domingo, 31 de maio de 2009
ABSOLUTAMENTE LIVRE
Não me venhas falar do trabalho!
A vida foi-me dada gratuitamente
a vida é de graça- já o disse
e repito-o mil vezes
a vida é de graça
não me venhas com a conversa do sistema
o meu trabalho é este:
escrever e dizer o que escrevo publicamente
até pode ser que me perca
que me deixe levar pelo entusiasmo
quando as palmas são muitas
e as pessoas vêm falar comigo no fim
o trabalho é apenas um meio de ganhar dinheiro
de assegurar a sobrevivência
eu não vim ao mundo para sobreviver
sabes, as coisas que eu escrevo
não são apenas para ficar no papel
o trabalho é sacrifício
o trabalho é inimigo da vida
a vida não é sacrifício
a vida não pode ser sacrifício
"o trabalho encontra-se em toda a parte
onde as pessoas nada fazem da sua própria vida"
(Raoul Vaneigem)
eu faço, tenho feito alguma coisa da minha vida
eu tenho orgulho naquilo que faço, ouviste?
Eu estou a contribuir para mudar a vida
as coisas que eu digo, as coisas que eu escrevo
não são mera retórica
não são palavras em vão, espero eu
eu vim ao mundo para criar e destruir
não vim para vegetar
nem para falar dos vizinhos
nem da vidinha
nem do trabalho
nem do caralho que seja
eu vim para a vida
e isso nada tem a ver
com horários, regras ou disciplina
faço o que quero
vou fazendo o que quero
confesso que gostaria de ter mais uns trocos
no bolso
para beber e estoirar
para ficar noite fora
talvez esteja a entrar em contradição
mas sei que o melhor da vida é de graça
o divertimento
o amor
a amizade
a fraternidade
não têm preço
porque raio há-de tudo ter um preço?
DIz-se que Jesus Cristo e Sócrates não usavam dinheiro
eu quero ser como eles
quanto vale este poema?
Será que este poema tem um preço?
Provavelmente um dia será publicado em livro
e aí terá um preço
mas isso parece-me secundário
o poema tem um valor de uso
tem uma missão
mesmo que eu morra esta noite
alguém pegará neste caderno
e divulgará o que nele está escrito
a criação não tem preço
e é do lado da criação que eu me situo
porque raio me hei-de sujeitar aos horários
e sacrifícios de trabalhos que pouco ou nada me dizem?
Estou bem assim
estou bem assim a criar
sinto-me livre
ah!Ah! Sinto-me absolutamente livre
às cinco da tarde na confeitaria
a conversa das velhas não me perturba
a multidão de Serralves não me atrai
nem sequer me apetece ver muita gente~
talvez um dia tenha de enfrentar essa gente toda
num palco qualquer
mas esse dia não é hoje
hoje crio, hoje escrevo
isso basta-me
sou absolutamente livre
há uns tempos que não me sentia assim
há realmente livros que nos abrem a cabeça
ah, grande Vaneigem! Profeta situacionista!
A "Economia Parasitária" deu-me a volta à cabeça
é realmente nas mulheres que está o mundo novo
é certo que as mulheres dizem muitos disparates
é certo que as mulheres, de uma maneira geral,
ligam muito aos bens materiais e à subsistência
é certo que as mulheres são, muitas vezes, inacessíveis
mas também é certo que ligam menos ao poder e à glória
talvez elas me compreendam melhor
desde que não se deixem controlar pelo trabalho
desde que não se deixem contaminar pelo dinheiro
as mulheres criam a vida
e eu crio esta merda
não preciso de horários
para criar esta merda
não preciso de regras
para criar esta merda
não preciso de trabalhos
sou absolutamente livre
e isso basta-me
para me sentir absolutamente livre
nem sequer preciso de sair da confeitaria
para me sentir absolutamente livre
até aguento a conversa das velhas
para me sentir absolutamente livre
não preciso dos milhões do Belmiro
nem dos paraísos fiscais
nem dos chulos da bolsa
nem do cabrão cinzentão do primeiro-ministro
para me sentir absolutamente livre
nem sequer preciso das mamas das gajas
nem do "Jornal de Notícias"
nem do Pinto da Costa
para me sentir absolutamente livre
basta-me a paz
a viagem interior
o espírito livre
e estou bem assim
e nada me tira daqui
e vou continuar assim
mesmo que isso não te agrade
mesmo que isso te faça confusão
é a vida que me empurra
é a vida que me quer
venha quem vier
doa a quem doer.
Vilar do Pinheiro, "Motina", 30.5.2009
A GLÓRIA É UMA GAJA FODIDA
A Glória é uma gaja fodida
não se dá a qualquer um
nem a todo o momento
mas, neste momento, estou a tocá-la
mesmo sem sair de casa
mesmo a ouvir os concursos imbecis
da televisão
"Duelo Final", "Um Contra Todos",
é o apelo ao espírito predador dos concorrentes
comem-se uns aos outros
como se vão comendo na vida
e não estou a falar de sexo
já percebi que o sexo vende
sempre que se fala de sexo a coisa resulta
bem, mas estava eu a falar da Glória
ela hoje veio ter comigo
demos uma bela queca
de tal maneira que não páro de escrever
estou trôpego de tanto escrever
direi mesmo: estou embriagado
sem ter tocado numa gota de àlcool
e o concurso imbecil prossegue
agora falam dos jovens de sucesso
jovem de sucesso é que eu não sou
apesar de estar amantizado com a Glória
este mundo capitalista é que, de facto,
não me diz nada
e sabes que mais:
a Glória é uma gaja fodida.
Vilar do Pinheiro, 30 de Maio de 2009
sábado, 30 de maio de 2009
EM COMUNHÃO
Sabes, eu sou daqueles gajos que é capaz do melhor e do pior
hoje basta-me dar uma volta pelo quintal
e as ideias vêm logo ter comigo
mas também há dias em que não sou capaz de criar
ou em que repito obsessivamente a mesma coisa
em que chego ao palco
e não consigo transmitir algo de novo
perco-me- como já disse alguém
não sou um gajo de regularidades
de picar o ponto todos os dias
de ter sempre a piadinha a propósito
há dias em que estou taciturno
e sou incapaz de passar a mensagem
hoje não, hoje fui dar de comer aos gatos
e até me esqueço do meu próprio jantar
hoje até seria capaz de dar
uma conferência de duas horas
sem chatear ninguém
escrevo como se estivesse a falar com alguém
e a linguagem é directa, simples
sem hermetismos
não gosto daqueles escritores e filósofos
complicados a escrever
não suporto rendilhados
a minha linguagem é directa
talvez por isso os empregados de mesa
apreciem os meus livros
e até os comprem
há dias, noites em que tudo me corre bem
em que as pessoas me aplaudem entusiasticamente
em que se riem dos meus textos
e vêm ter comigo
há dias em que estou em harmonia com o mundo
há outros em que a comunicação se torna difícil
a noite cai no quintal
uma folha cai
e eu continuo agarrado às folhas do caderno
as folhas do caderno são a vida
a vida a que me agarro
para combater o tédio
vou comer
estou em comunhão com o universo.
Vilar do Pinheiro, 30.5.2009
hoje basta-me dar uma volta pelo quintal
e as ideias vêm logo ter comigo
mas também há dias em que não sou capaz de criar
ou em que repito obsessivamente a mesma coisa
em que chego ao palco
e não consigo transmitir algo de novo
perco-me- como já disse alguém
não sou um gajo de regularidades
de picar o ponto todos os dias
de ter sempre a piadinha a propósito
há dias em que estou taciturno
e sou incapaz de passar a mensagem
hoje não, hoje fui dar de comer aos gatos
e até me esqueço do meu próprio jantar
hoje até seria capaz de dar
uma conferência de duas horas
sem chatear ninguém
escrevo como se estivesse a falar com alguém
e a linguagem é directa, simples
sem hermetismos
não gosto daqueles escritores e filósofos
complicados a escrever
não suporto rendilhados
a minha linguagem é directa
talvez por isso os empregados de mesa
apreciem os meus livros
e até os comprem
há dias, noites em que tudo me corre bem
em que as pessoas me aplaudem entusiasticamente
em que se riem dos meus textos
e vêm ter comigo
há dias em que estou em harmonia com o mundo
há outros em que a comunicação se torna difícil
a noite cai no quintal
uma folha cai
e eu continuo agarrado às folhas do caderno
as folhas do caderno são a vida
a vida a que me agarro
para combater o tédio
vou comer
estou em comunhão com o universo.
Vilar do Pinheiro, 30.5.2009
NO QUINTAL
Sabes, é nestes dias em que parece que não conseguimos
parar de escrever
que somos mais autênticos
até parece que estamos a dizer "a verdade"
de tal forma nos sentimos em comunhão
até com os animais cá de casa
sobre os quais raramente escrevo
o que é estranho
tenho um quintal cheio de gatos, cães e pássaros
e quase nunca escrevo sobre eles
e olha! Os animais não precisam de dinheiro
para sobreviver
precisam de comer e de beber
e bastam-se a eles próprios
para quê complicar a coisa com notas e moedas
e sacrifício e trabalho
se podemos ser livres como os animais?
Sabes, estou a escrever no quintal
e vou escrever até ser noite
em comunhão com os animais
hoje nem sequer vou olhar para o Telejornal
não quero saber da campanha eleitoral
nem dos políticos a insultarem-se
uns aos outros
a darem o cu pelo voto
vou votar no MRPP
mas é por saber que os gajos
não têm hipótese nenhuma
porque o marxismo primário
e os hinos à classe operária
já não me convencem
mas enfim,
talvez fizesse melhor se me abstivesse
sempre engrossaria a abstenção
e ficaria a rir nas barbas do Durão
mas vou votar no MRPP
até já foi o partido dele
faço um percurso completamente inverso
ao Durão Barroso
ele: do MRPP para a alta burguesia
eu: da aristocracia para o MRPP
tudo vai dar ao MRPP, afinal
o MRPP é o partido mais poético e filosófico
por isso voto nele
há que ser incisivo, querida,
no fundo também estou a fazer campanha
a minha campanha
a campanha que não passa nos telejornais
a campanha que vai aos tascos e aos bares
estava eu a falar dos animais
e onde já vou
estou a produzir, querida,
não produzo computadores nem automóveis
mas produzo versos
já estou como o Álvaro de Campos na "Tabacaria"
porque raio é que os versos
hão-de valer menos que os computadores
e os automóveis?
Produzo
e para tal só preciso de papel e de caneta
de resto, estou muito bem aqui
no quintal com os animais, as flores e as àrvores
não preciso de bancos nem de multinacionais
é claro que tenho de prestar homenagem
aos produtores de papel e de canetas
àqueles que produziram os meus instrumentos de trabalho
de trabalho, sim, minha querida
de trabalho livre, não alienado
criador
e tocam os sinos da igreja
até os sinos da igreja estão em sintonia comigo
os sinos da igreja abençoam o meu trabalho
os sinos da igreja abençoam o papel e a caneta
palavra de honra
há muito tempo que não me sentia assim
em harmonia com a natureza
pouso a caneta
as coisas rolam como nunca
até voltei a escrever em casa.
