quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
A VIDA ÚNICA
Cada um de nós veio para o mundo para viver a sua vida que é única. Contudo, segundo Agostinho da Silva, o nosso sistema educacional e o sistema capitalista global impedem-no, empurrando-nos para um trabalhinho que garante o salário mensal mas que não nos proporciona a missão de criadores, de tomarmos a iniciativa, de vivermos livremente a vida. A própria universidade serve para tirar cursos, para alcançar canudos, não para formar homens e mulheres. Forma, sim, essencialmente técnicos, especialistas, homens cuja linguagem deixa de ser inteligível para outros homens. Na escola as humanidades, a filosofia, são relegadas para segundo plano, desprezando-se o questionamento e o verdadeiro debate de ideias. Reinam o caos e a confusão, apenas refreados pela moral judaico-cristã. A ignorância, a manha e o chico-espertismo são premiados. A coesão é meramente artificial. Vivemos na civilização da concorrência, do combate, da mera luta pela vida, da batalha pela sobrevivência, como na selva. Poucos mantêm a dignidade. Poucos estão conscientes. Poucos mantêm em si a criança que faz o milagre de conseguir que o tempo desapareça.
terça-feira, 29 de dezembro de 2015
A NOVA LINGUAGEM
Não falarei mais a linguagem dos partidos. Não falarei mais a linguagem da economia. Falarei como Jesus, Sócrates ou Nietzsche. Chegou a minha vez de me dirigir aos homens e às mulheres. Venho combater os mercadores e os vendilhões do templo. Mas também o homem pequeno que trepa e inveja. Amo as mulheres belas, mesmo que elas amem o ouro. Amo a liberdade e a justiça. Procuro o ser e não o ter. Todavia, vejo as pessoas separadas, fechadas em grupos, muitas isoladas. As próprias conversas normalmente não são elevadas, são triviais, corriqueiras. Está tudo cheio de medo do papão. De perder o emprego, de perder o cargo, de perder o dinheiro. As pessoas não se movimentam à vontade. Andam controladas. Só alguns escapam. E mesmo esses, algumas vezes, têm problemas de solidão ou de dinheiro. Ainda assim são homens e mulheres livres. Não obedecem a ordens nem têm patrões. Nem sequer têm nada a perder. É aqui que cheguei. Posso dizer e escrever tudo o que me apetece. Posso insultar o governo, o Presidente, os banqueiros, os empresários, os especuladores, a Merkel, o Obama. Posso gozar com esta merda toda. Posso dizer que o caos está próximo, como disse na RTP. É claro que preciso de um pouco mais de atenção, é claro que preciso de mais companheiros. No entanto, sei que digo o que poucos dizem. No entanto, sei que há forças suficientes para formar, quiçá, um novo partido ou um novo movimento. Porque sei que há gente descontente, gente que também põe em causa a linguagem dos partidos. Gente que pensa mais ou menos como eu.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
QUE REINEM DIONISOS E AS BACANTES!
A mulher dos livros apareceu e quer mesmo comprar os meus livros. Como Bukowski tenho que manter uma disciplina de escrita. E escrever estórias, nem que sejam auto-biográficas. A confeitaria está quase deserta. É Natal e o Natal nada me diz. Preciso de outro café senão morro de sono. Acordei muito cedo. A Ana tira bem os cafés, curtinhos. As mãos tremem. Têm dificuldade em segurar a chávena. Talvez acabe como o Bukowski. Pelo menos vou aparecendo nos media. Vamos ver o que dá o "Beat". Que tenho talento já não tenho dúvidas. Queria ir viver para Braga para junto daquela de que tanto gosto. Para isso precisaria que os jornais me pagassem mais. No entanto, não há dúvida de que estou no bom caminho. Mais tarde ou mais cedo a coisa vai estoirar. Sou um gajo porreiro, um tipo sincero mas também um indivíduo perigoso. Agora até tenho um jornal, "A Rebelião". Não sei, não sou como os outros. Quando começo a beber a valer quero a festa permanente, o banquete permanente, não este tédio, não esta falsa alegria. Sim, eu vou alcançar as alturas. Não me contento com mediocridades. Fui lançado para aqui pelos céus, fui abençoado. Agora compreendo. Outros, outras também o foram. Uma minoria. Essa minoria já sofreu muito. Não fomos feitos para a norma, para a ordem, para a troca. Queremos caminhar livres. Queremos dançar. O dia é nosso. A noite é nossa. Evoé! Que reinem Dionisos e as bacantes!
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
A LAVAGEM CEREBRAL
Segundo Erich Fromm, existem métodos de lavagem cerebral na publicidade comercial, industrial e política. Graças a esses métodos compramos coisas que não necessitamos e elegemos políticos que não queremos. O que é pior é que a grande maioria de nós não é senhora da sua mente devido a métodos hipnóides empregues para nos doutrinar. Esses métodos hipnóticos utilizados na propaganda comercial e política constituem um grave perigo para a saúde mental, nomeadamente para o pensamento claro e crítico, bem como para a independência emocional. Trata-se de um fenómeno imbecilizante.
A própria informação, na melhor das hipóteses, refere-se apenas à superfície dos acontecimentos, e raras vezes dá aos cidadãos uma oportunidade de ir além da superfície e de identificar as causas profundas dos factos. A venda de notícias é encarada como um negócio como qualquer outro. Ou seja, estamos perante um sistema fascista que nos controla e estupidifica e poucos têm consciência disso. Tudo é feito no sentido de nos formatar e de nos fazer a cabeça. Permitem-nos beber uns copos, assistir a uns espectáculos, ir a umas festas mas logo voltamos à máquina. Por outro lado, as pessoas sentem-se cada vez mais deprimidas. Sentem o isolamento, a impotência, a vida vazia do consumo e da futilidade, a falta de sentido da vida. É preciso ser, dar, participar e compreender em vez de andar atrás do lucro, do poder, do sucesso. É necessário ler, estudar, desfrutar, procurar, descobrir, amar em vez de competir e lutar. É necessária uma "religiosidade" sem religião que vai de Buda a Marx mas é necessário também um grande grito, um grito que acorde aqueles que estão doentes, que parecem mortos, é necessário um grito profético que derrube muros e muralhas porque, de facto, estamos quase perdidos como espécie.
sábado, 19 de dezembro de 2015
O AQUI E AGORA
Contrariamente ao que possa parecer, as pessoas essencialmente movidas pela avidez de dinheiro ou posses são basicamente doentes, segundo Spinoza. Ora, a sociedade capitalista é uma sociedade doente, onde o sucesso depende do modo como as pessoas se vendem bem no mercado, do modo como impõem a sua personalidade. Depende do facto de serem joviais, sadias, agressivas, ambiciosas ou "honestas". Ao vender a sua personalidade, o ser humano sente-se e é uma mercadoria, sendo, ao mesmo tempo, o vendedor e a mercadoria a ser vendida. A pessoa desinteressa-se pela sua vida e felicidade, preocupando-se apenas em ser vendável. As questões filosóficas ou associadas ao sentido da vida não constituem preocupação para essas pessoas. Eis a podridão a que chegámos. Podridão e doença. Afinal, os loucos, os inadaptados é que estão perfeitamente sãos. Afinal, o que importa é o ser, o aqui e o agora. De acordo com Erich Fromm, redigir as ideias dá-se no tempo mas concebê-las é um acto criativo intemporal. A experiência do amor, da alegria, da apreensão da verdade, não ocorre no tempo, mas aqui e agora. O aqui e agora é eternidade.
Na sociedade mercantil o tempo reina. Cada acto tem que ser rigorosamente cronometrado. Além disso, o tempo é também dinheiro. Mais terrível ainda: os nossos valores superiores ainda estão associados à masculinidade- ser mais forte do que os outros, sair vitorioso, conquistar outros povos e explorá-los. Para Aristóteles, pelo contrário, a mais elevada forma de práxis, de actividade, é a vida contemplativa, dedicada à procura da verdade. Daí que tenhamos que virar este mundo de pernas para o ar. Acabar com toda a alienação, com toda a lavagem ao cérebro, com toda a publicidade. Isto precisa mesmo de uma limpeza geral. Ousemos. Provoquemos. Desafiemos. Derrubemos todos os poderes.
Na sociedade mercantil o tempo reina. Cada acto tem que ser rigorosamente cronometrado. Além disso, o tempo é também dinheiro. Mais terrível ainda: os nossos valores superiores ainda estão associados à masculinidade- ser mais forte do que os outros, sair vitorioso, conquistar outros povos e explorá-los. Para Aristóteles, pelo contrário, a mais elevada forma de práxis, de actividade, é a vida contemplativa, dedicada à procura da verdade. Daí que tenhamos que virar este mundo de pernas para o ar. Acabar com toda a alienação, com toda a lavagem ao cérebro, com toda a publicidade. Isto precisa mesmo de uma limpeza geral. Ousemos. Provoquemos. Desafiemos. Derrubemos todos os poderes.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
ESTA NOITE CRESCI 1000 ANOS
Esta noite cresci 1000 anos. Damásio indicou-me a imortalidade. Ceei com Zeus e Afrodite. Nunca mais serei o mesmo. Combati ao lado de Aquiles e Ulisses. Amo os meus companheiros e as minhas companheiras. Pernoito na casa da amada. Aguardo pelo dia. Nunca mais é dia. Prossigo o poema. Braga, rua Nova de Santa Cruz, 195, 2º, dezembro de 1995. 20 anos. A minha casa. A casa onde amei. Eram sonhos, era a vida. Agora estou aqui. Renascido. Pleno de vida. Com iluminações, vozes e fantasmas. As pessoas olham-me. Tantas noites, tantas vidas. Ácidos e mescalina. A chuva bate. Nunca mais é dia. Sou o mais louco dos homens. Possuo também a sabedoria. A sabedoria selvagem e a sabedoria olímpica. Estive muito tempo calado, a ouvir os outros. Aprendi muito ao balcão a beber cervejas. Agora estou curado.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
A REVOLUÇÃO POR SI MESMA
Segundo Simone de Beauvoir, o revolucionário "quer a revolução por si mesma, procura através dela a afirmação da sua liberdade e da sua transcendência". Não procura somente o dia a seguir à revolução. O homem é o único soberano e senhor do seu destino, mas apenas se quiser sê-lo. De facto, nós procuramos o orgasmo da revolução, o aniquilamento dos poderes, a festa. E queremos ser senhores do nosso destino, das nossas vidas, não queremos entregá-las aos senhores do dinheiro, aos políticos castradores, aos especuladores, aos senhores dos media e da lavagem ao cérebro. Por isso caminhamos livres, sem obrigações nem chefes, por isso dizemos e escrevemos o que nos dá na real gana, por isso não temos medo. E prosseguimos a viagem a incomodar, a provocar, a insultar os chacais, os abutres e os carneiros. Por isso somos loucos divinos. E amamos.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
MANIFESTO ANTI-MARCELO
O Marcelo é telegénico
o Marcelo é fotogénico
o Marcelo é papel higiénico
o Marcelo é um comunicador
o Marcelo é fotogénico
o Marcelo é papel higiénico
o Marcelo é um comunicador
O Marcelo sabe muito
o Marcelo fala de tudo
o Marcelo é professor
o Marcelo fala de tudo
o Marcelo é professor
O Marcelo é um fala-barato
o Marcelo é um porco aquático
o Marcelo é um encantador
o Marcelo é um porco aquático
o Marcelo é um encantador
O Marcelo é um demagogo
o Marcelo engana o povo
o Marcelo está no polvo
o Marcelo é um engraxador
o Marcelo engana o povo
o Marcelo está no polvo
o Marcelo é um engraxador
O Marcelo é janota
o Marcelo veste fatiota
o Marcelo é cor-de-rosa
o Marcelo é um estupor
o Marcelo veste fatiota
o Marcelo é cor-de-rosa
o Marcelo é um estupor
O Marcelo lidera as sondagens
o Marcelo cuida das imagens
o Marcelo dá palpites
o Marcelo tem apetites
o Marcelo é hiperactivo
o Marcelo é radioactivo
o Marcelo é tóxico
o Marcelo é veneno
morra o Marcelo
morra, pim!
o Marcelo cuida das imagens
o Marcelo dá palpites
o Marcelo tem apetites
o Marcelo é hiperactivo
o Marcelo é radioactivo
o Marcelo é tóxico
o Marcelo é veneno
morra o Marcelo
morra, pim!
