segunda-feira, 26 de outubro de 2009

QUATRO POEMAS DE "SALOON"



A. PEDRO RIBEIRO

RUA

A rua é sempre a mesma
Acima abaixo abaixo acima
Entras nas casas nos bares
Nas camas
Falas
Calas
Encontras este e aquela
Entras neste e naquela
Fornicas a solidão
Facas guerras guitarras
Ilhas descobertas
A coisa arde queima
Cais
Levantas-te
E depois sais
Como se fosse nada

É sempre a mesma rua
O mesmo copo
A mesma canção
E tu gostas.

x-x

SALOON

Todos os loucos desaguam à minha mesa.

O revisor da CP com dúvidas metafísicas
- sabe, estive a pensar como seria o mundo de pernas para o
ar-
o bisneto do escultor
- você é jornalista, faça-me uma entrevista.

As amigas acariciam-se nas bochechas
o filme recua dez anos
matilha que reconhece o totem

Bombos da corte
barbas pontiagudas
rússia imperial

Bazar do czar

Saloon
cavalos à porta
cowboys punks urinóis

chuta, chavalo

x-x

COLT 45

A pele a lata
O poema que se oferece
Em flor
A pose do assassino
Que controla
E o saloon é teu
A cidade é tua
Gingando de pistola
No coldre
Colt 45

x-x

LIKE A ROLLING STONE

Controlada
Abandonada à beira rádio
Perdes o controle e falas
Perdes o controle e calas
E o mundo vira lá fora
E o amigo é inimigo
E já não somos crianças
E meio mundo fode outro meio
E já não há pontos de apoio
Já não há palavras fáceis
E nenhuma das fórmulas gastas serve
E tu corres gemes choras
e eu observo
e amo-te
Quando tudo desaba
E o cigarro morre na boca.

(poemas de A. Pedro Ribeiro)

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