terça-feira, 30 de junho de 2015

O EXEMPLO DA GRÉCIA

O povo grego, o governo do Syriza está a dar ao mundo uma lição de liberdade e dignidade. Ao convocar um referendo para que o povo grego se possa pronunciar sobre as propostas dos "credores", Tsipras está a dizer que é preciso acabar com a ditadura com a ditadura da finança e dos mercados, que é preciso combater o imperialismo alemão, de Bruxelas e do FMI. O governo grego rejeitou o caminho da austeridade, a proposta dos "credores", dos chacais que exigiam mais austeridade sobre trabalhadores e pensionistas. Como diz Tsipras, "a Grécia, o berço da democracia, deve enviar uma mensagem democrática retumbante à comunidade europeia e global". A dignidade, a liberdade e a soberania não têm preço. A Europa da finança é a Europa dos interesses, da usura, da ganância. Não tem futuro. Não são os Estados Unidos da Europa de Trotsky. É tempo de seguirmos o exemplo grego e afastarmos de vez essa gente sem alma, sem princípios, que só sabe fazer contas, esses mercadores, esses merceeiros. Apesar da dor que teremos que atravessar, um novo mundo se abre com epicentro em Atenas.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

O HOMEM QUE VEM

A maioria da população aceita e é levada a aceitar a sociedade capitalista. Este facto não torna a dita sociedade nem menos irracional, nem menos condenável, segundo Herbert Marcuse. Enquanto liberdade de escolha entre trabalhar e morrer à fome, a livre empresa impôs o "trabalho penoso, a insegurança e o medo à grande maioria da população". O voto e o pluralismo de partidos acabam por constituir uma ilusão. O que impera é a ditadura da economia e da finança, dos banqueiros, dos grandes empresários, dos especuladores, dos mercados e dos políticos ao serviço deles, daqueles que estrangulam a Grécia. Ainda para Marcuse, a liberdade económica significaria libertarmo-nos da economia: a libertação da luta quotidiana pela existência, da necessidade de ganhar a vida. Sim, uma vida consagrada ao estudo, à criação e à festa. Um homem plenamente realizado. Que caminhasse livremente sobre a Terra. Que habitasse poeticamente a Terra. Um homem que reafirmasse o pensamento individual, longe da doutrinação e da alienação. Urge acabar com o trabalho embrutecido, com a escravidão. Urge construir o homem novo, que dialoga como Sócrates, que provoca como Diógenes, Nietzsche ou Rimbaud, que é imensamente livre, que aprende com os mestres. Esse é o homem que vem.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO CANDIDATO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

António Pedro Ribeiro é candidato à Presidência da República . António Pedro Ribeiro nasceu no Porto no Maio de 68. Viveu em Braga, Trofa e reside actualmente em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). É poeta, escritor, cronista, diseur e performer. Licenciado em Sociologia pela Faculdade de Letras do Porto, foi jornalista. Tem 47 anos e é autor de 13 livros, entre os quais "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro", "Queimai o Dinheiro", "Fora da Lei", "O Caos às Portas da Ilha", "Café Paraíso", "Saloon" e "À Mesa do Homem Só". Actuou no Festival de Paredes de Coura 2006 e 2009 e nas "Quintas de Leitura" do Teatro Campo Alegre em 2009 e 2011. Diz regularmente poesia nos bares Pinguim, Púcaros e Olimpo, onde mantém, com Luís Beirão, a rubrica Poesia de Choque. Foi activista estudantil, fundador da revista "Aguasfurtadas" e colaborou em revistas como "Piolho", "Estúpida", "Bíblia" ou "Portuguesia". Foi militante do PSR e do Bloco de Esquerda e milita actualmente no PCTP/MRPP, tendo sido candidato por este partido à presidência da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim nas eleições autárquicas de 2013.