Vilar do Pinheiro, 30.5.2009
O SUBLIME
As coisas que escrevo não são só para ficar no papel
eu acredito nas coisas que escrevo
as coisas que escrevo fazem-me crescer
fazem-me ficar para além
deste aquém medíocre
desta existência de macacos e macacas
que trepam uns para cima dos outros
deste mundo do trabalho e do desemprego
é preciso que a vida mude
que volte a ser ela própria
como no início
acredito nas coisas que escrevo
acredito em mim
acredito nas coisas em que acredito
não tenho que me dar com toda a gente
não vim para agradar a toda a gente
já o disse e repito-o
não tenho de me andar sempre a justificar
sou eu que estou certo
não é o mundo
tenho a certeza
já tenho tido provas de apreço
apesar de os meus livros venderem pouco
com excepção de um
não escondo
que quero a glória
mas quero a glória
para a espalhar pelo mundo
há sempre um "hit"
eu sei
com as bandas também é assim
não podemos viver eternamente à sombra dele
embora ele se aplique perfeitamente
à conjuntura presente
"Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro"
não é o melhor livro
o melhor é o último
"Queimai o Dinheiro"
o mais completo
o mais honesto
o mais sincero
acho eu
já disse: acredito naquilo que escrevo
e escrevo, cada vez mais,
com o meu próprio sangue
como defendia Nietzsche
e estou próximo do mestre
se bem que Nietzsche não quisesse ser mestre de ninguém
nem conduzir nem ser conduzido
eis a máxima
e eu preciso de falar com as mulheres
com as mulheres que interessam
com as mulheres que me possam compreender
o presente é das mulheres
tenho de me identificar com elas
falar com elas no café, na rua,
em todo o lado
e assim ficarei bem
e assim me sentirei em comunhão comigo mesmo
e com as mulheres
e com o mundo
não este
mas com o mundo que quero
que sei que está aqui
dentro de mim
e, se calhar, dentro de mais gente
do que possa imaginar
e o rock rola na rádio
e eu vou ao ritmo do rock
estou sempre ao ritmo do rock
dos Doors, dos Zeppelin, dos UHF
eu próprio faço umas performances
disponíveis no Youtube
e entra uma gaja boa
há-de haver sempre uma gaja boa
esta vem ao pão
deveria ter sempre esta lata
quando as gajas boas estão junto de mim
assim a mensagem propaga-se
as gajas boas são o exército do poeta
é a elas que compete prosseguir viagem
só vi uma hoje
ontem, no Porto, fartei-me de ver gajas boas
quase me apaixonei por uma
esteve muito tempo sentada na mesa do lado
enquanto eu falava com os amigos
senti mesmo aquela coisa
aquela coisa indefinível
a gaja nunca mais acabava de beber o fino
não era só olhar para as mamas
que saíam da t-shirt
era algo mais, muito mais
a comunhão
a identificação
talvez mesmo o amor
mas ela depois desapareceu
quem sabe para sempre
talvez nunca mais a veja
mas houve qualquer coisa que ficou
- bem sei que a minha namorada não pode
ler isto, mas que querem?
É assim o homem livre
é assim o criador
não pode ter preconceitos-
qualquer coisa de sublime
- o próprio sublime
de que falava com o Sindulfo-
qualquer coisa que fica para sempre
Sabes, as coisas que escrevo
não são apenas literárias, são filosóficas
proféticas até
há coisas que eu escrevo
que são mesmo para ficar
cada vez me convenço mais disso
não são meros escritos
são uma forma de vida
e há dias como hoje
em que nada de relevante se passa lá fora
em que estou há horas, literalmente há horas,
a escrever na confeitaria
em que as palavras saem perfeitamente naturais,
perfeitamente espontâneas
em que são criação pura
de tal forma que me sinto, isso mesmo,
um criador
mesmo que só tenha dinheiro para o café
e é isto que te queria dizer
há forças irresistíveis dentro de nós
forças que quando se libertam
nos aproximam disso mesmo,
da felicidade
mesmo que sejamos o único cliente
da confeitaria prestes a fechar
mesmo que o resto do dia
não prometa gajas nem grande coisa
mesmo que ainda, ao princípio da tarde,
estivessemos consumidos pela angústia
mesmo que as empregadas da confeitaria
não compreendam a nossa missão na Terra
é isso mesmo, o sublime
estou a tocá-lo neste momento
estou a vivê-lo
queria compartilhá-lo contigo
não sei se sou capaz
a verdade é que este rapaz
alcançou a coisa
ou anda lá perto.
Vilar do pinheiro, 30.5.2009
AI O CAVACO, E OS GAJOS CORREM A DEFENDÊ-LO
Compra e venda de acções da SLN, ex-dona do BPN, entre 2001 e 2003
PCP, BE e PP vieram hoje defender Cavaco Silva
30.05.2009 - 19h41
Por Lusa
Pedro Cunha
Cavaco Silva registou uma mais valia de 147.500 euros
Os líderes do PCP, Jerónimo Sousa, e do CDS/PP, Paulo Portas, e o cabeça de lista do Bloco de Esquerda às europeias, Miguel Portas, já vieram defender o Presidente da República, Cavaco Silva, considerando “legitima” a operação de aquisição e de venda das acções da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), ex-proprietária do BPN. Hoje, o semanário "Expresso" noticia que o Presidente da República comprou e vendeu acções da SLN entre 2001 e 2003, tendo registado uma mais valia de 147.500 euros.
Trata-se de “uma questão do foro privado” de Cavaco Silva, afirmou Jerónimo de Sousa durante uma iniciativa da CDU que está a decorrer em Braga. Para o líder comunista “não há ali qualquer dose de ilegalidade ou de comprometimento no plano da corrupção”, salientando que “há que ter sentido da medida”, pois “foi um negócio privado”.
Do mesmo modo o presidente do CDS-PP, Paulo Portas, classificou como “um facto normal” que o Presidente da República tenha tido acções da SLN, negócio que não se confundo com “o crime e a fraude” registada no BPN. “O facto de uma pessoa ter acções, comprar, vender, fazer uma mais-valia e declarar no seu imposto, que é o que sucedeu, é um facto normal”, declarou Paulo Portas, salientando que a operação não constitui um “delito”.
Por seu turno o candidato do BE às eleições europeias, Miguel Portas, no final de uma iniciativa de campanha, na Marateca, salientou que ter sido accionista do BPN não é “pecado” e que Cavaco Silva já vendeu as suas acções em 2003, pelo que a “história já é antiga” e não existe qualquer novidade. "É sabido que no BPN, muitas pessoas dos círculos do PSD e na altura do cavaquismo, quando o cavaquismo era Governo, se interessaram por esse banco, mas, também até prova em contrário ainda não é pecado ter sido accionista do BPN, coisa que actualmente o Presidente da República não é”, referiu Miguel Portas instado a comentar a notícia de primeira página do "Expresso".
PCP, BE e PP vieram hoje defender Cavaco Silva
30.05.2009 - 19h41
Por Lusa
Pedro Cunha
Cavaco Silva registou uma mais valia de 147.500 euros
Os líderes do PCP, Jerónimo Sousa, e do CDS/PP, Paulo Portas, e o cabeça de lista do Bloco de Esquerda às europeias, Miguel Portas, já vieram defender o Presidente da República, Cavaco Silva, considerando “legitima” a operação de aquisição e de venda das acções da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), ex-proprietária do BPN. Hoje, o semanário "Expresso" noticia que o Presidente da República comprou e vendeu acções da SLN entre 2001 e 2003, tendo registado uma mais valia de 147.500 euros.
Trata-se de “uma questão do foro privado” de Cavaco Silva, afirmou Jerónimo de Sousa durante uma iniciativa da CDU que está a decorrer em Braga. Para o líder comunista “não há ali qualquer dose de ilegalidade ou de comprometimento no plano da corrupção”, salientando que “há que ter sentido da medida”, pois “foi um negócio privado”.
Do mesmo modo o presidente do CDS-PP, Paulo Portas, classificou como “um facto normal” que o Presidente da República tenha tido acções da SLN, negócio que não se confundo com “o crime e a fraude” registada no BPN. “O facto de uma pessoa ter acções, comprar, vender, fazer uma mais-valia e declarar no seu imposto, que é o que sucedeu, é um facto normal”, declarou Paulo Portas, salientando que a operação não constitui um “delito”.
Por seu turno o candidato do BE às eleições europeias, Miguel Portas, no final de uma iniciativa de campanha, na Marateca, salientou que ter sido accionista do BPN não é “pecado” e que Cavaco Silva já vendeu as suas acções em 2003, pelo que a “história já é antiga” e não existe qualquer novidade. "É sabido que no BPN, muitas pessoas dos círculos do PSD e na altura do cavaquismo, quando o cavaquismo era Governo, se interessaram por esse banco, mas, também até prova em contrário ainda não é pecado ter sido accionista do BPN, coisa que actualmente o Presidente da República não é”, referiu Miguel Portas instado a comentar a notícia de primeira página do "Expresso".
O QUE EU QUERIA MESMO ERA FICAR A NOITE TODA
O que eu queria mesmo era ficar a noite toda
beber até fartar
conhecer umas gajas
falar com elas
o que eu queria mesmo era ficar a noite toda
andar de tasco em tasco
e não pensar em literaturas
o que eu queria mesmo era ficar a noite toda
não ir para casa murcho e teso
gozar esta vida
é a única que tenho
olhar para as mamas das gajas
que com o calor se descascam todas
o que eu queria mesmo era ficar a noite toda
andar à solta
perder o juízo
ir às putas
como nos dias de outrora
o que eu queria mesmo era ficar toda a noite
beber até fartar
conhecer umas gajas
falar com elas
o que eu queria mesmo era ficar a noite toda
andar de tasco em tasco
e não pensar em literaturas
o que eu queria mesmo era ficar a noite toda
não ir para casa murcho e teso
gozar esta vida
é a única que tenho
olhar para as mamas das gajas
que com o calor se descascam todas
o que eu queria mesmo era ficar a noite toda
andar à solta
perder o juízo
ir às putas
como nos dias de outrora
o que eu queria mesmo era ficar toda a noite
ABENÇOADAS
Não vim ao mundo para ficar na vidinha
vim ao mundo para gozar a vida e as mulheres
abençoadas mulheres
abençoadas que nos dais à luz
e nos dais a luz
a salvação está nas mulheres
e na criança
na criança sábia
que apenas joga com a vida
que faz da vida
um experimento permanente
não vim ao mundo para trabalhar
vim para criar
para passar a mensagem
em todos os palcos onde vá
não vim ao mundo para o tédio
nem para ficar no rebanho
vim ao mundo para agitar
em busca dos céus
em busca da glória
não vim ao mundo para ser espectador
vim para dinamitar
para desafiar os poderes
para destruir os velhos valores
sou a vaidade e a humildade
sou o sangue que corre
a alma que não morre
o poema que prossegue
sou tudo isso e mais alguma coisa
sou o gajo só
no café a meio da tarde
sou a chama que arde
e que se apaga
sou o gajo atormentado
pelas depressões
o gajo inseguro e calado
que bebe para se sentir bem
sou o gajo que te quer
mulher da minha vida
vou abaixo e vou acima
eis a minha sina
não vim ao mundo para ser mais um
não vim ao mundo para ser igual aos outros
vim para algo mais
não vim para ser um cidadão cumpridor
e colectável
não me conformo com o papel de eleitor
de depositante de boletins na urna
nem sequer tenho conta no banco
não confio nesses trapaceiros
a vida é de graça- acredito
e é uma graça
não de Deus
mas de algo que está no fundo do homem
que o distingue dos outros animais
que o afasta da podridão do mercado
vim ao mundo para transmitir isto
vim ao mundo para transformar isto
e começo a ver a luz.