O Marcelo julga que tem piada
o Marcelo é uma anedota
o Marcelo dá-se com os patrões
o Marcelo dá-se com os senhores dos milhões
o Marcelo anda aos trambolhões
o Marcelo é um cota
o Marcelo é um idiota
morra o Marcelo
morra, pim!
o Marcelo é uma anedota
o Marcelo dá-se com os patrões
o Marcelo dá-se com os senhores dos milhões
o Marcelo anda aos trambolhões
o Marcelo é um cota
o Marcelo é um idiota
morra o Marcelo
morra, pim!
O Marcelo já se julga presidente
o Marcelo está demente
o Marcelo mente
o Marcelo esbraceja
o Marcelo cacareja
o Marcelo é um telemóvel
o Marcelo é um automóvel
o Marcelo é o que faço dele.
o Marcelo está demente
o Marcelo mente
o Marcelo esbraceja
o Marcelo cacareja
o Marcelo é um telemóvel
o Marcelo é um automóvel
o Marcelo é o que faço dele.
O Marcelo é uma foca
O Marcelo é uma fofoca
o Marcelo vai ao "Big Brother"
pregar aos imbecis
o Marcelo é marmelo
o Marcelo é martelo
o Marcelo é caramelo
o Marcelo não serve
o Marcelo não presta
morra o Marcelo
morra, pim!
O Marcelo é uma fofoca
o Marcelo vai ao "Big Brother"
pregar aos imbecis
o Marcelo é marmelo
o Marcelo é martelo
o Marcelo é caramelo
o Marcelo não serve
o Marcelo não presta
morra o Marcelo
morra, pim!
A HUMANIDADE EM PERIGO
A Humanidade e a Terra estão em perigo. A quantidade de emissões de dióxido de carbono (CO2) até agora lançadas na atmosfera, que corresponde a um aumento de 0,85 º C é suficiente para fazer derreter metade das calotes polares do Ártico e causar cada vez mais secas extremas, inundações dramáticas e tempestades terríveis, ou seja, grandes catástrofes naturais. Segundo o teólogo Leonardo Boff, as sociedades mundiais continuam obcecadas pelo ideal do crescimento ilimitado, medido pelo PIB. Falam em desenvolvimento, mas na verdade o que buscam é o crescimento material. Para Michael Lowy, co-fundador do eco-socialismo: "é evidente que a corrida louca atrás do lucro, a lógica produtivista e mercantil da civilização capitalista/industrial leva-nos a um desastre ecológico de proporções incalculáveis. A dinâmica do crescimento infinito, induzida pela expansão capitalista, ameaça destruir os fundamentos da vida humana no planeta". A questão central não está, como viu o Papa Francisco, na relação entre crescimento e natureza. Mas entre ser humano e natureza. Este não se sente parte da natureza, mas seu dono, que pode dispor dela como quiser. Não cuida dela nem se responsabiliza pelos danos da voracidade de um crescimento infinito com o consumo ilimitado que o acompanha. Assim caminha célere rumo a um abismo, pois a Terra não suporta mais tanta exploração e devastação. Como na Cimeira do Clima em Paris não foram tomadas medidas drásticas, dados os interesses instalados, os próximos 20 ou 30 anos poderão ser caóticos.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
NADA NOS VAI PARAR
Os tempos são mesmo de caos e barbárie. A extrema-direita de Marine Le Pen venceu as eleições regionais francesas. O fascismo contra o diferente, contra os imigrantes, contra os refugiados ganha terreno. Os chacais nazis cerram os dentes. Na Venezuela a revolução do comandante Hugo Chávez e de Maduro perde terreno para a máfia capitalista. É uma guerra esta que travamos. Entre a vida e a morte. Entre o socialismo e a direita trauliteira e fascista. Entre a castração e a liberdade. Entre a manha e a justiça. Não cederemos. O mundo é nosso. Usaremos o caos a nosso favor. Já lá estivemos várias vezes. Não suportamos mais estes gajos. Não suportamos mais as suas fortunas, os seus bancos, as suas empresas. Vimos de outros mundos. Nascemos sob a tal estrela. Seguiremos Chávez , Fidel e o Che mas também Bakunine e Kropotkine. Estivemos muito tempo calados. Agora é a nossa hora. Tomaremos as ruas e as praças. Ocuparemos bancos, palácios e assembleias. Empurrá-los-emos para fora da vida, a esses imbecis endinheirados. Um novo mundo nascerá. Um mundo de amor, liberdade e celebração. Sim, nós somos os primeiros homens. Nós nascemos para criar e transformar. Do caos nascerá a luz. Nós amamos loucamente as mulheres belas. Nada temos a ver com a ditadura tecnológica. Renegamos o império financeiro e mediático. Não suportamos o consumismo do Natal e o consumismo em geral. Sim, vimos de longe. Descemos a montanha com Zaratustra. Viemos para junto dos homens. Uns amam-nos, outros odeiam-nos. Temos que nos habituar a isso. Como Sócrates, como Jesus. Começamos a ganhar fama. Aqui em Braga. A nossa cidade. A cidade onde crescemos. Onde conhecemos a noite e a mulher. Aqui reinamos. Aqui somos soberanos. Agora nada nos vai parar.
segunda-feira, 30 de novembro de 2015
POETA BÊBADO
Merda de álcool que me envenenas
estive com a Fernanda
e não paro de beber
bebo se estou triste
bebo se estou alegre
vai ser assim até morrer
bebo se estou triste
bebo se estou alegre
vai ser assim até morrer
bebo
vou de bar em bar
o fígado aguenta
as gajas falam
preciso de uma mulher
mas não de uma qualquer
vou de bar em bar
o fígado aguenta
as gajas falam
preciso de uma mulher
mas não de uma qualquer
saí do partido
sou anarquista
poeta bêbado
candidato a Presidente
agora estou no Aduela
nunca escrevi aqui
já merecia uma estátua
vão-se lá foder
sou anarquista
poeta bêbado
candidato a Presidente
agora estou no Aduela
nunca escrevi aqui
já merecia uma estátua
vão-se lá foder
bebo porque quero
porque não os suporto
nem ao proletariado
nem ao comité central
afinal até descendo
de um rei
mas isso não me adianta
a ponta de um corno
reino nesta cidade
reino porque bebo
reino porque sou louco
Hamlet
Quixote
Zaratustra a bradar
a diferença é que a minha escrita
é automática,
senhores
não preciso de emendas
só de copos
e de empregados a servir
o senhor
mesmo que este pague
não quero educar
a classe operária!
A classe operária
nada me diz
os sem-abrigo sim
ao frio, nas ruas
a Fernanda sabe muitas coisas
falou do amor infinito
do amor universal
e eu fiquei siderado a olhar
preciso mesmo de uma mulher
mas não de uma qualquer
bebo a isso
bebo a tudo
é só fazer rolar o marfim
o amor está no fim
"o fim,
amigo querido,
o fim,
amigo único,
nunca mais te olharei
nos olhos
custa-me deixar-te
mas tu nunca me seguirias"
Morrison está aqui
e eu sou a estrela
a puta do rock n' roll
não tenho realmente limites
sou doido, querida
nada há a fazer
ride-vos
pensais estar na maior
mas o caos está à porta
o caos aperta
o caos dança
dancemos pois
o apocalipse
apocalipse now
Marlon Brando
xamã
porque não os suporto
nem ao proletariado
nem ao comité central
afinal até descendo
de um rei
mas isso não me adianta
a ponta de um corno
reino nesta cidade
reino porque bebo
reino porque sou louco
Hamlet
Quixote
Zaratustra a bradar
a diferença é que a minha escrita
é automática,
senhores
não preciso de emendas
só de copos
e de empregados a servir
o senhor
mesmo que este pague
não quero educar
a classe operária!
A classe operária
nada me diz
os sem-abrigo sim
ao frio, nas ruas
a Fernanda sabe muitas coisas
falou do amor infinito
do amor universal
e eu fiquei siderado a olhar
preciso mesmo de uma mulher
mas não de uma qualquer
bebo a isso
bebo a tudo
é só fazer rolar o marfim
o amor está no fim
"o fim,
amigo querido,
o fim,
amigo único,
nunca mais te olharei
nos olhos
custa-me deixar-te
mas tu nunca me seguirias"
Morrison está aqui
e eu sou a estrela
a puta do rock n' roll
não tenho realmente limites
sou doido, querida
nada há a fazer
ride-vos
pensais estar na maior
mas o caos está à porta
o caos aperta
o caos dança
dancemos pois
o apocalipse
apocalipse now
Marlon Brando
xamã
estes gajos não percebem nada de nada
é a revolução
a puta da revolução
ardei pois
rebentai pois
a hora está a chegar
vós bebeis copos
eu bebo copos
não sabeis o que se está
a passar
o Che está aqui
Bakunine está aqui
dancemos pois
this is the beggining
of a new age
cantou Lou Reed
Take a walk on the wild side
nem do bom rock n' roll
vos lembrais?
Ai, eu canto
ai, eu sou supremo
ai, Arnaldo
como te gozo
a ti e ao teu proletariado
eh!Eh!Eh!Eh!Eh!Eh!
Agora a estrela sou eu
Virgínia
Gotucha
a estrela sou eu
e como a pena é poderosa
vale por mil armas
money
get back
i'm all right, jack
keep your hands
off my stack
Pink Floyd
Roger Waters
1984
não sabeis o que eu sei
não sou de Deus nem de Alá
mato a jihad mato americanos
como criancinhas
ao pequeno-almoço
ai, Maria
sou tão louco
tão louco
para esta gente
ainda vos ris
das prendas de Natal
dos telemóveis
da puta que vos pariu
estou como Charles Bukowski
e estou-me nas tintas
para os vossos risinhos idiotas
é tempo de combater
de pegar em armas
é a revolução
a puta da revolução
ardei pois
rebentai pois
a hora está a chegar
vós bebeis copos
eu bebo copos
não sabeis o que se está
a passar
o Che está aqui
Bakunine está aqui
dancemos pois
this is the beggining
of a new age
cantou Lou Reed
Take a walk on the wild side
nem do bom rock n' roll
vos lembrais?
Ai, eu canto
ai, eu sou supremo
ai, Arnaldo
como te gozo
a ti e ao teu proletariado
eh!Eh!Eh!Eh!Eh!Eh!
