quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
ORFEUZINHO
À minha frente o dr. Amílcar de Oliveira-estomatologista. Saúde, ó doutor! O autocarro vai para a praia de Matosinhos. Chamo o empregado. Peço uma cerveja. O quiosque forrado de revistas. A geração "nem-nem". Estão próximos de mim. Mas eu recuso-me a trabalhar, a não ser na minha arte. Alimento-me das conversas dos outros. Há vida aqui no "Orfeuzinho". O velhote cumprimenta o homem do quiosque. O empregado arruma a mesa. Tenho de escrever um poema sobre os mercados. No sábado, no Hard Club, estava cheio de pedal. E depois soube sair do palco. A partir de certo ponto, senti-me mesmo bem em palco. Há quem espere de mim um homem sóbrio e tenha uma surpresa. Se tivesse gente a trabalhar para mim poderia estar neste momento como o Coelho, naturalmente a dizer coisas diferentes. É pena. Uma oportunidade perdida. Mas haverá outras. Eu tenho um discurso claramente anti-mercados, anti-bancos, anti essa merda toda. Não sou o mesmo todos os dias. É tudo. Acredito no super-homem. No homem que transformará a Terra.
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