sexta-feira, 29 de maio de 2009
CANDIDATURA DO PSSL À CÂMARA DA PÓVOA DE VARZIM
CANDIDATURA DO PSSL À CÂMARA DA PÓVOA DE VARZIM
O Partido Surrealista Situacionista Libertário (PSSL) e a Frente Guevarista Libertária (FGL) anunciam a candidatura do camarada António Pedro Ribeiro à Câmara Municipal da Póvoa de Varzim. O PSSL apresenta-se a eleições por considerar que o actual presidente da Câmara da Póvoa, Macedo Vieira, tem tido uma actuação pedante, pidesca e fascizante. Para Macedo Vieira qualquer um que lhe dirija um crítica é logo catalogado de esquizofrénico, sendo desde logo objecto de processo judicial. Macedo Vieira considera-se o detentor da verdade e o único benfeitor da Póvoa, o que, isso sim, revela tiques de esquizofrenia.
Macedo Vieira revelou tiques pidescos e fascizantes ao perseguir os blogues povoaonline e povoaoffline, hoje povoadevarzimonline, conseguindo a sua censura através dos tribunais, num processo sem par em Portugal. Macedo Vieira não sabe conviver com a crítica e com as oposições. A sua gestão é responsável pela edificação da estátua do Major Mota na Rua da Junqueira, uma homenagem a um fascista assumido, Comandante da Legião Portuguesa, o que constitui um atentado ao 25 de Abril. Macedo Vieira quer perpertuar-se no cargo, à imagem de outros autarcas e dinossauros exemplares como Mesquita Machado, Valentim Loureiro, Fátima Felgueiras, Avelino Ferreira Torres ou Isaltino Morais. Macedo Vieira é absolutamente cinzento. O PSSL toma o partido da vida contra o partido das grandes negociatas, dos empreiteiros, dos chicos-espertos, da bolsa, do mercado, do dinheiro. O PSSL entende que a vida deve ser vivida livremente, gratuitamente, sem autarcas providenciais nem merceeiros, nem controleiros.
António Pedro Ribeiro é poeta, performer e sociólogo e é autor dos livros "Queimai o Dinheiro" (Corpos, 2009), "Um Poeta a Mijar" (Corpos, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006) e "Á Mesa do Homem Só" (Silêncio da Gaveta, 2001).
Pelo Comité Central do PSSL/FGL,
António Pedro Ribeiro
tel. 965045714
http://partido-surrealista.blogspot.com
http://povoaonoffline.blogspot.com
GLÓRIA
A loira ginga na estrada. O farmacêutico saúda-me. Cá estou eu na "Motina" a escrever. Eis a minha sina. Não me dá sequer para escrever poemas. Só estas merdas. Há qualquer coisa que me atormenta. A escrita não flui desbragada. Começo a repetir-me. Que maçada! Preciso de ler para escrever. Tenho, de novo, Platão à minha frente. Divino Platão, traz-me a chama dos deuses. Divino Platão, faz de mim um Poeta a valer. Não me faças apenas escrever coisas com alguma piada que fazem o pessoal rir. Mas é importante que o pessoal ria. É importante pôr o pessoal a divertir-se. Não quero contribuir para a pasmaceira. Eu, que tanto critico o tédio, não posso contribuir para o tédio. Eh, pá, agora vou ser narcisista. Gostais de mim, gostais mesmo de mim? Ou estais apenas a aturar-me? Quem sou eu nesta confeitaria, neste bar? Tenho o mundo a meus pés ou não passo de um pobre desgraçado? Ou não serei uma coisa nem outra, qualquer coisa de intermédio? Porque raio estar sempre entre a merda e o sublime? Era bom estar sempre em glória, receber palmas a todo o momento. Mas não. As palmas tornar-se-iam rotina. Cansar-me-ia das palmas e da glória. Por falar em Glória, há aqui alguma gaja que se chame Glória? Bem sei que o texto se está a tornar comprido para ser lido em público. Anda cá, Glória!
quinta-feira, 28 de maio de 2009
A VIDA É DE GRAÇA
A vida foi-me dada gratuitamente
pelos meus pais
não tenho de pagá-la
não me conformo a ser governado
por bolsas, bancos, estatísticas e contabilistas
que nada me dizem
nem sequer tenho conta no banco!
Não nasci para isto
não sirvo para isto
largai-me, ó democratas de rebanho
largai-me, ó burocratas do partido!
O meu partido é o partido da vida
não aguento mais os vossos discursos
não aguento mais as vossas falinhas mansas
ficai na vossa
ficai na fossa
que eu fico na minha
Não sou colectável
não sou rentável
não sou mercadoria
largai-me, ó merceeiros
largai-me, ó trapaceiros
largai-me, ó economistas
estou farto das vossas teorias, dos vossos
gráficos e das vossas curvas
podeis ir todos dar uma curva!
Estou farto desta merda!
A vida só pode ser gratuita
quero gozá-la livremente
quero curtir a minha gaja
não tenho que vos pedir licença
não tenho que vos adular
não tenho que vos pagar a ponta de um chavo
não pago!
Recuso pagar a minha vida
rejeito a mera sobrevivência
não tenho de trabalhar para ninguém
a vida é de borla
a vida só pode ser de graça
como quando nasci
porque raio não hei-de querer a gaja
que está à minha frente?
Porque raio não posso amá-la?
Há alguma lei que o impeça?
Não tenho de me sentir culpado
por coisa nenhuma
não tenho de me sentir diminuído
ou deprimido por coisa nenhuma
estou vivo, porra!
Não me entreguei ao mercado
não me diluí na televisão
não voto no grande cabrão
não me deixei levar pela engrenagem
continuo na vadiagem
estou vivo, porra!
Não troco a vida por coisa nenhuma.
Vilar do Pinheiro, "Motina", 28.5.2009
MINHA AMADA
Esperei por ti séculos
e vieste
sentaste-te à minha mesa
comeste uma torrada
olhaste a criança
e eu, finalmente,
fui capaz de dizer a palavra
esperei por ti séculos
e vieste
no meio do caos financeiro
e da economia parasitária
trouxeste a mala e a canção
e até o telemóvel
tantas horas,
minha amada
esperei por ti séculos
e vieste
natural e livre
devolveste-me à vida
esperei por ti séculos
e vieste
Dulcineia
minha sereia,
minha amada.
ERNESTO CHE GUEVARA
Admiro Ernesto Che Guevara. Gostava de ser como ele. Mas não sou. O Che era um guerrilheiro. Eu, quando muito, sou um guerrilheiro da palavra. Não sou organizado nem atino com organizações. Já o disse. Quando muito acredito em pequenos grupos, em movimentos espontâneos. E tenho uma concepção dionisíaca, algo messiânica das coisas. Acredito que se for passando a palavra a coisa pode ir. Acredito no xamã, acredito no papel revolucionário do poeta. Acredito que incomodo, que posso abalar as consciências. É esse o meu papel. Em vez de ir combater para a floresta, vou combater para os bares.
PALAS ATENA
Este exercício de escrever todos os dias. Ontem estava cheio de pedal e hoje já não estou. Podia-me dar para escrever diálogos, romances e ganhava dinheiro. Tornava-me um escritor profissional como Hemingway. Mas não. Só me dá para escrever estas merdas. Vá lá que há uns gajos do sindicato dos professores que mas publicam. Os professores devem estar tão em baixo que até publicam as minhas coisas. Corações ao alto. Nada de desãnimos. Ulisses já está em Ítaca. Escreve algo de sublime. De sublime, meu, de sublime. Não te deixes arrastar para a cama. Bebe copos, conversa com o mundo. Diz algo de sublime. Algo que surpreenda o mundo. Algo que enfeitice as gajas. Algo que mude a face da Terra. Vem ter comigo, deusa. Sai das trevas que te retém há mil anos, vem ter comigo, ilumina os meus passos, faz de mim um rei. Vem amar-me, deusa. Já que as outras não vêm porque me vêem teso, vem tu. Torna-me sublime, irmão dos deuses. Que se foda o quotidiano banal, que se foda a mesquinhice, que se fodam as telenovelas. Esta merda das coisinhas, das conversinhas, dos grupos fechados dá cabo de mim! Como disse no outro dia uma gaja devo começar a pregar para toda a gente. Dá-me forças, como deste a Ulisses, Palas Atena! Acredito em ti mais do que nas gajas do café. Acredito em ti mais do que no café. Acredito em ti mais do que na aldeia. Acredito em ti, Palas Atena. Ajuda-me. Vem ter comigo. O mundo, salvo algumas ocasiões, é uma merda. Não sou menos do que Ulisses. Já fiz muitas viagens, já vi muitos filmes, já enfrentei muitos demónios, já andei vestido de mendigo, dá-me a glória, Palas Atena. É a glória que eu quero, ó deusa. Para mim e para a Humanidade. Há gajas bonitas na televisão. Saí da televisão, sede as minhas bacantes. Ontem estava em glória mas hoje já não estou. Merda! Palas Atena, porque me abandonas? Estarei condenado a sofrer todas as provações?
Posted by apedroribeiro at 4:20 PM 1 comments
CRISE
Prossegue a crise. As bolsas ainda estão em baixa. Essa merda das bolsas sempre me meteu nojo. Para que é que serve essa merda? Mais uma daquelas merdas absurdas que o capitalismo inventou. Fico feliz por estarem em baixa. Fico feliz por o capitalismo estar em baixa. Esta merda deveria rebentar toda. Deveria começar tudo de novo.
ARTISTAS
FACADAS NA MORAL
Vêm ao rio
carregadas de bebés
Gin puro
beijam os putos
enchem-nos de tesão
e rock n' roll
cravos vermelhos
na Junta de Freguesia
bacantes em guerra
antónio
dionisos
na imagem
no BI
no papel
hei-de morrer de tédio
ao quarto dia
num quarto de hotel
mães que choram
cães danados
irmãos irmãs
partilhas pastilhas
fantasias
em Braga sem nada
sem mulheres
no cu na cona
da Flávia
10 da noite
nada na roleta
bate a punheta
primeiro-ministro
Jesus na cruz
aulas
professoras
aguas das pedras
pedrada salgada
Carla em Braga
em Bragança
nos Passos da dança
nos paços da Sé
Che ébrio
luz de morte
coca cola cao
cão cabrão
equilibrista, não!
