado.

Em declarações à Lusa, o presidente da UdM considerou que "a pobreza envergonhada é um problema crescente em Portugal e a crise veio dar amplitude a este fenómeno".

"Infelizmente, a recuperação económica não terá repercussões imediatas nestas situações, daí a necessidade de se encontrarem formas discretas de apoiar estas famílias", sublinhou.

Manuel Lemos apontou o exemplo de Itália, também confrontada com idêntico fenómeno, onde o apoio alimentar, por exemplo, é distribuído por instituições sociais "em carros não identificados e em sacos plásticos de supermercado".

Em seu entender, também "os funcionários que fazem este serviço devem ser muito bem escolhidos para garantir a discrição necessária".

"São situações que devem ser abordadas com delicadeza e cautela. Temos casos em que os pedidos chegam por e-mail, tentando evitar dar a cara. A maioria está relacionada com o desemprego de um ou dos dois membros do casal e muitos nem sequer têm subsídio de desemprego", explicou.

O adiamento ou redução do pagamento de prestações, nomeadamente de creches e infantários, e também o apoio alimentar são os pedidos mais frequentes.

"O perfil dos utilizadores das nossas cantinas tem vindo a mudar. Ao contrário do que era habitual - as pessoas chegarem, conversarem e deixarem-se ficar - agora temos muitas pessoas que chegam, comem rapidamente, se possível viradas para a parede, e saem", sustentou Manuel Lemos.

O dirigente da União das Misericórdias contou ainda casos de pessoas que, quando questionadas directamente sobre as suas necessidades, não as admitem e mais tarde, por "uma outra porta, acabam por pedir ajuda".

"São normalmente pessoas que pertenciam à classe média, que por circunstâncias da vida foram apanhadas pela crise. Sem trabalho e meios de subsistência vêem-se obrigadas a recorrer a instituições e a subsídios sociais", frisou.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O SAGRADO FEMININO


A mulher, em sua essência Feminina sempre foi, é e será Sagrada. Em tempos idos, e em muitas culturas, a mulher teve um papel relevante no mundo. Na verdade a mulher é uma deusa geradora de vida – literalmente. Em buscas históricas encontramos que, o conceito de divindade mais reverenciado na antiguidade era feminino: o da Deusa, e não o do Deus. Mas com o passar dos tempos, a influência do patriarcado fez com que o feminino na terra fosse sendo suprido pelo masculino. Não falo aqui em conceitos feministas (que existem também, têm seu valor, mas há uma diferença), falo no sentido do feminino em questão de energia, do yin assim por dizer.

Com o predomínio do masculino – Yang, o mundo tornou-se mais competitivo, racional, material. Mas sabemos que a harmonia existe no equilíbrio, e passamos neste momento por um período de transformações benéficas planetária e um retorno do Feminino, valorizado como Sagrado. Na verdade a Terra é um planeta de energia feminina, e a sua cura e o equilíbrio da sua natureza parte do resgate desta energia yin, mais calma, interiorizada, sentimental, com cuidados.

De forma até inconsciente isso tem se revelado, e mulheres têm buscado o resgate de sua essência, o resgate da Deusa, ou das suas deusas interiores; reconhecendo, manifestando , valorizando e harmonizando os arquétipos de cada uma delas. Muitos grupos têm se formado, e nos Círculos de Mulheres todas vão se curando e curando umas às outras, se transformando e transformando o mundo.

Mudanças grandiosas partem das pequenas mudanças individuais, e quando houver um número suficiente de mulheres modificadas em essência, com autoconhecimento e auto valorização, com o seu Feminino reconhecido, enaltecido e vivido como Sagrado, isso contagiará, se expandirá e ocorrerá uma mudança em massa no mundo.

Este conceito é visto por Jean Shinoda Bolen em seu livro: “O Milonésimo Círculo – Como transformar a nós mesmas e ao mundo”; em que ela cita a história do Centésimo Macaco como referencial comparativo. A história do Centésimo Macaco é a conclusão de pesquisas científicas realizadas há mais de 30 anos em colônias de macacos, em ilhas no Japão. Os cientistas ofereciam batatas doces na praia para os macacos comerem. Um dia um pequeno macaco lavou a batata doce e comeu. Isso deve ter melhorado o sabor, e ele ensinou outros macacos a fazerem o mesmo. Então nesta ilha houve uma mudança de comportamento e os macacos começaram a lavar batatas para comerem, porém, o mais significativo foi que subitamente macacos de todas as ilhas estavam lavando batatas pra comerem, apesar de não terem nenhuma comunicação entre si.

O Centésimo Macaco refere-se ao anônimo da espécie cuja mudança de comportamento significou uma mudança em massa. E esta história traz a promessa de que quando um número crítico de pessoas mudar seu comportamento ou atitude, a cultura como um todo mudará. Somos agentes de transformações, e nós mulheres temos um papel importante através do resgate do Feminino como Sagrado para nosso equilíbrio pessoal e do mundo.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O MUNDO À MESA

