quinta-feira, 27 de agosto de 2015

FILOS-SOFOS

Há pessoas de grande coração, de mente aberta, de grande generosidade. Mas há também pessoas mesquinhas, muito imaturas, inseguras. Não que sejam de todo más pessoas, no entanto julgo que ainda têm muito para aprender. E, claro, depois há os tubarões, os oportunistas, os que sacam de ti tudo o que têm a sacar. Isto para não falar dos idólatras do lucro e do dinheiro, dos heroinómanos do poder, dos predadores da finança. Há ainda os fracos, os humildes e os falsos fracos, os falsos humildes que desprezam o mendigo ou aquele que cai em desgraça. Muita gente diferente há neste planeta doente, neste país doente. Ao longo dos séculos, dos milénios, foi-se criando uma estrutura de poder, foi-se dividindo a sociedade em classes, não é como nos princípios em que éramos todos mais ou menos iguais, exceptuando o chefe da tribo e o feiticeiro. Mas raios, porque é que o Passos Coelho ou o Belmiro de Azevedo hão-de ocupar uma posição superior à minha? Não somos todos seres humanos? Porque raio há-de haver chefes e subordinados, exploradores e explorados, dirigentes e dirigidos? Bem sei que há uma História. Mas eu sou um homem lido e inteligente. Não me considero inferior a ninguém. Não tenho que obedecer às ordens de ninguém. Caminho livremente. Escrevo livremente. Não preciso de reis nem de presidentes. Sou rei de mim mesmo e isso basta-me. A verdade é esta: o poder impõe-se pela alienação e pelo medo. Quando vencermos o medo venceremos o poder. Mas, lá está. Neste momento há poucas pessoas realmente corajosas. Claro, poderíamos voltar à assembleia ateniense. Poderíamos discutir a cidade na praça. Cá está: o poder tem medo.
Há, sem dúvida, pessoas muito amáveis e prestáveis. Todavia, não sei até onde iriam numa situação de revolta. Tenho muitas dúvidas. A grande maioria acomodou-se e mesmo os pobres e os operários, em geral, não se revoltam, pelo contrário, até apoiam a situação. Restam-nos certos sectores da pequena burguesia e mesmo da burguesia: jovens, estudantes, intelectuais, professores, artistas, outras profissões intelectuais, etc. De qualquer forma, reafirmo-o, a situação é insustentável. O sistema é odioso. Mata o homem. Teremos sempre de voltar ao Maio de 68, a grande revolução, a grande insurreição. Teremos sempre de levar a imaginação ao poder. No entanto, concluo que ou esta gente permanece na ignorância ou então se acomodou ao conforto da casa, do carro, da televisão, da Internet, do telemóvel última geração. Esta gente, digo, uma grande parte desta gente. Pois sei que há gente consciente, que lê, que discute e que quer a festa permanente. Bom, hoje estou mais próximo de ser um "filos-sofos".

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