sábado, 11 de julho de 2015

ÁLCOOL

Bebo
Como o Bukowski
Como o Pacheco
Como o Jaime
Como o Joaquim
Como o Alba
Sou deles
Está-me no sangue
O tédio dos dias, o trabalho
Aborrece-me
Escrevo
Nem sequer
Faço um grande esforço
Não faço parte da classe operária
Mesmo que milite num partido operário
Não sou preguiçoso
A puxar pela cabeça
Sigo a via errática
Sou de Dionisos e do Xamã
Detesto os quadrados e os engravatados
Os cães do sistema
Gosto de ser vadio
De andar à solta
Como Agostinho
Faço asneiras
Muitas asneiras
Mas, enfim, cheguei até aqui inteiro
Ainda vão ter de me aturar
Não sei por quanto tempo
As psicólogas chateiam-me
Por causa do álcool
Estão sempre a chatear-me
E eu continuo a beber
O álcool dá-me vida
Alegria eloquência
Aproxima-me dos outros
Tornei-me neste gajo
Um gajo porreiro
Um tipo sincero
Que dá umas curvas
Que se faz às gajas
Que diz poemas
Que até pode vir a ser
Uma estrela
Que já tem um percurso
Um legado
Uma história.

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