O MUNDO À MESA

António Pedro Ribeiro

Correu o mundo na marinha mercante nos anos 70 e 80, da Austrália à Nova Zelândia, da América Latina ao Japão, é um apaixonado dos blogues e da internet, foi sindicalista, é poeta e há 17 anos que é empregado de mesa no "Guarda-Sol". Fernando Oliveira nasceu em Atães (Vila Verde) há 50 anos e diz que sempre gostou de geografia e que, por isso, quis conhecer como viviam os outros povos. "Em todo o lado há desigualdades mas dentro do capitalismo existem locais com mais igualdade do que outros. No Canadá, na Austrália, na Nova Zelândia, há uma segurança social mais reforçada. O trabalhador tem mais dinheiro. Nos Estados Unidos quem não tiver um seguro morre debaixo da ponte. A Tailândia e as Filipinas são muito bonitas para os turistas mas para os pobres é a miséria e há abuso de poder", esclarece.
No "Guarda-Sol", Fernando Oliveira mantém uma relação afectiva com os clientes. "Quando não estou ocupado gosto de conversar com as pessoas. Todas as pessoas têm histórias de vida. Acabamos por ganhar amizades. Isto, muitas vezes, funciona como uma espécie de confessionário. O "Guarda-Sol" é uma espécie de tertúlia. É um sítio onde as pessoas discutem ideias, conhecimentos, modos de vida, alegrias, tristezas", afirma. "Vemos um cliente que está a ler um livro ou um jornal e desenvolve-se a conversa". O Guarda-Sol é um café, pela sua dimensão e história, único na Póvoa. Fernando Oliveira não teme que aconteça ao "Guarda-Sol" o que aconteceu ao "Diana Bar". Embora "a sociedade de consumo tenda a fazer com que este género de casa acabe", diz.
O nosso entrevistado tem quatro blogues, entre os quais "Recanto das Letras" (http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=23105), onde publica os seus poemas e "Ondas e Marés" (http://ondasdiversas.blogspot.com), onde descreve as aventuras que passou na marinha mercante. Considera-se um romântico e um lírico. Admira Camões e Florbela Espanca. É um adepto da internet porque esta lhe permitiu reencontrar amigos que tinha perdido no tempo da Austrália, do Japão, e mesmo em Portugal e porque, por enquanto, é o meio de informação mais livre e democrático que existe.
No entanto, para Fernando Oliveira, que recorda os tempos do 25 de Abril e do "Verão Quente" passados em Lisboa, "hoje a repressão é feita a nível material. É uma ditadura diferente que não manda o individuo para Caxias ou para o Tarrafal. Há uma grande pressão do dinheiro para se ter carro ou casa. O ser humano é psicologicamente castrado. Corremos o risco de mais ditaduras mafiosas estilo Berlusconi, onde os políticos criam leis para se auto-protegerem", esclarece.

As gajas boas e bonitas chegaram a Vilar do Pinheiro. Até pedi uma cerveja. A partir de agora estou nas mãos da cerveja. Não tenho dinheiro para mais. As gajas à minha beira e eu não tenho dinheiro. Até acho que uma delas me cumprimentou.

À DIREITA

Hoje, pela primeira vez na minha vida, votei na direita. Aconteceu na votação para a Junta de Freguesia. Não suporto o grunho do presidente PS. Aqui há uns anos espetei-lhe um paralelo no vidro da Junta. Estava bêbado mas sabia onde queria chegar.
Ao longo de 18 meses, 24 empregados da France Telecom suicidaram-se. Razões? Horários asfixiantes, exigências excessivas, pressão constante. Os suicidas tinham descoberto que eram peças da máquina, novos escravos. É esse o lugar dum homem...na democracia?
(Manuel Poppe, "Jornal de Notícias", 11.10.2009)

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O CAPITALISMO A TODO O VAPOR

Inicialmente admitia-se a suspensão de 230 contratos de trabalho
Qimonda Portugal vai despedir já 590 trabalhadores
12.10.2009 - 17h33
Por Rosa Soares
Nélson Garrido (arquivo)

A administração da Qimonda Portugal, em conjunto com o Administrador de Insolvência, acaba de anunciar que pretende avançar de imediato com a cessação de 590 contratos de trabalho dos colaboradores em regime de lay-off.

Este número é muito superior aos 230 contratos de trabalho que a administração pretendia suspender, por negociação voluntário ou despedimento colectivo, conforme foi anunciado na assembleia de credores, no passado dia 29 de Setembro.
A administração da Qimonda, que na assembleia de credores de Setembro viu aprovado o plano de insolvência (revisto e actualizado), tinha admitido que a empresa só precisaria de 770 trabalhadores, dos actuais mil, em velocidade cruzeiro, ou seja, em 2011/2012.
Nessa assembleia, a empresa admitia a necessidade de despedimento imediato de 230 trabalhadores, e a possibilidade de novação do regime lay-off, até Abril, para a maioria dos trabalhadores que se encontram nesse regime, num total de 770. Os restantes 230 tranbalhadores encontram-se a trabalhar na empresa.
Muitos trabalhadores questionaram, em Setembro, qual a vantagem de renovar o lay-off (que implica um redução significativa do salário), se em Abril poderiam ser confrontados com o despedimento, uma vez que a empresa ainda estava longe de atingir a velocidade cruzeiro.
No comunicado, a administração da empresa acaba de assumir “a cessação de 590 contratos de trabalho dos colaboradores em regime de lay-off, designadamente por ser legalmente inviável e economicamente insustentável a sua continuidade até à entrada da operação em velocidade cruzeiro”.
A administração adianta ainda que “não exclui a possibilidade de, durante a fase que antecede a decisão final, serem encontradas soluções mais próximas dos interesses concretos das pessoas, nomeadamente a celebração de acordos de revogação que antecipem o momento da extinção do contrato de trabalho e a possibilidade de considerar a manutenção do regime de lay-off para
um número limitado de contratos”.
A administração assume que estas são medidas absolutamente indispensáveis para o
relançamento da actividade da empresa e a sua manutenção num sector
extremamente competitivo e reafirma o compromisso, no quadro das necessidades futuras, dar preferência à contratação dos colaboradores agora dispensados.
A administração adianta que “foram estabelecidos vários contactos com potenciais parceiros comerciais, no sentido de diversificar a oferta de serviços e/ou produtos da empresa, inclusive em segmentos distintos do das memórias DRAM”. Acrescenta que os contactos realizados abrem perspectivas para a retoma da actividade da empresa, não só nos segmentos da produção de componentes, mas também para a entrada em novas áreas – mais avançadas tecnologicamente e com uma procura crescente no mercado – como é o caso RDL/Wafer Level Packaging. Adianta que a concretização destas perspectivas permitirá assegurar a actualização tecnológica da unidade e a
manutenção da empresa numa posição de destaque no panorama tecnológico mundial
do sector.

