sábado, 3 de outubro de 2009

DO HOMEM À MESA

Estou convencido de que ainda não cheguei onde quero chegar em termos de criação, em termos de escrita. Já lá estive próximo, já toquei a divindade mas sinto que ainda me falta dar o pequeno (grande) passo. Ao ler Henry Miller, as cartas de Miller a Anais Nin, apercebo-me claramente disso. A coisa vem. A coisa há-de vir. Não há que forçá-la. Pode ser aqui, no "Piolho", na "Brasileira", em casa ou noutro sítio qualquer. A coisa há-de vir. Não preciso de estar com os copos para entrar em transe. Se calhar, nem preciso de ficar em transe. A verdade é que há dias em que me sinto sem forças, de garganta seca. A alma fica frágil, com poucas palavras. Hoje não. Hoje não bebi àlcool e sinto-me forte, rejuvenescido. A escrita, a criação, a leitura e o estudo de Henry Miller dão-me forças. Até o varrer vigoroso da empregada me dá forças. Não deixo de ser o homem à mesa. É isso que sou: o homem à mesa. Vivo disto: sou o homem à mesa. É esta a visão: o homem à mesa. Tal como nas minhas BD's dos 15 anos: o homem à mesa do "Café Central". À mesa ouço música, observo o mundo, escrevo. É isto que sou. Não tenho de ser outra coisa. Em 90% dos actos da minha vida sou o homem à mesa. Nasci para isto. Não há que ter vergonha. O homem à mesa.

2 comentários:

M. disse...

Somos o que somos, mesmo. E, novamente o constatei hoje, não conseguimos mudar.

A. Pedro Ribeiro disse...

obrigado, M.