sábado, 17 de outubro de 2015

O HOMEM ASSASSINADO

O homem está a ser assassinado. Está a ser castrado pela finança, pelos mercados, pelos políticos ao seu serviço. É obrigado a lutar na arena, a disputar uma corrida, uma guerra com os seus semelhantes em busca do emprego, do cargo, do estatuto. As pessoas atropelam-se umas às outras sob a lei do dinheiro e do mercado. Aparentemente existe uma certa paz, uma certa harmonia mas, ao fim e ao cabo, reinam o caos e a barbárie. O homem é reduzido a um número, a uma coisa, a uma mercadoria. As relações humanas são cada vez mais superficiais e mecânicas. Estamos cada vez mais sós e deprimidos. A sociedade capitalista só traz infelicidade. É a lei do mais forte, do mais matreiro, do mais sacana. As próprias relações de amor e de amizade são postas em causa. É a esquizofrenia. Os donos das grandes multinacionais, dos bancos, das bolsas, dos impérios, dos grandes media controlam-nos e lavam-nos o cérebro. Os senhores do dinheiro nadam em milhões e exploram, enquanto outros contam os trocos e outros vegetam na miséria. Não é justo. Não é humano. Não é digno. Não pode haver seres humanos de primeira e de segunda. Trabalha-se mais horas em vez de menos. Há menos tempo para o encontro, para o ser humano dispor de si, para a alegria. O lazer é cada vez mais consumismo. Os jovens estão confusos, não sabem a que valores se agarrar, são empurrados para o safanço, para o sucesso a qualquer preço, por exemplo em concursos de talentos. A televisão atira-nos pimbalhadas, programas da tarde sentimentalóides e imbecis e matraqueia-nos com notícias repetidas que nos fazem a cabeça. É o "Big Brother" de Orwell. Sim, podemos deslocar-nos, vir até ao café, ler, conversar, mas há sempre algo que nos condiciona. Sejam as directivas de Bruxelas ou do imperialismo alemão, sejam os humores dos mercados e da corja financeira, seja esta maldita máquina, a que só alguns escapam, que reprime os nossos impulsos, as nossas forças vitais, a nossa liberdade. Revoltêmo-nos, pois.

Sem comentários: