sexta-feira, 6 de novembro de 2015
A DITADURA
Para o grego antigo, o homem é inseparável do cidadão. A reflexão é o privilégio dos homens livres que exercem a sua razão e os seus direitos cívicos. É isso que falta: cidadania. Só existe no momento no voto (e ainda assim...). De resto, os financeiros e os capitalistas acumulam, a TV imbeciliza, os políticos e os comentadores ao serviço da máquina ocupam o espaço todo. O cidadão comum é reduzido à esfera privada, às suas contas, aos seus negócios, à sua vidinha. Não existe nenhuma ágora. A maior parte das pessoas nem sequer discute política, a vida pública no café. Poucos têm consciência política e mesmo esses têm poucas hipóteses de a manifestar publicamente. Reina uma ditadura. Reinam também o caos, o confusionismo, as coisas misturam-se propositadamente sem qualquer lógica. Poucos mantêm convicções fortes. A máquina de lavar os cérebros avança todos os dias. Rareia a discussão filosófica, o diálogo sobre a polis, sobre a cidade a construir. As frustrações afogam-se no álcool. Não há democracia. Resta o homem só à mesa.
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