Agora a estrela sou eu
Virgínia
Gotucha
a estrela sou eu
e como a pena é poderosa
vale por mil armas
money
get back
i'm all right, jack
keep your hands
off my stack
Pink Floyd
Roger Waters
1984
não sabeis o que eu sei
não sou de Deus nem de Alá
mato a jihad mato americanos
como criancinhas
ao pequeno-almoço
ai, Maria
sou tão louco
tão louco
para esta gente
ainda vos ris
das prendas de Natal
dos telemóveis
da puta que vos pariu
estou como Charles Bukowski
e estou-me nas tintas
para os vossos risinhos idiotas
é tempo de combater
de pegar em armas
as gajas chegam
sentam-se
não me conhecem
sou o António Pedro Ribeiro,
47 anos,
poeta maldito,
ando por aqui
sei umas coisas
aprendi-as com o meu pai
com a minha mãe
mas também na rua
nos cafés
nos bares
no palco
e agora estou aqui
bebo
gosto de beber
como tu, Jaime
como tu, Pacheco
como tu, Joaquim
como tu, Alberto
somos assim
não somos como os outros
temos a ternura
mas também a manha
o rien-faire destes gajos irrita-me
a indiferença destes gajos
irrita-me de morte
põe Doors
põe Led Zeppelin
estou farto destes merdas
no Candelabro oferecem-me cervejas
sou a estrela
e estes gajos não me ligam
vão pagá-las
uma a uma
é o hedonismo
sem mais nada
filhos da puta
nada dizeis de jeito
nada que eleve
como a Fernanda.
sentam-se
não me conhecem
sou o António Pedro Ribeiro,
47 anos,
poeta maldito,
ando por aqui
sei umas coisas
aprendi-as com o meu pai
com a minha mãe
mas também na rua
nos cafés
nos bares
no palco
e agora estou aqui
bebo
gosto de beber
como tu, Jaime
como tu, Pacheco
como tu, Joaquim
como tu, Alberto
somos assim
não somos como os outros
temos a ternura
mas também a manha
o rien-faire destes gajos irrita-me
a indiferença destes gajos
irrita-me de morte
põe Doors
põe Led Zeppelin
estou farto destes merdas
no Candelabro oferecem-me cervejas
sou a estrela
e estes gajos não me ligam
vão pagá-las
uma a uma
é o hedonismo
sem mais nada
filhos da puta
nada dizeis de jeito
nada que eleve
como a Fernanda.
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
CAMELOT
O reconhecimento. Algum narcisismo, confesso. Mas se não fosse narcisista já teria dado um tiro nos cornos. Já estive na merda várias vezes, meses seguidos no inferno da depressão. Agora é a minha vez de reinar. Sou candidato anti-capitalista à presidência da República. Sou anarquista-guevarista-nietzscheano. Isso não me impede de passar noites de bar em bar, de copo em copo. Venho de Henry Miller, de Jim Morrison, de Charles Bukowski. As pessoas olham para mim porque sou diferente. Não sou escravo do trabalho nem das horas. Escolhi a vida que quis. Falta-me a mulher amada. Falta-me a revolução concretizada. No entanto, sinto-a próxima. O capitalismo está num caos por causa dos atentados dos fanáticos de Alá e da barbárie interna. As pessoas não sabem o que querem. Falam de futilidades. Não se calam. Pobres vidas. Anda um gajo em busca da glória e esta gente contenta-se com telemóveis, televisão, dinheiro e sobrevivência. Sim, estou na estrada de Camelot, de Artur, do Santo Graal. Não como desse pão!, como disse Péret. Estive muito tempo calado, a ouvir os outros, agora é a minha vez de me dirigir ao mundo. Agora o mundo é meu, nada está acima de mim nem da minha vontade. Sou deus de mim e da minha vida, como afirma Max Stirner. Sou único, sou soberano. As palavras saem livres, soltas. Sou aquele que dança. Dionisos a Presidente. E mulheres, muitas mulheres, mulheres belas, as minhas bacantes. Não, este mundo não me agrada. Eu sou da celebração do lagarto, do banquete permanente, da criação. "A estrada do excesso conduz ao palácio da sabedoria", já dizia William Blake. Não sou sequer deste tempo, deste século, venho de Camelot, de Elsenor, da Grécia Antiga. Amo-vos mas tenho pena de vós.
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
MAGOS, POETAS
Queria transmitir o que sei aos mais novos. Mas raramente estou com eles. Nem sei bem o que eles pensam. Queria transmitir-lhes que esta via não é única nem irreversível. Que, dentro de nós, existem forças maravilhosas, forças que nos elevam, que fazem de nós poetas, magos, criadores. Que o mundo de todos os dias, das obrigações, do trabalho não é o único. Pelo menos alguns de nós somos capazes de superar esse mundo porque somos enviados dos céus e podemos construir o céu na terra. Temos capacidades mentais prodigiosas. Não as desperdicemos.
terça-feira, 17 de novembro de 2015
NEM JIADISMO NEM CAPITALISMO
Nem jiadismo nem capitalismo. Condenamos os atentados de Paris, condenamos os carniceiros de Alá mas também condenamos um complexo mediático "que manipula sistematicamente as consciências, mantendo a população numa condição de passiva inconsciência", como afirma Herbert Marcuse. Condenamos também os bombardeamentos franceses na Síria que matam inocentes, tal como condenamos os bombardeamentos americanos e ocidentais no Iraque e no Afeganistão, bem como os bombardeamentos israelitas sobre os palestinianos. Condenamos a sociedade de consumo e da opulência que aspira por aparelhos de televisão, computadores e telemóveis cada vez mais eficientes, por automóveis cada vez mais velozes e sofisticados, por este ou aquele conforto. Nada queremos com essa merda! Nada queremos, como dizia André Breton, com este "monstruoso sistema de fome e escravidão". Nada queremos com uma sociedade que castra o desejo e a própria vida. Não temos que defender uma sociedade que, ao contrário do que pregam Hollande, Obama ou Cameron, já não é a da liberdade, igualdade e fraternidade. A revolução prepara-se, apenas, retomando a expressão de Trotsky, para "conquistar para todos os homens direito, não apenas ao pão, mas também à poesia".
domingo, 15 de novembro de 2015
COMPRAM. VENDEM-SE.
Eles andam por aí como macacos. Saúdam-se, cumprimentam-se. Dizem umas graçolas. Compram e vendem. Assim existem. Não lêem. Não evoluem. Repetem os dias, os comportamentos, as ideias. Reproduzem as ideias que lhes vendem. Não têm pensamento próprio. Macaqueiam. Arrastam-se. Pagam. Compram. Vendem. Mexem no dinheiro. Propagam a espécie. Reproduzem-se. Passam o Natal, a Páscoa, o Ano Novo. Falam. Conversam. Mexem no telemóvel. Comem. Bebem. Mijam. Cagam. Dormem. Fodem. Compram. Vendem.
sábado, 14 de novembro de 2015
A EXTREMA-ESQUERDA CONTRA A EXTREMA-DIREITA
"Depenai os ricos, fazei-os pagar por toda a gente."
É uma guerra da extrema-esquerda contra a extrema-direita. O centro tende a desaparecer. Em França tende a ganhar, para já, a extrema-direita por causa dos atentados e dos refugiados. Em Portugal há as tendências ou correntes revolucionárias no Bloco de Esquerda e no PCP, há o MAS, há o MRPP, há os anarquistas. Em Espanha há o Podemos, a Esquerda Unida, a CUP independentista na Catalunha e outros grupos revolucionários. Na Grécia há facções do Syriza, há Varoufakis, há o partido comunista, há grupos revolucionários, há dissidentes do Syriza, há anarquistas. O que é certo é que as posições anticapitalistas, contra uma sociedade que não serve, que não traz a felicidade nem a liberdade se tendem a extremar. No Japão, o partido comunista já é o segundo partido. Por outro lado, há os bárbaros do Estado Islâmico, que foram armados pelos americanos e pelos ocidentais e que são consequência das guerras do Iraque e do Afeganistão. Nada justifica os seus actos hediondos. Contudo, o ocidente, Israel e sobretudo os Estados Unidos também têm as mãos manchadas de sangue, além de diariamente matarem milhares à fome e de tédio. Estamos numa nova Idade Média, numas novas cruzadas e contra-cruzadas, apesar de todo o aparato tecnológico. A extrema-direita não está só em Marine Le Pen, está nos senhores do dinheiro e do poder, naqueles que nadam em milhões enquanto os outros morrem e sofrem, naqueles que vendem pai e mãe na busca embriagada do lucro, naqueles que não são sequer humanos, tal como os fanáticos de Alá. Por isso urge a revolta. Aliás, com esta "vida" de falso sossego, de falso conforto, de prisioneiros da ordem, o que temos a perder? Como disse: é a extrema-esquerda contra a extrema-direita.
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
CANDIDATURA DE ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
CANDIDATURA DO POETA ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO À
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
António Pedro Ribeiro é candidato à Presidência
da República. António Pedro de Basto e Vasconcelos Ribeiro da Silva nasceu no
Porto em Maio de 1968 e viveu em Braga, Trofa e Porto, residindo actualmente em
Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). Poeta, escritor, diseur e cronista é
licenciado em Sociologia pela Faculdade de Letras do Porto e foi jornalista.
Publicou 13 livros entre os quais “Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro”,
“Queimai o Dinheiro”, “Fora da Lei”, “Café Paraíso”, “O Caos às Portas da
Ilha”, “Um Poeta a Mijar”e “Á Mesa do Homem Só”. Foi fundador da revista
literária “Aguasfurtadas” e é ou foi colaborador das revistas “Piolho”,
“Flanzine”, “Estúpida” ou “Portuguesia”. É militante do PCTP/MRPP, tendo sido
mandatário distrital pelo Porto nas recentes eleições legislativas de Outubro e
candidato à presidência da Câmara da Póvoa de Varzim em 2013 por aquele
partido. Anteriormente havia sido candidato às Juntas de Freguesia de Vila de
Conde e da Póvoa de Varzim pelo Bloco de Esquerda em 2001 e 2005 e candidato a
deputado pelo PSR nas listas de Braga em 1991 e 1995. Foi dirigente associativo
e activista estudantil. Actuou como diseur e performer no Festival de Paredes
de Coura e nas “Quintas de Leitura” do Teatro Campo Alegre no Porto. Diz e
disse regularmente poesia nos bares Pinguim, Púcaros e Olimpo no Porto e Pátio
em Vila do Conde. Mantém, com Luís Beirão, a rubrica “Poesia de Choque” na Casa
da Madeira no Porto.
MANIFESTO PRESIDENCIAL
A queda do governo fascista Passos Coelho/
Paulo Portas e a provável emergência de um governo de esquerda liderado por
António Costa abrem novas perspectivas. Com efeito, a reposição dos salários e
das pensões, a anulação da privatização da TAP e dos transportes de Lisboa e
Porto, o aumento do salário mínimo e uma sensibilidade social antes inexistente
que comporta políticas voltadas para o combate à pobreza, ao trabalho precário
e ao desemprego consubstanciam uma viragem histórica nas relações entre as
esquerdas em Portugal. É preciso também derrotar o candidato presidencial
fala-barato e ao serviço dos grandes negócios Marcelo Rebelo de Sousa. O
capitalismo, infelizmente, continua bem vivo:
O homem está a ser assassinado. Está a ser
castrado pela finança, pelos mercados, pelos políticos ao seu serviço. É
obrigado a lutar na arena, a disputar uma corrida, uma guerra com os seus
semelhantes em busca do emprego, do cargo, do estatuto. As pessoas atropelam-se
umas às outras sob a lei do dinheiro e do mercado. Aparentemente existe uma
certa paz, uma certa harmonia mas, ao fim e ao cabo, reinam o caos e a
barbárie. O homem é reduzido a um número, a uma coisa, a uma mercadoria. As relações humanas são cada vez mais
superficiais e mecânicas. Estamos cada vez mais sós e deprimidos. A sociedade
capitalista só traz infelicidade. É a lei do mais forte, do mais matreiro, do
mais sacana. As próprias relações de amor e de amizade são postas em causa. É a
esquizofrenia. Os donos das grandes multinacionais, dos bancos, das bolsas, dos
impérios controlam-nos e lavam-nos o cérebro. Os senhores do dinheiro nadam em
milhões e exploram, enquanto outros contam os trocos e outros vegetam na
miséria. Não é justo. Não é humano. Não é digno. Não pode haver seres humanos
de primeira e de segunda. Trabalha-se mais horas em vez de menos. Há menos
tempo para o encontro, para o ser humano dispor de si, para a alegria. O lazer
é cada vez mais consumismo. Os jovens estão confusos, não sabem a que valores
se agarrar, são empurrados para o safanço, para o sucesso a qualquer preço, por
exemplo em concursos de talentos. A televisão atira-nos pimbalhadas, programas
da tarde sentimentalóides e imbecis. É o "Big Brother" de Orwell.