Saloon exibicionista
estoirar
bar aberto canção
tiro aos bonecos
aos mortos
aos matrecos
badamecos
noitadas
gargantas secas
TER O MUNDO NA MÃO
E ANDAR AOS TROCOS
aos rotos
às facadas na moral!
A. Pedro Ribeiro, Braga, 2010.
carregadas de bebés
Gin puro
beijam os putos
enchem-nos de tesão
e rock n' roll
cravos vermelhos
na Junta de Freguesia
bacantes em guerra
antónio
dionisos
na imagem
no BI
no papel
hei-de morrer de tédio
ao quarto dia
num quarto de hotel
mães que choram
cães danados
irmãos irmãs
partilhas pastilhas
fantasias
em Braga sem nada
sem mulheres
no cu na cona
da Flávia
10 da noite
nada na roleta
bate a punheta
primeiro-ministro
Jesus na cruz
aulas
professoras
aguas das pedras
pedrada salgada
Carla em Braga
em Bragança
nos Passos da dança
nos paços da Sé
Che ébrio
luz de morte
coca cola cao
cão cabrão
equilibrista, não!
Saloon exibicionista
estoirar
bar aberto canção
tiro aos bonecos
aos mortos
aos matrecos
badamecos
noitadas
gargantas secas
TER O MUNDO NA MÃO
E ANDAR AOS TROCOS
aos rotos
às facadas na moral!
A. Pedro Ribeiro, Braga, 2010.
DYONISOS
Dyonisos senta-se
em plena crise
não há mulheres
à sua mesa
elas refugiam-se à sombra
do conforto da segurança
Dyonisos sabe
que está a chegar
a sua hora
em breve terá início
a corrida aos bancos
o caos o desespero
o fim desta era
Dyonisos sabe
que as bacantes
vão dançar
à sua mesa
Dyonisos sabe
que é ele o poeta
e que tudo
vai ficar
sem cheta.
A. Pedro Ribeiro, Vilar do Pinheiro, 7.10.2008
quarta-feira, 27 de maio de 2009
PLATÃO, ÍON
Falam Sócrates e Íon
Todos os poetas épicos, os bons poetas, não é por efeito de uma arte, mas porque são inspirados e possuídos, que eles compõem todos esses belos poemas; e, igualmente, os bons poetas líricos, (...) não dançam senão quando não estão em si, também os poetas líricos não estão em si quando compõem esses belos poemas; mas, logo que entram na harmonia e no ritmo, são transformados e possuídos como as bacantes que, quando estão possuídas, bebem nos rios o leite e o mel mas não quando estão na sua razão, e é assim a alma dos poetas líricos.
O poeta é uma coisa leve, alada, sagrada e não pode criar antes de sentir a inspiração, de estar fora de si e de perder o uso da razão. Enquanto não receber este dom divino, nenhum ser humano é capaz de fazer versos ou de proferir óraculos.
NERO
Agora chove lá fora. As ideias do bem e do mal guerreiam no meu cérebro. Tenho medo de me deixar levar pelas ideias demoníacas. Pareço um Nero. Roma arde. Já não sei quem ateou o fogo. Agarro-me aos poemas e canto. As pessoas correm desesperadas, tentando por-se a salvo. É o caos. Roma em chamas. O fogo consome tudo. E eu danço com a minha amada. É a imagem que vem. Tenho medo.
terça-feira, 26 de maio de 2009
Não há movimento nesta terra
estou só no café
nem o bêbado ficou
ao menos no "Miss Simpatia"
rio-me com o Rocha
e não está tudo morto
coitado do Rocha!
Sempre sozinho
sem ninguém para partilhar
as suas análises sociológicas
e futebolísticas
a mim as gajas só me dão cortes
e os jornais telefonam
quando me esqueço do telemóvel em casa
a brasileira masturba-se na copa
e há vates que me irritam
solenemente.
estou só no café
nem o bêbado ficou
ao menos no "Miss Simpatia"
rio-me com o Rocha
e não está tudo morto
coitado do Rocha!
Sempre sozinho
sem ninguém para partilhar
as suas análises sociológicas
e futebolísticas
a mim as gajas só me dão cortes
e os jornais telefonam
quando me esqueço do telemóvel em casa
a brasileira masturba-se na copa
e há vates que me irritam
solenemente.
A LOIRA
Já sou conhecido por estas bandas. Já sabem que por aqui eu tomo sempre café. Mas o que eu queria realmente era escrever poesia automática à boa maneira de Breton. O que eu queria realmente era engatar a loira que está à minha frente.
Prometi a mim próprio que ia escrever todos os dias. Prometi a mim próprio que iria escrever divinamente, que iria aparecer nos jornais e na televisão. Mas o que eu queria realmente era engatar a loira que está à minha frente.
No entanto, sei que a minha poesia não dá para ganhar prémios e dificilmente aparecerá na televisão. Estou condenado a ser o poeta maldito que, de vez em quando, escreve bem. Estou condenado ao "underground". Mas o que eu queria realmente era engatar a loira que está à minha frente.
As amigas falam comigo, dão-me conselhos, gostam de mim. As amigas preocupam-se comigo. As amigas não querem que eu acabe a mendigar. Mas o que eu queria realmente era engatar a loira que está à minha frente.
Já li muitos livros. Já conheci muita gente. Já tive visões. Já vi o céu e o inferno. Mas o que eu queria realmente era engatar a loira que está à minha frente.
SOU O POETA
Sou o poeta
que não aparece
nas colectâneas
sou o poeta
que não se adapta
à vida prática
que não atina
com as leis
do dinheiro, do trabalho, do mercado
que se aborrece com o quotidiano
com a fala fácil
com a piada a propósito
sou o poeta
que não se reduz à mercadoria
que permanece à mesa
que tem os livros na livraria
sou o poeta
que vive como poeta
que ama os surrealistas
que vem ter com a amiga
sou o poeta
que escreve nos cafés
que vai aos bares
e bebe copos
(e que só não bebe mais
porque não há cacau)
sou o poeta que grita
que insulta
que amaldiçoa
sou o poeta
que traz a magia
que vomita a poesia
que traz a revolta.
Porto, 14.9.2008
AI LOUREIRO, LOUREIRO
Oliveira Costa acusa Dias Loureiro de mentir
26.05.2009 - 18h13
Por Cristina Ferreira, Ana Brito
Pedro Cunha
Oliveira e Costa
Oliveira Costa acusou hoje Dias Loureiro de ter mentido quanto ao teor das suas declarações sobre a reunião com António Marta, ex-vice-presidente do Banco de Portugal, a propósito do BPN. "A verdade está com António Marta", disse.
A acusação do ex-presidente do BPN contraria declarações de Dias Loureiro, que defendeu na comissão de inquérito que foi ao Banco de Portugal pedir uma atenção especial sobre o BPN porque estava preocupado com alguma práticas de gestão. Já Marta defendeu que Loureiro lhe foi perguntar porque razão andava o Banco de Portugal (BdP) "sempre em cima do BPN".
Oliveira Costa disse que o antigo ministro tem uma "problemática do ego" e que as declarações que prestou na comissão de inquérito "correspondem ao modelo que Dias Loureiro idealizou ser o seu papel na SLN, que tem uma forte componente heróica".
O ex-banqueiro disse ainda que Dias Loureiro "suportou a sua versão [sobre a reunião no BdP] numa descarada deslealdade".
26.05.2009 - 18h13
Por Cristina Ferreira, Ana Brito
Pedro Cunha
Oliveira e Costa
Oliveira Costa acusou hoje Dias Loureiro de ter mentido quanto ao teor das suas declarações sobre a reunião com António Marta, ex-vice-presidente do Banco de Portugal, a propósito do BPN. "A verdade está com António Marta", disse.
A acusação do ex-presidente do BPN contraria declarações de Dias Loureiro, que defendeu na comissão de inquérito que foi ao Banco de Portugal pedir uma atenção especial sobre o BPN porque estava preocupado com alguma práticas de gestão. Já Marta defendeu que Loureiro lhe foi perguntar porque razão andava o Banco de Portugal (BdP) "sempre em cima do BPN".
Oliveira Costa disse que o antigo ministro tem uma "problemática do ego" e que as declarações que prestou na comissão de inquérito "correspondem ao modelo que Dias Loureiro idealizou ser o seu papel na SLN, que tem uma forte componente heróica".
O ex-banqueiro disse ainda que Dias Loureiro "suportou a sua versão [sobre a reunião no BdP] numa descarada deslealdade".
domingo, 24 de maio de 2009
QUEIMAI O DINHEIRO
MANIFESTO CONTRA O CONFORMISMO
Publicado no "Jornal de Notícias" de 11.5.2009
Novo livro de poemas de António Pedro Ribeiro, "Queimai o Dinheiro" é uma ode contundente acerca dos malefícios provocados pela sociedade de consumo, regida por valores estritamente monetaristas. Sem tibiezas, o autor de "Saloon" e "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" critica o modo como o Homem é transacionado, qual mercadoria sem valor, e afirma a repulsa por tudo o que contribui para o aniquilamento da individualidade, criticando de permeio os economistas, que tudo reduzem "à mesquinhez da conta, do orçamento, do défice". Nem todos os poemas estão imbuídos de forte cunho político. Em "O Amor" ou "A Gaja Não Vem Mais", o autor detém-se na enunciação dos prazeres hedonistas.
S.A.
O PREÇO DA FAMA
Uma loira boazona de mamas à mostra esteve à minha frente no "Piolho" mas desapareceu. O pessoal está todo lá fora. Está um calor do caralho e eu ainda não sou suficientemente reconhecido como poeta e escritor. É claro que sempre estarei um bocado à margem. Até poderia montar uma livraria. Passava a tarde a olhar para os livros. Os imbecis da tarde preenchem os programas da tarde da televisão. Há gajos que querem tocar comigo mas o dinheiro não vem, nunca mais vem. Talvez amanhã ganhe algum. Estou farto de actuar de borla! Estou farto de fazer coisas à borla. Estou farto de bolas no poste. Hoje deve ter saído a entrevista na "Voz da Póvoa". Não sei que selecção o Peixoto fez. Realmente preocupo-me pouco com a correcção dos textos. Deveria preocupar-me mais. Deixo-os andar, entregues à vida deles. Eles fazem o seu percurso. Eu limito-me a seleccioná-los. O Bloco de Esquerda sobe nas sondagens. O discurso messiânico do Louçã ganha adeptos. Eu também sou um bocado messiânico mas á minha maneira. Tenho escrito coisas messiânicas, é certo. A Plataforma contra a Obesidade toma conta da TV. Morte aos obesos! Sejamos todos magros. Faça-se exercício, corram-se maratonas. Nada de ficar alapado no "Piolho" a escrever. Que o mundo se encha de "Top Models"! O Ronaldo deixa-se dominar na cama, diz a ex-namorada. O Ronaldo não é um deus infalível. Eis o preço da fama.
