WE WANT THE WORLD AND WE WANT IT NOW!
António Pedro Ribeiro
Os tempos estão a mudar. As revoluções da Tunísia e do Egipto, as convulsões na Grécia, na Islândia, em Inglaterra, no Médio Oriente, no Norte de África e mesmo em Portugal, na sequência do 12 de Março, provam que há muita gente que já não vai na cantiga dos sacrossantos mercados, dos banqueiros e dos políticos ao seu serviço. Parece que se perdeu o medo de sair à rua. E nem tudo se explica pelas condições económicas: o desemprego, a precariedade, a pobreza, o aumento do preço dos bens essenciais, os cortes nas regalias sociais, a perda de poder de compra. Há um novo homem que se levanta, que reclama a vida, que não aceita mais ser escravo de coisa nenhuma. Ainda está confuso esse homem, ainda não se libertou totalmente das leis do mercado e da mercearia. Mas, sobretudo a juventude, tem protagonizado uma luta não dirigida, sem chefes nem partidos, uma luta que lembra o Maio de 68 e o grito de Jim Morrison há 40 anos atrás: "We want the world and we want it NOW!"
quinta-feira, 31 de março de 2011
segunda-feira, 28 de março de 2011
ACÇÃO DIRECTA
Acção Directa
Grupo de jovens faz protesto simbólico nas sedes do BPN
28.03.2011 - 07:43 Por Ana Cristina Pereira
A mensagem foi colada, às cinco da manhã, no vidro da sede do BPN no Porto: “O vosso roubo custou 13 milhões de salários mínimos”.
Dois promotoras da iniciativa depois da colagem de cartazes
(Fernando Veludo/nFACTOS)
A cena repetiu-se em várias cidades por volta da mesma hora – um pouco mais cedo em Braga. Assinado: “E o povo, pá? eopovopa.wordpress.com”. Um comunicado explica a opção deste grupo de dezenas de jovens pela clandestinidade: “Não importa quem somos, mas aquilo que nos junta. Somos gente farta da falta de oportunidades e cansada do discurso mentiroso que afirma que ‘não há outro caminho’. Somos gente cujo investimento e sacrifício dos pais na nossa educação resultou em desemprego e precariedade.”
O que querem? “Vimos dizer que não nos tomem por parvos.” Porquê este banco? “Quando falamos do buraco nas contas públicas deixado pelo BPN referimo-nos a 6500 milhões de euros, ou seja, mais de 13 milhões de salários mínimos.” O PÚBLICO acompanhou toda a acção no Porto
Grupo de jovens faz protesto simbólico nas sedes do BPN
28.03.2011 - 07:43 Por Ana Cristina Pereira
A mensagem foi colada, às cinco da manhã, no vidro da sede do BPN no Porto: “O vosso roubo custou 13 milhões de salários mínimos”.
Dois promotoras da iniciativa depois da colagem de cartazes
(Fernando Veludo/nFACTOS)
A cena repetiu-se em várias cidades por volta da mesma hora – um pouco mais cedo em Braga. Assinado: “E o povo, pá? eopovopa.wordpress.com”. Um comunicado explica a opção deste grupo de dezenas de jovens pela clandestinidade: “Não importa quem somos, mas aquilo que nos junta. Somos gente farta da falta de oportunidades e cansada do discurso mentiroso que afirma que ‘não há outro caminho’. Somos gente cujo investimento e sacrifício dos pais na nossa educação resultou em desemprego e precariedade.”
O que querem? “Vimos dizer que não nos tomem por parvos.” Porquê este banco? “Quando falamos do buraco nas contas públicas deixado pelo BPN referimo-nos a 6500 milhões de euros, ou seja, mais de 13 milhões de salários mínimos.” O PÚBLICO acompanhou toda a acção no Porto
domingo, 27 de março de 2011
PADRE MÁRIO DE OLIVEIRA
E AGORA, PORTUGAL? Ai do Povo Português se não vê a tempo! Cai o Governo, mas mantêm-se o José Sócrates e todos os outros chefes dos Partidos Políticos, com assento na Assembleia da República, os mesmos que têm arrastado e continuarão a ARRASTAR o País para os Grilhões do Poder Financeiro, o inferno global do Século XXI
Nenhuma Surpresa de última hora. O Poder Político, qual demónio, acaba de arrastar com ele todos os chefes dos Partidos Políticos, com assento na Assembleia da República. Nem o PCP, de Jerónimo, Metalúrgico-de-fato-e-gravata-e-pose-de-Executivo, nem o BE, de Francisco Louçã, Prof universitário, que faz do Parlamento, a sua primeira Cátedra e, sempre que o primeiro-ministro fala, exibe, impreterivelmente, aquele seu cínico sorriso que politicamente o suicida (não há um camarada dele que o aconselhe a ter uma outra postura nos debates?!), são capazes de reconhecer que eles próprios, juntamente com os restantes chefes dos Partidos Políticos, são parte do Problema, em que está mergulhado o País, nunca parte da Solução.