Sim, podemos deslocar-nos, vir até ao café, ler, conversar, mas há sempre algo
que nos condiciona. Sejam as directivas de Bruxelas ou do imperialismo alemão,
sejam os humores dos mercados e da corja financeira, seja esta maldita máquina,
a que só alguns escapam, que reprime os nossos impulsos, as nossas forças vitais,
a nossa liberdade. Revoltemo-nos, pois.
quarta-feira, 11 de novembro de 2015
O PASSOS CAIU
O governo Passos/Portas caiu. Finalmente. É tempo de festejar. De sair à rua. Os fascistas e os ultra-liberais foram derrotados. Em princípio teremos o governo de esquerda ou o governo PS com o apoio da esquerda. Não deixam de ser tempos históricos estes. São barreiras que se quebram. Quanto a mim, sou colocado num estudo de Nelson de Oliveira no Brasil ao lado de nomes como Valter Hugo Mãe, Gonçalo M. Tavares, José Luís Peixoto ou Adília Lopes. As coisas rolam. O poeta maldito que vai aos bares vomitar poesia. De facto, cometi os meus erros mas concluo que, ao longo destes anos, fui tendo razão. Falta-me ter uma coluna num jornal aqui de Braga, ser lido por esta gente boa aqui n' "A Brasileira". Sim, efectivamente as minhas ideias hoje fazem todo o sentido. Sou marxista libertário. Merda. O Passos caiu. Vamos festejar, Gotucha. Dançar noite fora. Aqui em Braga reino. As pessoas são amáveis, vivas. As miúdas são bonitas. Espero a Gotucha. Bebo. Chamo o Marques. Sou poeta. Poeta-vidente, segundo diz o Nelson de Oliveira. Ando à solta. Tantas noites. Tantas vidas. As lojas lá fora. O Passos caiu. Apetece-me celebrar. O país está em chamas. Tanto tempo à procura. Tanto tempo, loucura. "Queimai o Dinheiro" é um marco. "Queimai o Dinheiro" é um livro satírico, profético, que fala de sexo e de revolta. Em certa medida, os dois próximos livros voltam um pouco lá. Tenho de agradecer ao Ricardo e à Adriana, à Corpos. Hoje estou feliz aqui em Braga n' "A Brasileira". Que é feito de ti, Fátima? Que é feito das duas Fátimas? Nunca mais as vi. Não há dúvida que me começo a sentir mais solto. Não há dúvida que começo a sentir mais poder. O poder está na rua. Reclamemos a vida...agora! É em Braga que vai nascer a revolução. Acabaram-se os espartilhos. Acabou-se a castração. Agora somos livres, Gotucha. Podemos dançar noite fora. Celebremos com Dionisos e com as bacantes. Ah, Jaime, ah, Pacheco, se estivesses aqui a beber à minha mesa! Ah! Eles começam a tremer. Ah! Olha as mulheres belas. Podem ser nossas. Não são mais dos gajos da nota. Ah, como reino. Ah, como rio. Ah, como sou tão louco. Ah, como tudo é meu. Sim, posso recomeçar a abusar. E eu vou abusar. Não há limites. Vem aí a puta da revolução, senhores. Isto vai arder a sério. E eu vou gozar. Ah, se vou gozar. O Passos caiu. O reino está próximo.
sexta-feira, 6 de novembro de 2015
A DITADURA
Para o grego antigo, o homem é inseparável do cidadão. A reflexão é o privilégio dos homens livres que exercem a sua razão e os seus direitos cívicos. É isso que falta: cidadania. Só existe no momento no voto (e ainda assim...). De resto, os financeiros e os capitalistas acumulam, a TV imbeciliza, os políticos e os comentadores ao serviço da máquina ocupam o espaço todo. O cidadão comum é reduzido à esfera privada, às suas contas, aos seus negócios, à sua vidinha. Não existe nenhuma ágora. A maior parte das pessoas nem sequer discute política, a vida pública no café. Poucos têm consciência política e mesmo esses têm poucas hipóteses de a manifestar publicamente. Reina uma ditadura. Reinam também o caos, o confusionismo, as coisas misturam-se propositadamente sem qualquer lógica. Poucos mantêm convicções fortes. A máquina de lavar os cérebros avança todos os dias. Rareia a discussão filosófica, o diálogo sobre a polis, sobre a cidade a construir. As frustrações afogam-se no álcool. Não há democracia. Resta o homem só à mesa.
terça-feira, 3 de novembro de 2015
DA GANÂNCIA E DA RIQUEZA
"Aqueles que hoje mais têm, cobiçam o dobro. A riqueza torna-se no homem loucura", dizia Teógnis, na Grécia antiga. Quem tem quer ter ainda mais. A riqueza acaba por não ter outro objectivo senão ela própria; feita para satisfazer as necessidades da vida, simples meio de subsistência, passa a constituir o seu próprio fim, coloca-se como necessidade universal, insaciável, ilimitada, que nunca poderá ser satisfeita, acrescenta Jean-Pierre Vernant. É o desejo de possuir mais do que os outros, mais do que a parte que lhe cabe, de possuir a totalidade. É esta ganância que domina as relações de hoje, que nos torna ferozes competidores, em vez de cooperadores. É esta ganância que destrói o amor e a amizade. Que faz com que uns sejam escravos dos outros. Que traz a depressão, a infelicidade. Um mundo assim não serve. Perdemos a vida, perdemos a humanidade.
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
QUEREMOS O MUNDO...AGORA!
A juventude de hoje já não ouve os Doors. O grito de Jim Morrison contra a autoridade, contra a repressão, contra a castração já não se faz ouvir. A grande maioria dos jovens ou estão confundidos pelas novas tecnologias e pela ausência de valores ou estão deprimidos ou então adaptam-se ao sistema, ou seja, ao salve-se quem puder. Não se apercebem de que, como Morrison dizia, estão a espetar a cara na lama, estão a fazer o que os capitalistas lhes mandam fazer. As populações, e particularmente os jovens, são programados para obedecer, para se sacrificarem, não tiram gozo da vida. Além do mais, não exploram as riquezas da sua alma, da sua mente no sentido da criação e da construção. Daí que na escola muitos jovens não se interessem pelos estudos. Porque, de facto, o império da finança e dos mercados transformou esta vida numa vida desinteressante, vazia. E o grito de Morrison: "Queremos o mundo e queremo-lo agora!" torna-se cada vez mais urgente, vital. Porque o mundo e a vida são nossos, não deles. Porque ninguém nos pode expulsar da vida. Porque eles não têm o direito de destruir a vida. Porque nós nascemos livres e tudo deveria ser livre e gratuito. Porque eles não passam de uns palhaços endinheirados.
domingo, 25 de outubro de 2015
BORRACHEIRA
Ontem apanhei uma borracheira das antigas. Cada vez me identifico mais contigo, Charles Bukowski. Sinto-me superior a tudo isto. No fundo, sou uma espécie de rei. As gajas excitam-me. E que importa se beber mais uma? Vou gastando o cacau em livros e em copos. Também o que esperavam de um poeta maldito? Que esperavam que eu dissesse deste mundo burguês, capitalista? Que não o amaldiçoasse? Que não o insultasse? Merda, de facto, estou para além. Nada tenho a ver com a vidinha. Sou de Quixote e de Guevara. Bebo porque não aguento esta pasmaceira. Bebo porque procuro o outro lado. Estou no Ceuta, à mesa, como Pessoa. Gosto de permanecer em certos cafés como o Piolho, como o Ceuta. Aqui leio, escrevo, encontro-me, faço a minha vida. Encanta-me a mulher que passa. Persigo a verdadeira vida. Não aquela que nos vendem. Efectivamente, fui abandonando o rebanho. Definitivamente. Tenho horror à "felicidade da maioria". Sou dos malditos. Nem sequer sou daqueles esquerdistas direitinhos. Não suporto esta "realidade". Estou sozinho no Ceuta. A música vem da TV. Aguardo as amigas. Os praxistas berram.
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
AS MENINAS NÃO VÊM
As meninas não vêm
o poeta desespera
há horas que está no café
a ler
a escrever
a beber cerveja
o poeta desespera
há horas que está no café
a ler
a escrever
a beber cerveja
agora sai mais um poema
o poeta observa
olha para a rua
as meninas não vêm
o poeta está triste
sente-se só
o barbudo entra.
o poeta observa
olha para a rua
as meninas não vêm
o poeta está triste
sente-se só
o barbudo entra.
sábado, 17 de outubro de 2015
O GOVERNO DE ESQUERDA
A vitória da direita transformou-se numa derrota. De repente, Passos Coelho, Paulo Portas, Cavaco Silva e toda essa corja de comentadores comprados até sobem pelas paredes perante a possibilidade real de um governo de esquerda. Notável e histórica a viragem do PCP, construtiva e combativa a posição do Bloco de Esquerda, dialogante e despreconceituosa a postura de António Costa. Claro que ainda há um caminho a percorrer. No entanto, não há dúvida que 40 anos depois do PREC se assiste a uma grande viragem. Porque, de facto, a grande maioria dos portugueses votou contra a austeridade, contra os cortes nos salários e nas pensões, contra a destruição dos serviços públicos, contra o aumento da pobreza e das desigualdades sociais. Há, efectivamente, uma janela de esperança que se abre. Um novo caminho. Quiçá, uma nova era.
O HOMEM ASSASSINADO
O homem está a ser assassinado. Está a ser castrado pela finança, pelos mercados, pelos políticos ao seu serviço. É obrigado a lutar na arena, a disputar uma corrida, uma guerra com os seus semelhantes em busca do emprego, do cargo, do estatuto. As pessoas atropelam-se umas às outras sob a lei do dinheiro e do mercado. Aparentemente existe uma certa paz, uma certa harmonia mas, ao fim e ao cabo, reinam o caos e a barbárie. O homem é reduzido a um número, a uma coisa, a uma mercadoria. As relações humanas são cada vez mais superficiais e mecânicas. Estamos cada vez mais sós e deprimidos. A sociedade capitalista só traz infelicidade. É a lei do mais forte, do mais matreiro, do mais sacana. As próprias relações de amor e de amizade são postas em causa. É a esquizofrenia. Os donos das grandes multinacionais, dos bancos, das bolsas, dos impérios, dos grandes media controlam-nos e lavam-nos o cérebro. Os senhores do dinheiro nadam em milhões e exploram, enquanto outros contam os trocos e outros vegetam na miséria. Não é justo. Não é humano. Não é digno. Não pode haver seres humanos de primeira e de segunda. Trabalha-se mais horas em vez de menos. Há menos tempo para o encontro, para o ser humano dispor de si, para a alegria. O lazer é cada vez mais consumismo. Os jovens estão confusos, não sabem a que valores se agarrar, são empurrados para o safanço, para o sucesso a qualquer preço, por exemplo em concursos de talentos. A televisão atira-nos pimbalhadas, programas da tarde sentimentalóides e imbecis e matraqueia-nos com notícias repetidas que nos fazem a cabeça. É o "Big Brother" de Orwell. Sim, podemos deslocar-nos, vir até ao café, ler, conversar, mas há sempre algo que nos condiciona. Sejam as directivas de Bruxelas ou do imperialismo alemão, sejam os humores dos mercados e da corja financeira, seja esta maldita máquina, a que só alguns escapam, que reprime os nossos impulsos, as nossas forças vitais, a nossa liberdade. Revoltêmo-nos, pois.