DIAS LOUREIRO
O Dias Loureiro foi à televisão e ao Parlamento dizer que sempre se guiou pelos valores do trabalho, do sacrifício e da honestidade. O Dias Loureiro que andou a gamar no BPN é um trabalhador honesto e sacrificado. Coitado do Dias Loureiro! Tenho uma pena do homem. Só falta ir chorar para a televisão. Trabalho e sacrifício. Eis os valores que nos regem. Que se sacrifique o Loureiro, que trabalhe o Sócrates que eu cá continuo na minha. Que continuem a sacrificar-se e a trabalhar e a serem honestos e a darem o cu como até agora. O povo continua a votar neles. Eu cá não me sacrifico. Quando muito sacrifico-me pela revolução. Mas não me sacrifico pela pátria nem pelo trabalho como o Dias Loureiro, como o Sócrates e como o Cavaco têm feito ou dizem que têm feito até agora. Acho que qualquer gajo deve ser recompensado pelo que faz nem que se passe a vida a bater punhetas. E já que elevaram o dinheiro à condição de medida de todas as coisas então deve ser recompensado em dinheiro. E nada de sacrifícios nem de trabalhinho! Isso é para o Dias Loureiro, para o Sócrates, para o Cavaco. Todos cidadãos honrados e honestíssimos. Podem ir todos dar uma volta! O nosso mundo não é o deles. Não falamos a mesma linguagem. Nem sequer pertencemos à mesma galáxia. O Salazar também apelava ao trabalho, ao sacrifício e à honestidade. Essa é que é essa.
EM NOME DA VIDA
EM NOME DA VIDA
António Pedro Ribeiro
O dinheiro, o mercado e a economia matam a vida. Transformam-na em tédio, competição, exploração, sub-vida, morte. É isto que é preciso dizer. É isto que os candidatos às eleições europeias e legislativas não dizem, ancorados em jogos mediáticos e eleitoralistas. É a nossa vida que está em jogo. E a nossa vida não se resume a um boletim de voto. A construção de uma sociedade que exalte a vida passa pela abolição da sociedade mercantil, como defende Raoul Vaneigen. Não aqui meios-termos, nem meias-palavras, nem reformas. A nossa única riqueza é a própria vida. Não podemos deixar que constantemente dêem cabo dela com a lei do mais forte, do mais esperto, do mercado e da espculação bolsista. Todo o ser humano tem direito aos meios que garantam a própria subsistência e algo mais. É o mínimo que se pode exigir. A vida tem de vencer o dinheiro e a economia. Estamos perante uma questão de vida ou de morte e não perante uma questão eleitoralista. E esta é uma luta a travar nas ruas, nas casas, nas escolas e não nos parlamentos. Esta é uma luta que implica a substituição do trabalho pela criação. Que implica a dessacralização do trabalho, da queda de algumas bandeiras da esquerda. As crises só acabam se o capitalismo cair.
sábado, 23 de maio de 2009
LAS TEQUILLAS NO YOUTUBE
O nosso amigo Ricardo Contra-Martelo gravou o concerto dos Las Tequillas no Art 7 do Angel e do Vitó em São João da Madeira. O resultado está no Youtube e pode pesquisar-se em lastequillas6, lastequillas5, lastequillas4, lastequillas3, lastequillas2, lastequillas1. "Menina", "Anjo em Chamas", "Diz a Palavra", "Anarquia" e "Beber por Beber" são os temas disponíveis.
GLÓRIA (CANÇÃO)
Eu quero a Glória
é a Glória que eu quero
vestida de aplausos
estou a ser sincero
eu quero a glória
a plateia cheia
o grito do povo
o abraço do mundo
eu quero a glória
é a glória que eu espero
a mulher de vida fácil
a mulher toda de negro
eu quero a Glória
não tenho de ser humilde
não quero mendigar
não venhas com a história
do tem que ser
e do saber estar
quero a Glória
é a Glória que eu amo
atiro-lhe poemas
esta rotina
é que eu não gramo
eu quero a Glória
sou narciso, confesso
farto de falinhas mansas
sou do rock, ser possesso
eu quero a Glória
é a Glória que eu quero
esta porra não avança
e eu a arder por dentro
eu quero a glória
é a glória que eu quero
danço na pista
só estou bem no inferno
eu quero a glória
é a glória que eu quero
fora do palco
eu tenho medo
eu quero a glória
é a glória que eu quero
o Henrique na guitarra
e o mundo insurrecto
eu quero a glória
é a glória que eu quero
falas de mais
e eu estou farto.
FOME
Venho ao café da senhora loira, bonita e simpática. Venho ver gajas mas não as há. HOje começa um novo capítulo na minha vida. Há uma gaja que cambaleia ao balcão. Parece bêbada. Mas é feia. O blog do "Xamã" está ameaçado de "spam". estou fodido. Até na net me perseguem. Hoje começa um novo capítulo na minha vida. Nada me pára. E lá vem o cabrão do vozeirão. A meter-se com toda a gente. Foi ao pão. Hoje inicia-se um novo capítulo na minha vida. O DJ passa música brasileira imbecil. O DJ Henrique ficou de ir a São João da Madeira mas entrou em estado de hibernação. Aquela "Menina" que o Ricardo Contra-Martelo pôs no Youtube fica mesmo a matar. Las Tequillas forever! Tenho sede de gajas mas não as há. Ontem não saí de Braga em ombros, em glória mas não se está nada mal. É o início de um novo capítulo. "I'm Beggining to See the Light". Começo a ver a luz, canta o Lou Reed. Lá vai a gaja bêbada. E o DJ continua a passar música imbecil para o "Karaoke" de logo à noite. Não é definitivamente o meu estilo. SOu do rock. Estou, de novo, com aquele speed do caralhão. Tenho fome de gajas. Quero comer.
a REVISORA
E pronto. Um gajo lá vai aparecendo nos jornais nem que seja numas notas de rodapé. Pena que não apareça mais gente nos lançamentos. é a vida. E lá vamos nós até São Bento. Com a revisora a controlar. Braga já lá vai. Até as gajas feias trazem as mamas à mostra. Vivam as mamas! O meu reino por umas mamas! A revisora não vem de mamas á mostra mas tem estilo. Talvez me faça um broche.
ESTADO DA NAÇÃO
DE BRAGA SEM GLÓRIA
Saio de Braga sem glória. À sessão da "Centésima Página" não assistiu quase ninguém. Salvaram-se as mamas da gaja do bar. Mas mesmo assim tive de ficar em Braga até ao último comboio. Tive de curtir Braga até ao fim. Tive de fazer amor com Braga. Não percebo. Em anos anteriores veio mais gente. É certo que houve pessoas que ficaram de aparecer e não apareceram. Paciência. Ficam lá os livros para quem os quiser comprar. Ficam os livros para quem os apanhar. Agora estou na estação à espera que o comboio parta. E não sei o que vai ser o dia de amanhã. Amanhã penso nisso. Que se foda! De qualquer maneira não estou assim tão mal. Vim a Braga mais uma vez. E eu gosto de estar em Braga, gosto de estar na "Brasileira". E o comboio parte. Vou deixar Braga. Adeus, Braga! Até á próxima! Amo-te muito. Amo-te mais do que a qualquer outra terra. Aqui cresci. Aqui renasci. Aqui sou eu próprio. Aqui sou quem sou. E isso ninguém me tira. Ferreiros. Eis a minha glória. A glória que não tive há pouco. Sou de Braga. É em Braga que me sinto em casa. Apesar de já não ter aqui casa. Olha! Aqui há revisora. E não é nada de se deitar fora. Enfim, para compensar a coisa ontem no Clube Literário correu melhor do que o esperado. Só falta pagarem "cachet" como no Campo Alegre. Enfim, se hoje tivesse alcançado a glória já andava para aí a alucinar. É preciso ver o lado bom das coisas. E a Cláudia que nunca mais liga. E eu sem saldo no telemóvel. E as mamas da gaja que dão vontade de mamar. Se me tivesse sentado em frente a ela era capaz de apanhar porrada do marido. Cuidado, Ribeiro, que isto é gente ciumenta. Cuidado, Ribeiro, que esta merda ainda rebenta. Cuidado, Ribeiro, que um gajo não se aguenta. E lá vem a revisora. CHoc! Choc! Choc! Antes revisoras que máquinas! (...)
terça-feira, 19 de maio de 2009
POESIA DE CHOQUE
Os poetas malditos vão estar a rasgar na próxima quinta, 21, no Clube Literário do Porto, pelas 21,30 h. É a nova sessão de POESIA DE CHOQUE com apresentação e performances de Luís Carvalho e António Pedro Ribeiro.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
QUEIMAI O DINHEIRO NA CENTÉSIMA PÁGINA
APRESENTAÇÃO DE "QUEIMAI O DINHEIRO" NA CENTÉSIMA PÁGINA
O livro "Queimai o Dinheiro" de A. Pedro Ribeiro, editado pela Corpos, vai ser apresentado na livraria Centésima Página em Braga no próximo dia 22, sexta, pelas 18,00 h. A sessão conta com a apresentação da crítica Silvia C. Silva e com a presença do autor. "Queimai o Dinheiro" é uma crítica à sociedade do rebanho e do mercado, onde o dinheiro é elevado à condição de deus supremo, onde a economia e a linguagem da finança e das bolsas tomam conta de tudo, contaminando inclusivé as relações de amor, de amizade ou até familiares. "Queimai o Dinheiro" é também um hino ao hedonismo em oposição a uma sociedade de tédio que se opõe à vida, um livro que celebra a mulher, Dionisos, o individuo soberano e a liberdade. A. Pedro Ribeiro ou António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968 e é autor dos livros de poesia "Um Poeta a Mijar" (Corpos, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006) e "Á Mesa do Homem Só" (Silêncio da Gaveta, 2001). Foi fundador da revista "Aguasfurtadas" e diz poesia e faz performances poético-musicais há mais de 20 anos, tendo actuado no Festival de Paredes de Coura 2006 ao lado de Adolfo Luxúria Canibal. Frequentou os liceus Sá de Miranda e Alberto Sampaio em Braga e licenciou-se em Sociologia na Faculdade de Letras do Porto. Actualmente reside em Vilar do Pinheiro, Vila do Conde e é vocalista das bandas Mana Calórica e Las Tequillas.