MANIFESTO PRESIDENCIAL


O capitalismo tem transformado a vida numa guerra, numa corrida, num inferno. As pessoas competem pelos empregos, pelas carreiras, pelo estatuto, pelo poder. Como na selva há os predadores e as presas, os controlados e os controladores, os explorados e os exploradores. Cavaco Silva, Passos Coelho e Paulo Portas fazem parte dessa seita de inimigos da vida, de pregadores da morte, que se aliam ao grande negócio, aos grandes banqueiros, aos usurários, aos especuladores, a esses seres sem alma cujo único objectivo na vida é multiplicar os seus lucros sem olhar a meios. Essa gentalha, esses merceeiros, querem ver-nos na miséria, doentes, deprimidos, sós, essa gentalha não tem coração. Pregam o paleio da economia, do útil, da eficácia, sem ponta de sentimento, sem ponta de humanidade. No fundo, são sub-homens e querem fazer de nós sub-homens. Além do mais, têm-nos roubado a vida. Roubam-nos nos salários e nas pensões, aumentam os impostos, cortam nos direitos sociais. A pobreza e as desigualdades sociais galopam e a sua arrogância não tem limites. Esses inimigos da vida e os imperialismos da Merkel, de Bruxelas e do Obama querem condenar-nos a uma vida vazia, previsível, entediante onde caímos na depressão, na doença bipolar, na esquizofrenia, no suicídio. Nunca o homem foi tão infeliz. E depois somos vigiados, controlados pelas novas tecnologias sempre que fazemos um pagamento ou um movimento na Internet. O "Big Brother" está aí. Para além disso, há o aquecimento global, as alterações climáticas, a destruição da Mãe-Natureza e os grandes desastres naturais que nos podem destruir. Não, não podemos aceitar. Por isso nos candidatamos à Presidência da República. O homem nasceu livre e de graça. Não pode ser escravo do dinheiro e do poder. Há que afastar essa gente corrupta e inimiga da vida. Há que construir a vida. No amor, na liberdade, na dádiva. Há que discutir o homem e a vida. Ninguém a mandar, ninguém a obedecer. Há que cantar a exuberância da vida, a poesia, a filosofia. Há que derrubar de vez os inimigos da vida. Levar a imaginação ao poder como em Maio de 68. Há que fazer da vida um banquete permanente, uma festa permanente. Um lugar onde se procure a sabedoria. Sim, não mais competir pelas notas na escola, não mais o encaminhar-se para o mercado mas a curiosidade, a brincadeira, a eterna criança. Queremos um país livre, um país que celebre o milagre da vida, o estarmos aqui e agora, não o cumprir penoso das tarefas e das horas. Nascer, trabalhar, morrer. Não trabalhar mas criar, como dizia Agostinho da Silva. Não somos da mesma espécie de Cavaco, Passos e Portas. Viemos para criar, para desfrutar, para transmitir. Por isso nos candidatamos. Não estamos às ordens de ninguém, nem da Merkel, nem do Obama, nem de Bruxelas. Somos livres. Absolutamente livres. Não é justo, não é humano que os inimigos da vida nadem em milhões enquanto outros dormem na rua e outros contam os trocos todos os dias. Não aceitamos um país assim, um mundo assim. Aprendemos a liberdade com Nietzsche, Morrison e Rimbaud. Somos da rua. Por isso nos candidatamos. Porque não aceitamos o macaco que trepa, que passa por cima, que atropela. Porque somos da ideia, da virtude e da justiça. Porque não aceitamos um governo mundial, de um punhado de financeiros e políticos. Porque não aceitamos ficar sós em frente ao ecrã da TV ou do computador. Porque não aceitamos a linguagem da conta, da castração, do mercado. Por isso nos candidatamos. 

