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Sou o poeta
que não aparece
nas colectâneas
sou o poeta
que não se adapta
à vida prática
que não atina
com as leis
do dinheiro, do trabalho, do mercado
que se aborrece com o quotidiano
com a fala fácil
com a piada a propósito
sou o poeta
que não se reduz à mercadoria
que permanece à mesa
que tem os livros na livraria
sou o poeta
que vive como poeta
que ama os surrealistas
que vem ter com a amiga
sou o poeta
que escreve nos cafés
que vai aos bares
e bebe copos
(e que só não bebe mais
porque não há cacau)
sou o poeta que grita
que insulta
que amaldiçoa
sou o poeta
que traz a magia
que vomita a poesia
que traz a revolta.
Porto, 14.9.2008
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