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
PUTA DE SOCIEDADE
Como já o
socialista utópico Charles Fourier lembrava a sociedade capitalista reprime as
forças vitais dos cidadãos. O homem não é feliz porque a sociedade impede o
mais que pode o desenvolvimento da vida apaixonada. A maioria de nós não é
livre, eis a verdade. Vivemos acorrentados a preconceitos judaico-cristãos, à
culpa e às castrações da máquina capitalista. Há sempre forças que nos impedem
de explodir. Damos uns beijos, uns abraços, soltamo-nos com o álcool e com as
drogas mas há sempre algo a conter-nos, a impedir-nos de desfrutar da
liberdade, de fazer a grande festa. Parece que a vontade e o entusiasmo esmorecem.
E depois não há pontes, não há ligação. É cada um no seu grupo, na sua ilha.
Puta de sociedade que construímos
sábado, 10 de outubro de 2015
VIRGÍNIA
A Raquel a vender erva
no Bairro Alto
alucinada
o Garcia a recitar Pessoa
tu e eu a distribuir panfletos
tu a catequizar os putos
eu a carburar, a provocar
chamaram-me comuna e filho da puta
hoje aqui a subir
no meio da ignorância
a curtir a música
esta gente elegeu o Passos
continuam lá os mesmos filhos da puta
não, não sou democrata
esta gente explora
esta gente escraviza
esta gente matou o Che
matou os meus camaradas
valha-me a arte
valha-me a música
para poder dançar
celebrar o dia
independentemente desses cabrões
esses cabrões não me fodem a alma
e esta gente continua aqui
sempre igual
sempre servil
sempre estúpida
a votar nos mesmos gajos
a máquina lava-lhes o cérebro
não, há um lugar para nós
um lugar livre
um paraíso
onde podemos ficar
a dizer poemas
a contar histórias
sim, façamos o banquete
definitivamente não somos como eles
somos de outra espécie
nascemos de outra estrela
percorremos outra estrada
temos pena
podemos até sorrir-lhes
mas não somos daqui
inventámos novos mundos
novos céus
novas galáxias
está tudo cá dentro
também estou farto de certos poetas, sabes
é só técnica e uns floreados
não têm verdadeiramente alma
nem sangue nem esperma
não transmitem uma mensagem
sabes, não sei como me hei-de dirigir
a esta gente
claro que há gente boa, honesta, simpática
mas, sabes, parece que me estou
a transformar outra vez
parece que a luz veio ter comigo
que a mente se eleva
mesmo sem LSD ou mescalina
e até parece que me esqueço das horas
e até das pessoas que me rodeiam
que importa a loira que já
não me fala?
Que importam estes cabrões
que castram?
Eu estou aqui vivo
inteiro
e vou prosseguir aqui
por uns anos
a escrever
a publicar
a lutar contra os moinhos
porque eu era esse menino
que brincava com os irmãos
eu era esse menino
que dava a mão à Virgínia
eu era esse menino
em quem os pais
depositavam muitas esperanças
e que se tornou um beatnick
um não-alinhado
e que agora nada tem a perder.
no Bairro Alto
alucinada
o Garcia a recitar Pessoa
tu e eu a distribuir panfletos
tu a catequizar os putos
eu a carburar, a provocar
chamaram-me comuna e filho da puta
hoje aqui a subir
no meio da ignorância
a curtir a música
esta gente elegeu o Passos
continuam lá os mesmos filhos da puta
não, não sou democrata
esta gente explora
esta gente escraviza
esta gente matou o Che
matou os meus camaradas
valha-me a arte
valha-me a música
para poder dançar
celebrar o dia
independentemente desses cabrões
esses cabrões não me fodem a alma
e esta gente continua aqui
sempre igual
sempre servil
sempre estúpida
a votar nos mesmos gajos
a máquina lava-lhes o cérebro
não, há um lugar para nós
um lugar livre
um paraíso
onde podemos ficar
a dizer poemas
a contar histórias
sim, façamos o banquete
definitivamente não somos como eles
somos de outra espécie
nascemos de outra estrela
percorremos outra estrada
temos pena
podemos até sorrir-lhes
mas não somos daqui
inventámos novos mundos
novos céus
novas galáxias
está tudo cá dentro
também estou farto de certos poetas, sabes
é só técnica e uns floreados
não têm verdadeiramente alma
nem sangue nem esperma
não transmitem uma mensagem
sabes, não sei como me hei-de dirigir
a esta gente
claro que há gente boa, honesta, simpática
mas, sabes, parece que me estou
a transformar outra vez
parece que a luz veio ter comigo
que a mente se eleva
mesmo sem LSD ou mescalina
e até parece que me esqueço das horas
e até das pessoas que me rodeiam
que importa a loira que já
não me fala?
Que importam estes cabrões
que castram?
Eu estou aqui vivo
inteiro
e vou prosseguir aqui
por uns anos
a escrever
a publicar
a lutar contra os moinhos
porque eu era esse menino
que brincava com os irmãos
eu era esse menino
que dava a mão à Virgínia
eu era esse menino
em quem os pais
depositavam muitas esperanças
e que se tornou um beatnick
um não-alinhado
e que agora nada tem a perder.
Vilar do Pinheiro, 3.10.15
terça-feira, 6 de outubro de 2015
A VITÓRIA AMARGA
A coligação de direita venceu as eleições sem maioria. Mas não deixa de ser uma vitória amarga. Agora tem de se haver com uma maioria de esquerda no Parlamento, sobretudo graças à subida estrondosa do Bloco de Esquerda (10%). Catarina Martins esteve em grande nível nos debates, nos comícios e na rua. O PS de António Costa, com uma campanha desastrada, é o grande derrotado. A CDU sobe ligeiramente. A esquerda, se Costa quiser, pode derrubar o novo governo em dois tempos. O PAN (Pessoas, Animais e Natureza) elegeu um deputado mas ainda não sabemos claramente quais são os propósitos deste partido. O PCTP/MRPP mantém sensivelmente a votação de 2011 (1,1%) e alcança bons resultados em Beja (2,6%), Portalegre (1,7%), Setúbal (1,6%), Faro (1,6%), Évora (1,5%) e Santarém (1,3%). O partido tem de mudar o discurso no sentido da crítica do capitalismo global, da corrida e da guerra diárias a que as pessoas se sujeitam, tem de falar mais nos fenómenos do suicídio, da depressão e da ignorância. A luta continua.
sábado, 3 de outubro de 2015
O NO FUTURE E A REVOLUÇÃO
A grande maioria dos jovens anda confusa. Não sabe bem o que quer. Agarra-se aos copos. Não há futuro. A vida tornou-se esquizofrénica. Uma sucessão de imagens, de smartphones, de facebooks, de publicidades, de propaganda. É um mundo louco que promete desemprego, trabalho precário, trabalho escravo, um mundo que outros vivem por nós. É um mundo que nos põe num atropelo, numa corrida louca, permanente, em busca do prémio, do troféu, da recompensa, ou seja, do estatuto, do poder, da carreira. Regredimos. Tornámo-nos mais animalescos. O capitalismo é mais feroz, mais feroz do que no séc. XIX. As pessoas estão cheias de medo, cheias de medo também umas das outras. Curiosamente, umas até gritam "vêm aí os comunas!Vêm aí os anarcas!". Cheias de medo. É claro que se somos revolucionários, viemos fazer a revolução, não viemos beber copos de água. No entanto, esta gente prossegue com o Porto e o Benfica, com a vidinha de todos os dias, sem uma visão de conjunto, a votar no facho do Passos e noutros que lhes têm roubado a vida. É uma barca de loucos. Onde a depressão e o suicídio aumentam assustadoramente. Onde, de facto, a vida normalmente não presta. Há pessoas. Claro, há pessoas de bem, de coração, que nos ouvem, que nos compreendem, que dialogam connosco abertamente, que fazem o banquete. Mas ainda somos poucos. No entanto, qual é o problema de apelar já à revolução? O que temos a perder, companheiros? O que nos dá esta vida de dinheiro e de intriga? O que nos adianta passar a vida a falar de números e de economia? O que nos adianta sermos iguais a eles? Porra, camaradas, sejamos os nossos próprios deuses, celebremos a vida na praça.
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
CATALUNHA LIVRE E INDEPENDENTE!
A vitória dos independentistas na Catalunha constitui uma forte machadada no Estado Espanhol, em Mariano Rajoy e na própria União Europeia. A Catalunha será independente. O PP de Rajoy obteve uma votação diminuta e deverá ser derrotado nas eleições gerais espanholas. O povo catalão deu ao mundo uma lição de liberdade e cidadania. Barcelona voltou aos anos 30. A monarquia espanhola também está em xeque. Deve seguir-se o País Basco. A "União" Europeia financeira e do imperialismo alemão começa a ficar em cacos. Catalunha livre e independente!
domingo, 27 de setembro de 2015
O VOTO NA REVOLUÇÃO
Esses gajos como Passos, como Portas são mesmo uns copinhos de leite imbecis e são lá postos por um bando de cegos, como já dizia William Shakespeare. Estes imbecis seguiram sempre uma carreira calculada, ordeira, nunca apanharam uma verdadeira bebedeira, nunca estiveram no céu nem no inferno. Daí que sejam desprezíveis, pequenos, que se limitem a falar o economês e a fazer intriga política. Servem os seus senhores de Berlim, de Bruxelas, de Wall Street. Servem o capitalismo que atropela, a corrida de todos contra todos, a desumanidade. Um voto no PCTP/MRPP, pelo contrário, é um voto que não aceita, que não se submete, que chama os bois pelos nomes. Um voto no PCTP/MRPP é um voto na liberdade livre, contra a exploração e a escravização, é um voto no novo mundo que aí vem. Um voto no PCTP/MRPP é um voto na revolução.
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
DE DALI
Já tive acesso aos media locais, regionais e nacionais. Falta-me talvez uma SIC, uma TVI. De qualquer modo, julgo que, sem ser um político tradicional, tenho coisas a dizer que muitos não dizem. Claro que tenho os meus mestres. Claro que me baseio em Guy Debord, Raoul Vaneigem, Marcuse, Sartre, Erich Fromm, Aldous Huxley, Agostinho da Silva, Nietzsche, Platão, Bukowski, Henry Miller ou Jim Morrison. Todavia, vejo, pelo menos aqui em Portugal, muitas poucas pessoas defenderempublicamente ideias semelhantes às minhas. E, no entanto, estou convencido de que tenho razão. Posso nem sempre defender-me da melhor forma. Posso nem sempre ter a retórica. Mas, porra. Eu tenho andado inclusive por estradas erráticas, eu tenho procurado a iluminação em copos de cerveja mas eu não sou, nunca fui um vendido, um convertido ao sistema. Por isso não sei o que esses escritores que inventam umas historiecas têm a dizer a mais do que eu. Não sei realmente o que as pessoas vêem neles. Não sei que luz, não sei que bênção os distingue de mim. Eu que já atravessei para o outro lado, que me julguei Deus e o Diabo, que tive visões e iluminações, que percorri o deserto. Não, não é a esses que me devo comparar. Eu sou dos mestres. Eu procuro o infinito. Há coisas que ainda me prendem à terra, nomeadamente a política, mas eu sou do surrealismo de Dali, das vacas voadoras, dos relógios pendurados nas árvores. Sim, há uma válvula no meu cérebro que se solta e então eu fico doido, não tenho limites. Talvez ainda não tenha sido capaz da grande criação, da louca criação. Contudo, sei que faço parte dos eleitos. Por isso acho muita desta gente, a começar pelos políticos lavadinhos, absolutamente limitada e quadrada. Porque não explode, porque não arde, porque não vibra. Porque realmente não transgride, nem conhece, nem quer conhecer o outro mundo. Ficarão sempre agarrados às posses, ao dinheiro, ao trabalho forçado e ao tédio. Nunca experimentarão a novidade, o inesperado, o diferente. Nunca apanharão a grande bebedeira. Por isso são diferentes de nós e daqueles que sigo. Por isso nunca sairão da mediania.