Falta-lhes Maturidade Humana. Falta-lhes Inteligência Cordial. Falta-lhes Humildade. Falta-lhes Verdade. O Poder que já são e têm, e as indisfarçáveis ambições de mais e mais Poder do que aquele que já são e têm, cega-os por completo. Tanto quanto cega o Paulo Portas do PP-CDS (mas então não é que este campeão do Chico-Espertismo dos chefes de Partidos Políticos, já deixa entender, nas entrelinhas, que, nas próximas eleições, há possibilidades de ser ele o mais votado e, por isso, ser indigitado como o próximo primeiro-ministro do País?!), ou o demagogicamente contido Passos Coelho, do PSD.
O Poder Político nunca é parte da Solução. É sempre parte do Problema. Em Portugal. E em qualquer outro País da Europa e do Mundo. Onde há Poder Político, não há Política Praticada. Onde há Poder Político, há Mentira e Assassínio Institucionalizados. Não há Gratuidade, Fragilidade Humana Desarmada, muito menos, Maiêutica. E só a Fragilidade Humana Desarmada e Maiêutica é via de Saúde / Salvação de um País e do Mundo. Nunca os chefes dos Partidos Políticas, alguma vez, o reconhecerão. Está-lhes vedado aos seus esfomeados olhos de mais Poder e de mais Domínio.
Enquanto o Palácio de São Bento estiver de pé e a funcionar, como sede do Parlamento e do Governo de Portugal, o País nunca chegará a usufruir de Saúde / Salvação. Porque a única via que conduz à Saúde / Salvação de um País, Portugal ou outro qualquer país do Mundo, é a Política Praticada. Ora, um Partido Político – seria como pedir ao Lobo Esfaimado que proteja e defenda o Frágil Cordeiro! – jamais conseguirá ser Política Praticada. Sempre será Poder Político, Hoje, todo ele, o Executor-mor dos projectos e das ambições do Poder Económico-Financeiro, ou o Mercado Global. O Poder Político, partidário, ou governativo, é a Mão Esquerda do Poder Financeiro, hoje, o Mercado Global. Tanto faz dizer-se de Direita ou de Esquerda, é sempre a Mão Esquerda do Poder Financeiro. Tal como o Poder Sacerdotal-Religioso é a sua Mão Direita. São três Poderes distintos, mas um só verdadeiro: – o Poder Financeiro ou o Mercado Global.
É óbvio que nenhuma Universidade do Mundo, Confessional ou Laica, alguma vez, dirá estas coisas às novas gerações que as frequentam. Todas são criação do Poder Financeiro e financiadas por ele. Para o servirem, e aos seus interesses. Cabe-lhes formatar a mente e a consciência de cada nova geração que vem ao Mundo, para que haja total unanimidade entre os chamados Intelectuais, todos obrigatoriamente Intelectuais não-orgânicos, a menos que, primeiro, Renunciem a ter Cátedra cativa nalguma delas. Coisa mais difícil de suceder, do que um camelo passar pelo buraco duma agulha! De modo que, após concluírem a sua formação académica universitária, as novas gerações passem a integrar algum dos três Poderes.
