sexta-feira, 29 de maio de 2009

GLÓRIA

A loira ginga na estrada. O farmacêutico saúda-me. Cá estou eu na "Motina" a escrever. Eis a minha sina. Não me dá sequer para escrever poemas. Só estas merdas. Há qualquer coisa que me atormenta. A escrita não flui desbragada. Começo a repetir-me. Que maçada! Preciso de ler para escrever. Tenho, de novo, Platão à minha frente. Divino Platão, traz-me a chama dos deuses. Divino Platão, faz de mim um Poeta a valer. Não me faças apenas escrever coisas com alguma piada que fazem o pessoal rir. Mas é importante que o pessoal ria. É importante pôr o pessoal a divertir-se. Não quero contribuir para a pasmaceira. Eu, que tanto critico o tédio, não posso contribuir para o tédio. Eh, pá, agora vou ser narcisista. Gostais de mim, gostais mesmo de mim? Ou estais apenas a aturar-me? Quem sou eu nesta confeitaria, neste bar? Tenho o mundo a meus pés ou não passo de um pobre desgraçado? Ou não serei uma coisa nem outra, qualquer coisa de intermédio? Porque raio estar sempre entre a merda e o sublime? Era bom estar sempre em glória, receber palmas a todo o momento. Mas não. As palmas tornar-se-iam rotina. Cansar-me-ia das palmas e da glória. Por falar em Glória, há aqui alguma gaja que se chame Glória? Bem sei que o texto se está a tornar comprido para ser lido em público. Anda cá, Glória!

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