PCTP/MRPP

Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses
(PCTP/MRPP)


NOTA À IMPRENSA


Os escassos resultados eleitorais apurados até ao momento, permitem desde já ao PCTP/MRPP tecer as seguintes considerações:

1. O Partido Socialista não pode escamotear as pesadas derrotas que sofreu em concelhos importantes, em que concentrou todos os seus actuais e ex-dirigentes nacionais, como foi o caso das Câmaras do Porto, Gaia, Faro, Sintra, Oeiras.
2. A vitória de António Costa em Lisboa ficou a dever-se acima de tudo aos apelos do PCP e do BE na votação nessa candidatura e representa, em qualquer caso, uma derrota para o povo da Capital, atentas as promessas não cumpridas nos últimos dois anos e um programa de novas promessas que não dão qualquer garantia de alterar radicalmente as condições de vida nesta Região.
3. O PCP mostra estar a perder uma parte do seu eleitorado no distrito de Lisboa, perdendo também para o PS uma Câmara importante como a da Marinha Grande.
4. No que respeita aos resultados do PSD eles só podem atribuir-se à total incapacidade do PS e dos restantes partidos ditos de esquerda em assumir um programa alternativo, para além do preço que pagou pela política ferozmente antipopular que caracterizou o Governo de Sócrates.
5. O BE, por seu turno, para além de ter registado uma quebra acentuada do seu eleitorado, não logrou atingir um único dos seus principais objectivos, designadamente, nos grandes centros urbanos do Porto e Lisboa.
6. No que respeita à candidatura do PCTP/MRPP, se bem que registando uma quebra, ainda que não acentuada, no concelho de Lisboa – atendendo ao mais absoluto e impune silenciamento até agora registado por parte dos órgãos de comunicação social, em particular dos públicos Lusa, RTP e RDP – obteve aumentos significativos em concelhos importantes, como em Almada (de 948 votos para 3.237), Porto, Barreiro, Moita, Montijo, Loures e Oeiras, continuando a afirmar-se como a sexta força política a nível nacional.

Lisboa, 11 de Outubro de 2009-10-12



A Comissão de Imprensa
da Candidatura Autárquica do PCTP/MRPP

domingo, 11 de outubro de 2009

NASCIMENTO DO PSSL

Hoje, dia de eleições autárquicas, nasce oficialmente o Partido Surrealista Situacionista Libertário (PSSL). Como dizia Rosa Luxemburgo, as eleições e os parlamentos burgueses só servem para passar as nossas mensagens. Mais nada. http://partido-surrealista.blogspot.com

sábado, 10 de outubro de 2009

CENA SURREALISTA


Ontem no Porto, nos Aliados, junto aos correios, fui surpreendido por um homem de microfone e outro de câmara de filmar. A princípio parecia uma daquelas entrevistas para a televisão mas depois o homem fez-me uma pergunta acerca da sinceridade, eu lá respondi e a seguir o homem permaneceu dez minutos em silêncio com o microfone apontado a mim. Eu não sabia o que dizer. Mostrei-lhe o livro do António Gancho que tinha acabado de comprar na Feira do Livro da Trindade. Depois o gajo lá me fez umas perguntas sobre "gays" e lésbicas e eu lá lhe fui respondendo com sinceridade. Então, o homem pediu para encostar a cara á minha proeminente barriga. Encostou, deu-me um abraço, disse que eu era um santo, que transmitia muita serenidade e eu lá justifiquei que a barriga era da cerveja. São cenas destas que abalam a previsibilidade da vida. O "non sense" e o surrealismo vieram ter comigo ao virar da esquina.

CRÓNICA DE ROTINA

Depois de uns dias passado regresso à rotina da "Motina". O casal do costume pede-me o jornal do costume e fala das coisas do costume. Mandei o Obama à merda no Facebook por causa do Nobel e houve uma gaja que me chamou racista. Mais uma que nunca tinha ouvido. O Obama nunca fez a Paz logo não merece o Nobel da Paz. Ponto final. Está calor. A gaja do costume excita-me. Estou, aliás, farto do Obama, do Durão Barroso, do Cavaco, do Sócrates, dos políticos do costume. Estou mesmo farto de tudo o que é costume. Vá lá que, de vez em quando, me aparecem uns gajos de câmara na mão a fazer-me entrevistas "non sense" e surrealistas.

JOSÉ PACHECO PEREIRA in PÚBLICO

O que é que fez Obama a favor da paz, ou melhor, da Paz com letra grande? Nada.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

ODE AO SACRIFÍCIO OU MANIFESTO AUTÁRQUICO PARA A PÓVOA DE VARZIM (à memória do grande Tony Vieira, mentor dos blogues povoaonline e povoadevarzimonlin


O Presidente da República ama-nos
o primeiro-ministro sacrifica-se por nós
sacrificai-vos vós também
e será vosso o Reino dos Céus

