Manifestantes pedem ao exército que escolham entre país e Presidente
Oposição a Mubarak apela a greve geral e a "marcha de um milhão"
31.01.2011 - 08:06 Por Agências
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O movimento de oposição ao regime do Presidente egípcio subiu a parada de contestação apelando a uma greve geral em todo o país já a partir de hoje, e a uma "marcha de um milhão" de pessoas nas ruas, ao mesmo tempo que insta o exército a escolher entre o país e Mubarak.
As manifestações voltam hoje às ruas (Foto: Goran Tomasevic/Reuters)
Com esta chamada de um milhão de manifestantes às ruas amanhã, ao fim de uma semana de protestos em várias cidades do país, a oposição quer mostrar a força popular contra o regime. Sem arredar pé do centro do Cairo, os manifestantes mantêm o protesto pelo sexto dia consecutivo e insistem que o mesmo não acabará enquanto não cair o regime de Mubarak, há três décadas no poder.
Entretanto o Governo deu ordem de regresso da polícia às ruas, quando são esperadas dezenas de milhares de pessoas em novos protestos hoje na capital. O anúncio foi feito pelo Ministério do Interior, justificando a remobilização da polícia com a continuação dos saques em cidades como Alexandria e Suez. A polícia fora retirada das ruas na sexta-feira, depois dos muitos confrontos com os manifestantes, em que morreram já pelo menos 138 pessoas, segundo um balanço elaborado pela agência noticiosa britânica Reuters com base em dados obtidos juntos de fontes médicas, hospitais e outras testemunhas.
Na praça Tahir, no Cairo, os manifestantes partilham comida com as tropas que têm como missão fazer dispersar os protestos enquanto se ouvem cânticos de “abaixo, abaixo Mubarak” depois de seis dias de revolta e de um balanço de uma centena de mortes. As agências noticiosas dão conta que estão já mais de 50 mil pessoas na praça de Tahir (Libertação).
As pessoas recusam aceitar o recolher obrigatório imposto pelo Governo (a partir das 16h00 locais), imunes às promessas de Mubarak, num último discurso de reformas económicas para combater a subida dos preços, o fosso entre ricos e pobres e o desemprego. E as tropas não têm sido eficazes no sentido de fazer cumprir a directiva.
O discurso internacional tenta evitar uma transição de poder no Egipto. Obama pediu uma transição pacífica sem apontar a substituição de Mubarak, apesar de relatos darem a entender que a Casa Branca acha que o tempo do líder egípcio chegou ao fim e que cabe aos egípcios decidir o rumo a tomar agora. A Europa também se acanha a pedir a mudança e Israel pede uma reforma com continuidade de Mubarak no poder.
Mohamed ElBaradei, o rosto da oposição no Egipto e o nome indicado para a transição já veio dizer que será bom que Barack Obama não seja o último a pedir uma transição de poder no Egípto. Os EUA são os principais financiadores das Forças Armadas do país, com 1,3 mil milhões de dólares investidos por ano.
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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Ter comportamentos absurdos. Pedir uma cerveja quando parte do dinheiro da cerveja fazia falta para o metro. Andar à solta, ao Deus dará, sem juízo. Olhar as gajas que se insinuam nas revistas. Esperar pelo gajo que nunca mais vem com Henry Miller à frente e o desenho erótico na capa. Ouvir falar alemão ao lado e não perceber a ponta de um corno. Observar os boémios. Desejar até a vinda do chato do costume. 30 cêntimos. O meu reino por 30 cêntimos. A minha vida por 30 cêntimos. Ao ridículo a que um gajo chega. Estar dependente de 30 cêntimos como um mendigo. Nem sequer chega o Fred maluco. Os gajos a beber cerveja de copo grande e eu aqui a lamentar-me. Os gajos e as gajas com papel e eu aqui sem dinheiro que chegue para o metro. Estou fodido. Não aparece ninguém. Os gajos das novelas sempre nas novelas e eu aqui. Os gajos agarrados ao computador e eu aqui. As gajas a mostrar as mamas e eu aqui. Os gajos a cantar e eu aqui. Que grande merda!
EGIPTO, IÉMEN, TURQUIA, ETC
Manifestações maciças esperadas esta tarde
Egipto em estado de alerta máximo e internet desligada
28.01.2011 - 08:50 Por Dulce Furtado
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seguinte »As forças de segurança egípcias estão em estado de alerta máximo desde a madrugada, sendo esperadas milhares de pessoas nas ruas de várias cidades, incluindo a capital, onde o influente opositor reformista Mohamed ElBaradei se irá juntar aos protestos contra o Presidente, Hosni Mubarak.
Desde o início dos protestos já morreram seis pessoas (Yannis Behrakis/Reuters)
Com a vaga de contestação a entrar hoje no quarto dia consecutivo – e um balanço acumulado de seis mortos, quatro manifestantes e dois polícias – há relatos esta manhã de um bloqueio quase total dos serviços de internet e comunicações textuais por via telefónica, que foram até agora usados pelos manifestantes para se organizarem.
O Governo terá mesmo dado ordens aos quatro principais fornecedores de internet no país (Link Egypt, Vodafone/Raya, Telecom Egypt, Etisalat Misr) para cessarem os seus serviços, afectando as ligações ao exterior de clientes privados, empresas, bancos, escolas e até departamentos governamentais. A empresa norte-americana de monitorização da Internet, que confirmou a interrupção de serviços no Egipto, avaliou que esta suspensão “não tem precedentes na história da Internet”.
Há relatos igualmente de que foram detidas durante a noite várias figuras de topo dos movimentos de oposição ao regime, sobretudo da Irmandade Muçulmana – o maior no Egipto – depois de a organização ter declarado pela primeira vez oficialmente que apoiava os protestos populares.
O Governo de Mubarak, há três décadas no poder, afirmou estar aberto ao diálogo, mas também avisou que tomaria “medidas firmes” para responder à vaga de protestos, que copia a revolta popular na Tunísia, a qual culminou com o derrube do chefe de Estado, Zine al-Abidine Ben Ali. Os manifestantes exigem o afastamento de Mubarak e protestam contra a subida dos preços, o desemprego e o exercício autoritário do poder no país que permite quase ou nenhuma oposição.
É esperado que hoje os protestos sejam os maiores desde terça-feira, contando agora com a participação de ElBaradei – figura de estatuto internacional, ex-director da agência nuclear das Nações Unidas e prémio Nobel da Paz em 2005 – o qual chegou ao Cairo ontem à noite com a “disponibilidade” para liderar a “transição política” no país, “se a população assim o quiser”. Os primeiros sinais são de enormes congregações populares ao início desta tarde, logo após as orações de sexta-feira.
“Isto é uma revolução. Todos os dias vamos aqui voltar”, prometia um jovem manifestante, de 16 anos, ontem à noite em Suez, onde foram registadas escaramuças com a polícia pela madrugada dentro, e onde tinham morrido três dos quatro manifestantes nos confrontos com as forças de segurança.
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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
PARTIDO REVOLUCIONÁRIO LIBERTÁRIO
O NOVO MUNDO
O novo mundo está aí. O sistema democrático burguês está em queda. A abstenção avança. Os partidos tradicionais perdem eleitores e começam a perder o sentido. Os votos brancos sobem. Os velhos paradigmas são postos em causa. Há fenómenos como José Manuel Coelho ou Fernando Nobre. Virão outros. A crise financeira avança. Os cronistas do regime tremem e temem o fim do regime. Chegou a hora de se afirmar um projecto verdadeiramente revolucionário. O BE e o PCP pouco mais valem que Coelho e ficam claramente atrás de Nobre. Chegou a hora de um projecto não sectário que afirme a vida, que se oponha sem rodeios ao capitalismo dos mercados, das bolsas, dos banqueiros, dos Obamas, dos Barrosos, dos Cavacos, dos Sócrates. Chegou a hora de um projecto que afirme a História, o eterno retorno, a mulher e a criança. De um projecto que chegue ao mundo inteiro, que não fique por humanitarismos e caridadezinhas, de um projecto que acabe com a miséria, com a pobreza, com os homens de joelhos, com o homem pequeno de Nietzsche, do mercado e da mercearia. Que acabe com a vidinha do trabalhinho e do dinheirinho, com o tédio da rotina, da "vida" castrada sem luz e sem alma, com o viver só em função das obrigações, dos sacrifícios e daquilo que os governos e os mercados impõem. Que afirme o agora, o "We WAnt the World and We Want it Now" de Jim Morrison. Que liberte o homem. Não temos dúvidas que esse projecto, esse movimento está a começar. Essa recusa da morte dos mercados e dos políticos ignorantes, vendilhões e corruptos, de uma sociedade de escravos e vencidos. Essa voz que fala do amor, como Jesus, como Buda, como Artur de Camelot mas que rejeita e derruba os banqueiros e os governos como na Tunísia, como na Grécia, como na Albânia, como no Egipto, como na Argélia, como em todo o Magrebe. Meus amigos, escutai os cronistas do regime. Vede como eles tremem. Eles não temem os fenómenos pontuais, eles temem esta grande onda que está aí, que aí vem. Unamo-nos em torno deste projecto verdadeiramente revolucionário, o partido, o anti-partido Revolucionário Libertário.
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COMUNICADO DO COMITÉ CLANDESTINO REVOLUCIONÁRIO INDÍGENA
muerte del obispo don Samuel Ruiz.
COMUNICADO DEL COMITÉ CLANDESTINO REVOLUCIONARIO INDÍGENA-COMANDANCIA GENERAL DEL EJÉRCITO ZAPATISTA DE LIBERACIÓN NACIONAL.
MÉXICO.
ENERO DEL 2011.
AL PUEBLO DE MÉXICO:
El Comité Clandestino Revolucionario Indígena-Comandancia General del Ejército Zapatista de Liberación Nacional manifiesta su pesar por la muerte del Obispo Emérito Don Samuel Ruiz García.
En el EZLN militan personas con diferentes credos y sin creencia religiosa alguna, pero la estatura humana de este hombre (y la de quienes, como él, caminan del lado de los oprimidos, los despojados, los reprimidos, los despreciados), llama a nuestra palabra.
Aunque no fueron pocas ni superficiales las diferencias, desacuerdos y distancias, hoy queremos remarcar un compromiso y una trayectoria que no son sólo de un individuo, sino de toda una corriente dentro de la Iglesia Católica.
Don Samuel Ruiz García no sólo destacó en un catolicismo practicado en y con los desposeídos, con su equipo también formó toda una generación de cristianos comprometidos con esa práctica de la religión católica. No sólo se preocupó por la grave situación de miseria y marginación de los pueblos originarios de Chiapas, también trabajó, junto con heroico equipo de pastoral, por mejorar esas indignas condiciones de vida y muerte.
Lo que los gobiernos olvidaron propositivamente para cultivar la muerte, se hizo memoria de vida en la diócesis de San Cristóbal de Las Casas.
Don Samuel Ruiz García y su equipo no sólo se empeñaron en alcanzar la paz con justicia y dignidad para los indígenas de Chiapas, también arriesgaron y arriesgan su vida, libertad y bienes en ese camino truncado por la soberbia del poder político.
Incluso desde mucho antes de nuestro alzamiento en 1994, la Diócesis de San Cristóbal padeció el hostigamiento, los ataques y las calumnias del Ejército Federal y de los gobiernos estatales en turno.
Al menos desde Juan Sabines Gutiérrez (recordado por la masacre de Wolonchan en 1980) y pasando por el General Absalón Castellanos Domínguez, Patrocinio González Garrido, Elmar Setzer M., Eduardo Robledo Rincón, Julio César Ruiz Ferro (uno de los autores de la matanza de Acteal en 1997) y Roberto Albores Guillén (más conocido como “el croquetas”), los gobernadores de Chiapas hostigaron a quienes en la diócesis de San Cristóbal se opusieron a sus matanzas y al manejo del Estado como si fuera una hacienda porfirista.
Desde 1994, durante su trabajo en la Comisión Nacional de Intermediación (CONAI), en compañía de las mujeres y hombres que formaron esa instancia de paz, Don Samuel recibió presiones, hostigamientos y amenazas, incluyendo atentados contra su vida por parte del grupo paramilitar mal llamado “Paz y Justicia”.
Y siendo presidente de la CONAI Don Samuel sufrió también, en febrero de 1995, un amago de encarcelamiento.
Ernesto Zedillo Ponce de León, como parte de una estrategia de distracción (tal y como se hace ahora) para ocultar la grave crisis económica en la que él y Carlos Salinas de Gortari habían sumido al país, reactivó la guerra contra las comunidades indígenas zapatistas.
Al mismo tiempo que lanzaba una gran ofensiva militar en contra del EZLN (misma que fracasó), Zedillo atacó a la Comisión Nacional de Intermediación.
Obsesionado con la idea de acabar con Don Samuel, el entonces presidente de México, y ahora empleado de trasnacionales, aprovechó la alianza que, bajo la tutela de Carlos Salinas de Gortari y Diego Fernández de Cevallos, se había forjado entre el PRI y el PAN.
En esas fechas, en una reunión con la cúpula eclesial católica, el entonces Procurador General de la República, el panista y fanático del espiritismo y la brujería más chambones, Antonio Lozano Gracia, blandió frente a Don Samuel Ruiz García un documento con la orden de aprehensión en su contra.
Y cuentan que el procurador graduado en Ciencias Ocultas fue confrontado por los demás obispos, entre ellos Norberto Rivera, quienes salieron en la defensa del titular de la Diócesis de San Cristóbal.
La alianza PRI-PAN (a la que luego se unirían en Chiapas el PRD y el PT) en contra de la Iglesia Católica progresista no se detuvo ahí. Desde los gobiernos federal y estatal se apadrinaron ataques, calumnias y atentados en contra de los miembros de la Diócesis.
El Ejército Federal no se quedó atrás. Al mismo tiempo que financiaba, entrenaba y pertrechaba a grupos paramilitares, se promovía la especie de que la Diócesis sembraba la violencia.
La tesis de entonces (y que hoy es repetida por idiotas de la izquierda de escritorio) era que la Diócesis había formado a las bases y a los cuadros de dirección del EZLN.
Un botón de la amplia muestra de estos argumentos ridículos se dio cuando un general mostraba un libro como prueba de la liga de la Diócesis con los “transgresores de la ley”.
El título del libro incriminatorio es “El Evangelio según San Marcos”.
Hoy en día esos ataques no han cesado.
El Centro de Derechos Humanos “Fray Bartolomé de Las Casas” recibe continuamente amenazas y hostigamientos.
Además de ser haber sido fundado por Don Samuel Ruiz García y de tener una inspiración cristiana, el “Frayba” tiene como “delitos agravantes” el creer en la Integralidad e Indivisibilidad de los Derechos Humanos, el respeto a la diversidad cultural y al derecho a la Libre Determinación, la justicia integral como requisito para la paz, y el desarrollo de una cultura de diálogo, tolerancia y reconciliación, con respeto a la pluralidad cultural y religiosa.
Nada más molesto que esos principios.
Y esta molestia llega hasta el Vaticano, donde se maniobra para partir la diócesis de San Cristóbal de Las Casas en dos, de modo de diluir la alternativa en, por y con los pobres, en la acomodaticia que lava conciencias en dinero. Aprovechando el deceso de Don Samuel, se reactiva ese proyecto de control y división.