quarta-feira, 17 de junho de 2015

DE REGRESSO À CIDADE

De regresso à cidade. Na cidade sempre há mais variedade e gente que fala de literatura. Além disso, há muitas mais mulheres bonitas. Mas a maioria não deixa de ser escrava do sistema monetarista. Obedece às leis do dinheiro e do lucro. Vende-se como mercadoria. Há recursos suficientes para uma nova sociedade, para vivermos sem dinheiro. A tecnologia, se bem utilizada, permite-o. Só temos de nos consciencializar que vimos todos das estrelas, que somos um só. Na sexta não fui capaz de unir. Gerou-se o caos graças aos provocadores. Terei de ser capaz de unir. Eu e outros. O mundo é nosso, não é deles. Temos sido um bando de cegos governado por imbecis, como disse Shakespeare. Temos sido submissos. E eles não passam de um bando de imbecis. Imbecis com poder e dinheiro. Devo prosseguir a minha luta. Com ou sem candidatura. Com as minhas falhas e as minhas limitações. Devo prosseguir a minha luta. Que é a luta de Platão, de Nietzsche, de Stirner, de Marx, de Bakunine, de Sartre, de Marcuse. Ninguém manda em mim. Sou o deus de mim mesmo. Não vos desprezo. Olho as mulheres bonitas. Queriam-me endinheirado. Vendi um livro. Elas passam no ecrã mas não são minhas. Só quando estiver bêbado e com dinheiro. Sempre o dinheiro. Não te consegues livrar dessa merda? Há também uns gajos de fatinho. Irritam-me esses burgueses. Nunca fui deles. Desci ao underground, ao beatnick, aos infernos do rock n' roll. E até posso estoirar dinheiro. Por enquanto. Porque raio não hei-de ser a estrela? A puta maldita? Que têm os outros? Que tenho eu? Porque sou diferente? Porque sempre fui diferente? Não, no meu mundo não haveria dinheiro. Ou então haveria dinheiro para todos por igual. Mais mulheres bonitas. Sem mulheres bonitas isto seria um pesadelo, já dizia o Lou Reed. Contudo, há gente repetitiva, estúpida. Há, se há. Se tivesse dinheiro ficaria aqui fino após fino e a questão é que vou ter. Habitua-te, pequeno. Habitua-te. Os tempos são teus. Os poderes tremem. Ah!Ah!Ah!Ah!

segunda-feira, 15 de junho de 2015

O CAOS ESTÁ PRÓXIMO

Evoluímos muito tecnologicamente mas não evoluímos intelectualmente nem emocionalmente. Pelo contrário, regredimos. Com tanta pressa, com tanta velocidade das teclas, dos telemóveis, da Internet não há tempo para parar para pensar. Recorre-se ao computador para pensar por nós. Não se valorizam os filósofos, os poetas, as grandes ideias. Não se exercita o raciocínio. É como se andássemos sempre deprimidos. É tal a confusão, principalmente nos jovens, que as mentes vão acabar por rebentar. Não há futuro. Só a corrida, só a selva capitalista. O caos está próximo. Ao mesmo tempo damos cabo do planeta e a natureza vira-se contra nós. Nos próximos decénios vêm grandes catástrofes naturais. A espécie humana ficará em risco. E estes imbecis a acumular como se nada fosse. São mesmo cães estes imbecis. Sim, é preciso lutar mas também é preciso voltar ao pensamento. Não somos escravos de coisa nenhuma. Temos ideias. Conquistámos o nosso tempo para pensar, para reflectir sobre o mundo e sobre o homem. Lemos os grandes. Não aceitamos que nos roubem a liberdade nem o tempo. Não aceitamos governos que decidam por nós. Olhamos para esta gente mecanizada que não pensa nestas coisas, que nos chama utópicos. Esta gente não tem consciência do absurdo em que vive. Se tivesse provavelmente enlouqueceria. Assim vão passando os dias, uns trocos para aqui, uns trocos para ali, sem se aperceberem que o caos está próximo.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