O livro "Queimai o Dinheiro" de A. Pedro Ribeiro, editado pela Corpos, vai ser apresentado na livraria Centésima Página em Braga no próximo dia 22, sexta, pelas 18,00 h. A sessão conta com a apresentação da crítica Silvia C. Silva e com a presença do autor. "Queimai o Dinheiro" é uma crítica à sociedade do rebanho e do mercado, onde o dinheiro é elevado à condição de deus supremo, onde a economia e a linguagem da finança e das bolsas tomam conta de tudo, contaminando inclusivé as relações de amor, de amizade ou até familiares. "Queimai o Dinheiro" é também um hino ao hedonismo em oposição a uma sociedade de tédio que se opõe à vida, um livro que celebra a mulher, Dionisos, o individuo soberano e a liberdade. A. Pedro Ribeiro ou António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968 e é autor dos livros de poesia "Um Poeta a Mijar" (Corpos, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006) e "Á Mesa do Homem Só" (Silêncio da Gaveta, 2001). Foi fundador da revista "Aguasfurtadas" e diz poesia e faz performances poético-musicais há mais de 20 anos, tendo actuado no Festival de Paredes de Coura 2006 ao lado de Adolfo Luxúria Canibal. Frequentou os liceus Sá de Miranda e Alberto Sampaio em Braga e licenciou-se em Sociologia na Faculdade de Letras do Porto. Actualmente reside em Vilar do Pinheiro, Vila do Conde e é vocalista das bandas Mana Calórica e Las Tequillas.
terça-feira, 12 de maio de 2009
BUKOWSKI
O computador está, de novo, avariado. As gajas agora vêm todas descascadas. Um velho lê um romance. Estou no "Piolho" e tenho Bukowski à minha frente. "A Sul de Nenhum Norte". Identifico-me. O àlcool, o sexo, a vida fora das normas. Ontem a C. esteve em Vilar do Pinheiro. Os beijos, a luxúria. O velho não pára de ler. Já o conheço de vista há muitos anos. Acho que uma vez falei com ele. Talvez seja capaz de escrever uns contos ou qualquer coisa lá próxima como Bukowski.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
RIBEIRO NO "A VOZ DA PÓVOA"
SECÇÃO: Cultura
Entrevista a António Pedro Ribeiro
Voz Sem Dono
António Pedro Ribeiro nasceu no Porto, em Maio 1968, e vive em Vilar do Pinheiro, Vila do Conde. É Licenciado em Sociologia. Tem sete livros de poesia editados, destaque para: à mesa do homem só, Silêncio da Gaveta, 2001; Declaração de Amor ao Primeiro Ministro, Objecto Cardíaco, 2006; Sallon, Edições Mortas, 2007; Um poeta a Mijar, Corpos Editora, 2007. A 22 de Maio em Braga, na Centésima Página, apresenta o seu mais recente livro “Queimai o Dinheiro”.
António Ribeiro
A Voz da Póvoa – O título é o fósforo que incendeia os poemas do livro?
António Pedro Ribeiro – “Queimai o Dinheiro”, está claramente ligado ao livro. O dinheiro e tudo o que gira à volta da economia de mercado é cada vez mais como um deus. Há um discurso económico das estatísticas, das percentagens, das bolsas, dos mercados, que domina tudo. Há uma linguagem quase hermética que poucos dominam. O livro funciona como uma denúncia.
A.V.P. – A forte carga política que o livro tem pretende mexer consciências?
A.P.R. – Tem uma parte claramente politizada, rebelde, anti-capitalista, onde vou buscar muita coisa aos surrealistas, aos situacionistas e a Nietzsche. Há muitos textos poéticos que vão contra esta sociedade de rebanho, de merceeiros que temos. Isto está tudo nas mãos de banqueiros e especuladores bolsistas. Temos ladrões nos bancos e nas bolsas e ninguém é punido.
A.V.P. – Para um poeta de intervenção a denuncia deve ser uma luta permanente?
A.P.R. – Hoje faz mais sentido que nunca. Não nos mesmos moldes do antes do 25 de Abril, porque há novos dados. O capitalismo não é o mesmo, mas a luta é. Neste livro há também poemas e textos que são mais ligados às deambulações nocturnas, ao jogo sensual e sexual, muito claramente à mulher, com uma parte mais mística ligada ao sentido da procura do amor.
A.V.P. – Transportas esta ideia do livro para o palco dos recitais?
A.P.R. – Tenho feito intervenções com a poesia de choque e tento transpor isso para o palco. Às vezes de uma maneira mais teatral, utilizando elementos cénicos, queimando notas falsas. Já tenho tido manifestações de pessoas que vem falar comigo no fim. Há sempre quem não goste e até se sinta incomodado.
A.V.P. – Queimar o dinheiro é metafórico, ou é possível recuar ao tempo da troca?
A.P.R. – Tem um sentido metafórico, mas também levanta a questão da troca directa. O dinheiro é muito mais que uma moeda ou um papel. O dinheiro é um símbolo, um deus que parece estar acima de tudo, que comanda todas as relações. Poucas vezes conseguimos escapar à sua influência. Talvez em algumas relações de amor, de amizade ou fraternidade. Tornou-se uma espécie de monstro que está em todo lado. Domina todas as outras ciências. Subjuga todas as artes.
A.V.P. – A sua poesia é muito referenciada, os mestres estão sempre presentes...
A.P.R. – Tem a ver com o que leio. Ultimamente voltei ao Nietzsche, li pela primeira vez filósofos gregos como Platão e indirectamente Sócrates. Tenho a vantagem de ter muito tempo para ler. Isso naturalmente reflecte-se no que escrevo.
A.V.P. – Tal como Mário Viegas dizia, a poesia é mais forte que uma arma?
A.P.R. – Não sei se tem mais força que todas as armas, mas é poderosa. É a arma que os poetas têm e que as pessoas que contactam com a poesia podem ter. É uma arma que acaba por ter muito mais influência do que outras vias de luta.
Entrevista de José Peixoto
ler em www.vozdapovoa.com na secção "Cultura"
Entrevista a António Pedro Ribeiro
Voz Sem Dono
António Pedro Ribeiro nasceu no Porto, em Maio 1968, e vive em Vilar do Pinheiro, Vila do Conde. É Licenciado em Sociologia. Tem sete livros de poesia editados, destaque para: à mesa do homem só, Silêncio da Gaveta, 2001; Declaração de Amor ao Primeiro Ministro, Objecto Cardíaco, 2006; Sallon, Edições Mortas, 2007; Um poeta a Mijar, Corpos Editora, 2007. A 22 de Maio em Braga, na Centésima Página, apresenta o seu mais recente livro “Queimai o Dinheiro”.
António Ribeiro
A Voz da Póvoa – O título é o fósforo que incendeia os poemas do livro?
António Pedro Ribeiro – “Queimai o Dinheiro”, está claramente ligado ao livro. O dinheiro e tudo o que gira à volta da economia de mercado é cada vez mais como um deus. Há um discurso económico das estatísticas, das percentagens, das bolsas, dos mercados, que domina tudo. Há uma linguagem quase hermética que poucos dominam. O livro funciona como uma denúncia.
A.V.P. – A forte carga política que o livro tem pretende mexer consciências?
A.P.R. – Tem uma parte claramente politizada, rebelde, anti-capitalista, onde vou buscar muita coisa aos surrealistas, aos situacionistas e a Nietzsche. Há muitos textos poéticos que vão contra esta sociedade de rebanho, de merceeiros que temos. Isto está tudo nas mãos de banqueiros e especuladores bolsistas. Temos ladrões nos bancos e nas bolsas e ninguém é punido.
A.V.P. – Para um poeta de intervenção a denuncia deve ser uma luta permanente?
A.P.R. – Hoje faz mais sentido que nunca. Não nos mesmos moldes do antes do 25 de Abril, porque há novos dados. O capitalismo não é o mesmo, mas a luta é. Neste livro há também poemas e textos que são mais ligados às deambulações nocturnas, ao jogo sensual e sexual, muito claramente à mulher, com uma parte mais mística ligada ao sentido da procura do amor.
A.V.P. – Transportas esta ideia do livro para o palco dos recitais?
A.P.R. – Tenho feito intervenções com a poesia de choque e tento transpor isso para o palco. Às vezes de uma maneira mais teatral, utilizando elementos cénicos, queimando notas falsas. Já tenho tido manifestações de pessoas que vem falar comigo no fim. Há sempre quem não goste e até se sinta incomodado.
A.V.P. – Queimar o dinheiro é metafórico, ou é possível recuar ao tempo da troca?
A.P.R. – Tem um sentido metafórico, mas também levanta a questão da troca directa. O dinheiro é muito mais que uma moeda ou um papel. O dinheiro é um símbolo, um deus que parece estar acima de tudo, que comanda todas as relações. Poucas vezes conseguimos escapar à sua influência. Talvez em algumas relações de amor, de amizade ou fraternidade. Tornou-se uma espécie de monstro que está em todo lado. Domina todas as outras ciências. Subjuga todas as artes.
A.V.P. – A sua poesia é muito referenciada, os mestres estão sempre presentes...
A.P.R. – Tem a ver com o que leio. Ultimamente voltei ao Nietzsche, li pela primeira vez filósofos gregos como Platão e indirectamente Sócrates. Tenho a vantagem de ter muito tempo para ler. Isso naturalmente reflecte-se no que escrevo.
A.V.P. – Tal como Mário Viegas dizia, a poesia é mais forte que uma arma?
A.P.R. – Não sei se tem mais força que todas as armas, mas é poderosa. É a arma que os poetas têm e que as pessoas que contactam com a poesia podem ter. É uma arma que acaba por ter muito mais influência do que outras vias de luta.
Entrevista de José Peixoto
ler em www.vozdapovoa.com na secção "Cultura"
O REGRESSO DOS ANARQUISTAS
O REGRESSO DOS ANARQUISTAS
António Pedro Ribeiro
Ser anarquista em Portugal, e não só, é ser terrorista e malfeitor. É esta a imagem que o Diário de Notícias de 25 de Abril de 2009 quis passar ao dizer que o SIS e a PSP têm os grupos e os movimentos anarquistas e de "esquerda radical" sob apertada vigilância. O jornal até se dignou publicar os nomes de activistas libertários acompanhados de supostos actos criminosos por eles cometidos. É o regresso da PIDE. Todo aquele que professar ideias anarquistas e radicais e todo aquele que se manifestar contra o capitalismo deve ser perseguido. Este é um sintoma de que o sistema teme os anarquistas e o seu crescimento. Os anarquistas e essa "esquerda radical" estão em crescendo por toda a Europa, de Atenas a Berlim, de Paris a Lisboa e ao Porto. A sua luta, os seus protestos estão fora dos parlamentos, não se enquadram na politiquice e nos jogos eleitorais das esquerdas bem comportadas e convertidas, estão fora da democracia burguesa. E os jovens aderem a esses movimentos porque sabem que esta é a luta da vida contra a morte. É a luta da vida autêntica, plena contra a sub-vida capitalista do desemprego, do trabalho precário, das hierarquias, da repressão, do tédio, do medo. Não podemos aceitar um mundo dos bancos, da bolsa, do capital, da crise e das falinhas mansas do Obama. Aqueles que criaram a crise que a paguem.