Porque allá arriba entienden que la opción por los pobres no muere con Don Samuel. Vive y actúa en todo ese sector de la Iglesia Católica que decidió ser consecuente con lo que se predica.
Mientras tanto, el equipo de pastoral, y especialmente los diáconos, ministros y catequistas (indígenas católicos de las comunidades) sufren las calumnias, insultos y ataques de los neo-amantes de la guerra. El Poder sigue añorando sus días de señorío y ven en el trabajo de la Diócesis un obstáculo para reinstaurar su régimen de horca y cuchillo.
El grotesco desfile de personajes de la vida política local y nacional frente al féretro de Don Samuel no es para honrarlo, sino para comprobar, con alivio, que ha muerto; y los medios de comunicación locales simulan lamentar lo que en realidad festinan.
Por encima de todos esos ataques y conspiraciones eclesiales, Don Samuel Ruiz García y l@s cristian@s como él, tuvieron, tienen y tendrán un lugar especial en el moreno corazón de las comunidades indígenas zapatistas.
Ahora que está de moda condenar a toda la Iglesia Católica por los crímenes, desmanes, comisiones y omisiones de algunos de sus prelados…
Ahora que el sector autodenominado “progresista” se solaza en hacer burla y escarnio de la Iglesia Católica toda…
Ahora que se alienta el ver en todo sacerdote a un pederasta en potencia o en activo…
Ahora sería bueno voltear a mirar hacia abajo y encontrar ahí a quienes, como antes Don Samuel, desafiaron y desafían al Poder.
Porque est@s cristianos creen firmemente en que la justicia debe reinar también en este mundo.
Y así lo viven, y mueren, en pensamiento, palabra y obra.
Porque si bien es cierto que hay Marciales y Onésimos en la Iglesia Católica, también hubo y hay Roncos, Ernestos, Samueles, Arturos, Raúles, Sergios, Bartolomés, Joeles, Heribertos, Raymundos, Salvadores, Santiagos, Diegos, Estelas, Victorias, y miles de religios@s y seglares que, estando del lado de la justicia y la libertad, están del lado de la vida.
En el EZLN, católicos y no católicos, creyentes y no creyentes, hoy no sólo honramos la memoria de Don Samuel Ruiz García.
También, y sobre todo, saludamos el compromiso consecuente de l@s cristian@s y creyentes que en Chiapas, en México y en el Mundo, no guardan un silencio cómplice frente a la injusticia, ni permanecen inmóviles frente a la guerra.
Se va Don Samuel, pero quedan muchas otras, muchos otros que, en y por la fe católica cristiana, luchan por un mundo terrenal más justo, más libre, más democrático, es decir, por un mundo mejor.
Salud a ellas y ellos, porque de sus desvelos también se nacerá el mañana.
¡LIBERTAD!
¡JUSTICIA!
¡DEMOCRACIA!
Desde las montañas del Sureste Mexicano.
Por el Comité Clandestino Revolucionario Indígena-Comandancia General del EZLN.
Teniente Coronel Insurgente Moisés. Subcomandante Insurgente Marcos.
México, Enero del 2011.
REDUÇÃO DE VENCIMENTOS
Assunto: FW: Redução de vencimentos: um texto lucido do Prof. Luis Menezes Leitão, da Faculdade de Direitode Lisboa, a fazer furor na blogoesfera
"Fico perfeitamente siderado quando vejo constitucionalistas a dizer que não há qualquer problema constitucional em decretar uma redução de salários na função pública.
Obviamente que o facto de muitos dos visados por essa medida ficarem insolventes e, como se viu na Roménia, até ocorrerem suicídios, é apenas um pormenor sem importância.
De facto, nessa perspectiva, a Constituição tudo permite.
É perfeitamente constitucional confiscar sem indemnização os rendimentos das pessoas.
É igualmente constitucional o Estado decretar unilateralmente a extinção das suas obrigações apenas em relação a alguns dos seus credores, escolhendo naturalmente os mais frágeis.
E finalmente é constitucional que as necessidades financeiras do Estado sejam cobertas aumentando os encargos apenas sobre uma categoria de cidadãos.
Tudo isto é de uma constitucionalidade cristalina.
Resta acrescentar apenas que provavelmente se estará a falar, não da Constituição Portuguesa, mas da Constituição da Coreia do Norte.
É por isso que neste momento tenho vontade de recordar Marcello Caetano, não apenas o último Presidente do Conselho do Estado Novo, mas também o prestigiado fundador da escola de Direito Público de Lisboa.
No seu Manual de Direito Administrativo, II, 1980, p. 759, deixou escrito que uma redução de vencimentos "importaria para o funcionário
uma degradação ou baixa de posto que só se concebe como grave sanção penal".
Bem pode assim a Constituição de 1976 proclamar no seu preâmbulo que "o Movimento das Forças Armadas [...) derrubou o regime fascista".
Na perspectiva de alguns constitucionalistas, acabou por consagrar um regime constitucional que permite livremente atentar contra os direitos das pessoas de uma forma que repugnaria até ao último Presidente do Estado Novo.
Diz o povo que "atrás de mim virá quem de mim bom fará". Se no sítio onde estiver, Marcello Caetano pudesse olhar para o estado a
que deixaram chegar o regime constitucional que o substituiu, não deixaria de rir a bom rir com a situação."
Prof. Luis Menezes Leitão
'Perderei a minha utilidade no dia em que abafar a voz da consciência em mim'.
Mahatma Gandhi
António Carneiro
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
SUPER-HOMEM
SUPER-HOMEM
“It’s all fucked up!”, dizia Jim Morrison. Estamos fartos de vigaristas, de charlatães, de controleiros, do elementar dos instintos primários da troca e do lucro. Uma terra inóspita, de gente mesquinha e deprimida. “All the children are insane/ waiting for the summer rain”. This is the end, beautiful friend. Isto é definitivamente o fim ou, quicá, o novo começo. Não me venhas agora dizer que está tudo morto, que já nada há a fazer. Afastai de mim o vosso paleio mansinho. Afastai de mim os vossos negócios, e a vossa conversa de velhas. Não quero saber de niilismos nem de humildades. Não trabalho nem me sacrifico. Só trabalho, só me sacrifico em prol da revolução. E ela está próxima. E ela sorri. Sorri no meio do caos, no meio do dilúvio. Vem ter comigo quanto mais me dais.
Vivemos estes anos todos para chegar aqui. Passámos todos estes infernos para chegar aqui. Somos o mundo. Somos daqui. Ninguém nos pode tirar daqui. Estamo-nos a cagar para o além! Queremos o aqui e o agora! Os vindouros que venham a seu tempo. Isto é nosso! Absolutamente nosso! Não há aqui presidentes nem primeiros-ministros. Estamos a falar da construção do homem. Não da bolsa, não do banco, não dos trocos. Estamos a falar no super-homem.
CARTA ÀS MINHAS IRMÃS
CARTA ÀS MINHAS IRMÃS
Para que quereis governo?
Para que quereis Estado?
Tomai a praça
Dançai
Sede bacantes
As minhas bacantes
Deixai o dinheiro e o poder deles
Ele está a esgotar-se
Dançai, irmãs
Vinde ter comigo
Ao Inverno
Despi-vos
Entoai cânticos
Ao deus da embriaguez
Abandonai os vossos maridos,
Namorados, companheiros
Abandonai as vossas casas
Vinde até mim
Vinde atrás da loucura
Não precisais de governo nenhum
Foram os homens que inventaram
O governo e o Estado
Foram eles que vos escravizaram
Pela organização
Voltai ao Uno
Ao Sagrado Feminino
Celebrai o Grande Meio-Dia
Irmãs, o mundo é nosso
Sede loucas
Abandonai o controle
E o domínio do homem
Não ligueis às patranhas
Das feministas
Dançai
Cantai
Sede belas
Bebei
Abandonai-os à sorte
Do poder
Dançai
Abandonai os castelos
Libertai os cabelos
O mundo é vosso
Irmãs,
Este é o novo dia
Tomai a praça
Despi-vos
Celebrai
Gozai
Construamos o banquete permanente
A festa de Dionisos
Deixai-os
Beijai-vos..
O POETA E JESUS
O POETA E JESUS
É, de novo, madrugada. O poeta arde. Não sabe se é Jesus ou se está em Jesus. Não sabe se o que está a viver é o princípio de uma alucinação ou se é algo mais, capaz de unir os povos da Terra. Tal como Jesus, o poeta quer derrubar os banqueiros e os mercados mas hesita quanto ao uso da violência. Vê as montras partidas e os carros incendiados em Paris, Roma, Atenas e acredita que a revolução passa por aí. Também Jesus apelou ao fogo e à espada. Também Jesus era provocador e insolente. "No mundo tereis aflições, mas tende confiança! Eu venci o mundo", disse. Venceremos o mundo, derrubaremos o poder. Companheiros, companheiras. Aproxima-se a hora. Contudo, o poeta ainda tem dúvidas. Teme a barbárie pura. Deseja o amor entre os homens mas odeia os governantes, os mercadores, os banqueiros. Quer um mundo novo e um homem novo despidos da moeda e da mercearia.
É, de novo, madrugada. O poeta arde. Não sabe se é Jesus ou filho de Jesus. A mente e o coração expandem-se. O poeta sente que está a iniciar uma nova vida. Uma vida de entrega ao próximo e ao longínquo, sem caridadezinhas. O poeta sabe que, sendo naturalmente irresponsável, tem responsabilidades. Como Nietzsche, cria, dança em redor da sabedoria. As suas palavras vão chegar mais longe. Sabe-o. Os próximos dias poderão ser decisivos. O poeta chegou onde queria. Não haverá mais escritos menores, gratuitos. O poeta é de graça e é da graça. Canta, ri. O mundo está a seus pés, tal como as mais belas das mulheres. Se bem que seja necessária alguma prudência com as mulheres. Mas o poeta começa a conhecer as mulheres. Já não é o rapaz ingénuo dos 18 anos. As ideias vêm. O cérebro quase rebenta. O poeta quer construir um mundo novo. Acredita. É isso que o distingue dos outros. Hesita entre a paz e a espada. Sabe que a morte espreita. Mas vai continuar. É para isso que veio ao mundo. Acredita. É do mundo. Vai ao fundo do ser. Vive. É. Está a chegar a hora, companheiros, companheiras. Chegou o tempo de cerrar fileiras. O poeta sabe que a manhã virá. E com ela a luz. Mas também a vida da rotina. Talvez ainda não amanhã, domingo. Mas segunda-feira. O poeta escreve e os homens dormem. Já não é Natal. O poeta nasceu outra vez. Vai pregar na praça. Vai sujeitar-se ao desprezo dos homens e das mulheres. Mas vai chegar a muita gente. Dentro e fora dos livros. O poeta é aquele que quer ser. Pensa na amada. Pensa que o amor também pode vir através da espada. Os galos cantam. Pedro não o nega. Está a escrever verdadeiramente como os mestres. É aqui que queria chegar. Ou melhor, está é uma das etapas do processo. O poeta já quase não sente medo. Prossegue. Escreve madrugada fora. Está na casa da mãe e dos irmãos. Consulta o Evangelho de João. Vive. Chama o pai. Ele ouve-o. A voz do pai ecoa na sua mente. Está em paz. Há outra vida na mente. Uma vida sem economistas nem conta-corrente.
In Jornal Fraternizar
É, de novo, madrugada. O poeta arde. Não sabe se é Jesus ou se está em Jesus. Não sabe se o que está a viver é o princípio de uma alucinação ou se é algo mais, capaz de unir os povos da Terra. Tal como Jesus, o poeta quer derrubar os banqueiros e os mercados mas hesita quanto ao uso da violência. Vê as montras partidas e os carros incendiados em Paris, Roma, Atenas e acredita que a revolução passa por aí. Também Jesus apelou ao fogo e à espada. Também Jesus era provocador e insolente. "No mundo tereis aflições, mas tende confiança! Eu venci o mundo", disse. Venceremos o mundo, derrubaremos o poder. Companheiros, companheiras. Aproxima-se a hora. Contudo, o poeta ainda tem dúvidas. Teme a barbárie pura. Deseja o amor entre os homens mas odeia os governantes, os mercadores, os banqueiros. Quer um mundo novo e um homem novo despidos da moeda e da mercearia.
É, de novo, madrugada. O poeta arde. Não sabe se é Jesus ou filho de Jesus. A mente e o coração expandem-se. O poeta sente que está a iniciar uma nova vida. Uma vida de entrega ao próximo e ao longínquo, sem caridadezinhas. O poeta sabe que, sendo naturalmente irresponsável, tem responsabilidades. Como Nietzsche, cria, dança em redor da sabedoria. As suas palavras vão chegar mais longe. Sabe-o. Os próximos dias poderão ser decisivos. O poeta chegou onde queria. Não haverá mais escritos menores, gratuitos. O poeta é de graça e é da graça. Canta, ri. O mundo está a seus pés, tal como as mais belas das mulheres. Se bem que seja necessária alguma prudência com as mulheres. Mas o poeta começa a conhecer as mulheres. Já não é o rapaz ingénuo dos 18 anos. As ideias vêm. O cérebro quase rebenta. O poeta quer construir um mundo novo. Acredita. É isso que o distingue dos outros. Hesita entre a paz e a espada. Sabe que a morte espreita. Mas vai continuar. É para isso que veio ao mundo. Acredita. É do mundo. Vai ao fundo do ser. Vive. É. Está a chegar a hora, companheiros, companheiras. Chegou o tempo de cerrar fileiras. O poeta sabe que a manhã virá. E com ela a luz. Mas também a vida da rotina. Talvez ainda não amanhã, domingo. Mas segunda-feira. O poeta escreve e os homens dormem. Já não é Natal. O poeta nasceu outra vez. Vai pregar na praça. Vai sujeitar-se ao desprezo dos homens e das mulheres. Mas vai chegar a muita gente. Dentro e fora dos livros. O poeta é aquele que quer ser. Pensa na amada. Pensa que o amor também pode vir através da espada. Os galos cantam. Pedro não o nega. Está a escrever verdadeiramente como os mestres. É aqui que queria chegar. Ou melhor, está é uma das etapas do processo. O poeta já quase não sente medo. Prossegue. Escreve madrugada fora. Está na casa da mãe e dos irmãos. Consulta o Evangelho de João. Vive. Chama o pai. Ele ouve-o. A voz do pai ecoa na sua mente. Está em paz. Há outra vida na mente. Uma vida sem economistas nem conta-corrente.