O poeta Ulisses recebe o rendimento mínimo
paga-me copos
e já não vende poemas pelos cafés
o poeta Ramalho escreve poesia afrodisíaca
para excitar os cérebros
crava-me copos
e ainda vende poemas pelos cafés
as gajas levantam-se
o PSI-20 fechou a perder 0,1%
o poeta Ribeiro mija na estátua do major e sorri
o presidente da Câmara sacrifica-se por nós
três revolucionários foram atacados
por um balde de àgua à porta da sede
e apresentaram queixa na esquadra
a PT e a Novabase centraram a atenção
dos investidores brasileiros
o presidente da Câmara (Macedo), o Buenos e o Diamante
velam por nós
A PT desvalorizou 0,51% depois das acções terem estado suspensas
da parte da manhã na sequência de uma notícia que dava
conta do interesse da operadora em lançar uma OPA
sobre a Novabase
o presidente da Cãmara lançou o diamante à orca
os três revolucionários foram à ópera
o Buenos (Aires) controla á D. Corleone
o diamante mordeu o presidente
a estátua do major caiu às mãos da aliança
Povo/ Frente Guevarista Libertária/ lixeiros
a empresa liderada por Rogério Carapuça, sita na rua da Junqueira,
afirmou que não foi notificada
o presidente da Câmara enfiou a carapuça do Rogério
o diamante tornou-se um perigoso encapuzado
o presidente recebeu, em audiência, o capuchinho vermelho
o lobo mau devorou o Buenos (Aires) na Praça do Almada
o diamante disparou 3,73%
o presidente lê poesia afrodisíaca
o diamante tem o cérebro excitado
a EDP e o BCP também pressionaram o índice
a estátua do major pressiona o presidente
o PSSL ameaça ocupar a câmara
o BPI avançou 3,64%, uma vez mais animado com a possibilidade
de vir a ser alvo de uma OPA
o diamante foi violado por uma orca
as gajas apalpam o telemóvel
o presidente ama-vos
o primeiro-ministro sacrifica-se
sacrificai-vos vós também
garanti os míseros ordenados dos gestores públicos,
as reformas irrisórias dos governantes, dos deputados silenciosos,
dos autarcas rafeiros
sacrificai-vos
ide a Fátima de joelhos
obedecei ao senhor que vela por vós
sacrificai-vos pois será vosso o Reino dos Céus.


Extraído de "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro. Manifestos do Partido Surrealista Situacionista Libertário" (Objecto Cardíaco), A. Pedro Ribeiro.

O PODER E A VIDA


Ler o "Poder e a vida" de A. Pedro Ribeiro em www.vozdapovoa.com, secção opinião.

ESTADO DE GRAÇA


ESTADO DE GRAÇA



António Pedro ribeiro



Há três dias consecutivos que estou em estado de farra e rock n' roll. Foi o cacau que veio do jornal, foi a festa do Manuel do "Guarda-Sol", foi o "meddley" a matar no "púcaros" com o "Poema de Amor Inocente Em Jeito de Manifesto Autárquico para a Cidade do Porto" e a "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro", foram também as palavras provocatórias introdutórias no "Art 7" de São João da Madeira do Angel e do Vitó. Depois houve aquela cena absolutamente "non-sense" nos Aliados, o gajo da câmara de filmar, o gajo do microfone a perguntar se eu era um homem que acreditava na sinceridade e depois a ficar 10 minutos calado e eu sem saber o que dizer. Uma cena absolutamente surrealista. Depois pediu-me para encostar o ouvido dele à minha barriga de cerveja. Eu deixei. As perguntas provocatórias sobre a homossexualidade, o abraço. Enfim, o gajo disse que o trabalho era só para ele. Vamos ver. Regressamos ao ecrã.

A verdade é que me sinto novamente em estado de graça, próximo dos deuses e do espíritos. Capaz de teorizar sobre a situação de palco. As bocas que tu mandas, as provocações, o gozo com a campanha política permanente têm resultado. Não é chegar ali e "vomitar" os poemas. Há que fazer um enquadramento quando nos sentimos à vontade para isso. É esta a nossa profissão, o nosso trabalhinho.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A MENSAGEM

Arquivo: Edição de 25-06-2009

SECÇÃO: Opinião

António Pedro Ribeiro


Esta é a Mensagem
Os políticos e os economistas falam uma linguagem diferente da nossa. Nós cantamos o caos no meio da derrocada económica e financeira. Nós cantamos e dançamos no meio do fogo. Dance on fire if it intends, como canta Jim Morrison. Mas nós não temos de nos andar sempre a exibir. Só quando subimos ao palco. Também temos necessidade de ser espectadores, de observar o mundo.


A nossa loucura não é camuflada, a nossa loucura é real. Amamos as nossas bacantes. Usamos palavras simples, textos directos, não suportamos escritas herméticas. Apelamos ao amor no meio do caos. Mas não o amor dos cristãos ou, pelo menos, não o dos cristãos actuais. Como disse Nietzsche, só houve um cristão e esse morreu na cruz.


Não queremos morrer na cruz! Nem queremos a vida eterna. Queremos a eternidade do instante. A eternidade da palavra. É essa a eternidade que nós amamos. A eternidade aqui e agora. Este ainda é o tempo do homem pequeno. Do homem da intriga, da mercearia, do hipermercado, da prisão, do rebanho. Nós visamos o homem livre. O homem que segue o seu caminho, que diz não aos ídolos, que diz não ás cadeias, que se opõe ao racionalismo mercantilista, que admira os grandes homens, que é, ele próprio, um espírito livre, que quer construir o Super-Homem.


Amamos a Vida, a vida plena, do prazer, das paixões, do sangue na guelra. Amamos as mulheres porque elas nos dão à luz e nos dão a luz. Sim, não estamos cá para agradar à maioria nem para obedecer ás leis da maioria. Por isso não suportamos governos, presidentes, parlamentos. Por isso, rejeitamos a democracia burguesa. A maioria é sempre uma massa imbecil. Os espíritos livres estão fora da maioria. Admitimos, sim, servimo-nos das eleições burguesas como forma de propagandear a nossa mensagem.


O Deus dos cristãos está morto ou, pelo menos, gravemente doente. É o deus-dinheiro que importa matar. Houve um tempo em que o Deus dos cristãos era mais poderoso que o dinheiro. Houve um tempo em que o Deus dos cristãos inspirava o medo e o terror. Esse tempo acabou. Tudo gira em função da economia, do mercado, do deus-dinheiro. A vida que o deus-dinheiro nos dá (ou nos vende) é uma vida de merda, controlada por relógios, trabalhos, hierarquias, contas, percentagens, bancos, trocas.