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
PASSOS RELES
Passos Coelho e Paulo Portas, além de terem roubado nos salários e nas pensões e de terem aumentado os impostos, além de terem mergulhado o país na pobreza e na desigualdade social, são castradores e inimigos da vida e da beleza. Passos e Portas fazem o jogo do imperialismo alemão e do fascismo financeiro, reduzindo a vida a uma corrida onde as pessoas se atropelam, sem qualquer ponta de sentimento, sem qualquer ponta de humanidade. Essa gentalha só conhece o raciocínio económico, do deve e haver, da compra e venda, ignorando o sentido do belo, da virtude, do maravilhoso, da poesia. Essa gentalha viveu sempre no mundo da intriga, da sacanagem, da luta pelo poder e pelo dinheiro, nunca se transcendeu, nunca teve uma iluminação, nunca se passou para o lado de lá. No fundo, Passos e Portas são gente reles, pequena, que, com a ajuda dos grandes grupos económicos e dos media, nos querem explorar, rapinar, amordaçar, ao mesmo tempo que querem instaurar o fascismo.
terça-feira, 15 de setembro de 2015
FASCISMO E REFUGIADOS
Foi o Ocidente que provocou as guerras do Afeganistão, do Iraque, da Líbia e da Síria. Durão Barroso foi um dos mentores da tristemente Cimeira dos Açores que deu origem à guerra do Iraque. Por isso, os países da Europa e os Estados Unidos têm o dever de acolher os refugiados. É xenófoba a posição de repor o controlo das fronteiras por parte da Alemanha, da Eslováquia, da República Checa e da Holanda. É fascista a nova lei de imigração da Hungria que prevê penas de prisão de três anos para quem entre ilegalmente no país. É fascista porque é imposta por um louco fascista, Viktor Orban. É igualmente fascista a posição daqueles que em Portugal organizam petições e movimentos contra a entrada de refugiados no nosso país. Trata-se de gente ignorante, sem coração, que não percebe que o mundo é de todos e que todos vimos de África. No fundo, é gente que alinha no atropelo, no salve-se quem puder, na luta pelo dinheiro e pelo poder, só a defender o seu quintal, sem uma ponta de ética, sem uma ponta de humanidade.
domingo, 13 de setembro de 2015
CAPITALISMO E SUICÍDIO
Já houve 567 suicídios desde o início do ano em Portugal. No entanto, estes números até podem vir a duplicar, como afirmou o psiquiatra Ricardo Gusmão, presidente da Eutimia- Aliança Europeia Contra a Depressão em Portugal, uma vez que dizem respeito àqueles óbitos que são logo declarados como suicídio no dia em que acontecem. Falta acrescentar as mortes que se encontram ainda a ser investigadas.
A crise económica, a pobreza, o governo fascista de Passos Coelho, que governa sem qualquer sensibilidade social, mas sobretudo uma vida sem sentido, onde as pessoas competem e se atropelam levam cada vez mais indivíduos a pôr fim à vida. É esquizofrénica esta sobreposição de imagens, onde as vedetas televisivas vivem a nossa vida, onde meia-dúzia de poderosos se exibe e factura, onde o tédio impera. Os laços de amor, de amizade são postos em causa. As pessoas estão cada vez mais isoladas no reino do dinheiro e do mercado onde se encontram à venda. As pessoas são transformadas em números, em mercadorias. Perde-se a vontade de viver. Já nada importa. Eis no que deu o capitalismo.
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
VIM SER O POETA
Não sou da mesma espécie dos politiqueiros, dos banqueiros, dos empresários, dos especuladores. Não ando para aí a enganar, nem a roubar, nem a explorar, nem a escravizar. Nem tão-pouco me identifico com os competitivos, com os corredores, com os merceeiros. Vim para experimentar, para criar, para conhecer, para amar. Vim para pisar livremente a Terra. Vim de graça e para a graça. Não suporto mais o tédio imposto. Vim celebrar noite e dia. Vim ser o poeta.
domingo, 6 de setembro de 2015
ESQUIZOFRENIA
Mesmo que não entenda certos textos mais herméticos sinto-me a caminho de fazer a síntese. Com efeito, creio que estou próximo de construir um sistema de ideias, uma filosofia própria. Esta mescla do pensamento, com os livros e com a realidade resulta nisso. Não escondo que na cidade as conversas são mais ricas e variadas, se bem que haja grupos fechados que impedem a comunhão, o diálogo com o desconhecido, a celebração. Parece-me até que estamos num estado de esquizofrenia, com crimes hediondos a torto e a direito, com a desumanidade com que são tratados os migrantes, com os media a fazer de nós atrasados mentais, com o Estado Islâmico a destruir tesouros da Humanidade, com os banqueiros, os agiotas, os especuladores, as grandes corporações, os políticos corruptos a facturar, com a depressão e o suicídio a aumentar a olhos vistos. Tudo isto é de loucos. Tudo isto tem que ser discutido na praça pública. O mundo é nosso. Não é deles. Temos de repensar o homem. De voltar ao início. Ao xamã que comunicava com os espíritos. Sim, existem espíritos em nós. Somos muito mais do que o quotidiano, do que o dinheiro, do que a compra e venda a que nos querem reduzir. Inventámos deuses. Somos também hybris, loucura. Procuramos o infinito e o céu na Terra. Eles é que querem roubar-nos os sonhos, reduzir-nos os horizontes. Transformar-nos em mercadorias. Eles é que querem roubar-nos a vida. Pois é pela vida que me bato. Pela vida enquanto festa, conhecimento, criação. Todavia, vejo ainda muita confusão nos meus semelhantes. Muitos ainda estão na caverna de Platão a comentar as sombras. Não questionam o trabalho, nem o dinheiro, nem o mercado. Vêem o capitalismo como uma inevitabilidade. Mas, enfim, como pensador, como poeta, compete-me esclarecê-los, entrar nas conversas, provocar. Uma parte importante deles já não terá salvação. Ainda assim insisto.
sexta-feira, 4 de setembro de 2015
A CIDADE DO SER
De acordo com Erich Fromm, os métodos de lavagem cerebral na publicidade comercial e na propaganda política levam-nos a comprar coisas que nem queremos nem necessitamos e a escolher representantes políticos que nem queremos nem necessitamos se não estivermos no pleno controlo das nossas mentes. A questão é que não somos inteiramente senhores das nossas mentes devido a métodos hipnóticos empregues para nos doutrinar e domesticar. Esses métodos constituem um grave perigo para a saúde mental, nomeadamente para o pensamento crítico e para a independência emocional. Somos bombardeados, sobretudo pela televisão, por programas imbecilizantes e notícias manipuladas e muitos de nós caem numa vida mental pobre, com conversas repetitivas, sem qualquer tipo de elevação. É certo que há muita gente que se sente deprimida, que tem consciência do vazio, do seu isolamento, da falta de significado da sua vida e põe em causa a vida de consumo e de futilidade que leva. No entanto, daí a que isso se traduza em união e revolta, daí a que isso se traduza na construção de uma nova sociedade, de um novo homem vai um longo caminho. Sabemos, contudo, que para que a vida volte a fazer sentido uma nova sociedade será necessária, uma nova sociedade baseada, ainda segundo Fromm, no ser, no participar e no compreender e não no ter, no lucro e no poder. Uma sociedade onde o carácter mercantilista seja substituído pelo carácter criativo e amoroso, uma sociedade de homens livres, a cidade do Ser.
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
O MERCADO
Segundo Erich Fromm, na sociedade capitalista o sucesso depende do modo como as pessoas se vendem bem no mercado, do modo como vendem a sua personalidade. Ou seja, as pessoas são, ao mesmo tempo, as suas próprias vendedoras e a mercadoria a ser vendida. O ser humano chega ao ponto de não se interessar pela sua vida e respectiva felicidade mas apenas pelo facto de se tornar vendável. Eis o ponto de esquizofrenia que atingimos. Estamos pura e simplesmente à venda. Tudo é negócio. Por este andar, sentimentos e emoções serão completamente relegados para segundo plano. É só a lei do mercado, do dinheiro, do Passos, da Merkel, da castração, da austeridade. É um mundo mecânico sem criação, sem liberdade, sem vida. Reinam o número e a eficácia para que a empresa continue a crescer e multiplique os lucros. Pouco ou nenhum interesse há em questões filosóficas, tais como "por que vivemos" ou "por que vamos numa direcção e não noutra". Contudo, felizmente, há gente acordada, gente que não está à venda, que segue o seu próprio caminho. Gente que cultiva o amor, a liberdade e a poesia. Gente que busca o conhecimento e a verdade. Gente que vive em rebelião.
domingo, 30 de agosto de 2015
O TER E O SER
Spinoza considera que, em contraste com a crença actual de que as pessoas movidas principalmente pela avidez de dinheiro, posses ou fama são normais e bem ajustadas, essas pessoas são basicamente doentes. Na verdade, segundo Erich Fromm, aquele que é o que tem vive no medo de o perder. Tem medo dos ladrões, das reformas, das revoluções, da doença, da morte, e até do amor, da liberdade, da evolução, da mudança, do desconhecido. O ter, que predomina nas nossas sociedades, conduz à competição e à guerra entre pessoas e entre nações. O desejo louco de consumir, de adquirir mais e mais torna o ser humano num predador mas, ao mesmo tempo, num doente. Daí que se assistam cada vez a comportamentos esquizofrénicos, daí que as doenças mentais galopem e que a própria sociedade mercantil, com as suas bolsas e os seus mercados, dê sinais de senilidade. Felizmente, ainda existem muitas pessoas que privilegiam o ser em detrimento do ter. Pessoas desprendidas que se dedicam à leitura, à criação e ao conhecimento, pessoas que comungam do amor por uma ou várias pessoas, por uma obra de arte, por uma ideia. No fundo, são pessoas sãs que celebram a vida, sem estarem presas. Ou então pessoas que, na esteira de Aristóteles, se dedicam à vida contemplativa, isto é, à procura da verdade.