In Jornal Fraternizar
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
O NOVO MUNDO, O NOVO MOVIMENTO
O novo mundo está aí. O sistema democrático burguês está em queda. A abstenção avança. Os partidos tradicionais perdem eleitores e começam a perder o sentido. Os votos brancos sobem. Os velhos paradigmas são postos em causa. Há fenómenos como José Manuel Coelho ou Fernando Nobre. Virão outros. A crise financeira avança. Os cronistas do regime tremem e temem o fim do regime. Chegou a hora de se afirmar um projecto verdadeiramente revolucionário. O BE e o PCP pouco mais valem que Coelho e ficam claramente atrás de Nobre. Chegou a hora de um projecto não sectário que afirme a vida, que se oponha sem rodeios ao capitalismo dos mercados, das bolsas, dos banqueiros, dos Obamas, dos Barrosos, dos Cavacos, dos Sócrates. Chegou a hora de um projecto que afirme a História, o eterno retorno, a mulher e a criança. De um projecto que chegue ao mundo inteiro, que não fique por humanitarismos e caridadezinhas, de um projecto que acabe com a miséria, com a pobreza, com os homens de joelhos, com o homem pequeno de Nietzsche, do mercado e da mercearia. Que acabe com a vidinha do trabalhinho e do dinheirinho, com o tédio da rotina, da "vida" castrada sem luz e sem alma, com o viver só em função das obrigações, dos sacrifícios e daquilo que os governos e os mercados impõem. Que afirme o agora, o "We WAnt the World and We Want it Now" de Jim Morrison. Que liberte o homem. Não temos dúvidas que esse projecto, esse movimento está a começar. Essa recusa da morte dos mercados e dos políticos ignorantes, vendilhões e corruptos, de uma sociedade de escravos e vencidos. Essa voz que fala do amor, como Jesus, como Buda, como Artur de Camelot mas que rejeita e derruba os banqueiros e os governos como na Tunísia, como na Grécia, como na Albânia, como no Egipto, como na Argélia, como em todo o Magrebe. Meus amigos, escutai os cronistas do regime. Vede como eles tremem. Eles não temem os fenómenos pontuais, eles temem esta grande onda que está aí, que aí vem. Unamo-nos
em torno deste projecto verdadeiramente revolucionário, o partido, o anti-partido Revolucionário Libertário.
Pelo PRL,
António Pedro Ribeiro.
O MUNDO ESTÁ MESMO A MUDAR
Milhares de egípcios desafiaram as autoridades e protestaram contra o Governo no Cairo, num “dia de ira” de manifestação inspirada pela revolta na Tunísia que forçou a saída do ex-Presidente Ben Ali.
Violência no Cairo entre polícia e manifestantes (Amr Abdallah Dals/Reuters)
A jornalista Lauren Bohn relatou confrontos na manifestação. “Acabei de ser derrubada”, disse no Twitter, reproduzido na página de updates do diário britânico "The Guardian".
“Cenas extraordinárias no Cairo enquanto milhares e milhares marcham com aparente liberdade depois de anos e anos a verem cada protesto anti-governamental imediatamente reprimido pela polícia”, relata Jack Shenker, jornalista do diário britânico "The Guardian". “A polícia anti-motim segue atrás mas parece não estar certa do que fazer”, comentou: “três manifestações estão a ir agora para partes diferentes da capital, todas romperam cordões policiais, mas parece haver pouca coordenação sobre o que fazer a seguir.”
Cerca de 15 mil pessoas saíram para a rua em várias zonas do Cairo, adiantou a AFP com base em informações dos serviços de segurança. Ao cair da tarde, centenas de pessoas continuavam na Praça Tahrir, uma das principais da capital, perto do Museu Egípcio.
Os manifestantes mantiveram a atitude de desafio apesar de alguns terem já sido agredidos pela polícia, e cantavam slogans incitando os polícias, a maioria dos quais são muito jovens, a juntarem-se ao protesto. Algumas pessoas agredidas tinham as faces cobertas de sangue, descreveu ainda o jornalista do "The Guardian", que conseguiu por pouco escapar a uma carga policial. Foram usados canhões de água e gás lacrimogéneo.
“Abaixo, abaixo, abaixo Hosni Mubarak”, cantavam os manifestantes em frente a um complexo judicial no centro da capital, rodeados por um cordão policial. O Presidente Mubarak lidera o Egipto há 29 anos. "Basta", diziam outros. "Muadança", pediam.
As autoridades estavam a impor segurança apertada na capital com 20 a 30 mil agentes deslocados pelo Cairo para evitar que os protestos ganhassem grande dimensão.
“Gamal, diz ao teu pai que os egípcios o odeiam”, gritaram ainda alguns manifestantes, dirigindo-se ao filho de Mubarak que se espera que seja o candidato do partido no poder nas eleições de Setembro deste ano.
Enquanto isso, os EUA pediram contenção. Questionada sobre a situação no Egipto, a secretária de Estado Hillary Clinton começou por dizer que Washington apoia “o direito de expressão fundamental e de reunião para toda a gente”, pedindo então “contenção” a todos os envolvidos. Mas acrescentou: “A nossa avaliação é de que o Governo egípcio está estável e a procurar meios de responder às necessidades e interesses legítimos do povo egípcio.”
O Egipto é um pilar de estabilidade na região e o segundo país a receber mais verbas dos EUA.
O Governo egípcio entretanto culpou a Irmandade Muçulmana, movimento islamista na oposição que é banido mas tolerado, pelos protestos.
No Egipto, as críticas ao regime têm vindo sobretudo de activistas on-line, que marcaram a manifestação para um feriado em honra da polícia. As manifestações de hoje, num “dia de revolta contra a tortura, a pobreza, a corrupção e o desemprego”, serão o teste para ver se o activismo consegue passar dos chats e blogues para as ruas.
O país viu ainda recentemente uma série de imolações semelhantes à que despertou a revolta tunisina.
Segundo as leis de emergência no vigor no país há quase 30 anos, não são permitidos ajuntamentos públicos. As autoridades disseram que tolerariam protestos limitados mas que quem infringisse a lei seria preso.
Há ainda relatos no Facebook da escritora e jornalista Mona Elthaway em relação ao norte do Egipto, onde pelo menos cinco mil pessoas terão protestado com cartazes dizendo “Ontem a Tunísia, hoje o Egipto”.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
O NOVO MUNDO
Cavaco não ganhou as eleições. Metade dos votantes rejeitou-o, mais de metade dos portugueses está-se a marimbar para ele. Cavaco vale 25%. É este o "Presidente" que temos, o Presidente da "vileza", da "infâmia", do BPN e das casinhas, um "Presidente" sem uma única ideia própria nos cornos, uma cassete ambulante, um imbecil inculto, arrogante e salazarento que só percebe de Finanças, se é que disso percebe, o que duvido. Por isso, meus amigos, agora o objectivo é deitar Sócrates abaixo (ele já está a cair...) nem que para isso aparentemente tacticamente façamos o jogo da direita. Aliás, a direita que faça o papel dela. Impõe-se igualmente formar um partido ou anti-partido realmente revolucionário. O PC e o BE têm poucos votos e força, alinham com o reformismo social-democrata e têm um discurso velho. A revolução está a fazer-se na Tunísia, na Albânia, na Argélia, em todo o Magrebe, na Grécia e vem para aqui. É a hora de escolher entre a libertação do Homem e a ditadura do capitalismo, dos mercados e dos banqueiros, do Sócrates e do Cavaco. Alea Jacta Est.
O CAVACO TEVE UMA VITÓRIA CURTA E AMARGA...METADE DO PAÍS ESTÁ CONTRA ELE...OUTRA METADE ESTÁ-SE A CAGAR PARA ELE...AGORA SÓCRATES TEM QUE CAIR, CUSTE
A REVOLUÇÃO ESTÁ A CAMINHO
Escolas reabrem amanhã mas professores anunciam greve
Tunísia: “O povo veio derrubar o governo”
23.01.2011 - 16:51 Por Sofia Lorena, em Tune
Leila não larga a mão do filho, enquanto anda de um lado para o outro no centro de Tunes. Foi uma das poucas mulheres a juntar-se à “marcha do campo”, entretanto baptizada “caravana da liberdade”. Veio com centenas de homens e rapazes de várias cidades para “derrubar o governo” interino que tomou posse depois da fuga do Presidente Ben Ali.
A “marcha da liberdade” deixou uma foto do vendedor ambulante que se imolou frente ao Ministério do Interior (Zohra Bensemra/REUTERS)
A jovem mãe nunca tinha estado na Avenida Habib Bourguiba da capital. Afasta-se da concentração e espreita ao longe as lojas até descobrir a montra da Livraria Al-Kitab e parar por momentos. O dono expôs as obras que a ditadura proibia: livros sobre o islão, a Al-Qaeda no Magrebe, um relatório dos Repórteres Sem Fronteiras. Os olhos de Leila detêm-se num livro com outra Leila na capa: “La Régente de Carthage”, sobre a ex-primeira-dama. “Nunca tinha visto”, diz.
A “marcha da liberdade” partiu de Menzel Bouzaiane, 280 quilómetros a sul de Tunes, onde morreram as primeiras vítimas da repressão aos protestos. Passou em Sidi Bouzid, cidade de Mohamed Bouazizi, cuja imolação pelo fogo, a 17 de Dezembro, desencadeou manifestações por toda a Tunísia, e por Ragueb, outra cidade do centro rural.
Os “do campo” chegaram cedo à capital, em carrinhas, camiões e motas. Primeiro, concentram-se diante do Ministério do Interior, onde deixaram um retrato de Bouazizi. Depois, marcharam pelas avenidas. A meio da manhã misturavam-se já com outras manifestações: homens do lixo, estudantes, polícias como na véspera. Todos têm as suas próprias queixas. “O povo veio derrubar o governo”, “fora”, “basta”, gritaram.
O governo interino anunciou para amanhã o começo faseado da reabertura das escolas. Mas os professores primários anunciaram uma greve até que seja formado outro executivo, sem membros do partido do ex-Presidente.
FILHOS DA PUTA
Patrões propõem limite de anos ou redução do valor por ano de antiguidade
Governo e patrões querem corte nas indemnizações por despedimento
24.01.2011 - 10:51 Por Raquel Martins
10 de 12 notícias em Economia
« anteriorseguinte »O Governo desvenda hoje qual a sua proposta para "aliviar" os encargos das empresas com os despedimentos, que poderá passar pela imposição de um tecto máximo aos valores pagos aos trabalhadores, à semelhança do que acontece em Espanha.
A ministra do Trabalho, Helena André, retoma hoje as negociações
(Nuno Ferreira Santos/ arquivo)
As organizações patronais querem reduzir para metade ou para um terço as indemnizações nos processos de despedimento colectivo ou por extinção do posto de trabalho e defendem a imposição de um tecto máximo, que actualmente não existe. Os sindicatos, principalmente a CGTP, nem querem ouvir falar de tal hipótese.
Os dados estão lançados para a reunião mais polémica em torno do pacote de 50 medidas que o Governo quer pôr em prática ainda este ano para "fomentar a competitividade e o emprego".
Actualmente, os trabalhadores envolvidos em despedimentos colectivos ou cujo posto de trabalho foi extinto têm direito a uma indemnização de um mês de salário-base (sem contar com os suplementos) por cada ano ao serviço da empresa, sem que a lei preveja qualquer limite máximo. Na prática, um trabalhador que tenha 30 anos de casa terá direito a uma indemnização correspondente a 30 salários.
Ora tanto a Confederação da Indústria (CIP) como a Confederação do Comércio e Serviços (CCP) e a do Turismo (CTP) argumentam que os valores actuais impedem as reestruturações das empresas. Gregório Rocha Novo, dirigente da CIP, não tem dúvidas que "é preciso preservar o emprego e evitar que as indemnizações sejam um factor de desemprego". A indústria recupera uma reivindicação antiga e vai propor hoje que a indemnização passe a corresponder a meio mês por cada ano de antiguidade, com o limite máximo de 12 meses e com um valor também limitado.
A CCP e também a CTP propõem um modelo semelhante ao que vigora em Espanha e aponta os 21 dias de salário por cada ano de antiguidade como valor a aplicar no cálculo da indemnização, com o limite máximo de 12 meses. Além disso, os serviços reclamam o fim das indemnizações pagas aos trabalhadores que saem da empresa no fim do contrato a termo e para que as medidas tenham efeito imediato pedem que isto se aplique a todos os contratos de trabalho, actuais e futuros.
Inspiração espanhola
Estas propostas extravasam as linhas gerais apresentadas no final de 2010 pelo primeiro-ministro. Nas reuniões com patrões e sindicatos, Sócrates propôs-se impor um tecto máximo às indemnizações por despedimento e criar um fundo financiado pelas empresas para pagar uma parte dessas indemnizações dos trabalhadores. Mas deu a garantia de que as novas regras se destinarão apenas ao trabalhadores que iniciem a sua actividade profissional numa empresa após a entrada em vigor da medida.
O Governo parece inclinar-se para aplicar, em parte, o modelo espanhol e poderá colocar em cima da mesa a imposição de um limite máximo de 12 meses às indemnizações por despedimento colectivo.
Oficialmente nunca se falou em reduzir o valor das indemnizações, embora o secretário de Estado do Emprego, Valter Lemos, garanta que está tudo em negociação. Em Espanha, o trabalhador vítima de despedimento colectivo recebe uma indemnização de 20 dias de salário por ano, com um limite de 12 meses de salário. Mas a indemnização é calculada com base no salário total, incluindo os suplementos.
Na prática, um trabalhador com 30 anos de casa recebe no máximo 12 salários, anulando-se os restantes 18 anos de antiguidade, mas a base de cálculo é superior ao que acontece em Portugal, dado que conta a totalidade do salário e não apenas o vencimento-base.
A CGTP considera a pretensão do Governo de alterar os custos com as indemnizações "absurda", acusando-o de estar a ajudar as empresas "a substituir os trabalhadores efectivos por trabalhadores precários, com salários mais baixos, menos direitos e maior precariedade social". "O Governo socialista está a fazer propostas que nem Governos de direita tiveram coragem de propor no passado", afirmou à Lusa Arménio Carlos, da comissão executiva da CGTP.
Na UGT, considera-se que a imposição de um tecto às indemnizações é uma forma de embaratecer os despedimentos, mas, ainda assim, o presidente da central, João de Deus, diz-se disponível para negociar. Com três condicionantes: que os tectos se destinem apenas a novos contratos, que o valor imposto seja "razoável" e que o fundo para financiar as indemnizações seja exclusivamente suportado pelas empresas.
www.publico.clix.pt
INSULTOS À DEMOCRACIA?
INSULTOS À DEMOCRACIA
Acabei de ouvir na RTPN um tipo qualquer dizer que os 4,5% do Coelho são um insulto à democracia portuguesa. Se eu fosse jornalista, perguntava-lhe o seguinte: se os votos legitimamente conseguidos por uma candidatura legítima são um insulto à democracia portuguesa, então o que é a democracia portuguesa? Não é difícil encontrar insultos à democracia portuguesa: do caso BPN ao Face Oculta, dos submarinos ao processo Portucale, da Casa Pia à Universidade Independente, das escutas aos "mantos diáfanos de fantasia" de certos e determinados trafulhas.
HENRIQUE MANUEL BENTO FIALHO
Acabei de ouvir na RTPN um tipo qualquer dizer que os 4,5% do Coelho são um insulto à democracia portuguesa. Se eu fosse jornalista, perguntava-lhe o seguinte: se os votos legitimamente conseguidos por uma candidatura legítima são um insulto à democracia portuguesa, então o que é a democracia portuguesa? Não é difícil encontrar insultos à democracia portuguesa: do caso BPN ao Face Oculta, dos submarinos ao processo Portucale, da Casa Pia à Universidade Independente, das escutas aos "mantos diáfanos de fantasia" de certos e determinados trafulhas.