É a essa vida que é preciso dizer não.


É preciso dizer não aos bancos e às bolsas. Àqueles que provocaram a crise. Para isso não basta votar no partido x ou no partido y, isso de nada adianta. É necessário que os espíritos se tornem livres. É necessária uma revolução dionisíaca. Com fogo, vidros partidos, ocupações, destruição. Destruir para construir. Destruir para criar. Dêmos caos ao caos.


E depois falaremos do amor no fim. É esta a mensagem que queríamos passar. É esta a mensagem que os telejornais não passam. É esta a mensagem que não nos querem deixar passar. É esta a mensagem que queremos passar. É esta a mensagem. É esta a mensagem.

in "A Voz da Póvoa".

FASCISMOS

Caros Vadios e Vadias,


Em Novembro do ano passado o Estado francês e a administração Sarkozy montaram um show mediático para punir e vigiar a cidadania revoltada. Na altura organizámos um debate no Gato sobre as novas leis anti-terrorismo e no blog escrevemos que a detenção dos Tarnac 9 "foi uma ópera terrificante de marketing. Um show-off metonímico de terror: aterrorizar cada cidadão que põe em causa a falácia, o cinismo, a ganância, a injustiça de um sistema."

Alguns meses depois, é o próprio Sindicato da Magistratura francesa a pronunciar-se inequivocamente sobre a utilização abusiva das leis do Estado para asfixiar os movimentos de contestação social: "dénonce l’utilisation de qualifications pénales outrancières aux fins d’intimidation et de répression des mouvements sociaux". Ou ainda: "Dans l’affaire du « groupe de Tarnac », l’instrumentalisation consentie de la justice - à la suite d’une opération de « police réalité » opportunément médiatisée par la ministre de l’Intérieur - semble avoir atteint son paroxysme.

Agora o reality-show tem uma sequela lusitana. Mas é uma incógnita adivinhar quem se pronunciára contra o julgamento que ocorrerá amanhã no Parque das da(Nações).

O Gato Vadio envia um gesto de solidariedade para com aqueles que foram ilegalmente espancados pela polícia e a favor dos que se sentarão no banco dos reús por desejarem um país mais livre.

(abaixo segue um texto enviado pelos cidadãos processados pela Justiça portuguesa):


" Este texto pretende relembrar a carga policial que aconteceu na manifestação Anti Fascista e Anti Capitalista no dia 25 de Abril de 2007 e apelar à solidariedade contra a farsa judicial montada em torno das onze pessoas que vão a julgamento dia 7 de Dezembro




No dia 25 de Abril de 2007 decorreu uma manifestação Antiautoritária contra o Fascismo e o Capitalismo em Lisboa que reuniu aproximadamente 500 pessoas. Tendo iniciado na Praça da Figueira em ambiente contestatário, mas festivo e sem incidentes, várias pessoas aderiram à manifestação ao longo do percurso Rossio, Rua do Carmo, Rua Garrett até ao Largo de Camões.

Após um breve período em que a manifestação permaneceu no largo Camões, esta continuou espontaneamente pela Rua Garrett em direcção ao Rossio. A presença constante da polícia durante a trajectória fez com que o clima entre as partes fosse de tensão. A meio da Rua do Carmo, duas hordas de elementos do corpo de intervenção da PSP e polícias à paisana encurralaram os manifestantes na rua fechando as saídas e, sem qualquer ordem ou aviso de dispersão, começaram a agredir brutal e indiscriminadamente manifestantes, transeuntes e até mesmo turistas.

A polícia não tentou dispersar ninguém, pelo contrário, quis bater, espancar e atacar os manifestantes. Pessoas que caíram no chão indefesas foram ainda agredidas por vários polícias à bastonada e ao pontapé. Houve perseguições por parte da polícia, levadas a cabo de forma bastante agressiva, no local onde decorria a manifestação e por toda a Baixa de Lisboa. Foram detidas onze pessoas e foi impossível contabilizar todos os feridos entre manifestantes e pessoas alheias ao protesto. Aos manifestantes juntaram-se, no fundo da rua do Carmo, vários transeuntes e lojistas contra a brutalidade policial.

Com o apoio dos media, as forças policiais criminalizaram o protesto, procurando encontrar legitimidade para a sua acção repressiva que é um tipo de conduta permanente por parte do Estado, como podem comprovar, a título de exemplo, os habitantes de bairros sociais. Assim sendo, a detenção dos onze manifestantes surge como modo de justificar mais uma carga policial.

Para além da detenção, estes manifestantes ficaram ainda sujeitos à medida de termo de identidade e residência, tendo sido acusados de agressão, injúria agravada e desobediência civil, acusações estas que, na verdade, caracterizam a actuação policial. Querem convencer-nos que o mundo é o inverso daquilo que realmente acontece, uma vez que as únicas agressões à polícia foram em legítima defesa, postura à qual não se deve renunciar.

No próximo dia 7 de Dezembro vai ser o julgamento dos onze acusados nas novas instalações judiciais localizadas no Parque das Nações/Oriente.

Apelamos à solidariedade em relação a esta situação em particular, enquadrada num contexto de exploração e opressão quotidiana que não deixaremos de combater."

alguns envolvidos no processo

segunda-feira, 5 de outubro de 2009


Venho cá hoje ver-te
mas só posso beber
uma cerveja
nem sequer sei
se te interessas
pela minha conversa
pelo menos
fazes-me escrever
e fazes-me vir aqui
em vez de ir
ao tasco do lado

talvez daqui a uns anos
me dê para
começar a pregar nos cafés
mas ainda
não cheguei a essa fase
nem sequer estou
suficientemente bêbado
para isso.