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
FILOS-SOFOS
Há pessoas de grande coração, de mente aberta, de grande generosidade. Mas há também pessoas mesquinhas, muito imaturas, inseguras. Não que sejam de todo más pessoas, no entanto julgo que ainda têm muito para aprender. E, claro, depois há os tubarões, os oportunistas, os que sacam de ti tudo o que têm a sacar. Isto para não falar dos idólatras do lucro e do dinheiro, dos heroinómanos do poder, dos predadores da finança. Há ainda os fracos, os humildes e os falsos fracos, os falsos humildes que desprezam o mendigo ou aquele que cai em desgraça. Muita gente diferente há neste planeta doente, neste país doente. Ao longo dos séculos, dos milénios, foi-se criando uma estrutura de poder, foi-se dividindo a sociedade em classes, não é como nos princípios em que éramos todos mais ou menos iguais, exceptuando o chefe da tribo e o feiticeiro. Mas raios, porque é que o Passos Coelho ou o Belmiro de Azevedo hão-de ocupar uma posição superior à minha? Não somos todos seres humanos? Porque raio há-de haver chefes e subordinados, exploradores e explorados, dirigentes e dirigidos? Bem sei que há uma História. Mas eu sou um homem lido e inteligente. Não me considero inferior a ninguém. Não tenho que obedecer às ordens de ninguém. Caminho livremente. Escrevo livremente. Não preciso de reis nem de presidentes. Sou rei de mim mesmo e isso basta-me. A verdade é esta: o poder impõe-se pela alienação e pelo medo. Quando vencermos o medo venceremos o poder. Mas, lá está. Neste momento há poucas pessoas realmente corajosas. Claro, poderíamos voltar à assembleia ateniense. Poderíamos discutir a cidade na praça. Cá está: o poder tem medo.
Há, sem dúvida, pessoas muito amáveis e prestáveis. Todavia, não sei até onde iriam numa situação de revolta. Tenho muitas dúvidas. A grande maioria acomodou-se e mesmo os pobres e os operários, em geral, não se revoltam, pelo contrário, até apoiam a situação. Restam-nos certos sectores da pequena burguesia e mesmo da burguesia: jovens, estudantes, intelectuais, professores, artistas, outras profissões intelectuais, etc. De qualquer forma, reafirmo-o, a situação é insustentável. O sistema é odioso. Mata o homem. Teremos sempre de voltar ao Maio de 68, a grande revolução, a grande insurreição. Teremos sempre de levar a imaginação ao poder. No entanto, concluo que ou esta gente permanece na ignorância ou então se acomodou ao conforto da casa, do carro, da televisão, da Internet, do telemóvel última geração. Esta gente, digo, uma grande parte desta gente. Pois sei que há gente consciente, que lê, que discute e que quer a festa permanente. Bom, hoje estou mais próximo de ser um "filos-sofos".
Há, sem dúvida, pessoas muito amáveis e prestáveis. Todavia, não sei até onde iriam numa situação de revolta. Tenho muitas dúvidas. A grande maioria acomodou-se e mesmo os pobres e os operários, em geral, não se revoltam, pelo contrário, até apoiam a situação. Restam-nos certos sectores da pequena burguesia e mesmo da burguesia: jovens, estudantes, intelectuais, professores, artistas, outras profissões intelectuais, etc. De qualquer forma, reafirmo-o, a situação é insustentável. O sistema é odioso. Mata o homem. Teremos sempre de voltar ao Maio de 68, a grande revolução, a grande insurreição. Teremos sempre de levar a imaginação ao poder. No entanto, concluo que ou esta gente permanece na ignorância ou então se acomodou ao conforto da casa, do carro, da televisão, da Internet, do telemóvel última geração. Esta gente, digo, uma grande parte desta gente. Pois sei que há gente consciente, que lê, que discute e que quer a festa permanente. Bom, hoje estou mais próximo de ser um "filos-sofos".
sábado, 22 de agosto de 2015
REVOLUÇÃO OU MORTE!
Como afirma Guy Debord, o lema "a revolução ou a morte" já não é a expressão lírica da consciência revoltada, é a última palavra do pensamento científico. Com efeito, o capitalismo não é reformável. O sistema odioso da predação, da competição, da corrida para que o capitalismo evoluiu nos nossos dias, associado ao poder das grandes corporações, dos bancos, da finança não tem cura dentro de si mesmo por muito que falem e façam os Syrizas, os PCP's, os Blocos de Esquerda. A única alternativa é, de facto, a revolução, a subversão total do sistema. Mesmo que sejamos poucos temos que acreditar. Não é mais possível viver numa sociedade onde o suicídio avança, tal como a pobreza e a miséria, numa sociedade de desigualdades gritantes, onde há um crescente mal-estar, onde o tédio e as doenças mentais são o pão-nosso de cada dia, onde os próprios sentimentos, o amor, a amizade caem na esquizofrenia. Não, eles estão a assassinar o homem. Roubam-nos a liberdade, o tempo e a vida. Impedem-nos de celebrar, de viver a vida. Não podemos permitir. É a nossa vida que eles jogam. Expulsemos esses fascistas da vida!
domingo, 16 de agosto de 2015
EM BRAGA EU REINO
A tranquilidade d' "A Brasileira". O fim de tarde de Agosto em Braga. Queria ficar aqui a beber cervejas. Mesmo que não esteja aqui a empregada bonita. Braga é a minha cidade. Não há dúvida. Aqui me alimento. Aqui ganho forças. Lembro-me que em puto vinha ao barbeiro aqui em frente à "A Brasileira". Mas só comecei a frequentar mais o centro no 12º ano quando tinha explicações de Matemática. Talvez tenha sido um adolescente demasiado protegido. Depois dei nisto. Num misto de inadaptado e rebelde. Venceu o rebelde mas, em certas ocasiões, o inadaptado ainda vem ao de cima. Porra, mas também já passei por situações do arco da velha. Nos últimos anos não, felizmente. Não tenho reagido a provocações. É evidente que sei que vai haver um dia em que vou ter de me confrontar fisicamente com o sistema. Sei que esse dia virá. Não sou o super-homem. Nem sequer no sentido nietzscheano. Procuro-o. Sou um criador, um pescador de homens? Não sei, poucos e poucas me seguem. Ainda não sou suficientemente apelativo. Talvez se me embebedasse todos os dias...ainda não me deram o palco que mereço. No entanto, sei que venho dos malditos, dos que renegaram Deus e o capitalismo. Sim, percorro a estrada larga de Whitman. Não sou dos homens pequenos, das meias-medidas. Sim, terei sido demasiado protegido mas também apanhei as minhas patadas e continuo aqui vivo. Eles quiserem meter-me medo, manter-me caladinho mas eu continuei, eu prossegui viagem, eu dou-lhes luta. Nem que seja Quixote contra os moinhos eu continuo, eu não largo o osso. De uma maneira ou de outra, eu hei-de chegar lá. Eu não sou verdadeiramente daqui. Eu sou de Camelot, de Elsenor, da Grécia Antiga. Eu bebo do cálice. Eu sou o excomungado de todas as eras. Aqui, em Braga, eu reino.
terça-feira, 11 de agosto de 2015
DESUMANO
As mortes e a forma como os migrantes de Calais e do Mediterrâneo são tratados é algo de desumano e revelador dos piores instintos da espécie, da xenofobia e do fascismo. David Cameron e François Hollande colocam-se ao lado da extrema-direita e do louco nazi do muro da Hungria. O mundo é de todos. Somos todos seres humanos. Não o esqueçamos. E esses senhores parecem esquecê-lo. No fundo, fazem todos parte da grande "família" do capitalismo que nos quer em guerra uns contra os contra os outros, a competir pelos empregos, pelas carreiras, pelo estatuto. Pouca ou nenhuma humanidade há naqueles corações, vencidos pela lógica do lucro e do sucesso. Daí que tratem os seres humanos de Calais como animais. Daí que não passem de lacaios dos mercados, dos bancos e do grande capital, de toda essa massa inumana que tritura sem dó nem piedade.
sábado, 1 de agosto de 2015
SEGUNDO MANIFESTO DA CANDIDATURA DE ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
SEGUNDO MANIFESTO DA CANDIDATURA DE ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Vivemos no império do dinheiro, do mercado e da finança. As relações entre as pessoas são cada vez mais de interesse, de inveja, de aparência. Cavaco Silva, Passos Coelho e Paulo Portas são castradores, inimigos da vida, que servem o fascismo financeiro e o imperialismo de Merkel. Roubam-nos os salários, as pensões, o tempo e a própria vida. Candidatamo-nos à Presidência da República porque não aceitamos mais o roubo, nem a competição, nem a vida transformada numa corrida. Porque não aceitamos mais o homem transformado num macaco que trepa em busca do emprego, do estatuto, do poder. Porque não aceitamos ver a Grécia humilhada pelo fascismo financeiro europeu e por Merkel. Porque não aceitamos que uns acumulem riquezas e mais riquezas enquanto outros contam os outros e outros dormem nas ruas. Porque não aceitamos uma vida de tédio e rotinas. Porque temos consciência de que enquanto os politiqueiros se digladiam a humanidade está em perigo com o aquecimento global e as alterações climáticas e que podem ocorrer grandes tragédias naturais nos próximos anos. Porque acreditamos numa terra sem amos, numa democracia directa, onde todos os seres humanos tenham realmente acesso à arte e à cultura, onde se discuta filosofia nas ruas, onde se busque a sabedoria. Porque acreditamos que o Homem veio para se cumprir, para se realizar, para se completar, na paz, na liberdade, na poesia. Candidatamo-nos porque entendemos que todo o ser humano deve pisar livremente a Terra, sem servos, nem senhores, sem explorados, nem exploradores. Candidatamo-nos porque, na senda de Ernesto Che Guevara, queremos destruir o capitalismo.
sexta-feira, 31 de julho de 2015
ANTROPÓIDES
"É inegável que ainda há muitas criaturas humanas que não passam de antropóides, macacos aperfeiçoados, não se interessam pelas ideias abstractas, senão unicamente pelos benefícios materiais que estas lhes possam dar."
(Paul Gille, "O Sofisma Anti-Idealista de Marx")
(Paul Gille, "O Sofisma Anti-Idealista de Marx")
Infelizmente há muita gente assim. Mas também há aqueles que dedicam a sua vida a uma ideia ou a um conjunto de ideias, também há aqueles que se consagram ao prazer de debater e filosofar, também há aqueles que amam a sabedoria. São esses homens e mulheres que fazem evoluir o mundo, que o engrandecem, que o enriquecem. É claro que antes de tudo é necessária curiosidade pelo novo, pelo inesperado, é claro que são necessários o estudo e a leitura. Contudo, também importa o diálogo despreocupado entre amigos, entre conhecidos. Se se criar esse clima de busca desinteressada de conhecimento, se as pessoas se unirem, se se afastarem as conversas menores, o interesse económico e a intriga, então as ideias mudarão o mundo.
segunda-feira, 27 de julho de 2015
ANTES BEBER
Entre os livros e os copos vou levando a minha vida. A Joana não aparece no "Bacchus". O Chaimite tornou-se empresário. Deveria ter trazido mais dinheiro. Quero mulheres, quero conversa. Assim sou o poeta solitário. As gajas passam a vida a trabalhar e a cuidar da casa. Enquanto eu estou sempre livre enquanto o dinheiro durar. Os meus textos subversivos são publicados no "Jornal de Notícias". Dinamito esta merda. Só me falta uma coluna só para mim. Mas não há dúvida que estou a atingir um certo patamar. Só me falta um empurrãozinho. Estes óculos dão-me um ar de rock-star. Os livros enriquecem-me. Sou mesmo a puta do rock n' roll. Ficava aqui noite fora. Até dormia na praia. Só quero mulher. Uma mulher que me compreenda, que não desatine, que não seja quadrada. Só quero mesmo mulher. Beberia toda a noite para a conseguir. Desceria aos infernos. Sou tão louco, minha gente, nem imaginais. Sou o homem do bar que bebe. Sou o Jim Morrison, sou o anjo do mal. Merda! Hoje é que deveria ter trazido mais dinheiro em vez de ficar agarrado ao cu da outra gaja que nem sequer agradeceu. Gajas que não valem a pena. Não são como a Sónia que chama por mim. John Barleycorn. Beber sem saber quando parar. Também o que é que estes gajos que me dão? Tédio, náusea, repetição. O que é que estes gajos me dão? Capitalismo e televisão. Não, não suporto mais. Esta vida mata-me. Antes beber. Antes passar o tempo a beber, sra. psicóloga. Não há revolução na Grécia. Não há revolução em lado nenhum. Antes beber.