HENRIQUE MANUEL BENTO FIALHO
A PEQUENA VITÓRIA DO TIRANETE
Cavaco é o Presidente eleito com menos votos
24.01.2011 - 00:43 Por São José Almeida
Era o seu objectivo expresso durante a campanha e atingiu-o. Cavaco Silva foi reeleito Presidente da República, fugindo a uma segunda volta. Obteve 52,94% dos votos, ultrapassando a percentagem com que foi eleito há cinco anos, 50,54%. Mas não terá atingido os 2.773.431 votos de há cinco anos, ficou-se pelos 2.230.104, quando estavam apuradas todas as freguesias, perdendo assim mais de meio milhão de votos.
Cavaco teve votação expressiva no Norte (Nuno Ferreira Santos)
O resultado em votos de Cavaco Silva é, por outro lado, o mais baixo de uma eleição presidencial em democracia. Até hoje o mais baixo fora o de Jorge Sampaio, com 2.401.015, na sua reeleição.
Já Manuel Alegre atingiu 19,75%, quando há cinco anos teve 20,74%. Fernando Nobre, um dos vencedores da noite, atingiu 14,10%. Francisco Lopes teve 7,14%, José Manuel Coelho 4,5% e Defensor Moura 1,57%.
Os votos em branco foram na ordem dos 4,26% e os nulos de 1,93%.
Uma das novidades desta eleição são os números da abstenção. Atingiu 53,37%, a maior abstenção em eleições presidenciais democráticas. O valor mais elevado tinha sido atingido precisamente numa reeleição, a de Sampaio em 2001, em que a abstenção chegou aos 50,29%. Valores de abstenção elevados apenas ultrapassados pelos das eleições para o Parlamento Europeu, em que os 64,46% foram o recorde atingido em 1994.
Resultado mais baixo
A vitória de Cavaco é uma vitória pouco expressiva. Com 2.230.104 votos, fica algo longe da eleição de Jorge Sampaio que há dez anos atingiu os 55,55% e 2.401.015 votos, com uma abstenção recorde de 50,29%, e muito longe de Mário Soares, que há 20 anos foi reeleito com 70,35%, tendo então o apoio do PS e do PSD e uma abstenção de 37,84%.
A sua vitória é, porém, clara. Cavaco conseguiu atingir uma percentagem de votos superior àquela que os partidos que o apoiaram atingiram nas últimas legislativas. O PSD ficou-se pelos 29,11% dos votos, enquanto o CDS teve 10,43%, somando então os dois 39,54%.
Os cerca de dez por cento dos votos que Cavaco arrecada são a eventual transferência de votos do PS. Isto porque o segundo candidato mais votado, Manuel Alegre, viu-lhe fugir uma parte substancial do eleitorado do seu partido de origem, o PS, que o apoiou em conjunto com o BE.
Há cinco anos, quando se candidatou contra o candidato Cavaco Silva, mas também contra o candidato do PS, Mário Soares, e contra o candidato do BE, Francisco Louçã, Alegre atingiu 20,74%, com 1.138.297 de votos. Agora os 19,75% ficam muito aquém do que era expectável se, de facto, os apoios partidários do PS e do BE tivessem levado os eleitores a votarem esmagadoramente neste candidato. E obtém apenas 831.959 votos.
Comparando com os resultados do PS e do BE nas legislativas de 2009, verifica-se a enorme diferença. Assim, o PS teve 36,56% e o BE atingiu os 9,81%, num total de 46,37%, ou seja, mais do dobro da percentagem atingida agora por Alegre.
Derrota de Sócrates
Esta derrota de Alegre é também uma derrota do PS e do primeiro-ministro, José Sócrates, que se envolveu pessoalmente na campanha. Mas dentro do PS, os grandes derrotados são os representantes da ala esquerda do partido que, desde 2004, quando Alegre se candidatou a primeira vez a secretário-geral, tem apoiado a sua acção política. Mas há uma parte da esquerda do PS, nomeadamente os soaristas, que nunca se reviu nesta candidatura. O balanço interno entre os socialistas. E o ajuste de contas entre tendências será feito em breve já que o Congresso do PS está previsto para o final de Fevereiro.
Mas a derrota de Alegre atinge também o BE. Este partido aceitou dar o braço ao partido do Governo e isso poderá ter sequelas internas, no pós-eleições.
A grande surpresa desta eleição é o resultado atingido por Fernando Nobre: 14,09% e 593.142 votos. Um candidato sem apoios e sem máquina partidária, que lutou com alguma falta de meios, mas que conseguiu mobilizar apoios e capitalizar com o voto do protesto contra o sistema político. Atinge quase 15%, superando o que lhe davam as sondagens.
Já Francisco Lopes, com 7,14% fica em casa e aguenta a percentagem do PCP nas últimas legislativas que foi de 7,86%. Com uma campanha para solidificar posições internas, o candidato comunista cumpriu os objectivos. Mas é penalizado também e perde votos ficando apenas com 300.840 votos.
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domingo, 23 de janeiro de 2011
O CAVACO É MESMO UMA FRAUDE
Ficou parcialmente esclarecido o mistério da Aldeia da Coelha. E por que disse Cavaco Silva que talvez explicasse tudo depois de dia 23. Perguntava, há uns dias, com quem teria ele feito a misteriosa permuta de terrenos de que, coisa estranha, não se lembrava. Sabemos, mais uma vez através da Visão , que a permuta foi feita com Fernando Fantasia. Ou seja, o seu vizinho no aldeamento e um dos homens fortes do BPN - o mesmo que fez bons negócios em Alcochete com informação privilegiada sobre o que ali ia acontecer. Na realidade, não foi com Fantasia. Foi com com a Constralmada, uma construtora que pertencia a ele e à Opi, que, por sua vez, depois de pertencer também a Fantasia passou a ser detida pela SLN. Uma empresa que deu muito que falar na comissão de inquérito do BPN.
Se juntarmos a estas revelações a ligação do próprio empreendimento ao BPN, as ações da SLN que recebeu a preço de favor para vender a preço de mercado, os financiamentos à sua campanha anterior e a participação de vários homens do BPN na sua campanha atual, percebemos facilmente que ou Cavaco Silva é perseguido pelos homens do BPN ou a sua relação foi sempre de uma enorme proximidade com esta gente. E isso é politicamente relevante.
Qual é exatamente o problema das relações de Cavaco Silva com o BPN/SLN? Não serão do foro criminal e, a haver alguma irregularidade, ela não está em nenhum dos factos divulgados. São quatro os problemas que se levantam. Todos políticos
1. A relação de Cavaco Silva com a verdade.
Quando se trata do BPN, omite, esconde, baralha, nunca esclarece. Em todos os casos, os esclarecimentos não vieram do próprio nem de fonte próxima de si. Vieram de investigações jornalísticas às quais o próprio recusou dar qualquer colaboração.
2. A relação de Cavaco Silva com os homens que são responsáveis pela fraude do século em Portugal.
Não são apenas seus antigos colaboradores. Não são apenas seus amigos ou vizinhos. São pessoas com quem manteve negócios, cumplicidades financeiras e políticas. Pessoas a quem pode dever favores. Tratando-se de um caso com a gravidade do BPN e de um chefe de Estado, isso é pelo menos inquietante.
3. A relação de Cavaco Silva com a gestão política do caso BPN.
Não podemos esquecer que o Presidente da República apoiou uma nacionalização ruinosa que deixou de fora os ativos da SLN. A responsabilidade política primeira é do governo, é certo. Mas Cavaco participou. E é preocupante perceber que a sua ligação com os que criaram este buraco negro foi sempre tão próxima. Se a isto juntarmos o papel que teve na defesa da manutenção de Dias Loureiro no Conselho de Estado, para onde o tinha nomeado, devemos mesmo ficar assustados.
4. A relação do BPN com o cavaquismo e com Cavaco.
Que o Banco Português de Negócios era um banco de gente que tinha sido próxima do Presidente da República, todos sabíamos. Mas, até estas revelações, defendia-se que Cavaco apenas tinha sido o primeiro-ministro de um governo onde eles se encontraram. Hoje sabemos que não é apenas isso. Que Cavaco continuou a ser um elemento central junto daquelas pessoas. E que pode bem ter sido usado como um fator de credibilização dos negócios que faziam. Isso aconteceu contra a sua vontade? A regularidade com que manteve contactos comerciais e políticos com os homens do BPN, em benefício próprio, só deixa duas possibilidades: ou Cavaco percebeu o que se passava e preferiu ignorar o terreno perigoso que pisava, ou é de uma ingenuidade e cegueira preocupantes. Qualquer dos casos é grave, tratando-se de um chefe de Estado.
Uma coisa é certa: Cavaco Silva não pode continuar a tratar os homens que podem vir a ser responsáveis por um rombo de quase cinco mil milhões de euros nos cofres públicos como gente que nada tem a ver com ele. Ou opta por esclarecer todas as relações financeiras e políticas que foi mantendo - e continua a manter (Fernando Fantasia está na sua Comissão de Honra) - com esta gente, ou é legítimo suspeitarmos que ainda há mais por descobrir.
Podem os seus apoiantes e o próprio gritar mil vezes que estamos perante uma campanha suja. As dúvidas não se dissipam com a sua indignação.
Publicado no Expresso Online
Se juntarmos a estas revelações a ligação do próprio empreendimento ao BPN, as ações da SLN que recebeu a preço de favor para vender a preço de mercado, os financiamentos à sua campanha anterior e a participação de vários homens do BPN na sua campanha atual, percebemos facilmente que ou Cavaco Silva é perseguido pelos homens do BPN ou a sua relação foi sempre de uma enorme proximidade com esta gente. E isso é politicamente relevante.
Qual é exatamente o problema das relações de Cavaco Silva com o BPN/SLN? Não serão do foro criminal e, a haver alguma irregularidade, ela não está em nenhum dos factos divulgados. São quatro os problemas que se levantam. Todos políticos
1. A relação de Cavaco Silva com a verdade.
Quando se trata do BPN, omite, esconde, baralha, nunca esclarece. Em todos os casos, os esclarecimentos não vieram do próprio nem de fonte próxima de si. Vieram de investigações jornalísticas às quais o próprio recusou dar qualquer colaboração.
2. A relação de Cavaco Silva com os homens que são responsáveis pela fraude do século em Portugal.
Não são apenas seus antigos colaboradores. Não são apenas seus amigos ou vizinhos. São pessoas com quem manteve negócios, cumplicidades financeiras e políticas. Pessoas a quem pode dever favores. Tratando-se de um caso com a gravidade do BPN e de um chefe de Estado, isso é pelo menos inquietante.
3. A relação de Cavaco Silva com a gestão política do caso BPN.
Não podemos esquecer que o Presidente da República apoiou uma nacionalização ruinosa que deixou de fora os ativos da SLN. A responsabilidade política primeira é do governo, é certo. Mas Cavaco participou. E é preocupante perceber que a sua ligação com os que criaram este buraco negro foi sempre tão próxima. Se a isto juntarmos o papel que teve na defesa da manutenção de Dias Loureiro no Conselho de Estado, para onde o tinha nomeado, devemos mesmo ficar assustados.
4. A relação do BPN com o cavaquismo e com Cavaco.
Que o Banco Português de Negócios era um banco de gente que tinha sido próxima do Presidente da República, todos sabíamos. Mas, até estas revelações, defendia-se que Cavaco apenas tinha sido o primeiro-ministro de um governo onde eles se encontraram. Hoje sabemos que não é apenas isso. Que Cavaco continuou a ser um elemento central junto daquelas pessoas. E que pode bem ter sido usado como um fator de credibilização dos negócios que faziam. Isso aconteceu contra a sua vontade? A regularidade com que manteve contactos comerciais e políticos com os homens do BPN, em benefício próprio, só deixa duas possibilidades: ou Cavaco percebeu o que se passava e preferiu ignorar o terreno perigoso que pisava, ou é de uma ingenuidade e cegueira preocupantes. Qualquer dos casos é grave, tratando-se de um chefe de Estado.
Uma coisa é certa: Cavaco Silva não pode continuar a tratar os homens que podem vir a ser responsáveis por um rombo de quase cinco mil milhões de euros nos cofres públicos como gente que nada tem a ver com ele. Ou opta por esclarecer todas as relações financeiras e políticas que foi mantendo - e continua a manter (Fernando Fantasia está na sua Comissão de Honra) - com esta gente, ou é legítimo suspeitarmos que ainda há mais por descobrir.
Podem os seus apoiantes e o próprio gritar mil vezes que estamos perante uma campanha suja. As dúvidas não se dissipam com a sua indignação.
Publicado no Expresso Online
AI, OS BANCOS!
Rudolf Elmer
E se a desobediência bancária se pega?
22.01.2011 - 16:11 Por João Ramos de Almeida
4 de 5 notícias em Economia
Um paladino da transparência bancária ou apenas um bancário desejoso de vingança e dinheiro? Rudolf Elmer, um suíço de 55 anos, ex-director da filial do banco Julius Bär (BJB) nas ilhas Caimão, abriu desde 2003 uma daquelas guerras que parecem impossíveis de ganhar.
Um ex-director na sua filial num paraíso fiscal está a tentar impedir as ilegalidades cometidas pela instituição
(Carl de Souza/AFP)
Para já, o último round foi-lhe favorável. Na passada quinta-feira, o tribunal de Zurique obrigou-o a pagar uma multa de 7200 francos suíços (5500 euros), quando a acusação pedia oito meses de prisão e uma multa de dois mil francos. O Ministério Público voltou a detê-lo horas depois da sentença. Mas o seu caso está a correr o mundo.
Rudolf deve ter tido uma vida antes de se tornar bancário. Mas os relatos na comunicação social - na sua maioria fornecidos pelo funcionário - dão-no como tendo trabalhado no banco Credit Suisse, na firma KPMG e no banco que o viria a tornar famoso.
A sua aventura começou quando, em 1994, foi promovido a vice-director (chief operating officer) da filial do BJB no paraíso fiscal das ilhas Caimão.
O banco pode não ter um nome familiar, mas não é uma casa qualquer. É uma das tradicionais instituições financeiras de Zurique fundada em 1890 pelo famoso banqueiro Julius Bär, tem 3800 empregados, escritórios abertos na Suíça, em Frankfurt, Milão, Genebra, Dubai, Ilhas Caimão, Nova Iorque, Singapura e Hong Kong. Segundo informação institucional, em Setembro de 2005, comprou dois bancos privados e parte do gigante UBS AG, tornando-se apenas na "maior instituição privada de gestão de fortunas da Suíça". E, a julgar pelo que conta Rudolf Elmer, um banco especialista naquilo que se designa por "planeamento fiscal agressivo", mas cujo resultado é a prosaica fraude e evasão aos impostos.
A vida poderia ter sido boa no paraíso das Caraíbas, na quinta praça financeira do mundo. Mas Rudolf conta que, à medida que foi subindo na hierarquia, lhe iam pedindo cada vez mais coisas menos regulares, ilegais. Diz que alertou os seus chefes, que nada fizeram.
Foi um período em que lhe devem ter chegado pelo menos os ecos da acção judicial interposta em 2000 pelo então manager de David Bowie, Tony Defries, que perdeu os seus activos de dezenas de milhões de dólares num esquema fraudulento do BJB e outros bancos. A acção foi arquivada por falta de jurisdição.