Dos três, o que, hoje, está aí mais à mão de semear, é, sem dúvida, o Poder Sacerdotal-Religioso. É tão Obsoleto e tão Inútil, que as novas gerações já nem para ele conseguem olhar, quanto mais, integrar! Já o Poder Político continua ainda bastante Sedutor e Tentador. Porque dá a sensação às novas gerações, de que lhes abre a porta de acesso ao Poder Financeiro. Mas é pura Ilusão! Nunca as novas gerações passarão de Funcionários Prostituídos do Poder Financeiro. Aliás, o Poder Financeiro, é, hoje, praticamente, inacessível às novas gerações, reduzidas que ficam a ser seus Funcionários Prostituídos, a vida inteira. Porque o Poder Financeiro é ferozmente Monárquico. Quer dizer, não pode ser mais do que um, que é o que significa ser ferozmente Monárquico! Durante Séculos, o Poder que hoje é Financeiro, foi sobretudo, Económico. E, nessa fase histórica, estava repartido por várias mãos. Desde que chegou ao patamar do Financeiro – o Século XXI é o primeiro na História! – é só um. A sua Bíblia proclama ao Mundo: Escutai, Povos todos da Terra: O Dinheiro é o Vosso único Deus! Não tereis outros deuses além do Dinheiro. Só ao Dinheiro adorareis e obedecereis. Só ao Dinheiro recorrereis. Eis a Idolatria, como nunca antes se conheceu na História dos Povos!
Ou o Povo Português vê tudo isto a tempo, e age politicamente, em coerência, ou continua a ir às eleições escolher os seus Opressores e os seus Carrascos, cobradores de impostos. Sem nunca se aperceber que, de cada uma delas, sai cada vez mais Roubado, Assassinado, Destruído. Todos os Messias são falsos. A começar pelo que, há quase dois mil anos, dá pelo nome de Cristo! Ou os Povos Crescem de dentro para fora e conseguem chegar ao patamar da Fragilidade Humana Desarmada e Maiêutica, e são Povos Humanos, Livres, Autónomos e Sujeitos dos seus próprios destinos e dos destinos do Planeta, ou acabam cada vez mais Roubados, Assassinados, Destruídos. Juntamente com o Planeta! Acordemos! E deixemos de ser Populações Ingénuas que acabam sempre a fazer o jogo do Poder Financeiro Global. Deixemos de continuar a confiar os nossos destinos a Messias Salvadores. Cresçamos, de dentro para fora, e Assumamo-nos como Sujeitos das nossas próprias vidas e da vida do Planeta!
www.jornalfraternizar.pt.vu
A REVOLUÇÃO SILENCIADA DA ISLÂNDIA
Crise financeira mundial
Islândia. O povo é quem mais ordena. E já tirou o país da recessão
por Joana Azevedo Viana, Publicado em 26 de Março de 2011 .A crise levou os islandeses a mudar de governo e a chumbar o resgate dos bancos. Mas o exemplo de democracia não tem tido cobertura
Nem o frio pára o povo: duas revoluções pacíficas já levaram a grandes mudanças céu guarda/kameraphoto 1/1 + fotogalería .Os protestos populares, quando surgem, são para ser levados até ao fim. Quem o mostra são os islandeses, cuja acção popular sem precedentes levou à queda do governo conservador, à pressão por alterações à Constituição (já encaminhadas) e à ida às urnas em massa para chumbar o resgate dos bancos.
Desde a eclosão da crise, em 2008, os países europeus tentam desesperadamente encontrar soluções económicas para sair da recessão. A nacionalização de bancos privados que abriram bancarrota assim que os grandes bancos privados de investimento nos EUA (como o Lehman Brothers) entraram em colapso é um sonho que muitos europeus não se atrevem a ter. A Islândia não só o teve como o levou mais longe.
Assim que a banca entrou em incumprimento, o governo islandês decidiu nacionalizar os seus três bancos privados - Kaupthing, Landsbanki e Glitnir. Mas nem isto impediu que o país caísse na recessão. A Islândia foi à falência e o Fundo Monetário Internacional (FMI) entrou em acção, injectando 2,1 mil milhões de dólares no país, com um acrescento de 2,5 mil milhões de dólares pelos países nórdicos. O povo revoltou-se e saiu à rua.
Lição democrática n.º 1: Pacificamente, os islandeses começaram a concentrar-se, todos os dias, em frente ao Althingi [Parlamento] exigindo a renúncia do governo conservador de Geir H. Haarde em bloco. E conseguiram. Foram convocadas eleições antecipadas e, em Abril de 2009, foi eleita uma coligação formada pela Aliança Social-Democrata e o Movimento Esquerda Verde - chefiada por Johanna Sigurdardottir, actual primeira-ministra.