"Padeirinha", 5.10.2009

A VIDA

Uma seca, uma grande seca, aparte as conversas que possamos ter acerca disto tudo, da alma, do mundo, etc. De resto, um absurdo. Passar a vida atrás do dinheiro. Passar a vida a falar do dinheiro. Passas uma infância mais ou menos feliz, depois és jovem, tens umas ideias, umas utopias, mais tarde ou mais cedo convertem-te à máquina do emprego e do dinheiro, casas-te, castram-te. É isso o que fazem da tua liberdade. É isso o que fazem da tua vida. A tua vida que era livre e gratuita. A tua vida que já não é tua. Olha para a seca de vida que os outros levam. Olha se eles são felizes! São sempre as mesmas conversas do lucro, da sobrevivência, do subir na vida. Olha para essa vida ao serviço dos castradores, dos inimigos da vida. Olha como eles negam a fruição, a vida autêntica. Como dizia Morrison: quanto tempo mais vais deixar que eles comandem a tua vida? Quanto tempo mais vais deixar que eles enterrem a tua cara na merda? Quanto tempo mais vais entregar-lhes a tua vida?
A vida não se resume a uma fórmula única e irreversível. A vida não tem que ser uma seca. A vida não tem que ser castração e obrigação. A vida não tem que estar nas mãos da máquina ou de Deus ou do que quer que seja. A vida é tua. Goza-a. Faz dela o que quiseres. A vida foi-te dada gratuitamente. Não a tens de pagar. Não tens de correr atrás do dinheiro, nem do poder, nem do estatuto. Curte-a. Ama-a como no primeiro instante. Foi para isso que vieste ao mundo. Não ouças mais as conversas da máquina. Não ouças mais as conversas dos vencidos. Não te deixes contaminar. Os gajos estão em todo o lado: nos cafés, na televisão, na net, na rua. Não te deixes vencer. Não ouças as conversas.

domingo, 4 de outubro de 2009

NINGUÉM PÁRA O BRAGA!

Mais uma jornada, mais uma vitória para o Braga. Tal como tinha acontecido nas jornadas anteriores, os bracarenses voltaram a realizar uma exibição q.b.. Garantiram os três pontos e mantêm um registo 100 por cento vitorioso ao fim de sete jornadas. Paulo César e Hugo Viana marcaram os golos frente a um Setúbal que, enquanto esteve em igualdade numérica, mostrou argumentos para travar o líder.

Na antevisão da partida, Domingos lançou algumas provocações a quem segue atrás (Benfica) e isso acabou por apimentar ainda mais o jogo. Para o treinador do Braga, competia à sua equipa “ganhar e, depois, colocar a tal pressão em quem vem atrás”. Os seus jogadores acabaram por cumprir o objectivo e agora ficam à espera do que possam fazer os rivais.

Domingos não apresentou nenhuma surpresa no “onze” inicial. Com um esquema táctico dinâmico (a mobilidade de Alan, Mossoró e Paulo César permite à equipa vários desdobramentos durante o jogo), Meyong surgia como jogador mais adiantado, enquanto Vandinho e Hugo Viana tinham a responsabilidade de pensar e organizar a estratégia minhota.

No Setúbal, o “temporário” Quim voltou a deixar boa impressão. Escolhido para substituir interinamente Carlos Azenha, que deixou os sadinos após as derrotas com o Benfica (8-1) e União de Leiria (4-0), Quim apresentou uma equipa bem organizada, que nunca mostrou medo de jogar de igual para igual frente ao Braga. A expulsão de Luís Carlos, ainda na primeira parte, acabaria, no entanto, por condicionar toda a estratégia do treinador do Setúbal.

A partida tem que ser dividida em duas partes bem distintas. Após um primeiro tempo morno e com poucas oportunidades para ambos os lados, onde o Setúbal chegou a controlar a partida e mostrar argumentos para conseguir um resultado positivo, os últimos 45 minutos foram de domínio do Braga, que aproveitou o facto de o adversário estar reduzido a 10 jogadores.

Com uma atitude bem distinta da apresentada no primeiro tempo, o Braga surgiu mais agressivo e rápido após o intervalo e, após várias oportunidades desperdiçadas, o golo acabou por surgir com naturalidade: aos 60’, após boa jogada de João Pereira e Mossoró na direita, Paulo César, solto na área, inaugurou o marcador sem dificuldades. Dois minutos depois, Kazmierczak ainda rematou à barra da baliza de Eduardo na cobrança de um livre, mas foi apenas um susto para os bracarenses. O mais difícil (primeiro golo) estava alcançado e, até final, o Braga limitou-se a gerir a vantagem que lhe permite continuar, mais uma jornada, como líder isolado da Liga. O golo de Hugo Viana, já no período de descontos, acabou por penalizar em demasia a exibição sadina.

Ficha de jogo
Sp. Braga, 2
V. Setúbal, 0

Estádio Axa, em Braga.

Assistência cerca de 10.000 espectadores

Sp. Braga Eduardo 6, João Pereira 7 (Filipe Oliveira 5, 64’), Moisés 6, André Leone 6, Evaldo 6, Vandinho 6, Hugo Viana 7, Mossoró 7, Alan 6, Paulo César 6 (Matheus -, 89’) e Meyong 5 (Adriano 5, 76’).
Treinador Domingos Paciência

V. Setúbal Nuno Santos 6, Zoro 5, André Pinto 5, Brigues 5 (Zarabi 4, 72’), Rúben Lima 6, Sandro 6, Djikiné 5, Luís Carlos 4, Kazmierczak 6, Hélder Barbosa 5 (Paulo Regula 4, 56’) e Keita 5 (Diouf -, 82’).
Treinador Quim

Árbitro Elmano Santos 6, da Madeira. 

Amarelos Sandro (12’), Luís Carlos (23’ e 35’) e João Pereira (34’).
Vermelho Luís Carlos (35’).