"Eu fazia diariamente uma cópia de segurança do servidor do banco e levava informação para casa [para trabalhar]." "[E] algumas vezes esquecia-me dela, sobretudo na época em que fiquei doente", conta num relato elabora pelo site Swissinfo.
O que diz o polígrafo
Ora, no Verão de 2002, segundo os documentos da WikiLeaks, soube-se que as autoridades fiscais norte-americanas tinham dados das contas bancárias do BJB que permitiam chegar aos rendimentos não declarados dos seus clientes. As leis das Ilhas Caimão não permitem nem às suas autoridades de supervisão aceder a essa informação e é por isso que, desde 2006, as autoridades norte-americanas incluíram as Ilhas Caimão entre os países que mais as preocupam.
O BJB iniciou uma investigação. Foram feitas buscas a casa dos empregados e inquéritos vários, entre os quais o polígrafo.
A prova do polígrafo é, aparentemente, uma prática habitual. Os técnicos contratados pelo BJB vieram da American Poligraph Association, que tem, entre os seus clientes, além dos organismos judiciais, empresas e grupos privados, actuando ao abrigo do Employee Polygraph Protection Act of 1988 (EPPA).
Como a informação divulgada estava na posse de muito poucas pessoas, Rudolf tornou-se o principal suspeito. E, mesmo de baixa médica, foi obrigado ilegalmente a passar pelo teste do polígrafo. Fez alguns testes, mas - alegando questões de saúde - recusou-se a prosseguir. O seu inquiridor, Lou Criscella, viria mais tarde a ser processado por Rudolf por ter violado as regras legais do uso do polígrafo. O BJB alegou que a lei norte-americana não se aplicava nas Ilhas Caimão.
Mas os resultados dos inquéritos com o polígrafo foram pouco claros. O ambiente turvou-se. Segundo a WikiLeaks, o BJB tentou incriminar Elmer pela divulgação de documentos produzidos, mesmo após o seu afastamento. O seu chefe aconselhava-o a mergulhar no mar, de preferência bem fundo. À noite, recebia chamadas telefónicas a "sugerir" que, para bem da sua família, deixasse o país. Rudolf acabou despedido.
Perseguido na Suíça
"Ao perder o emprego, voltámos para a Suíça e trouxe comigo alguma daquela informação", continua Rudolf. Foi só mais tarde - insiste - é que se apercebeu do seu valor. "[Em desespero], comecei a utilizar os dados na minha defesa."
Encontrou emprego em 2003, mas não contou aos seus novos empregadores o que se estava a passar com o BJB. O banco, por seu lado, prometeu - segundo o bancário - não levantar problemas. Administradores do BJB ameaçaram-no, caso se queixasse à polícia. Tudo estaria bem, desde que não processasse o banco por usar o polígrafo ou pela demissão.
O BJB, contudo, nunca deixou de pensar no seu principal suspeito.
Contratou a firma de detectives Ryffel AG e manteve a pressão. Novamente, o telefone de casa a tocar à noite com ameaças. Rudolf queixou-se várias vezes à polícia de estar a ser perseguido. Carros seguiam-no para todo o lado. Havia sempre pessoas postadas à frente da sua casa ou da escola da filha de seis anos. A creche ficava a apenas 900 metros de casa, mas a mãe, apavorada, ia sempre buscá-la. Mesmo no autocarro, havia homens da Ryffel a vigiá-las, até serem parados pela polícia, sem que nada lhes acontecesse. À noite, vinham carros parar à porta de casa e incomodavam os vizinhos. Tudo foi reconhecido em tribunal, em 2007.
Em resposta, Rudolf assume que escreveu emails anónimos com ameaças. Se não parassem, enviaria dados dos clientes para o fisco suíço ou para a comunicação social.
"A situação era aterradora. Vivíamos apavorados e pensei que o banco estava por detrás de tudo e foi por isso que enviei os emails, mas nunca ameacei ninguém ou fiz ameaças de bomba", conta, referindo-se à sede de Zurique. Elmer escreveu ao presidente do BJB. Deu-lhe a entender que era tempo de se proteger e à sua família e forneceu-lhe indícios da informação que poderia libertar. O banco ofereceu-lhe 500 mil francos pelo seu silêncio, mas Rudolf recusou e fez queixa.
Nada feito. A lei suíça, por se tratar de uma pessoa singular, não considera a proposta feita como corrupção. O procurador até lhe disse que deveria ficar contente com a oferta do BJB. E as actividades da agência Ryffel tão-pouco eram contra a lei. Não há lei suíça que proíba a perseguição de pessoas por entidades privadas. Rudolf tentou outras instituições - como fundações de protecção a crianças. Em vão.
O BJB iniciou então uma queixa contra Elmer. Acusaram-no de "roubo de material com intenções criminais", tal como declarou Martin Somogyi, porta-voz do Julius Bär. Roubo?, questiona-se Rudolf. "Eu tinha autorização para guardá-lo." O banco acusa-o de usar a informação para chantagear. Rudolf responde que apenas ameaçou o banco de revelar rendimentos dos seus clientes não declarados ao fisco para reclamar o cumprimento da lei, como o pagamento à Segurança Social e para o seguro de saúde.
No final, a queixa foi arquivada devido à recusa do banco em abrir à investigação os dados das Ilhas Caimão.
2006 parece ter sido o ano em que a iniciativa passou para o lado de Rudolf Elmer. Como diria mais tarde: "Tornar público o que sei e falar de mim reforçam a minha protecção." Dirigiu-se às agências noticiosas, mas nenhuma quis pegar nos seus assuntos. Pôs uma acção contra o segredo bancário no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. E na mesma altura um CD chegou à revista financeira Cash. Foram publicados dados bancários dos clientes do BJB, contribuintes relapsos, na sua maioria alemães, mas com os nomes em branco.
Preso e desempregado
Apontado como suspeito, Rudolf viu a casa revirada, computadores vistoriados, acabou na prisão por 30 dias, mas foi libertado por falta de provas. E perdeu o emprego por falta de confiança dos seus empregadores.
No ano seguinte, em Dezembro de 2007, nova acção contra o banco a reclamar os seus direitos - falta de pagamento pelo BJB da Segurança Social e do seguro de saúde - e ainda por perseguição pelo BJB a si e à sua família pela agência Ryffel AG.
Ao mesmo tempo, o site espelho da WikiLeaks nos Estados Unidos, lançado em 2007, "pôs no ar" dados do BJB. O banco tentou então retirar credibilidade à informação difundida, mas cruzou o oceano, contratou a firma de advogados Lavely & Singer e interpôs uma acção no tribunal de São Francisco para impedir a divulgação e fechar esse site espelho, o que conseguiu a 15 de Fevereiro de 2008. Ao longo de duas semanas, todavia, o mesmo material apareceu noutros sites, noutros países. E a WikiLeaks ganhou o recurso. "Vivemos numa época em que as pessoas podem fazer boas coisas e coisas terríveis sem serem responsabilizados pela justiça", declarou o juiz Jeffrey S. White aos jornais.
O banco desistiu da sua queixa contra a WikiLeaks em Março de 2008 e o site começou a divulgar documentos que provavam a acusação de Elmer sobre o uso do BJB para evasão fiscal.
Rudolf criou o seu próprio site para contar a história do processo (www.swisswhistleblower.com), mas rapidamente alargou o seu âmbito para defender a transparência bancária. "Quero também apoiar os governos e instituições na luta contra a sonegação fiscal, a corrupção e outros negócios imorais", explica. Um dos casos por desvendar é o do próprio Presidente do México, Carlos Salinas, cuja fortuna, garante, passou pelo BJB, nas Ilhas Caimão.
Em 2009, por questões de protecção e com um novo emprego, deixou a Suíça com a sua família e foi para as Ilhas Maurícias, no Índico.
E esta semana, a dois dias da sessão final do processo por violação reiterada do segredo bancário em 2008, espionagem industrial e coerção sobre outros empregados, Elmer apareceu em Londres, para, numa conferência de imprensa com o fundador do site WikiLeaks, anunciar que dentro de semanas será libertada informação bancária secreta.
O desafio jornalístico passou a ser descobrir a quem pertenciam essas contas. Mais de dois mil pessoas com muito dinheiro, 40 políticos, 200 contas de empresas multinacionais, artistas e gente importante que foge aos impostos.
A ousadia foi excessiva. O procurador Bergmann do tribunal de Zurique declarou logo que Elmer não aprendera a lição e que só manifestava desrespeito para com a lei e os tribunais. Rudolf entrou no tribunal de Zurique filmado pelas agências noticiosas. Saiu condenado, mas com uma multa muito aquém da pena de prisão pedida pelo procurador.
"Cometi erros, mas quanto ao fundamental, que diz respeito às praças financeiras offshore, como as Ilhas Caimão, não me arrependo de nada." E recorreu da decisão. Horas depois, o procurador ordenou a sua detenção por considerar que o anúncio de Londres violava as leis suíças que sustentam o sigilo bancário.
Rudolf, desta vez, passou a ser seguido pelo mundo inteiro. E juntou-se a outros "denunciantes" de práticas ilegais, possíveis pelas regras do segredo bancário. O banco suíço USB foi recentemente forçado a dar às autoridades dos Estados Unidos dados bancários de mais de quatro mil clientes. O grupo Stanford foi fechado nos Estados Unidos devido a fraudes denunciadas por quadros da instituição. Todos eles passaram a ser convidados para conferências internacionais como denunciantes de crimes.
O que acontecerá à banca, se o exemplo se pega?
www.publico.clix.pt
E se a desobediência bancária se pega?
22.01.2011 - 16:11 Por João Ramos de Almeida
4 de 5 notícias em Economia
Um paladino da transparência bancária ou apenas um bancário desejoso de vingança e dinheiro? Rudolf Elmer, um suíço de 55 anos, ex-director da filial do banco Julius Bär (BJB) nas ilhas Caimão, abriu desde 2003 uma daquelas guerras que parecem impossíveis de ganhar.
Um ex-director na sua filial num paraíso fiscal está a tentar impedir as ilegalidades cometidas pela instituição
(Carl de Souza/AFP)
Para já, o último round foi-lhe favorável. Na passada quinta-feira, o tribunal de Zurique obrigou-o a pagar uma multa de 7200 francos suíços (5500 euros), quando a acusação pedia oito meses de prisão e uma multa de dois mil francos. O Ministério Público voltou a detê-lo horas depois da sentença. Mas o seu caso está a correr o mundo.
Rudolf deve ter tido uma vida antes de se tornar bancário. Mas os relatos na comunicação social - na sua maioria fornecidos pelo funcionário - dão-no como tendo trabalhado no banco Credit Suisse, na firma KPMG e no banco que o viria a tornar famoso.
A sua aventura começou quando, em 1994, foi promovido a vice-director (chief operating officer) da filial do BJB no paraíso fiscal das ilhas Caimão.
O banco pode não ter um nome familiar, mas não é uma casa qualquer. É uma das tradicionais instituições financeiras de Zurique fundada em 1890 pelo famoso banqueiro Julius Bär, tem 3800 empregados, escritórios abertos na Suíça, em Frankfurt, Milão, Genebra, Dubai, Ilhas Caimão, Nova Iorque, Singapura e Hong Kong. Segundo informação institucional, em Setembro de 2005, comprou dois bancos privados e parte do gigante UBS AG, tornando-se apenas na "maior instituição privada de gestão de fortunas da Suíça". E, a julgar pelo que conta Rudolf Elmer, um banco especialista naquilo que se designa por "planeamento fiscal agressivo", mas cujo resultado é a prosaica fraude e evasão aos impostos.
A vida poderia ter sido boa no paraíso das Caraíbas, na quinta praça financeira do mundo. Mas Rudolf conta que, à medida que foi subindo na hierarquia, lhe iam pedindo cada vez mais coisas menos regulares, ilegais. Diz que alertou os seus chefes, que nada fizeram.
Foi um período em que lhe devem ter chegado pelo menos os ecos da acção judicial interposta em 2000 pelo então manager de David Bowie, Tony Defries, que perdeu os seus activos de dezenas de milhões de dólares num esquema fraudulento do BJB e outros bancos. A acção foi arquivada por falta de jurisdição.
"Eu fazia diariamente uma cópia de segurança do servidor do banco e levava informação para casa [para trabalhar]." "[E] algumas vezes esquecia-me dela, sobretudo na época em que fiquei doente", conta num relato elabora pelo site Swissinfo.
O que diz o polígrafo
Ora, no Verão de 2002, segundo os documentos da WikiLeaks, soube-se que as autoridades fiscais norte-americanas tinham dados das contas bancárias do BJB que permitiam chegar aos rendimentos não declarados dos seus clientes. As leis das Ilhas Caimão não permitem nem às suas autoridades de supervisão aceder a essa informação e é por isso que, desde 2006, as autoridades norte-americanas incluíram as Ilhas Caimão entre os países que mais as preocupam.
O BJB iniciou uma investigação. Foram feitas buscas a casa dos empregados e inquéritos vários, entre os quais o polígrafo.
A prova do polígrafo é, aparentemente, uma prática habitual. Os técnicos contratados pelo BJB vieram da American Poligraph Association, que tem, entre os seus clientes, além dos organismos judiciais, empresas e grupos privados, actuando ao abrigo do Employee Polygraph Protection Act of 1988 (EPPA).
Como a informação divulgada estava na posse de muito poucas pessoas, Rudolf tornou-se o principal suspeito. E, mesmo de baixa médica, foi obrigado ilegalmente a passar pelo teste do polígrafo. Fez alguns testes, mas - alegando questões de saúde - recusou-se a prosseguir. O seu inquiridor, Lou Criscella, viria mais tarde a ser processado por Rudolf por ter violado as regras legais do uso do polígrafo. O BJB alegou que a lei norte-americana não se aplicava nas Ilhas Caimão.
Mas os resultados dos inquéritos com o polígrafo foram pouco claros. O ambiente turvou-se. Segundo a WikiLeaks, o BJB tentou incriminar Elmer pela divulgação de documentos produzidos, mesmo após o seu afastamento. O seu chefe aconselhava-o a mergulhar no mar, de preferência bem fundo. À noite, recebia chamadas telefónicas a "sugerir" que, para bem da sua família, deixasse o país. Rudolf acabou despedido.
Perseguido na Suíça
"Ao perder o emprego, voltámos para a Suíça e trouxe comigo alguma daquela informação", continua Rudolf. Foi só mais tarde - insiste - é que se apercebeu do seu valor. "[Em desespero], comecei a utilizar os dados na minha defesa."
Encontrou emprego em 2003, mas não contou aos seus novos empregadores o que se estava a passar com o BJB. O banco, por seu lado, prometeu - segundo o bancário - não levantar problemas. Administradores do BJB ameaçaram-no, caso se queixasse à polícia. Tudo estaria bem, desde que não processasse o banco por usar o polígrafo ou pela demissão.
O BJB, contudo, nunca deixou de pensar no seu principal suspeito.
