sexta-feira, 24 de julho de 2015

ESCREVO E NINGUÉM LIGA

Escrevo e ninguém liga. Os outros ganham prémios, dizem baboseiras, fodem-me a cabeça. Escrevo e as miúdas nada. Não sei que paleio é que os outros gajos têm. A mim ouvem-me quando não estão ocupadas ou escravizadas. Puta de vida imbecil esta gente leva. Eu, ao menos, venho à cidade, compro os meus livros, bebo os meus copos. E esta gente fala não sei de quê. Não sei realmente o que quer, para que veio. Vêm beber uns copos e ter umas conversas imbecis. Não aprofundam. Não partem esta merda. Não há bombas nem cocktails molotov. Ninguém se mexe para nada. E eu, com Marx e Bakunine, não consigo mudar isto. Escrevo e ninguém à minha mesa. Escrevo e bebo e a miúda do lado irrita-se. Não há um amigo, uma amiga nesta cidade? Não há quem venha ter comigo? Não há o Olimpo. Poderia até ficar noite fora. Poeta dos bares e das noitadas. Nem tu me ligas, Gotucha. Bebo por beber até ao raiar da aurora.

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