Golos 1-0, por Paulo César, aos 60’; 2-0, por Hugo Viana, aos 90+4’.

sábado, 3 de outubro de 2009

DO HOMEM À MESA

Estou convencido de que ainda não cheguei onde quero chegar em termos de criação, em termos de escrita. Já lá estive próximo, já toquei a divindade mas sinto que ainda me falta dar o pequeno (grande) passo. Ao ler Henry Miller, as cartas de Miller a Anais Nin, apercebo-me claramente disso. A coisa vem. A coisa há-de vir. Não há que forçá-la. Pode ser aqui, no "Piolho", na "Brasileira", em casa ou noutro sítio qualquer. A coisa há-de vir. Não preciso de estar com os copos para entrar em transe. Se calhar, nem preciso de ficar em transe. A verdade é que há dias em que me sinto sem forças, de garganta seca. A alma fica frágil, com poucas palavras. Hoje não. Hoje não bebi àlcool e sinto-me forte, rejuvenescido. A escrita, a criação, a leitura e o estudo de Henry Miller dão-me forças. Até o varrer vigoroso da empregada me dá forças. Não deixo de ser o homem à mesa. É isso que sou: o homem à mesa. Vivo disto: sou o homem à mesa. É esta a visão: o homem à mesa. Tal como nas minhas BD's dos 15 anos: o homem à mesa do "Café Central". À mesa ouço música, observo o mundo, escrevo. É isto que sou. Não tenho de ser outra coisa. Em 90% dos actos da minha vida sou o homem à mesa. Nasci para isto. Não há que ter vergonha. O homem à mesa.

O HOMEM À MESA


O homem à mesa
quer uma cerveja
para acabar
o poema
em beleza

o homem à mesa
não sai da mesa
está nas suas quintas
na sua fortaleza

o homem à mesa
quer sobremesa
o homem à mesa
mica o cu da gaja

o homem à mesa
é o artista
que cria o mundo
à sua imagem
e semelhança

o homem à mesa
não sai da mesa
nem que haja
um tremor de terra

o homem à mesa
vive, pensa e escreve
à mesa

o homem à mesa
sem a mesa
não é nada.


"Motina", 3.10.2009

sexta-feira, 2 de outubro de 2009


Hoje voltei ao trabalho remunerado. Pouco remunerado, diga-se. Confesso que me senti atrapalhado na ordenação e selecção de frases e citações. Mas é estranha esta sensação de trabalho feito, de dever cumprido. E, afinal, são só 20 ou 30 euros. Bem, o que mais importa neste momento é que a empregada da "Padeirinha" me está a bater e que o Benfica, para variar, está a perder. Parece que vamos voltar ao tempo de oferecer poemas às meninas. Mais tarde ou mais cedo. Vamos lá ver se este Super-Benfica do Jesus dá a volta ao texto. Mas, porra, a gaja bate mesmo. E ainda não falei nos olhos dela. Pertence ao "staff". Tem o "staff" nas costas e está sempre em movimento, contrariamente ao poeta. O Super-Benfica perdeu.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

ENTREVISTA A JOSÉ AZEVEDO NÓBREGA

A BUSCA INTERIOR E A CRISE DO AMOR

António Pedro Ribeiro/ Rui Sousa (foto)

"Viagem em Quarto Duplo" é o novo livro de poesia de José Azevedo Nóbrega, pseudónimo de Francisco Gonçalves. O "Quarto Duplo" é tanto "o quarto onde se vive, dorme, pensa, sonha e ama" como o quarto livro, que sucede a "Agueirinho" (Silêncio da Gaveta), "A Boca na Mão" e "A-Mei-o-Tempo" (Edições Apalavrados). José Azevedo Nóbrega é natural de Vila Real mas há 12 anos que vive na Póvoa. Para o autor, que lembra José Gomes Ferreira, a poesia "é o sussuro do insecto que também pode ser insurrecto". Daí que a natureza e a relação do homem com a natureza sejam uma temática recorrente dos seus livros. "É da dicotomia entre o sentir e o pensar que surge o poema", diz.
O poeta é também crítico do consumismo e das grandes superfícies. Daí revelar "muito mais interesse/ pelos traçados da alma/ que pelas vias rápidas/ do consumo vigente". "A situação social instaurada pelo novo economicismo leva muita gente à procura desses lugares (centros comerciais) em primeira instância muito antes de percorrer os seus próprios caminhos interiores", justifica. O que faz falta é a reflexão, a busca interior, o fogo interior. "É impossível viver sem fogo", diz.
O poema "Esperança Opaca" estabelece uma curiosa ligação entre certo tipo de mulher e a crise das bolsas. "Existem imensas mulheres que vivem à base da bolsa para consubstanciar a sua crise interior. Elas estão mais do lado materialista do que lado do amor. Em geral, a mulher é muito mais pragmática e materialista do que o homem". Daí a crise do amor: "o amor está em saldo. Compra-se em qualquer esquina. A veemência do amor profundo já poucos a vivem", justifica. José Azevedo Nóbrega evocou ainda o poeta e "diseur" Joaquim Castro Caldas, desaparecido há cerca de um ano e seu amigo e companheiro das noites de poesia do "Pinguim": "O Joaquim era uma anti-estrela porque sempre quis, apesar da notoriedade, estar do lado do desaparecimento. Era interventivo, não dava tréguas aos impostores, aos falsos e isso custou-lhe caro como aos verdadeiros poetas. Foi ostracizado, injustiçado pelos "media", mas como ele próprio diz nos seus poemas, talvez daqui a 20 anos os descendentes dos responsáveis por isso possam vir a apanhar com ele".

SAPATILHA CONTRA O FMI

Durante uma palestra numa universidade de Istambul
Estudante turco atira sapatilha contra director-geral do FMI

01.10.2009 - 13h56 Agências

Um estudante turco atirou esta manhã uma sapatilha contra Dominique Strauss-Kahn, director-geral do FMI, sem o atingir. O incidente muito semelhante ao que em Dezembro do ano passado visou o então Presidente americano, George W. Bush, durante uma visita a Bagdad.