Durante esse ano, a economia manteve-se em situação precária, fechando o ano com uma queda de 7%. Porém, no terceiro trimestre de 2010 o país saiu da recessão - com o PIB real a registar, entre Julho e Setembro, um crescimento de 1,2%, comparado com o trimestre anterior. Mas os problemas continuaram.
Lição democrática n.º 2: Os clientes dos bancos privados islandeses eram sobretudo estrangeiros - na sua maioria dos EUA e do Reino Unido - e o Landsbanki o que acumulava a maior dívida dos três. Com o colapso do Landsbanki, os governos britânico e holandês entraram em acção, indemnizando os seus cidadãos com 5 mil milhões de dólares [cerca de 3,5 mil milhões de euros] e planeando a cobrança desses valores à Islândia.
Algum do dinheiro para pagar essa dívida virá directamente do Landsbanki, que está neste momento a vender os seus bens. Porém, o relatório de uma empresa de consultoria privada mostra que isso apenas cobrirá entre 200 mil e 2 mil milhões de dólares. O resto teria de ser pago pela Islândia, agora detentora do banco. Só que, mais uma vez, o povo saiu à rua. Os governos da Islândia, da Holanda e do Reino Unido tinham acordado que seria o governo a desembolsar o valor total das indemnizações - que corresponde a 6 mil dólares por cada um dos 320 mil habitantes do país, a ser pago mensalmente por cada família a 15 anos, com juros de 5,5%. A 16 de Fevereiro, o Parlamento aprovou a lei e fez renascer a revolta popular. Depois de vários dias em protesto na capital, Reiquiavique, o presidente islandês, Ólafur Ragnar Grímsson, recusou aprovar a lei e marcou novo referendo para 9 de Abril.
Lição democrática n.º 3: As últimas sondagens mostram que as intenções de votar contra a lei aumentam de dia para dia, com entre 52% e 63% da população a declarar que vai rejeitar a lei n.o 13/2011. Enquanto o país se prepara para mais um exercício de verdadeira democracia, os responsáveis pelas dívidas que entalaram a Islândia começam a ser responsabilizados - muito à conta da pressão popular sobre o novo governo de coligação, que parece o único do mundo disposto a investigar estes crimes sem rosto (até agora).
Na semana passada, a Interpol abriu uma caça a Sigurdur Einarsson, ex-presidente-executivo do Kaupthing. Einarsson é suspeito de fraude e de falsificação de documentos e, segundo a imprensa islandesa, terá dito ao procurador-geral do país que está disposto a regressar à Islândia para ajudar nas investigações se lhe for prometido que não é preso.
Para as mudanças constitucionais, outra vitória popular: a coligação aceitou criar uma assembleia de 25 islandeses sem filiação partidária, eleitos entre 500 advogados, estudantes, jornalistas, agricultores, representantes sindicais, etc. A nova Constituição será inspirada na da Dinamarca e, entre outras coisas, incluirá um novo projecto de lei, o Initiative Media - que visa tornar o país porto seguro para jornalistas de investigação e de fontes e criar, entre outras coisas, provedores de internet. É a lição número 4 ao mundo, de uma lista que não parece dar tréguas: é que toda a revolução islandesa está a passar despercebida nos media internacionais.
Jornal i
Islândia. O povo é quem mais ordena. E já tirou o país da recessão
por Joana Azevedo Viana, Publicado em 26 de Março de 2011 .A crise levou os islandeses a mudar de governo e a chumbar o resgate dos bancos. Mas o exemplo de democracia não tem tido cobertura
Nem o frio pára o povo: duas revoluções pacíficas já levaram a grandes mudanças céu guarda/kameraphoto 1/1 + fotogalería .Os protestos populares, quando surgem, são para ser levados até ao fim. Quem o mostra são os islandeses, cuja acção popular sem precedentes levou à queda do governo conservador, à pressão por alterações à Constituição (já encaminhadas) e à ida às urnas em massa para chumbar o resgate dos bancos.
Desde a eclosão da crise, em 2008, os países europeus tentam desesperadamente encontrar soluções económicas para sair da recessão. A nacionalização de bancos privados que abriram bancarrota assim que os grandes bancos privados de investimento nos EUA (como o Lehman Brothers) entraram em colapso é um sonho que muitos europeus não se atrevem a ter. A Islândia não só o teve como o levou mais longe.
