domingo, 25 de outubro de 2015

BORRACHEIRA

Ontem apanhei uma borracheira das antigas. Cada vez me identifico mais contigo, Charles Bukowski. Sinto-me superior a tudo isto. No fundo, sou uma espécie de rei. As gajas excitam-me. E que importa se beber mais uma? Vou gastando o cacau em livros e em copos. Também o que esperavam de um poeta maldito? Que esperavam que eu dissesse deste mundo burguês, capitalista? Que não o amaldiçoasse? Que não o insultasse? Merda, de facto, estou para além. Nada tenho a ver com a vidinha. Sou de Quixote e de Guevara. Bebo porque não aguento esta pasmaceira. Bebo porque procuro o outro lado. Estou no Ceuta, à mesa, como Pessoa. Gosto de permanecer em certos cafés como o Piolho, como o Ceuta. Aqui leio, escrevo, encontro-me, faço a minha vida. Encanta-me a mulher que passa. Persigo a verdadeira vida. Não aquela que nos vendem. Efectivamente, fui abandonando o rebanho. Definitivamente. Tenho horror à "felicidade da maioria". Sou dos malditos. Nem sequer sou daqueles esquerdistas direitinhos. Não suporto esta "realidade". Estou sozinho no Ceuta. A música vem da TV. Aguardo as amigas. Os praxistas berram.

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