Contratou a firma de detectives Ryffel AG e manteve a pressão. Novamente, o telefone de casa a tocar à noite com ameaças. Rudolf queixou-se várias vezes à polícia de estar a ser perseguido. Carros seguiam-no para todo o lado. Havia sempre pessoas postadas à frente da sua casa ou da escola da filha de seis anos. A creche ficava a apenas 900 metros de casa, mas a mãe, apavorada, ia sempre buscá-la. Mesmo no autocarro, havia homens da Ryffel a vigiá-las, até serem parados pela polícia, sem que nada lhes acontecesse. À noite, vinham carros parar à porta de casa e incomodavam os vizinhos. Tudo foi reconhecido em tribunal, em 2007.
Em resposta, Rudolf assume que escreveu emails anónimos com ameaças. Se não parassem, enviaria dados dos clientes para o fisco suíço ou para a comunicação social.
"A situação era aterradora. Vivíamos apavorados e pensei que o banco estava por detrás de tudo e foi por isso que enviei os emails, mas nunca ameacei ninguém ou fiz ameaças de bomba", conta, referindo-se à sede de Zurique. Elmer escreveu ao presidente do BJB. Deu-lhe a entender que era tempo de se proteger e à sua família e forneceu-lhe indícios da informação que poderia libertar. O banco ofereceu-lhe 500 mil francos pelo seu silêncio, mas Rudolf recusou e fez queixa.
Nada feito. A lei suíça, por se tratar de uma pessoa singular, não considera a proposta feita como corrupção. O procurador até lhe disse que deveria ficar contente com a oferta do BJB. E as actividades da agência Ryffel tão-pouco eram contra a lei. Não há lei suíça que proíba a perseguição de pessoas por entidades privadas. Rudolf tentou outras instituições - como fundações de protecção a crianças. Em vão.
O BJB iniciou então uma queixa contra Elmer. Acusaram-no de "roubo de material com intenções criminais", tal como declarou Martin Somogyi, porta-voz do Julius Bär. Roubo?, questiona-se Rudolf. "Eu tinha autorização para guardá-lo." O banco acusa-o de usar a informação para chantagear. Rudolf responde que apenas ameaçou o banco de revelar rendimentos dos seus clientes não declarados ao fisco para reclamar o cumprimento da lei, como o pagamento à Segurança Social e para o seguro de saúde.
No final, a queixa foi arquivada devido à recusa do banco em abrir à investigação os dados das Ilhas Caimão.
2006 parece ter sido o ano em que a iniciativa passou para o lado de Rudolf Elmer. Como diria mais tarde: "Tornar público o que sei e falar de mim reforçam a minha protecção." Dirigiu-se às agências noticiosas, mas nenhuma quis pegar nos seus assuntos. Pôs uma acção contra o segredo bancário no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. E na mesma altura um CD chegou à revista financeira Cash. Foram publicados dados bancários dos clientes do BJB, contribuintes relapsos, na sua maioria alemães, mas com os nomes em branco.
Preso e desempregado
Apontado como suspeito, Rudolf viu a casa revirada, computadores vistoriados, acabou na prisão por 30 dias, mas foi libertado por falta de provas. E perdeu o emprego por falta de confiança dos seus empregadores.
No ano seguinte, em Dezembro de 2007, nova acção contra o banco a reclamar os seus direitos - falta de pagamento pelo BJB da Segurança Social e do seguro de saúde - e ainda por perseguição pelo BJB a si e à sua família pela agência Ryffel AG.
Ao mesmo tempo, o site espelho da WikiLeaks nos Estados Unidos, lançado em 2007, "pôs no ar" dados do BJB. O banco tentou então retirar credibilidade à informação difundida, mas cruzou o oceano, contratou a firma de advogados Lavely & Singer e interpôs uma acção no tribunal de São Francisco para impedir a divulgação e fechar esse site espelho, o que conseguiu a 15 de Fevereiro de 2008. Ao longo de duas semanas, todavia, o mesmo material apareceu noutros sites, noutros países. E a WikiLeaks ganhou o recurso. "Vivemos numa época em que as pessoas podem fazer boas coisas e coisas terríveis sem serem responsabilizados pela justiça", declarou o juiz Jeffrey S. White aos jornais.
O banco desistiu da sua queixa contra a WikiLeaks em Março de 2008 e o site começou a divulgar documentos que provavam a acusação de Elmer sobre o uso do BJB para evasão fiscal.
Rudolf criou o seu próprio site para contar a história do processo (www.swisswhistleblower.com), mas rapidamente alargou o seu âmbito para defender a transparência bancária. "Quero também apoiar os governos e instituições na luta contra a sonegação fiscal, a corrupção e outros negócios imorais", explica. Um dos casos por desvendar é o do próprio Presidente do México, Carlos Salinas, cuja fortuna, garante, passou pelo BJB, nas Ilhas Caimão.
Em 2009, por questões de protecção e com um novo emprego, deixou a Suíça com a sua família e foi para as Ilhas Maurícias, no Índico.
E esta semana, a dois dias da sessão final do processo por violação reiterada do segredo bancário em 2008, espionagem industrial e coerção sobre outros empregados, Elmer apareceu em Londres, para, numa conferência de imprensa com o fundador do site WikiLeaks, anunciar que dentro de semanas será libertada informação bancária secreta.
O desafio jornalístico passou a ser descobrir a quem pertenciam essas contas. Mais de dois mil pessoas com muito dinheiro, 40 políticos, 200 contas de empresas multinacionais, artistas e gente importante que foge aos impostos.
A ousadia foi excessiva. O procurador Bergmann do tribunal de Zurique declarou logo que Elmer não aprendera a lição e que só manifestava desrespeito para com a lei e os tribunais. Rudolf entrou no tribunal de Zurique filmado pelas agências noticiosas. Saiu condenado, mas com uma multa muito aquém da pena de prisão pedida pelo procurador.
"Cometi erros, mas quanto ao fundamental, que diz respeito às praças financeiras offshore, como as Ilhas Caimão, não me arrependo de nada." E recorreu da decisão. Horas depois, o procurador ordenou a sua detenção por considerar que o anúncio de Londres violava as leis suíças que sustentam o sigilo bancário.
Rudolf, desta vez, passou a ser seguido pelo mundo inteiro. E juntou-se a outros "denunciantes" de práticas ilegais, possíveis pelas regras do segredo bancário. O banco suíço USB foi recentemente forçado a dar às autoridades dos Estados Unidos dados bancários de mais de quatro mil clientes. O grupo Stanford foi fechado nos Estados Unidos devido a fraudes denunciadas por quadros da instituição. Todos eles passaram a ser convidados para conferências internacionais como denunciantes de crimes.
O que acontecerá à banca, se o exemplo se pega?
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sábado, 22 de janeiro de 2011
REVOLUÇÃO TAMBÉM NA ALBÂNIA
Oposição albanesa promete novas manifestações e 1.º ministro acusa-a de desejar "cenário à tunisina"
Tirana, 22 jan (Lusa) - A oposição albanesa prometeu hoje realizar novas manifestações contra o governo de Sali Berisha, que acusa os adversários de d...
Oposição albanesa promete novas manifestações e 1.º ministro acusa-a de desejar "cenário à tunisina"
Tirana, 22 jan (Lusa) - A oposição albanesa prometeu hoje realizar novas manifestações contra o governo de Sali Berisha, que acusa os adversários de desejarem um «cenário à tunisina» para o derrubarem, no dia seguinte ao de uma manifestação que causou três mortos em Tirana.
"Após o luto vamos recomeçar os protestos", declarou à agência noticiosa francesa AFP o dirigente da oposição socialista e presidente da Câmara de Tirana, Edi Rama, sem precisar quando.
Os dirigentes da oposição devem assistir hoje ao enterro, perto de Tirana, de uma das três vítimas de sexta-feira, Hekuran Deda, de 45 anos.
As duas outras vítimas encontram-se ainda na morgue de Tirana e a data do enterro não está marcada, declarou a porta-voz do Partido Socialista, Armela Ymeraj, justificando o porquê da data das novas manifestações ainda não estar marcada.
As três vítimas, manifestantes, foram mortas a tiro durante uma manifestação da oposição perante a sede do governo em Tirana.
As palavras de ordem dos organizadores pediam a demissão do primeiro-ministro Berisha e eleições legislativas antecipadas.
Na noite de sexta-feira para hoje, Berisha acusou Rama de querer "montar um golpe de Estado violento, imaginando um cenário à tunisina para a Albânia".
"Ele e estes bastardos de Ben Ali albaneses imaginaram para vós, cidadãos da Albânia, o cenário da Tunísia", adiantou Berisha.
O presidente tunisino Zine El Abidine Ben Ali, há 23 anos no poder, teve de abandonar o país no dia 14, depois de um mês de tumultos que causaram mais de uma centena de mortos.
"Segundo este cenário, as pessoas deviam entrar na sede do governo, tomar o Parlamento e as instituições" em Tirana, disse ainda Berisha.
A manifestação de sexta-feira juntou 300 mil pessoas, segundo a oposição, 20 mil de acordo com os media e participantes. A polícia, que anunciou 113 detenções, não deu números.
"A responsabilidade do que se passou cabe aos organizadores do cenário tunisino", disse Berisha, afirmando que as três vítimas foram "mortas por armas de pequeno calibre, pistolas", quando "a polícia não tem tais armas".
A procuradoria albanesa abriu um inquérito para estabelecer as circunstâncias das mortes.
A oposição nunca reconheceu os resultados das legislativas de junho de 2009, acusando Berisha de fraudes.
PAL.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/fim
CAVACO ALDRABÃO
Cavaco só teve licença para acabar casa de férias três meses depois de estar pronta
21.01.2011 - 10:34 Por José António Cerejo
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4 de 35 notícias em Política
« anteriorseguinte »Cavaco Silva fez obras durante um ano na sua actual residência de Verão com a licença caducada e em desrespeito do processo inicialmente aprovado.
Cavaco Silva (Foto: Nuno Ferreira Santos)
As obras foram concluídas em Agosto de 1999, mas o então professor de economia e ex-primeiro-ministro só obteve a licença para fazer as obras de alteração a 30 de Novembro desse ano. Onze dias antes, porém, já tinha requerido a licença de utilização da moradia, a qual foi emitida, sem a necessária vistoria camarária prévia, a 3 de Dezembro.
As irregularidades no licenciamento da construção da sua moradia, a vivenda Gaivota Azul, na urbanização da Coelha, concelho de Albufeira, a 600 metros da praia da Coelha, não são um caso inédito. Mas o acervo documental reunido nos três volumes do processo camarário consultado pelo PÚBLICO mostra um conjunto de procedimentos marcado por sucessivas violações das normas legais em matéria urbanística.
Numa declaração transmitida por um membro da candidatura, Cavaco Silva respondeu ontem às perguntas do PÚBLICO dizendo apenas: “Não alimento esse tipo de campanhas.”
Das irregularidades neste processo, umas são da responsabilidade da empresa Galvana — de que era sócio e representante Teófilo Carapeto Dias, um amigo de infância e antigo assessor de Cavaco. A Galvana era a proprietária e foi ela que iniciou a construção da moradia em Outubro de 1997. Outras são da responsabilidade do actual Presidente da República, que adquiriu, em Julho de 1999, os 1891 metros quadrados da propriedade, que resultaram da junção de dois lotes da urbanização, com a estrutura de uma moradia de três pisos concluída, paredes exteriores rebocadas e telhado quase pronto.
A construção arrancou devidamente licenciada, com um alvará emitido em nome da Galvana, válido até 25 de Junho de 1998. O projecto, do arquitecto Olavo Dias, começou por levantar alguns problemas, visto que a sua implantação incidia sobre dois lotes nos quais estavam previstas duas moradias, mas tudo se resolveu com uma alteração ao alvará de loteamento. A aprovação desta alteração, que fez com que o lote de Cavaco Silva tenha perto do dobro da área de todos os outros, deveria ter sido precedida de um parecer da antiga Comissão de Coordenação Regional do Algarve. Esse parecer, embora a câmara tenha deliberado no sentido de ele ser solicitado, não consta do processo.
A obra licenciada, com cave, rés-do-chão e primeiro andar, incluía cinco quartos duplos e um simples, todos com casa de banho, e totalizava uma “área bruta de construção” de 620m2, sendo a chamada “área útil” de 388m2 e a “área habitável” de 242m2. O projecto previa também uma piscina de 90m2.
Embargo em 1997
Logo em Dezembro de 1997, dois meses depois do começo, a obra foi embargada por despacho do presidente da Câmara, por a Galvana “estar a levar a efeito a alteração e ampliação” da moradia, ao nível da cave, “em desacordo com o projecto aprovado”.
Nessa altura, contudo, já a Galvana tinha entregue no município um “projecto de alterações pontuais”, subscrito por Olavo Dias a 28 de Outubro. O projecto de arquitectura chegou a merecer uma aprovação em Março do ano seguinte, mas o processo não teve andamento por falta dos projectos de especialidades, não sendo emitida a necessária licença para as alterações requeridas.
Quanto ao embargo, o mesmo foi ignorado pela Galvana que, conforme consta do Livro de Obra — um registo ofi cial no qual o director técnico anota regularmente a data de realização das partes mais importantes da obra — nunca suspendeu os trabalhos.
O incumprimento de uma ordem de embargo implicava à época, nos termos do artigo 4º do decreto-lei 92/95, “independentemente da responsabilidade criminal que ao caso couber”, a “selagem do estaleiro” e dos equipamentos em uso na obra. “Desrespeitar um embargo é um crime de desobediência previsto no regime de licenciamento e no Código Penal”, disse ao PÚBLICO um jurista especialista na área do urbanismo e edificação.
21.01.2011 - 10:34 Por José António Cerejo
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« anteriorseguinte »Cavaco Silva fez obras durante um ano na sua actual residência de Verão com a licença caducada e em desrespeito do processo inicialmente aprovado.
Cavaco Silva (Foto: Nuno Ferreira Santos)
As obras foram concluídas em Agosto de 1999, mas o então professor de economia e ex-primeiro-ministro só obteve a licença para fazer as obras de alteração a 30 de Novembro desse ano. Onze dias antes, porém, já tinha requerido a licença de utilização da moradia, a qual foi emitida, sem a necessária vistoria camarária prévia, a 3 de Dezembro.
As irregularidades no licenciamento da construção da sua moradia, a vivenda Gaivota Azul, na urbanização da Coelha, concelho de Albufeira, a 600 metros da praia da Coelha, não são um caso inédito. Mas o acervo documental reunido nos três volumes do processo camarário consultado pelo PÚBLICO mostra um conjunto de procedimentos marcado por sucessivas violações das normas legais em matéria urbanística.
Numa declaração transmitida por um membro da candidatura, Cavaco Silva respondeu ontem às perguntas do PÚBLICO dizendo apenas: “Não alimento esse tipo de campanhas.”
Das irregularidades neste processo, umas são da responsabilidade da empresa Galvana — de que era sócio e representante Teófilo Carapeto Dias, um amigo de infância e antigo assessor de Cavaco. A Galvana era a proprietária e foi ela que iniciou a construção da moradia em Outubro de 1997. Outras são da responsabilidade do actual Presidente da República, que adquiriu, em Julho de 1999, os 1891 metros quadrados da propriedade, que resultaram da junção de dois lotes da urbanização, com a estrutura de uma moradia de três pisos concluída, paredes exteriores rebocadas e telhado quase pronto.