DIA D

A dois dias do dia D. A comunicação social não pega. Talvez o manifesto seja demasiado radical. Mas que querem? Não vim fazer festas. Vim provocá-los, desafiá-los. E, de facto, sou inimigo desses burgueses, desses capitalistas. É gente sem alma, sem coração. Não são mesmo da minha espécie. Não vivem no meu mundo. Claro, não são só eles. Ainda há bocado um vendedor dizia que o toda a gente quer é mais dinheiro, mesmo os ricos. Vendilhões. Gananciosos. Gente imbecil. Não vieramexperimentar a vida, não vieram conhecer, não vieram trocar ideias. Vieram, pura e simplesmente, acumular dinheiro e poder. Não os respeito. E agora muito mais, agora que me posso dedicar por inteiro à criação literária e à acção política. Sou, sem dúvida, anarquista e guevarista. Desprezo os poderes. Coloco a liberdade individual acima de tudo. Sou também algo marxista na crítica do capitalismo e nietzscheano. Defini claramente onde estou. A maioria provavelmente não me compreende. Está demasiado agarrada à máquina. Eu, felizmente, comecei a libertar-me aos 17/18 anos. A vida, a corrida que levais não faz sentido. Sempre atrás do vil metal, do estatuto, da carreira. Sempre a atropelarem-se uns aos outros. Não, mesmo que falhe, continuarei a lutar. A minha vida não faz sentido sem esta luta. Nasci para isto. Já o meu pai o dizia. Há aqueles e aquelas que se adaptam. Eu não me adaptei, eu não me converti. Não me encaixei na função. Por isso sinto esta raiva em relação àqueles que nos roubam a vida, que nos escravizam, que nos subjugam do alto da sua treta financeira. Macacos. Bárbaros. Também aqueles que os seguem. Não, eu acredito na Vida. Na vida como era no princípio. Harmoniosa, livre, autêntica. Eu acredito no milagre da vida. No amor, na criação, na poesia. Acredito no poder do pensamento, na sabedoria. Acredito que somos capazes de ser os nossos próprios deuses. Acredito que este inferno vai terminar. Acredito que não estou só, que há vozes que se juntam à minha. Acredito que é possível criar uma corrente. Mesmo que esta gente se mantenha na vidinha de sempre. Mesmo que esta gente não me acompanhe ou que eu continue a escrever para uma pequena minoria.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

A VERDADEIRA VIDA

Que conversa tendes,
De que vos rides,
Se não sabeis o que fazeis aqui?
Bebeis uns copos
Mas nem sequer
Bebeis até cair
Como os ingleses
Continuais escravos
Do dinheiro e do trabalho
Não evoluis
Vindes sempre com a mesma conversa
Parece que está sempre tudo bem
Adaptastes-vos ao sistema
Nada mais
Se não já teríeis flipado dos cornos
Como nós
Já teríeis posto esta merda em causa
Na verdade, andais às voltas
Sem saber o que quereis
Estais perdidos
Não sabeis o que é
A verdadeira vida.


quarta-feira, 3 de junho de 2015

AS CRIANÇAS QUE NÃO BRINCAM

Segundo os especialistas, as crianças de hoje têm os dias inteiros preenchidos e não têm tempo para brincar, frequentando uma escola que fomenta a competição feroz e não a curiosidade e a aprendizagem. Toda a actividade é preenchida até à exaustão. "As próprias brincadeiras são programadas, o que não ajuda nada a desenvolver a criatividade, a interacção com o outro", afirma Manuel Coutinho, psicólogo e coordenador da linha SOS Criança. A pedopsiquiatra Ana Vasconcelos alerta para as horas que as crianças passam em frente aos ecrãs que acabam por ser boicotadores porque estragam a relação com o outro. A própria escola transformou-se mais num espaço de avaliação e competição do que de aprendizagem. A escola prepara para ter boas notas, mas não para a vida. Preparar para a vida é transmitir valores, é ensinar a pensar e a reflectir.
A sociedade mercantil já é o que é. Mas se preparemos assim as nossas crianças, se não as deixamos sequer brincar, estamos a construir um mundo de robôs, de autómatos. A competição destrói o amor, a amizade, os laços afectivos que ainda nos unem. Estamos a contribuir para que as pessoas se isolem ainda mais, que se invejem umas às outras, que criem ainda mais relações de dominação. Portugal já é dos países da Europa onde as pessoas são mais infelizes. Estamos a contribuir ainda mais para o tédio, para a barbárie, para a depressão. De facto, isto tem que rebentar.