Assim que a banca entrou em incumprimento, o governo islandês decidiu nacionalizar os seus três bancos privados - Kaupthing, Landsbanki e Glitnir. Mas nem isto impediu que o país caísse na recessão. A Islândia foi à falência e o Fundo Monetário Internacional (FMI) entrou em acção, injectando 2,1 mil milhões de dólares no país, com um acrescento de 2,5 mil milhões de dólares pelos países nórdicos. O povo revoltou-se e saiu à rua.
Lição democrática n.º 1: Pacificamente, os islandeses começaram a concentrar-se, todos os dias, em frente ao Althingi [Parlamento] exigindo a renúncia do governo conservador de Geir H. Haarde em bloco. E conseguiram. Foram convocadas eleições antecipadas e, em Abril de 2009, foi eleita uma coligação formada pela Aliança Social-Democrata e o Movimento Esquerda Verde - chefiada por Johanna Sigurdardottir, actual primeira-ministra.
Durante esse ano, a economia manteve-se em situação precária, fechando o ano com uma queda de 7%. Porém, no terceiro trimestre de 2010 o país saiu da recessão - com o PIB real a registar, entre Julho e Setembro, um crescimento de 1,2%, comparado com o trimestre anterior. Mas os problemas continuaram.
Lição democrática n.º 2: Os clientes dos bancos privados islandeses eram sobretudo estrangeiros - na sua maioria dos EUA e do Reino Unido - e o Landsbanki o que acumulava a maior dívida dos três. Com o colapso do Landsbanki, os governos britânico e holandês entraram em acção, indemnizando os seus cidadãos com 5 mil milhões de dólares [cerca de 3,5 mil milhões de euros] e planeando a cobrança desses valores à Islândia.
Algum do dinheiro para pagar essa dívida virá directamente do Landsbanki, que está neste momento a vender os seus bens. Porém, o relatório de uma empresa de consultoria privada mostra que isso apenas cobrirá entre 200 mil e 2 mil milhões de dólares. O resto teria de ser pago pela Islândia, agora detentora do banco. Só que, mais uma vez, o povo saiu à rua. Os governos da Islândia, da Holanda e do Reino Unido tinham acordado que seria o governo a desembolsar o valor total das indemnizações - que corresponde a 6 mil dólares por cada um dos 320 mil habitantes do país, a ser pago mensalmente por cada família a 15 anos, com juros de 5,5%. A 16 de Fevereiro, o Parlamento aprovou a lei e fez renascer a revolta popular. Depois de vários dias em protesto na capital, Reiquiavique, o presidente islandês, Ólafur Ragnar Grímsson, recusou aprovar a lei e marcou novo referendo para 9 de Abril.
Lição democrática n.º 3: As últimas sondagens mostram que as intenções de votar contra a lei aumentam de dia para dia, com entre 52% e 63% da população a declarar que vai rejeitar a lei n.o 13/2011. Enquanto o país se prepara para mais um exercício de verdadeira democracia, os responsáveis pelas dívidas que entalaram a Islândia começam a ser responsabilizados - muito à conta da pressão popular sobre o novo governo de coligação, que parece o único do mundo disposto a investigar estes crimes sem rosto (até agora).
Na semana passada, a Interpol abriu uma caça a Sigurdur Einarsson, ex-presidente-executivo do Kaupthing. Einarsson é suspeito de fraude e de falsificação de documentos e, segundo a imprensa islandesa, terá dito ao procurador-geral do país que está disposto a regressar à Islândia para ajudar nas investigações se lhe for prometido que não é preso.
Para as mudanças constitucionais, outra vitória popular: a coligação aceitou criar uma assembleia de 25 islandeses sem filiação partidária, eleitos entre 500 advogados, estudantes, jornalistas, agricultores, representantes sindicais, etc. A nova Constituição será inspirada na da Dinamarca e, entre outras coisas, incluirá um novo projecto de lei, o Initiative Media - que visa tornar o país porto seguro para jornalistas de investigação e de fontes e criar, entre outras coisas, provedores de internet. É a lição número 4 ao mundo, de uma lista que não parece dar tréguas: é que toda a revolução islandesa está a passar despercebida nos media internacionais.