António Pedro Ribeiro
Ser anarquista em Portugal, e não só, é ser terrorista e malfeitor. É esta a imagem que o Diário de Notícias de 25 de Abril de 2009 quis passar ao dizer que o SIS e a PSP têm os grupos e os movimentos anarquistas e de "esquerda radical" sob apertada vigilância. O jornal até se dignou publicar os nomes de activistas libertários acompanhados de supostos actos criminosos por eles cometidos. É o regresso da PIDE. Todo aquele que professar ideias anarquistas e radicais e todo aquele que se manifestar contra o capitalismo deve ser perseguido. Este é um sintoma de que o sistema teme os anarquistas e o seu crescimento. Os anarquistas e essa "esquerda radical" estão em crescendo por toda a Europa, de Atenas a Berlim, de Paris a Lisboa e ao Porto. A sua luta, os seus protestos estão fora dos parlamentos, não se enquadram na politiquice e nos jogos eleitorais das esquerdas bem comportadas e convertidas, estão fora da democracia burguesa. E os jovens aderem a esses movimentos porque sabem que esta é a luta da vida contra a morte. É a luta da vida autêntica, plena contra a sub-vida capitalista do desemprego, do trabalho precário, das hierarquias, da repressão, do tédio, do medo. Não podemos aceitar um mundo dos bancos, da bolsa, do capital, da crise e das falinhas mansas do Obama. Aqueles que criaram a crise que a paguem.
CUIDADINHO!
Setúbal
D. Manuel Martins alerta para perigo de sublevação
08.05.2009 - 14h37 Lusa
O Bispo Emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, está preocupado com a situação ocorrida em Setúbal, alertando para o perigo de sublevações de uma população carenciada e mais sensível à crise e ao aumento do desemprego.
"Onde quer que eles (desacatos) acontecessem eu sofria com isso mas acontecendo ali, na minha terra, naquele bairro que eu vi nascer, onde promovi a construção de uma igreja, onde existe um pároco tão zeloso pela comunidade, lamento ainda mais profundamente que isto aconteça", disse à agência Lusa D. Manuel Martins, uma voz sempre activa, durante mais de duas décadas, na defesa dos direitos da população de Setúbal.
Na quinta-feira, uma manifestação junto à esquadra da PSP da Bela Vista obrigou a polícia a reforçar a segurança e a disparar tiros de aviso para o ar para acalmar o grupo de jovens que se reuniu em frente à esquadra, alegadamente para homenagear um rapaz assassinado pela GNR após o assalto a uma caixa Multibanco. A polícia decidiu manter hoje o reforço policial naquele bairro de Setúbal, onde um grupo de pessoas lançou quinta-feira à noite dois "cocktails molotov" contra as carrinhas da PSP, que se encontravam de prevenção no local.
"O que eu receio e tenho repetido muitas vezes é que nestas situações possamos encontrar, num futuro próximo ou remoto, já uma fogueira preparada para incendiar o país", alertou D. Manuel Martins, que foi ordenado Bispo de Setúbal em 1975. Questionado sobre os efeitos da crise e do aumento do desemprego junto da população, o prelado lembrou que "a situação é má e vai piorar". Sem emprego e sem dinheiro, D. Manuel admite que as pessoas em situação desesperada possam encontrar como única saída a violência: "Se não tiver pão ou mato-me ou mato, porque sem comer não se pode viver".
Perante este cenário, os Governos têm de ter uma "atenção especial" para com as populações dos bairros "mais pobres, mais desprotegidos, mais inseguros, onde não há trabalho, não há cuidados especiais de acompanhamento e, às vezes, nem sequer há habitações condignas". Resumindo: Os bairros "onde falta tudo aquilo que pode desaconselhar uma tentação de sublevação". Para o Bispo Emérito é preciso "privilegiar estas localidades como um pai ou uma mãe privilegiam um filho que está doente ou que tem especiais carências".
"Já há muito tempo que muita boa gente fala no perigo de sublevações que podem ser à partida muito pequeninas e muito localizadas e podem de um momento para o outro tornar-se generalizadas. Quem está no poder tem de ter muito cuidado e lidar com especial atenção estas situações, porque não basta ter a polícia a tomar conta", defendeu o prelado que ficou conhecido como o "Bispo Vermelho".
"Sei que isto está a acontecer em Portugal, aqui e além, com maiores ou menores dimensões, está a acontecer com grandes dimensões na Grécia, na França, na Itália. Já tem acontecido na Espanha e na Inglaterra e eu tenho muito medo que mesmo até inconscientemente toda aquela gente esteja a preparar, a criar terreno, para qualquer coisa de muito grave para a Europa", concluiu.
D. Manuel Martins alerta para perigo de sublevação
08.05.2009 - 14h37 Lusa
O Bispo Emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, está preocupado com a situação ocorrida em Setúbal, alertando para o perigo de sublevações de uma população carenciada e mais sensível à crise e ao aumento do desemprego.
"Onde quer que eles (desacatos) acontecessem eu sofria com isso mas acontecendo ali, na minha terra, naquele bairro que eu vi nascer, onde promovi a construção de uma igreja, onde existe um pároco tão zeloso pela comunidade, lamento ainda mais profundamente que isto aconteça", disse à agência Lusa D. Manuel Martins, uma voz sempre activa, durante mais de duas décadas, na defesa dos direitos da população de Setúbal.
Na quinta-feira, uma manifestação junto à esquadra da PSP da Bela Vista obrigou a polícia a reforçar a segurança e a disparar tiros de aviso para o ar para acalmar o grupo de jovens que se reuniu em frente à esquadra, alegadamente para homenagear um rapaz assassinado pela GNR após o assalto a uma caixa Multibanco. A polícia decidiu manter hoje o reforço policial naquele bairro de Setúbal, onde um grupo de pessoas lançou quinta-feira à noite dois "cocktails molotov" contra as carrinhas da PSP, que se encontravam de prevenção no local.
"O que eu receio e tenho repetido muitas vezes é que nestas situações possamos encontrar, num futuro próximo ou remoto, já uma fogueira preparada para incendiar o país", alertou D. Manuel Martins, que foi ordenado Bispo de Setúbal em 1975. Questionado sobre os efeitos da crise e do aumento do desemprego junto da população, o prelado lembrou que "a situação é má e vai piorar". Sem emprego e sem dinheiro, D. Manuel admite que as pessoas em situação desesperada possam encontrar como única saída a violência: "Se não tiver pão ou mato-me ou mato, porque sem comer não se pode viver".
Perante este cenário, os Governos têm de ter uma "atenção especial" para com as populações dos bairros "mais pobres, mais desprotegidos, mais inseguros, onde não há trabalho, não há cuidados especiais de acompanhamento e, às vezes, nem sequer há habitações condignas". Resumindo: Os bairros "onde falta tudo aquilo que pode desaconselhar uma tentação de sublevação". Para o Bispo Emérito é preciso "privilegiar estas localidades como um pai ou uma mãe privilegiam um filho que está doente ou que tem especiais carências".
"Já há muito tempo que muita boa gente fala no perigo de sublevações que podem ser à partida muito pequeninas e muito localizadas e podem de um momento para o outro tornar-se generalizadas. Quem está no poder tem de ter muito cuidado e lidar com especial atenção estas situações, porque não basta ter a polícia a tomar conta", defendeu o prelado que ficou conhecido como o "Bispo Vermelho".
"Sei que isto está a acontecer em Portugal, aqui e além, com maiores ou menores dimensões, está a acontecer com grandes dimensões na Grécia, na França, na Itália. Já tem acontecido na Espanha e na Inglaterra e eu tenho muito medo que mesmo até inconscientemente toda aquela gente esteja a preparar, a criar terreno, para qualquer coisa de muito grave para a Europa", concluiu.
sábado, 2 de maio de 2009
A APOLOGIA DO ZÉ
Regresso ao "Orfeuzinho". O homem da concórdia não está. O Zé não se faz à boazona. O outro empregado pede-me gentilmente para pagar. Não estou com o speed da semana passada, pelo menos antes de beber. Alguém pede sopa. O outro empregado conta as notas e as moedas. Está de saída. Também não estão nem o Zé do Boné nem o "dragão". Isto hoje está um bocado entediante. Só umas comadres. O Nuno e o Roberto publicaram-me "O Poema" e o "Beijo na Boca" na revista "Sinismo" da Faculdade de Letras. Vou mijar. Também enviei uns poemas para uma revista do Brasil, a conselho do Luis Serguilha. A TV vomita caras bonitas. Uma cara bonita olha os títulos dos jornais lá fora. Aproxima-se o 1º de Maio. Devo ir á Praça. Olho para o relógio. Ainda não são horas. Cortei as barbas. Mudei de cara. Estava a ficar muito conhecido em certos meios. Logo no "Púcaros" devo entrar a matar. Estou a pensar dar espectáculo. O Zé anda muito calminho hoje. Eu próprio também, mesmo interiormente. Mas logo espero entrar a rasgar. Temos que reconhecer que o "Manifesto Anti-Sócrates" tem sido um "flop". Fica aquém do "Manifesto Anti-Teles", reconheço. Os empregados conferenciam. Um belo cu passa lá fora. Tem piada. E se desse a estes textos a forma de poema? Há um "águia" que entra. Agarra-se ao calendário. Também há deste género de fanáticos...olha, afinal é a lotaria, as cautelas. O homem das cautelas. E lá está o Zé a namorar com a boazona. Já sei mais ou menos o que vou dizer logo à noite. Pelo menos a primeira parte. O Zé é daqueles que graceja com toda a gente. Falta aqui a Maria de Famalicão. Falta aqui uma bruta discussão para animar as hostes. Olha! Sou o único cliente. O Zé é o animador de serviço. São quase horas. O Zé despeja o lixo.
sexta-feira, 1 de maio de 2009
1º DE MAIO ANTI-CAPITALISTA E ANTI-AUTORITÁRIO
1º de Maio Anti-Capitalista e Anti-Autoritário
1 de Maio, Príncipe Real, Lisboa,
16 horas
O 1º de Maio evoca aqueles que morreram na luta contra o capital. Desta forma, nunca poderá ser uma celebração. Por outro lado, em circunstância alguma se deverá homenagear uma das suas formas de escravatura: o trabalho ou o estatuto de trabalhador nos moldes de uma sociedade capitalista e autoritária.
A nossa luta é directa e global, contra todxs xs que nos exploram e oprimem, contra o patrão no nosso local de trabalho, contra o bófia no nosso bairro, contra a lavagem cerebral na nossa escola, contra as mercadorias com que nos iludem e escravizam, contra os tribunais e as prisões imprescindíveis para manter a propriedade e a ordem social.
Não nos revemos no simulacro de luta praticado pelxs esquerdistas, ancoradxs nos seus partidos, sindicatos e movimentos supostamente autónomos. Estes apenas aspiram a conquistar um andar de luxo no edifício fundado sobre a opressão e a exploração, contribuindo para dar novo rosto à miséria que nos é imposta.
Recusamos qualquer tentativa de renovação do capitalismo, engendrada nas cimeiras dos poderosos ou na oposição cínica posta em cena pelos fóruns dos seus falsos críticos. Não tenhamos ilusões. Não existe capitalismo “honesto”, “humano” ou “verde”. A “crise” com que nos alimentam até à náusea não é nenhuma novidade. A precaridade não é só um fenómeno da actualidade, existe desde que a exploração das nossas vidas se tornou necessária à sobrevivência deste sistema hierárquico e mercantil.