A construção arrancou devidamente licenciada, com um alvará emitido em nome da Galvana, válido até 25 de Junho de 1998. O projecto, do arquitecto Olavo Dias, começou por levantar alguns problemas, visto que a sua implantação incidia sobre dois lotes nos quais estavam previstas duas moradias, mas tudo se resolveu com uma alteração ao alvará de loteamento. A aprovação desta alteração, que fez com que o lote de Cavaco Silva tenha perto do dobro da área de todos os outros, deveria ter sido precedida de um parecer da antiga Comissão de Coordenação Regional do Algarve. Esse parecer, embora a câmara tenha deliberado no sentido de ele ser solicitado, não consta do processo.
A obra licenciada, com cave, rés-do-chão e primeiro andar, incluía cinco quartos duplos e um simples, todos com casa de banho, e totalizava uma “área bruta de construção” de 620m2, sendo a chamada “área útil” de 388m2 e a “área habitável” de 242m2. O projecto previa também uma piscina de 90m2.
Embargo em 1997
Logo em Dezembro de 1997, dois meses depois do começo, a obra foi embargada por despacho do presidente da Câmara, por a Galvana “estar a levar a efeito a alteração e ampliação” da moradia, ao nível da cave, “em desacordo com o projecto aprovado”.
Nessa altura, contudo, já a Galvana tinha entregue no município um “projecto de alterações pontuais”, subscrito por Olavo Dias a 28 de Outubro. O projecto de arquitectura chegou a merecer uma aprovação em Março do ano seguinte, mas o processo não teve andamento por falta dos projectos de especialidades, não sendo emitida a necessária licença para as alterações requeridas.
Quanto ao embargo, o mesmo foi ignorado pela Galvana que, conforme consta do Livro de Obra — um registo ofi cial no qual o director técnico anota regularmente a data de realização das partes mais importantes da obra — nunca suspendeu os trabalhos.
O incumprimento de uma ordem de embargo implicava à época, nos termos do artigo 4º do decreto-lei 92/95, “independentemente da responsabilidade criminal que ao caso couber”, a “selagem do estaleiro” e dos equipamentos em uso na obra. “Desrespeitar um embargo é um crime de desobediência previsto no regime de licenciamento e no Código Penal”, disse ao PÚBLICO um jurista especialista na área do urbanismo e edificação.
MANUEL ALEGRE CONTRA A DITADURA DOS MERCADOS
Ataques a Cavaco
No Porto, Alegre fez apelos pungentes ao voto, críticas às mais recentes declarações de Cavaco Silva, afirmação realçou a independência da candidatura e fez uma breve e negativa referência à cobertura jornalística da campanha. O derradeiro comício de Alegre teve casa cheia no Pavilhão Académico do Porto.
O candidato definiu ainda os principais destinatários do apelo: os indecisos, os “idosos pobres”, as “mulheres trabalhadoras”, os jovens, os seus “camaradas socialistas”, a “classe média, os funcionários públicos, os professores”.
A todos eles, o candidato apoiado pelo PS e pelo Bloco de Esquerda pediu para votarem na sua candidatura – não por ele, salientou, mas “pela democracia com direitos sociais, pela escola pública, o Serviço Nacional de Saúde, a justiça nas relações laborais, o combate contra a promiscuidade entre a política e os negócios”.
Não faltaram ainda os ataques a Cavaco Silva. Alegre lembrou as mais recentes afirmações do seu adversário – os custos financeiros de uma eventual segunda volta das eleições e a proposta de criar um imposto extraordinário como alternativa aos cortes dos salários – para defender que a repetição das eleições “é a garantia da mudança”.
Evocando com frequência o 25 de Abril (“todos somos candidatos, todos os que se reclamam do 25 de Abril porque o 25 de Abril também foi feito para aqueles que ainda não nasceram”), Alegre fez questão de repetir que é um candidato independente, em oposição a Cavaco, que “é refém dos partidos”.
Alegre não se desviou nem um milímetro daquilo que tem vindo a sublinhar ao longo das duas semanas de campanha, enfatizando que, apesar dos resultados das sondagens, que dão a vitória a Cavaco Silva logo à primeira volta, o candidato apoiado pelo PSD e CDS “não está eleito”.
SONDAGENS MENTEM
Jerónimo classifica algumas sondagens como “autênticos casos de polícia”
21.01.2011 - 23:14 Por Nuno Sá Lourenço
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« anteriorseguinte »Jerónimo de Sousa terminou a matar. Atirou sobre tudo e sobre todos. Candidatos, Governo, sondagens e jornalistas. O comício de encerramento da campanha presidencial de Francisco Lopes, em Guimarães, serviu para os comunistas terminarem ao ataque.
Lopes apelou a que os eleitores "não sejam Maria vai com as outras” (PÚBLICO (arquivo))
Mais de 700 pessoas ouviram e ovacionaram o secretário-geral do PCP. Que, no início, conseguiu uma ovação monumental assim que o seu nome foi anunciado, a ponto de impedir que o anúncio do nome de Francisco Lopes fosse ouvido.
O secretário-geral do PCP classificou os inquéritos divulgados como “manipulações”, “manhosamente fabricadas” para não deixar os eleitores decidir em consciência. “Alguns deviam ser autênticos casos de polícia”, acusou.
Recuperou as críticas de Cavaco ao Governo para garantir que, no essencial, este esteve sempre ao lado de José Sócrates. “Com mil diabos, camaradas, diz o homem [Cavaco] que foi bom, como é que teria sido se não tivesse sido”, disse arrancando uma ovação da audiência.
Até mesmo Fernando Nobre foi brindado, tendo sido criticado pelo líder comunista pela sua “lenga -lenga salazarenta contra os partidos”.
Francisco Lopes apelou aos eleitores para reflectirem bem, esquecendo comentadores políticos e sondagens. “Não sejam Maria vai com as outras”, gritou.
21.01.2011 - 23:14 Por Nuno Sá Lourenço
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34 de 35 notícias em Política
« anteriorseguinte »Jerónimo de Sousa terminou a matar. Atirou sobre tudo e sobre todos. Candidatos, Governo, sondagens e jornalistas. O comício de encerramento da campanha presidencial de Francisco Lopes, em Guimarães, serviu para os comunistas terminarem ao ataque.
Lopes apelou a que os eleitores "não sejam Maria vai com as outras” (PÚBLICO (arquivo))
Mais de 700 pessoas ouviram e ovacionaram o secretário-geral do PCP. Que, no início, conseguiu uma ovação monumental assim que o seu nome foi anunciado, a ponto de impedir que o anúncio do nome de Francisco Lopes fosse ouvido.
O secretário-geral do PCP classificou os inquéritos divulgados como “manipulações”, “manhosamente fabricadas” para não deixar os eleitores decidir em consciência. “Alguns deviam ser autênticos casos de polícia”, acusou.
Recuperou as críticas de Cavaco ao Governo para garantir que, no essencial, este esteve sempre ao lado de José Sócrates. “Com mil diabos, camaradas, diz o homem [Cavaco] que foi bom, como é que teria sido se não tivesse sido”, disse arrancando uma ovação da audiência.
Até mesmo Fernando Nobre foi brindado, tendo sido criticado pelo líder comunista pela sua “lenga -lenga salazarenta contra os partidos”.
Francisco Lopes apelou aos eleitores para reflectirem bem, esquecendo comentadores políticos e sondagens. “Não sejam Maria vai com as outras”, gritou.
MANUEL ALEGRE
Almeida Santos frisa que Manuel Alegre foi o autor do Preâmbulo da Constituição
***Serviço áudio disponível em www.lusa.pt *** Porto, 21 jan (Lusa) - O presidente do PS, Almeida Santos, vincou hoje que o candidato presidencial Man...
Almeida Santos frisa que Manuel Alegre foi o autor do Preâmbulo da Constituição
***Serviço áudio disponível em www.lusa.pt ***
Porto, 21 jan (Lusa) - O presidente do PS, Almeida Santos, vincou hoje que o candidato presidencial Manuel Alegre foi o responsável, enquanto deputado da Assembleia Constituinte, pela redação do preâmbulo da Constituição da República.
"Pouca gente sabe isso - e importa dizê-lo agora. Manuel Alegre foi o responsável pelo Preâmbulo da Constituição, que agora a direita pretendia mudar", apontou Almeida Santos no comício de encerramento do candidato presidencial apoiado pelo PS e Bloco de Esquerda no Porto.
Tal como fizera no comício de Coimbra, Almeida Santos fez longos e rasgados elogios a Manuel Alegre, considerando que "teve uma vida rara".
"Tens uma vida de coerência. Chegaste à política cedo pela alma. Quem chega à política só aos 35 anos é porque não tem alma", disse, aparentemente numa referência crítica a Cavaco Silva.
PMF
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/fim
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
LOUÇÃ E CAVACO
Presidenciais: "Vil baixeza foi o que fez a quadrilha do BPN", resposta de Louçã a Cavaco
***Serviço áudio disponível em www.lusa.pt *** Lisboa, 20 jan (Lusa) - O líder do Bloco de Esquerda respondeu hoje aos protestos de Cavaco Silva contr...
Presidenciais: "Vil baixeza foi o que fez a quadrilha do BPN", resposta de Louçã a Cavaco
***Serviço áudio disponível em www.lusa.pt ***
Lisboa, 20 jan (Lusa) - O líder do Bloco de Esquerda respondeu hoje aos protestos de Cavaco Silva contra campanhas de "vil baixeza" contra si, contrapondo que "vil baixeza" foi a ação da quadrilha do Banco Português de Negócios (BPN).
Francisco Louçã fez a primeira intervenção da noite no comício da candidatura presidencial de Manuel Alegre no Coliseu dos Recreios de Lisboa.
Em vários momentos da sua intervenção, Louçã levou a plateia ao rubro, sobretudo quando estabeleceu uma ligação entre o atual chefe de Estado e o caso BPN.
"Cavaco Silva olha para nós como um aristocrata ofendido com o atrevimento da populaça e diz-nos que a crítica é vil baixeza. Mas, dr. Cavaco Silva, vil baixeza foi a fraude financeira que agora está a arruinar o país da quadrilha do BPN, dos seus ex-ministros, daqueles ex-ministros cheios de cumplicidades, que protegeram os seus, distribuindo o saque contra o nosso país, contra a nossa economia e contra o nosso povo", acusou o líder do Blcoo de Esquerda.
Louçã traçou depois um dualismo entre Cavaco Silva e Manuel Alegre.
"Não queremos um presidente da República que seja um ocultador, não queremos armários de segredos e de esqueletos em Belém. Queremos transparência e responsabilidade e um Presidente da República não pode estar a fugir da sua sombra".
De acordo com Louçã, Portugal precisa de um Presidente da República "de confiança: Manuel Alegre".
PMF
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/fim
***Serviço áudio disponível em www.lusa.pt *** Lisboa, 20 jan (Lusa) - O líder do Bloco de Esquerda respondeu hoje aos protestos de Cavaco Silva contr...
Presidenciais: "Vil baixeza foi o que fez a quadrilha do BPN", resposta de Louçã a Cavaco
***Serviço áudio disponível em www.lusa.pt ***
Lisboa, 20 jan (Lusa) - O líder do Bloco de Esquerda respondeu hoje aos protestos de Cavaco Silva contra campanhas de "vil baixeza" contra si, contrapondo que "vil baixeza" foi a ação da quadrilha do Banco Português de Negócios (BPN).
Francisco Louçã fez a primeira intervenção da noite no comício da candidatura presidencial de Manuel Alegre no Coliseu dos Recreios de Lisboa.
Em vários momentos da sua intervenção, Louçã levou a plateia ao rubro, sobretudo quando estabeleceu uma ligação entre o atual chefe de Estado e o caso BPN.
"Cavaco Silva olha para nós como um aristocrata ofendido com o atrevimento da populaça e diz-nos que a crítica é vil baixeza. Mas, dr. Cavaco Silva, vil baixeza foi a fraude financeira que agora está a arruinar o país da quadrilha do BPN, dos seus ex-ministros, daqueles ex-ministros cheios de cumplicidades, que protegeram os seus, distribuindo o saque contra o nosso país, contra a nossa economia e contra o nosso povo", acusou o líder do Blcoo de Esquerda.
Louçã traçou depois um dualismo entre Cavaco Silva e Manuel Alegre.
"Não queremos um presidente da República que seja um ocultador, não queremos armários de segredos e de esqueletos em Belém. Queremos transparência e responsabilidade e um Presidente da República não pode estar a fugir da sua sombra".
De acordo com Louçã, Portugal precisa de um Presidente da República "de confiança: Manuel Alegre".
PMF
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/fim
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
O POETA
O POETA
Desperto. De novo, desperto. As mãos tremem mas desperto. Estou no princípio. Estou no precipício mas estou também no cume. O homem sobe e o homem sabe. Espera a mulher se ela vier. Quere-a. A mulher bonita, a mulher sabida. O poeta conhece as palavras. Quer dizê-las à mulher. Sabe o que quer. Não se limita a escrever versos. Está no mundo. Bebe. É da noite. A noite arde como a mulher. Este é o poeta ... Ver maisque diz que o país está a arder. No fundo, nada tem a perder. Nasceu para isto. Vive da provocação, do desafio. Quer. É sobretudo vontade. Arde. Nasce. Sabe que o Estado o pode deter a qualquer momento. Não suporta o Estado. Em algumas coisas acha-o necessário. Mas não o suporta. Quer derrubá-lo. Já o imaginou várias vezes, já lá esteve várias vezes. Atirou-lhe pedras. Não é um santo. Por vezes até foi um bocado sacana. As pessoas do dia-a-dia na realidade não o conhecem. Poucos o conheceram na sua versão “hard”. Muda de pele. Veste a pele do humilde. Já foi humilhado na praça pública. Mas reagiu após a palavra da mulher. Consegue ser maldoso como Nero. Em determinadas situações, sob determinados céus. As pessoas não sabem. Não sabem que ele esteve várias vezes no inferno mas também já viveu o paraíso. Já não é aquele rapaz inocente dos 16 anos. Apanhou patadas. A maior parte das vezes não reage, deixa a banda tocar. Faz-se de ingénuo, inocente, ou é-o mesmo, acreditamos que sim. O Do Vale senta-se. É o poeta mas não apenas o poeta. Sabe que esta é a hora. Sabe que é a hora de andar na corda-bamba. Sabe que as greves e as manifs estão aí. É convidado para reuniões subversivas. Esta é a hora de gastar munições. Até começa a querer as gajas das televisões. É terrivelmente narcisista. Sabe ser bom e cruel. É terrivelmente sincero nas suas convicções. De certa forma, é um fanático. Espera a mulher. A mulher de sonho, que sobressai na paisagem. Não qualquer uma. Cremos mesmo que acredita nas suas convicções para lá da morte,embora nem sempre o deixe transparecer. Julga-se um iluminado. A sua luz brilha. Veio cá para algo de grande, de superior. Chega o chato do costume e corta a veia.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
POESIA DE CHOQUE
António Pedro Ribeiro e Luís Carvalho apresentam mais uma noite de POESIA DE CHOQUE amanhã, quinta, 20, pelas 22 h, no Clube Literário do Porto. A sessão conta com a intervenção da banda Bella Damião. A poesia a arder e a rasgar.