Jornal i
REVOLTA EM LONDRES
Manifestação poderá ser a maior desde protestos contra guerra no Iraque em 2003
Londres: Meio milhão de manifestantes saiu à rua para protestar contra medidas de austeridade
26.03.2011 - 13:10 Por Luísa Teixeira da Mota
Centenas de milhares de pessoas desfilaram em Londres para protestar as medidas de austeridade do Governo. Os números variam bastante, mas cerca de meio milhão de pessoas terá participado na manifestação, que teve confrontos com a polícia e destruição de lojas no centro da cidade.
A polícia é alvo de ataques com tinta dos manifestantes (Foto: Paul Hackett/Reuters)
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Desde estudantes a pensionistas, passando por trabalhadores do sector público, todos se juntam para criticar os cortes apresentados pelo Governo de coligação britânico para diminuir o défice. A manifestação, marcada desde Outubro, acontece três dias depois de ter sido apresentado o orçamento de 2011 e é chamada “Marcha pela Alternativa”.
Mais de 800 autocarros e pelo menos dez comboios foram reservados para trazer pessoas de todo o país até à capital pela federação de sindicatos britânica que organizou a manifestação, a Trades Union Congress.
Mas, apesar de anunciada como uma marcha pacífica, foram registados conflitos entre polícia e manifestantes. Foram atiradas garrafas e tintas para várias montras de lojas em Oxford Street, como a Top Shop, cujo proprietário é acusado de fugir aos impostos, bem como o hotel Ritz, as vitrines dos
bancos Santander e Lloyds, bem como um stand da Porsche. A montra de um café “Starbucks” foi também atingida e os manifestantes pintaram símbolos de anarquia nas paredes.
O ministro da Educação, Michael Gove, disse à BBC que compreendia que as pessoas estivessem aborrecidas e preocupadas, mas que o Governo - uma coligação entre conservadores e liberais democratas - estava perante uma tal situação económica que era obrigado a tomar medidas para que as finanças públicas pudessem regressar a um equilíbrio.
“Não acabem com a Grã-Bretanha”; “não aos cortes”, “defendamos os nossos serviços públicos”, são alguns dos slogans que entoam os manifestantes, empunhando cartazes.
O líder da oposição trabalhista, Ed Miliband, que acusa o Governo de fomentar “políticas de divisão” que relembram os anos 80 de Margaret Thatcher, condenou a violence, mas defendeu a grande maioria dos manifestantes, que disse defenderem a visão da grande maioria do Reino Unido.
Antes, tinha discursado aos manifestantes, naquela que foi a sua maior audiência de sempre. "Lutamos para preservar, proteger e defender os nossos serviços, porque representam o melhor do país que amamamos", declarou, em Hyde Park.
Miliband pediu ainda ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, que olhasse para a "grande sociedade" que saía à rua para protestar contra a política do Governo conservador.
"Uma grande sociedade unida contra o que o Governo está a fazer ao país. Hoje comparecemos não como uma minoria, mas como a voz da maioria popular deste país", acrescentou o líder da oposição.
De acordo com uma sondagem levada a cabo pelo jornal "The Guardian" e pela ICM, a população britânica está dividida no que toca aos cortes: em 1014 pessoas inquiridas, 35 por cento acredita que vão longe demais; 28 por cento entende que são os necessários; 29 por cento diz que não suficientes; e 8 por cento diz não ter opinião.
Mas de acordo com uma outra sondagem publicada na sexta-feira, parece haver unanimidade no que toca à hostilidade às medidas do Governo: 64 por cento dos inquiridos entende que o Executivo deve rever a sua política de austeridade.
www.publico.clix.pt
sexta-feira, 25 de março de 2011
VIVOS
Caos, desordem, anarquia. Eis onde chegamos. Podemos até apelar á harmonia, ao diálogo entre os homens de boa vontade. Mas chegámos a um ponto onde não é mais possível voltar atrás. Chegamos ao ponto do agora ou nunca. No país, no mundo, declaramos guerra à finança. No país, no mundo, recusamos o nuclear e a ditadura dos mercados. No país, no mundo, somos um só. Recusamos o macaco da compra e venda. Somos do espírito e do coração. Somos aquele que dança. É o fim das "doces mentiras", como dizia Morrison. Chegámos ao fim da linha. Bebemos à saúde do primeiro homem. Estamos a voltar ao tempo das propinas. Recusamo-nos a pagar a vida. Nascemos de borla. Deveríamos prosseguir na vida de borla. Nada nos deita abaixo agora. Somos o mundo. Acreditamos nos filósofos, acreditamos nos homens de cabeça erguida. Não suportamos o hermetismo das contas que só alguns entendem. Não suportamos mais a mesquinhez da finança. Estamos vivos. Aqui permaneceremos. Somos políticos mas não como os outros. Só nos falta andar de bar em bar a espalhar a rebeldia. Somos loucos. Assistimos á queda do Império. é isto mesmo...a queda do Império. O Império está a cair, meus amigos, companheiros, camaradas. Está ao nosso alcance, ao alcance da ponta dos dedos.