sexta-feira, 24 de julho de 2015
ESCREVO E NINGUÉM LIGA
Escrevo e ninguém liga. Os outros ganham prémios, dizem baboseiras, fodem-me a cabeça. Escrevo e as miúdas nada. Não sei que paleio é que os outros gajos têm. A mim ouvem-me quando não estão ocupadas ou escravizadas. Puta de vida imbecil esta gente leva. Eu, ao menos, venho à cidade, compro os meus livros, bebo os meus copos. E esta gente fala não sei de quê. Não sei realmente o que quer, para que veio. Vêm beber uns copos e ter umas conversas imbecis. Não aprofundam. Não partem esta merda. Não há bombas nem cocktails molotov. Ninguém se mexe para nada. E eu, com Marx e Bakunine, não consigo mudar isto. Escrevo e ninguém à minha mesa. Escrevo e bebo e a miúda do lado irrita-se. Não há um amigo, uma amiga nesta cidade? Não há quem venha ter comigo? Não há o Olimpo. Poderia até ficar noite fora. Poeta dos bares e das noitadas. Nem tu me ligas, Gotucha. Bebo por beber até ao raiar da aurora.
quarta-feira, 22 de julho de 2015
O ESCRITOR SEGUNDO HENRY MILLER
Segundo Henry Miller, o escritor tem de aprender a viver à parte. Há dias, noites, em que verifica que a vida de escritor é a única vida. Em que já não pertence ao mundo porque criou o seu próprio mundo. E, de facto, mesmo que tenhamos ideais em comum com os nossos camaradas e amigos, verificamos que estamos sós no mundo. Os nossos companheiros são os outros escritores, os filósofos, os poetas. Vivemos à parte. Aprendemos a solidão. Mesmo que nos dirijamos ao povo com panfletos incendiários sabemos que só uma pequena minoria nos acompanha. Os outros estão noutro mundo. O mundo do conforto, das conversas banais, da ignorância. Mesmo outros que sabemos que não fazem parte desse mundo estão escravizados pelo dinheiro e pelo trabalho. Sim, estamos sós e combatemos a folha. Sim, estamos sós e a nossa mente sempre a bombar, a abrir caminhos. E ainda dizem que estamos desocupados! Amamos profundamente a vida. Por isso permanecemos aqui. Estudamos os mestres. A vida de escritor, de poeta, de criador será a única vida livre. Não temos patrões nem ninguém a dizer-nos o que temos que escrever. Não cumprimos horários. E conseguimos sair deste mundo. Não embarcamos nessa viagem. Estamos aqui e não estamos.
segunda-feira, 20 de julho de 2015
O SOCIALISMO AUTÊNTICO
Segundo Marcuse, para Marx num socialismo autêntico homens e mulheres poderiam viver sem medo, sem serem obrigados a passar toda a sua vida adulta em trabalhos alienantes. Segundo Nietzsche, a vida seria um feriado permanente sem imposições nem castrações. É esta a liberdade que tanto perseguimos, fora da ditadura da finança e dos mercados, fora da União Europeia fascista. Ninguém a mandar, ninguém a obedecer. Homens e nações livres. Sem ganância nem dinheiro.
quarta-feira, 15 de julho de 2015
O FASCISMO FINANCEIRO
O fascismo financeiro tomou conta da Europa. A Grécia foi humilhada. O império alemão e os seus aliados, entre os quais Passos Coelho, impuseram a lei do dinheiro e dos mercados. A União Europeia morreu. Resta a lei da selva. Os fortes que devoram os fracos. A barbárie. A selvajaria das bolsas e dos bancos. Que espírito têm Angela Merkel e o seu ministro das Finanças? Que nazis são esses? Como é possível viver no mesmo mundo dessa gente? Resta-nos a capacidade de resistência do valoroso povo grego que vem de Homero, de Sócrates, de Platão, de Aristóteles. Resta-nos a nossa capacidade de resistência e a nossa solidariedade. O fascismo financeiro mata de fome e de tédio. Não é sequer humano. Nós é que temos que ser humanos. O objectivo da vida na Terra é descobrirmos o nosso verdadeiro ser, disse Henry Miller. O nosso objectivo é libertarmo-nos das cadeias da austeridade, da castração, da opressão. Nós não somos como eles. Não somos sequer da mesma espécie. Temos de conseguir ser nós próprios, temos de conseguir impedir que eles nos impeçam de viver. Temos de nos libertar.
domingo, 12 de julho de 2015
A MISSÃO DO POETA
O poeta, o escritor, segundo afirma Sartre nas “Palavras”, tem por missão salvar os seus semelhantes. Os seus livros são uma missa solene que acorda os homens para a bênção de um Céu do qual ele será o bom emissário. O poeta é o enviado dos deuses, já dizia Platão. E, de facto, nestes dias tenho-me sentido na demanda da mulher e da sabedoria. Há alturas em que nem sequer me sinto deste mundo, em que vou atrás da loucura. Ocupo o mesmo espaço dos meus semelhantes, venho ao café ou à confeitaria, ouço as conversas, mas parte de mim não está cá, está no mundo das ideias. Até a política me parece ridícula, de tão baixa que é. Não, não sou daqui. Venho de outros reinos. Toco a maravilha. No entanto, algo me aproxima dos homens. A criação de um mundo novo. O Céu na Terra. Quem sou eu realmente? Porque não sou como eles? Porque não aceito a rotina?
sábado, 11 de julho de 2015
ÁLCOOL
Bebo
Como o Bukowski
Como o Pacheco
Como o Jaime
Como o Joaquim
Como o Alba
Sou deles
Está-me no sangue
O tédio dos dias, o trabalho
Aborrece-me
Escrevo
Nem sequer
Faço um grande esforço
Não faço parte da classe operária
Mesmo que milite num partido operário
Não sou preguiçoso
A puxar pela cabeça
Sigo a via errática
Sou de Dionisos e do Xamã
Detesto os quadrados e os engravatados
Os cães do sistema
Gosto de ser vadio
De andar à solta
Como Agostinho
Faço asneiras
Muitas asneiras
Mas, enfim, cheguei até aqui inteiro
Ainda vão ter de me aturar
Não sei por quanto tempo
As psicólogas chateiam-me
Por causa do álcool
Estão sempre a chatear-me
E eu continuo a beber
O álcool dá-me vida
Alegria eloquência
Aproxima-me dos outros
Tornei-me neste gajo
Um gajo porreiro
Um tipo sincero
Que dá umas curvas
Que se faz às gajas
Que diz poemas
Que até pode vir a ser
Uma estrela
Que já tem um percurso
Um legado
Uma história.
Como o Bukowski
Como o Pacheco
Como o Jaime
Como o Joaquim
Como o Alba
Sou deles
Está-me no sangue
O tédio dos dias, o trabalho
Aborrece-me
Escrevo
Nem sequer
Faço um grande esforço
Não faço parte da classe operária
Mesmo que milite num partido operário
Não sou preguiçoso
A puxar pela cabeça
Sigo a via errática
Sou de Dionisos e do Xamã
Detesto os quadrados e os engravatados
Os cães do sistema
Gosto de ser vadio
De andar à solta
Como Agostinho
Faço asneiras
Muitas asneiras
Mas, enfim, cheguei até aqui inteiro
Ainda vão ter de me aturar
Não sei por quanto tempo
As psicólogas chateiam-me
Por causa do álcool
Estão sempre a chatear-me
E eu continuo a beber
O álcool dá-me vida
Alegria eloquência
Aproxima-me dos outros
Tornei-me neste gajo
Um gajo porreiro
Um tipo sincero
Que dá umas curvas
Que se faz às gajas
Que diz poemas
Que até pode vir a ser
Uma estrela
Que já tem um percurso
Um legado
Uma história.
quarta-feira, 8 de julho de 2015
O TEMPO É NOSSO
Aqui chegados. Fizemos o que havia a fazer. Dissemos o que havia a dizer. Agora o tempo é nosso. Atenas, Barcelona, Madrid, Porto, Braga, Vilar do Pinheiro. Começa a ser tudo nosso, meu pai. Já pouco ou nada tememos. As mulheres bonitas aproximam-se de nós. As coisas correm como nunca. O raciocínio corre célere. É uma aventura. Está na hora da revolução. Atropelam-se os ricos e os merceeiros. O povo está confuso, como quase sempre. O fantasma agita-se. Tremei, ó capitalistas. As máscaras caem. Os guerrilheiros estão à porta. O tempo é nosso, camaradas. Tomemos o tempo e a vida. A vida é nossa. O império cai. Não há mais negociações. Não há mais conversa. Só mulheres bonitas. Mulheres de sonho no meu jardim. Agora o paraíso é possível. Dancemos. O mundo é nosso para todo o sempre.
segunda-feira, 6 de julho de 2015
A HORA DA GRÉCIA
A vitória esmagadora do "não" no referendo da Grécia é a vitória da dignidade, da democracia, de um povo nobre que não se submete à tirania de Bruxelas, do FMI, do imperialismo alemão, dos "credores". É também a vitória de um governo revolucionário liderado por Alexis Tsipras que entregou a soberania ao povo, que não cedeu a chantagens, que mostrou a firmeza de Hugo Chávez e Che Guevara. A vitória do "não" representa igualmente o princípio do fim da Europa da ditadura da finança, da ditadura dos mercados, da Europa dos interesses e da mercearia. Tsipras representa uma nova forma de fazer política, não cinzenta, não quadrada, uma nova mentalidade não burguesa nem pimba, profundamente humana e próxima de pessoas que faz parecer ridículo o lixo televisivo, os concursos imbecis de talentos e afins, que faz parecer ridículo o salve-se quem puder, o macaco que trepa e atropela do capitalismo e dos PS's e dos PSD's. O exemplo revolucionário do Syriza vai espalhar-se por toda a Europa, a começar por Espanha com o Podemos. Já começou a espalhar-se pela América Latina. Cuidai-vos, burgueses, capitalistas. A hora está a chegar.
sábado, 4 de julho de 2015
FILÓSOFO
Queria ser realmente um filósofo. Como Sócrates, como Platão, como Nietzsche. Mas ainda não tenho arcaboiço para tal. Ainda tenho que ler muitos livros e estudá-los. O que é facto é que agora disponho de tempo. Sim, conquistei o meu tempo e a minha liberdade. Este fim de semana em Vila Verde tive conversas fantásticas, conversas que me abriram a mente. Gerou-se o tal banquete permanente. Ainda assim sinto que há pessoas que estão muito longe de mim, que não me compreendem. Hádias em que me custa a despertar, a entrar no filme. Mas depois entro e não largo. Sobretudo se vou de copo em copo. A vida deveria ser isso: um grande banquete onde se discutisse, onde se dissesse poesia, onde se tocasse e cantasse, onde se dançasse, onde se performeassem as artes e, claro, onde houvesse momentos de recolhimento dedicados ao estudo. Nada mais. E não este tédio, estes sacrifícios que nos impõem. Sim, tanto mediatismo, tanta sofreguidão para quê? Regressemos à filosofia.
Subscrever:
Mensagens (Atom)