O responsável francês terminava uma palestra numa universidade de Istambul, onde se encontra para as reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial, quando um jovem desceu a correr o auditório, gritando “FMI vai-te embora da Turquia”, relata a AFP. O estudante teve tempo para lançar uma das suas sapatilhas contra Strauss-Kahn, antes de ser dominado por vários agentes de segurança, que o levaram de imediato para o exterior.

A sapatilha aterrou a um metro do director-geral do FMI que, de microfone na mão, tentava manter o sorriso.

Segundo as televisões turcas, o jovem chama-se Selçuz Ozbek e é um estudante da universidade pública de Eskisehir, no noroeste do país.

O rapaz era acompanhado por uma dezena de estudantes filiados no Partido Comunista turco (TKP) que foram também levados para fora da sala quando tentaram desenrolar uma faixa com inscrições contra o FMI e o AKP, o partido islamista no poder. O Governo de Recep Erdogan está actualmente a negociar com a instituição internacional um novo empréstimo, semelhante ao que em 2005 permitiu ao país evitar o colapso do seu sistema financeiro, fragilizado por uma crise que se arrasta desde o início da década.

Já depois do final da sessão, a porta-voz de Strauss-Kahn garantiu que o dirigente até ironizou com o incidente, dizendo que “os estudantes foram pelo menos bem-educados ao esperar pelo final da sessão”.

Muntazer al-Zaidi, o jornalista iraquiano que atirou os dois sapatos contra o Presidente americano, foi libertado há duas semanas, depois de cumprir nove meses da pena de prisão a que foi condenado por ofensa a um chefe de Estado estrangeiro. Após a libertação, acusou as forças de segurança iraquianas de o terem torturado na prisão e exigiu um pedido de desculpas do Governo.

PCTP/MRPP

“ O PRESIDENTE DA REPÚBLICA DEVE DEMITIR-SE DE IMEDIATO ! ”

Na desastrosa comunicação de ontem ao país o Presidente da República reveloupela primeira vez o que pensa em privado. Ora, a verdade é que tal revelaçãoo que veio demonstrar foi uma grave ignorância do que é a cultura política edemocrática e do modo como ela impõe que o cargo seja exercido. E quem pensaassim em privado, não pode ser Presidente da República ! Antes de mais, o Presidente da República não poder ser fonte deinstabilidade política. E se, como se cansou de invocar, nunca falou deescutas, então deveria ter de imediato desautorizado a fonte de Belém quefalou de escutas ao Jornal Público. E a verdade é que nunca o fez, nem naaltura, nem ontem ! Depois, o Presidente da República pretende vir invocar perante o País queignoraria aquilo que o mais jovem dos utilizadores do Magalhães está fartode saber. Na verdade, basta saber ler jornais – coisa que não se sabe se oPresidente da República já faz … – para saber que até nos computadores doPentágono há permanentemente piratas informáticos a procurar entrar, mas quetal não significa que seja o Governo a fazê-lo. Esta aparente “virginalignorância” mostra também que Cavaco Silva não tem condições nem competênciapara exercer o cargo de Presidente da República. Acresce que a Casa Militar da Presidência da República tem meios para fazero varrimento de todos os sistemas de comunicação utilizados, e ninguémconsegue perceber porque é que o Presidente da República não o mandou antesfazer, nem o manda fazer agora todas as semanas. Por outro lado, ao formular as insinuações com que brindou o País,perguntando como é que dirigentes do PS saberiam dos passos dos elementos dasua Casa Civil, o Presidente da República está é afinal a confessar que taismembros deram mesmo esses passos. Mas, mais do que isso, o Presidente daRepública dá assim a conhecer publicamente que acha que os membros da suaCasa Civil podem fazer tudo, inclusive, colaborar na elaboração de programaspartidários, produzir uma pseudo-denúncia que é a fonte de todas asmanipulações e até fazer conversas como as que foram relatadas pelosJornais. Deste modo o Presidente da República não consegue esconder que quempretendeu manipular foi ele e a sua Casa Civil, e de que não há uma únicaprova de que qualquer outro Partido o tenha querido fazer ! E confessa semapelo nem agravo que, sendo ele que está por detrás de toda esta grosseiramistificação, tudo o que o faz falar agora é a fragorosa derrota que sofreuno passado Domingo – nas últimas eleições legislativas não foi, pois, o PSDque foi derrotado, foi o próprio Presidente da República ! Ora este tipo de conduta por parte do mais alto representante da RepúblicaPortuguesa ultrapassa todos os limites da tolerância e de decência que lhesão exigíveis. E se é certo que o nosso sistema constitucional não prevê, aoinvés do que sucede com outros, a possibilidade do afastamento do Presidenteda República, o certo é que, depois de tudo isto, o Povo Português tem opleno direito de exigir a Cavaco Silva que apresente ao País não apenastodas as explicações devidas como um pedido de desculpa, e ainda querenuncie de imediato ao cargo. A verdade é que já não explicou o seu negócio com acções na SLN. Como nãoexplicou por que é que manteve durante tanto tempo Dias Loureiro no Conselhode Estado. Como agora também não explicou como aparece a fabricar boatosmanipulatórios. E na situação difícil em que o País se encontra, éabsolutamente inaceitável que o Presidente da República se constitua comofonte de barafunda institucional – e por isso deve demitir-se! É, por fim, de assinalar o modo mais completamente equívoco com que osvários Partidos reagiram a este despautério presidencial, muito emparticular o PS, que não ousou denunciar a autoria das manipulações e mostrater esquecido que – tal como decerto em breve se verá – quempoupa o inimigo, em particular na altura em que este comete o seu maiorerro, às mãos lhe acabará por morrer !...

Lisboa, 30 de Setembro de 2009

O Comité Central do PCTP/MRPP