Porque queremos um mundo sem amos nem escravos, apelamos à resistência e ao ataque anticapitalista e anti-autoritário. E saímos à rua.
http://redelibertaria.blogspot.com
A RESPOSTA DOS ANARQUISTAS
Resposta a um artigo da «jornalista» Valentina Marcelino publicado no dia 25 de Abril de 2009
Durante a ditadura, os jornais eram censurados pelo Estado, como bem se sabe; agora, a crer no artigo publicado no Diário de Notícias de 25 de Abril último, parece que a redacção dos artigos de jornal passou a ser da responsabilidade da Polícia e, se os jornalistas supostamente ainda existem, parece-nos que o seu trabalho se limita a colocar a assinatura por debaixo do material proveniente das fontes ditas “oficiais”.
A falta de sentido crítico, a absoluta colagem ao ponto de vista do poder, a total falta de interesse em apurar, mesmo de uma forma superficial, a veracidade de quanto foi dito pelas fontes policiais em que Valentina Marcelino se baseou para a confecção desta “notícia” parecem-nos francamente chocantes e, se forem representativas da qualidade geral dos artigos do DN, tememos pela forma como o público andou a ser informado ou desinformado por este jornal ao longo dos anos.
Não será, decerto, a primeira vez que o mesmo jornal e a mesma jornalista nos brindaram com uma campanha de difamação. Tampouco acreditamos que seja a última. Com uma ouvinte tão boa como Valentina Marcelino para a escutar, a polícia sente-se à vontade para retorcer a verdade da forma que mais lhe aprouver. Assim, todo este artigo está repleto de afirmações extravagantes, repetindo mentiras anteriores e inventando algumas novas, para manter bem fresco o arsenal da calúnia.
A solicitude policial para a elaboração deste artigo foi até ao ponto de fornecer as identidades de algumas pessoas envolvidas em processos relacionados com a manifestação de 2007. Lá aparecem nomes, idades, ocupações e até uma lista de anteriores “pecados”, cuja divulgação se nos afigura de legalidade duvidosa e onde até identificações, por suposto roubo em supermercado, são mencionadas para degradar o mais possível a imagem dessas pessoas aos olhos do leitor, tudo feito com um máximo de má fé.
Mais uma vez, eis que assistimos ao reaparecimento dos supostos “cocktails molotov” da manifestação de há 2 anos. Que eles nunca tenham existido é coisa de pouca importância. A “jornalista” prossegue: refere os 11 detidos (brindados com a sua “ficha” no jornal para o país inteiro ler) e articula o texto de tal forma que dá a entender que essas pessoas foram todas detidas no mesmo lugar, ao mesmo tempo, que tinham sido elas a prepararem os ditos molotov e que foi essa a causa da carga policial! Tudo falso, mas que importa? Assim se faz esquecer uma carga policial brutal que deixou chocados todos quanto a presenciaram, onde o Corpo de Intervenção agrediu ao bastão e até mesmo ao pontapé, quem quer que lhe aparecesse à frente, novo ou velho, homem ou mulher, anarquista, turista, ou mero transeunte a sair de uma das lojas da Rua do Carmo. Como alguém protestasse, ouviram-se estas palavras ao chefe da polícia: “vocês são todos uns comunas de merda e mereciam era ter apanhado mais”. Sim, foi num 25 de Abril. Aliás, a brutalidade policial viria a suscitar investigações do IGAE, coisa que o artigo não refere, perguntamo-nos porquê.
Não houve agressões de manifestantes a agentes da polícia em Abril de 2007, tampouco a transeuntes. Não houve qualquer pretexto para a violenta carga policial que se abateu sobre todos os manifestantes. A polícia não emitiu qualquer aviso de dispersão, contrariamente ao que a lei especifica, antes surgiu de repente, cortando as extremidades da rua e carregando de imediato.
Um pouco mais abaixo, o ridículo relatório da polícia portuguesa à Europol, onde a acção do Verde Eufémia aparece catalogada como “eco-terrorrismo” é-nos apresentado como proveniente da própria Europol. Em face da histeria mediática que rodeou este caso, perguntamo-nos se ainda haverá alguém capaz de se lembrar de que a acção desse grupo se limitou a ceifar alguns pés de milho transgénico como acto simbólico.
A máquina da paranóia descarrila completamente e embarca em fantasias de “manuais de acção directa”, onde nem falta a acção de supostos “extremistas” estrangeiros a enquadrarem e financiarem os anarquistas.
Importa ainda esclarecer outros pontos:
Fossemos nós, anti-estatistas e anti-capitalistas, pedir autorização ao Estado para sair à rua, estaríamos a renegar as nossas ideias. Este ponto parece-nos fundamental. Sabemos, contudo, que existe um prazo de 48 horas antes de qualquer manifestação para notificar o Governo Civil. Desta forma, a referência do DN – com 6 dias de antecedência sobre a manifestação convocada para o Primeiro de Maio – ao facto do Governo Civil ainda não ter recebido qualquer notificação para a realização da mesma, parece-nos desprovida de conteúdo, feita apenas com o objectivo de criminalizar. E isto quando até o próprio governo já emitiu directrizes que vão no sentido de a falta de notificação prévia não ser impeditiva da realização de uma manifestação*.
As manifestações visam dar a conhecer um determinado ponto de vista a quantas pessoas seja possível. Se alguns participantes tapam a cara durante as mesmas, tal sucede devido ao controle a que nós e, de uma forma cada vez mais generalizada, a sociedade inteira, se vê sujeita por parte das autoridades.
Sabemos muito bem em que circunstâncias estamos a viver e, mesmo que ainda reine a acalmia, a classe dominante treme ante a perspectiva de revoltas.
alguns anarquistas
http://redelibertaria.blogspot.com
Durante a ditadura, os jornais eram censurados pelo Estado, como bem se sabe; agora, a crer no artigo publicado no Diário de Notícias de 25 de Abril último, parece que a redacção dos artigos de jornal passou a ser da responsabilidade da Polícia e, se os jornalistas supostamente ainda existem, parece-nos que o seu trabalho se limita a colocar a assinatura por debaixo do material proveniente das fontes ditas “oficiais”.
A falta de sentido crítico, a absoluta colagem ao ponto de vista do poder, a total falta de interesse em apurar, mesmo de uma forma superficial, a veracidade de quanto foi dito pelas fontes policiais em que Valentina Marcelino se baseou para a confecção desta “notícia” parecem-nos francamente chocantes e, se forem representativas da qualidade geral dos artigos do DN, tememos pela forma como o público andou a ser informado ou desinformado por este jornal ao longo dos anos.
Não será, decerto, a primeira vez que o mesmo jornal e a mesma jornalista nos brindaram com uma campanha de difamação. Tampouco acreditamos que seja a última. Com uma ouvinte tão boa como Valentina Marcelino para a escutar, a polícia sente-se à vontade para retorcer a verdade da forma que mais lhe aprouver. Assim, todo este artigo está repleto de afirmações extravagantes, repetindo mentiras anteriores e inventando algumas novas, para manter bem fresco o arsenal da calúnia.
A solicitude policial para a elaboração deste artigo foi até ao ponto de fornecer as identidades de algumas pessoas envolvidas em processos relacionados com a manifestação de 2007. Lá aparecem nomes, idades, ocupações e até uma lista de anteriores “pecados”, cuja divulgação se nos afigura de legalidade duvidosa e onde até identificações, por suposto roubo em supermercado, são mencionadas para degradar o mais possível a imagem dessas pessoas aos olhos do leitor, tudo feito com um máximo de má fé.
Mais uma vez, eis que assistimos ao reaparecimento dos supostos “cocktails molotov” da manifestação de há 2 anos. Que eles nunca tenham existido é coisa de pouca importância. A “jornalista” prossegue: refere os 11 detidos (brindados com a sua “ficha” no jornal para o país inteiro ler) e articula o texto de tal forma que dá a entender que essas pessoas foram todas detidas no mesmo lugar, ao mesmo tempo, que tinham sido elas a prepararem os ditos molotov e que foi essa a causa da carga policial! Tudo falso, mas que importa? Assim se faz esquecer uma carga policial brutal que deixou chocados todos quanto a presenciaram, onde o Corpo de Intervenção agrediu ao bastão e até mesmo ao pontapé, quem quer que lhe aparecesse à frente, novo ou velho, homem ou mulher, anarquista, turista, ou mero transeunte a sair de uma das lojas da Rua do Carmo. Como alguém protestasse, ouviram-se estas palavras ao chefe da polícia: “vocês são todos uns comunas de merda e mereciam era ter apanhado mais”. Sim, foi num 25 de Abril. Aliás, a brutalidade policial viria a suscitar investigações do IGAE, coisa que o artigo não refere, perguntamo-nos porquê.
Não houve agressões de manifestantes a agentes da polícia em Abril de 2007, tampouco a transeuntes. Não houve qualquer pretexto para a violenta carga policial que se abateu sobre todos os manifestantes. A polícia não emitiu qualquer aviso de dispersão, contrariamente ao que a lei especifica, antes surgiu de repente, cortando as extremidades da rua e carregando de imediato.
Um pouco mais abaixo, o ridículo relatório da polícia portuguesa à Europol, onde a acção do Verde Eufémia aparece catalogada como “eco-terrorrismo” é-nos apresentado como proveniente da própria Europol. Em face da histeria mediática que rodeou este caso, perguntamo-nos se ainda haverá alguém capaz de se lembrar de que a acção desse grupo se limitou a ceifar alguns pés de milho transgénico como acto simbólico.
A máquina da paranóia descarrila completamente e embarca em fantasias de “manuais de acção directa”, onde nem falta a acção de supostos “extremistas” estrangeiros a enquadrarem e financiarem os anarquistas.
Importa ainda esclarecer outros pontos:
Fossemos nós, anti-estatistas e anti-capitalistas, pedir autorização ao Estado para sair à rua, estaríamos a renegar as nossas ideias. Este ponto parece-nos fundamental. Sabemos, contudo, que existe um prazo de 48 horas antes de qualquer manifestação para notificar o Governo Civil. Desta forma, a referência do DN – com 6 dias de antecedência sobre a manifestação convocada para o Primeiro de Maio – ao facto do Governo Civil ainda não ter recebido qualquer notificação para a realização da mesma, parece-nos desprovida de conteúdo, feita apenas com o objectivo de criminalizar. E isto quando até o próprio governo já emitiu directrizes que vão no sentido de a falta de notificação prévia não ser impeditiva da realização de uma manifestação*.
As manifestações visam dar a conhecer um determinado ponto de vista a quantas pessoas seja possível. Se alguns participantes tapam a cara durante as mesmas, tal sucede devido ao controle a que nós e, de uma forma cada vez mais generalizada, a sociedade inteira, se vê sujeita por parte das autoridades.
Sabemos muito bem em que circunstâncias estamos a viver e, mesmo que ainda reine a acalmia, a classe dominante treme ante a perspectiva de revoltas.
alguns anarquistas
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