ORFEUZINHO
À minha frente o dr. Amílcar de Oliveira-estomatologista. Saúde, ó doutor! O autocarro vai para a praia de Matosinhos. Chamo o empregado. Peço uma cerveja. O quiosque forrado de revistas. A geração "nem-nem". Estão próximos de mim. Mas eu recuso-me a trabalhar, a não ser na minha arte. Alimento-me das conversas dos outros. Há vida aqui no "Orfeuzinho". O velhote cumprimenta o homem do quiosque. O empregado arruma a mesa. Tenho de escrever um poema sobre os mercados. No sábado, no Hard Club, estava cheio de pedal. E depois soube sair do palco. A partir de certo ponto, senti-me mesmo bem em palco. Há quem espere de mim um homem sóbrio e tenha uma surpresa. Se tivesse gente a trabalhar para mim poderia estar neste momento como o Coelho, naturalmente a dizer coisas diferentes. É pena. Uma oportunidade perdida. Mas haverá outras. Eu tenho um discurso claramente anti-mercados, anti-bancos, anti essa merda toda. Não sou o mesmo todos os dias. É tudo. Acredito no super-homem. No homem que transformará a Terra.
AO CARLOS PINTO
Não há dúvida que os lugares vivem das pessoas e que as pessoas vivem dos lugares. Foi-se o Carlos Pinto. Acabou o "Púcaros". Havia pessoas que só se encontravam lá, que se deixaram de encontrar. Há o "Taboo", mas não é a mesma coisa. Perdeu-se o Carlos. Perdeu-se a magia do "Púcaros", as "bocas" a propósito que o Carlos mandava, o ir para o centro do bar atirar poemas. Não, não é a mesma coisa. As cervejas que o Carlos me oferecia. "Aqui não há classes", dizia. "Isto é a anarquia", acrescentava. Por onde andas, Carlos? Que opiniões terias sobre tudo isto?
AI, ANÍBAL
A permuta que permitiu a Cavaco Silva adquirir uma vivenda na Aldeia da Coelha, em Albufeira, envolveu uma sociedade parcialmente detida por Fernando Fantasia, um homem com ligações ao universo empresarial da SLN, que deteve o BPN até à nacionalização.
Nesta transacção, que o presidente da República, a disputar a reeleição, incluiu na declaração depositada no Tribunal Constitucional, não está em causa qualquer violação da lei. Faltam, porém, elementos que permitam compreender todos os contornos da operação - desde logo, a escritura, susceptível de esclarecer o que cedeu, em troca da vivenda. Na sequência da reportagem sobre a questão publicada na semana passada pela revista "Visão", Cavaco Silva afirmou apenas, através de fonte oficial, não se recordar da data ou do local onde foi celebrada a escritura. Ontem, confrontado pelo JN através do "staff" da campanha, não prestou quaisquer informações complementares.
Segundo o documento que se encontra na Conservatória do Registo Predial de Albufeira, a permuta foi efectuada em 17 de Fevereiro de 1999 com a Constralmada. Em causa, o lote 18 da urbanização, um imóvel com cave, rés--do-chão e 1.º andar, além de logradouro, com área total de 1891 metros quadrados, que resultara da anexação de dois prédios. A caderneta predial urbana revela que o prédio na Sesmaria, registado sob o artigo matricial 18713 - resultante do artigo 18030 - obteve licença de utilização em 3 de Dezembro de 1999.
Um terço do capital da Constralmada, sociedade dissolvida em 2004, era detido pela OPI 92 - Operações Imobiliárias, empresa de Fernando Fantasia, que também adquiriu uma vivenda na urbanização algarvia, cujo usufruto passou à filha. Na urbanização, possuem também imóveis um antigo adjunto do actual presidente, Carapeto Dias e o ex-ministro Eduardo Catroga. O próprio Oliveira e Costa, ex-"homem-forte" do BPN, também ali comprou uma vivenda, hoje registada em nome da mulher, de quem entretanto se divorciou.
"100% da SLN"
Gestor de empresas outrora ligado ao grupo CUF, Fernando Fantasia assumiu a 24 de Março de 2004, perante a comissão parlamentar de inquérito à nacionalização do BPN, que empresas do grupo Sociedade Lusa de Negócios (SLN) absorveram a propriedade da OPI 92 através de sucessivas operações de aumento de capital, que chegaram a 2,2 milhões de euros, ficando ele apenas com 10%. Na comissão, foi mesmo citada a acta de uma reunião do grupo SLN, de 12 de Fevereiro de 2008, em que Oliveira e Costa afirmava que a OPI 92 era detida a 100% por Fantasia, mas na realidade era "100% da SLN".
Ler Artigo Completo (Pág.1/2)
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Nesta transacção, que o presidente da República, a disputar a reeleição, incluiu na declaração depositada no Tribunal Constitucional, não está em causa qualquer violação da lei. Faltam, porém, elementos que permitam compreender todos os contornos da operação - desde logo, a escritura, susceptível de esclarecer o que cedeu, em troca da vivenda. Na sequência da reportagem sobre a questão publicada na semana passada pela revista "Visão", Cavaco Silva afirmou apenas, através de fonte oficial, não se recordar da data ou do local onde foi celebrada a escritura. Ontem, confrontado pelo JN através do "staff" da campanha, não prestou quaisquer informações complementares.
Segundo o documento que se encontra na Conservatória do Registo Predial de Albufeira, a permuta foi efectuada em 17 de Fevereiro de 1999 com a Constralmada. Em causa, o lote 18 da urbanização, um imóvel com cave, rés--do-chão e 1.º andar, além de logradouro, com área total de 1891 metros quadrados, que resultara da anexação de dois prédios. A caderneta predial urbana revela que o prédio na Sesmaria, registado sob o artigo matricial 18713 - resultante do artigo 18030 - obteve licença de utilização em 3 de Dezembro de 1999.
Um terço do capital da Constralmada, sociedade dissolvida em 2004, era detido pela OPI 92 - Operações Imobiliárias, empresa de Fernando Fantasia, que também adquiriu uma vivenda na urbanização algarvia, cujo usufruto passou à filha. Na urbanização, possuem também imóveis um antigo adjunto do actual presidente, Carapeto Dias e o ex-ministro Eduardo Catroga. O próprio Oliveira e Costa, ex-"homem-forte" do BPN, também ali comprou uma vivenda, hoje registada em nome da mulher, de quem entretanto se divorciou.
"100% da SLN"
Gestor de empresas outrora ligado ao grupo CUF, Fernando Fantasia assumiu a 24 de Março de 2004, perante a comissão parlamentar de inquérito à nacionalização do BPN, que empresas do grupo Sociedade Lusa de Negócios (SLN) absorveram a propriedade da OPI 92 através de sucessivas operações de aumento de capital, que chegaram a 2,2 milhões de euros, ficando ele apenas com 10%. Na comissão, foi mesmo citada a acta de uma reunião do grupo SLN, de 12 de Fevereiro de 2008, em que Oliveira e Costa afirmava que a OPI 92 era detida a 100% por Fantasia, mas na realidade era "100% da SLN".
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terça-feira, 18 de janeiro de 2011
REPRESSÃO
Os dirigentes sindicais detidos esta terça-feira frente á residência do primeiro-ministro foram libertados e serão esta quarta-feira presentes em tribunal.
O sindicalista José Manuel Marques (centro) foi um dos detidos
(Agência Lusa/Mário Cruz)
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Os dirigentes sindicais detidos esta terça-feira, ao final da tarde, perto da residência oficial do primeiro-ministro, após uma concentração de dirigentes, delegados e activistas sindicais da administração pública, marcada junto a S. Bento, em Lisboa, vão esta quarta-feira ser presentes a tribunal, pelas 10h.
José Manuel Marques, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) e um sindicalista da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) foram libertados ainda ontem e, segundo, a Lusa, juntaram-se já depois das 20h aos manifestantes que continuavam no local.
Um dos dirigentes sindicais é indiciado pelo crime de desobediência e o outro por agressão à autoridade, disse o porta-voz do Comando metropolitano da PSP de Lisboa, Jorge Barreiras. “A polícia teve de fazer uma detenção por desobediência à ordem legitimamente emanada da autoridade e outra por agressão a agente da autoridade”.
A manifestação estava integrada numa acção nacional de luta contra os cortes salariais, a realizar na segunda quinzena de Fevereiro.
Era mais uma concentração naquele local e nada indicava que pudesse terminar daquela forma. O corpo de polícia, segundo informação oficial, é um corpo experimentado que está habituado às manifestações perto da residência oficial do primeiro-ministro. “É uma rotina”: estabelece-se um cordão e polícias e manifestantes costumam mesmo conversar. Desta vez não foi assim.
Os sindicalistas presentes aprovaram uma moção contra os cortes salariais impostos por uma política de austeridade que, dizem, pouco incomoda os mais privilegiados. E uma delegação foi entregá-la à residência oficial. Os incidentes aconteceram então, quando os trabalhadores já desmobilizavam.
Uma delegação de sindicalistas quis descer a Calçada da Estrela, é o que contam Francisco Brás, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), e Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública.
Francisco Brás não tem a certeza, mas acredita que um grupo de sindicalistas teria uma reunião no Parlamento. É isso que também diz Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, ao garantir que alguns dos presentes tinham audição marcada na Comissão Parlamentar de Educação e tentaram deslocar-se para a Assembleia da República.
A polícia não deixou passar. “De repente, a polícia fez um cordão e impediu-nos de passar”, conta Francisco Brás. “Toda a situação que se gerou foi completamente disparatada”, afirma ainda. “Uma situação desajustada”.
“O que aconteceu foi a detenção de dois manifestantes por desobediência à ordem de permanecerem a mais de 100 metros da residência oficial”, conta o oficial do Comando da PSP contactado pelo PÚBLICO. Havia uma barreira e verificou-se “uma violação” dessa barreira.
A reacção da polícia gerou confusão. Os ânimos exaltaram-se e o cordão policial fez-se valer da força. “A polícia carregou”, refere-se num comunicado da Frente Comum. “Sem qualquer justificação”, a polícia começou “a bater indiscriminadamente”. Francisco Brás afirma que se tentou, em vão, falar com os responsáveis da polícia.
As imagens captadas no local retratam a balbúrdia criada. Um polícia de bastão levantado a ameaçar os manifestantes na Calçada da Estrela, enquanto uma polícia empurra outro manifestante para o afastar do perímetro da residência oficial. No mesmo local, um sindicalista tenta esquivar-se à mão de um polícia que parece apertar-lhe o pescoço. Noutra foto, percebe-se o cordão policial formado na Rua Borges Carneiro, a tentar suster a manifestação, para – noutra fotografia – acabar por se romper e deixar passar os manifestantes. Pressente-se a tensão do lado dos manifestantes e a força que os polícias tiveram de empregar para segurar a manifestação.
No final, segundo a CGTP, foram detidos três sindicalistas: dois do STAL e outro da Frente Comum. Um deles foi mesmo algemado. A PSP diz que eram dois: um foi detido por desobediência e outro por violência. Todos foram levados para a esquadra de Alcântara, no Largo do Calvário.
O comunicado da Frente Comum divulgado esta terça-feira, ao final da tarde, sublinha que o Governo mandou a polícia reprimir a manifestação e que se tratou de um atentado ao direito constitucional de reunião
O sindicalista José Manuel Marques (centro) foi um dos detidos
(Agência Lusa/Mário Cruz)
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Os dirigentes sindicais detidos esta terça-feira, ao final da tarde, perto da residência oficial do primeiro-ministro, após uma concentração de dirigentes, delegados e activistas sindicais da administração pública, marcada junto a S. Bento, em Lisboa, vão esta quarta-feira ser presentes a tribunal, pelas 10h.
José Manuel Marques, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) e um sindicalista da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) foram libertados ainda ontem e, segundo, a Lusa, juntaram-se já depois das 20h aos manifestantes que continuavam no local.
Um dos dirigentes sindicais é indiciado pelo crime de desobediência e o outro por agressão à autoridade, disse o porta-voz do Comando metropolitano da PSP de Lisboa, Jorge Barreiras. “A polícia teve de fazer uma detenção por desobediência à ordem legitimamente emanada da autoridade e outra por agressão a agente da autoridade”.
A manifestação estava integrada numa acção nacional de luta contra os cortes salariais, a realizar na segunda quinzena de Fevereiro.
Era mais uma concentração naquele local e nada indicava que pudesse terminar daquela forma. O corpo de polícia, segundo informação oficial, é um corpo experimentado que está habituado às manifestações perto da residência oficial do primeiro-ministro. “É uma rotina”: estabelece-se um cordão e polícias e manifestantes costumam mesmo conversar. Desta vez não foi assim.
Os sindicalistas presentes aprovaram uma moção contra os cortes salariais impostos por uma política de austeridade que, dizem, pouco incomoda os mais privilegiados. E uma delegação foi entregá-la à residência oficial. Os incidentes aconteceram então, quando os trabalhadores já desmobilizavam.
Uma delegação de sindicalistas quis descer a Calçada da Estrela, é o que contam Francisco Brás, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), e Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública.
Francisco Brás não tem a certeza, mas acredita que um grupo de sindicalistas teria uma reunião no Parlamento. É isso que também diz Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, ao garantir que alguns dos presentes tinham audição marcada na Comissão Parlamentar de Educação e tentaram deslocar-se para a Assembleia da República.
A polícia não deixou passar. “De repente, a polícia fez um cordão e impediu-nos de passar”, conta Francisco Brás. “Toda a situação que se gerou foi completamente disparatada”, afirma ainda. “Uma situação desajustada”.
“O que aconteceu foi a detenção de dois manifestantes por desobediência à ordem de permanecerem a mais de 100 metros da residência oficial”, conta o oficial do Comando da PSP contactado pelo PÚBLICO. Havia uma barreira e verificou-se “uma violação” dessa barreira.
A reacção da polícia gerou confusão. Os ânimos exaltaram-se e o cordão policial fez-se valer da força. “A polícia carregou”, refere-se num comunicado da Frente Comum. “Sem qualquer justificação”, a polícia começou “a bater indiscriminadamente”. Francisco Brás afirma que se tentou, em vão, falar com os responsáveis da polícia.
As imagens captadas no local retratam a balbúrdia criada. Um polícia de bastão levantado a ameaçar os manifestantes na Calçada da Estrela, enquanto uma polícia empurra outro manifestante para o afastar do perímetro da residência oficial. No mesmo local, um sindicalista tenta esquivar-se à mão de um polícia que parece apertar-lhe o pescoço. Noutra foto, percebe-se o cordão policial formado na Rua Borges Carneiro, a tentar suster a manifestação, para – noutra fotografia – acabar por se romper e deixar passar os manifestantes. Pressente-se a tensão do lado dos manifestantes e a força que os polícias tiveram de empregar para segurar a manifestação.
No final, segundo a CGTP, foram detidos três sindicalistas: dois do STAL e outro da Frente Comum. Um deles foi mesmo algemado. A PSP diz que eram dois: um foi detido por desobediência e outro por violência. Todos foram levados para a esquadra de Alcântara, no Largo do Calvário.
O comunicado da Frente Comum divulgado esta terça-feira, ao final da tarde, sublinha que o Governo mandou a polícia reprimir a manifestação e que se tratou de um atentado ao direito constitucional de reunião
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