A QUEDA DO GRANDE CASTRADOR
Sócrates caiu. O grande castrador, o suspeito de vigarice, o senhor dos cortes, o pau-mandado de Merkel e dos mercados finalmente caiu. Agora importa continuar a sair para a rua. Fazer com que o previsível governo PSD/CDS também não se aguente. Tornar o país ingovernável. Radicalizar posições, provocar o caos e a revolução. Através de eleições nunca se irá lá. O PCP e o BE juntos dificilmente passarão dos 20%. É precisa uma revolução como no Egipto, como na Tunísia, como na Grécia. É preciso tomar a rua. É preciso também celebrar a vida. Que não está nos mercados, que não está em Bruxelas. Não mais imposições, não mais castrações. Celebremos Dionisos. Peguemos fogo aos bancos e ao capitalismo. Estamos fartos desses abutres, estamos fartos desses cães assassinos que nos roubam o ser e a vida. Celebremos. Juntemo-nos no banquete permanente. Somos senhores e não escravos, senhores sem escravos. Merda para as obrigações e para o trabalho! Dediquemo-nos apenas à revolução, à transformação do mundo. Sejamos deuses. Nada está acima de nós. Celebremos a noite e o dia.
POESIA/MANIF CONTRA OS MERCADOS E PELA VIDA
POESIA/MANIF CONTRA OS MERCADOS E OS BANQUEIROS E PELA LIBERDADE LIVRE
Os mercados, os banqueiros, os grandes empresários e os políticos ao seu serviço roubam-nos a vida. Os poetas e diseurs António Pedro Ribeiro e Susana Guimarães dizem poesia e manifestam-se contra os mercados e pela liberdade livre no próximo sábado, 26, pelas 16,00 h na Avenida dos Aliados (junto à estátua de D. Pedro). Participem!
quarta-feira, 23 de março de 2011
O PARAÍSO QUE DEUS NOS ROUBOU
Alea Jacta est. A partir de ontem, nada será como antes. O menino encontrou-se com a natureza. É o homem global. Tem seguidores. Hesita entre a violência e a não-violência. Já não é o mero escritor. Chega a mais gente. Quer, agora, as mulheres bonitas. Hesitante ainda, fala como um senhor. É genuíno, dizem. Cria mundos, como na infância. Encontrou Morrison e depois Nietzsche. Nunca mais foi o mesmo. Sabe agora que tem responsabilidades e um papel a cumprir. Não tem que dizer o que os políticos dizem. Fala do homem a construir. Do homem que não se contenta com a mera sobrevivência, com o comer e beber, comprar e vender. Não se pode contentar com o macaco. O homem pode ser divino, pode ser Deus ou Jesus. Não tem que se reduzir a um ser medroso, intimidado pelos poderes, pelos patrões, pelos mercados. O homem só pode ser livre. E deve ser capaz de acreditar que está a mudar o mundo. Escrevendo, expondo-se publicamente, discutindo. Nada está acima do Homem. Nem deuses nem relógios. Não se pode impôr à minha vida. Nem Deus, nem Estado. Sou um deus como Brando no "Apocalipse Now". Sou um deus no meio do caos. Tu também podes sê-lo. Amamos. Amamos mas odiamos o homem pequeno e o mercado. Não suportamos mais o homem pequeno. Não glorificamos a classe operária. O povo despreza o artista e o revolucionário. E vem a gaja. E pára o mundo. Abençoada seja a beleza. Abençoada a beleza que se funde com a criação. Estamos a assistir ao renascimento do homem, ao homem que dá os primeiros passos, que vai á conquista do mundo, que demanda o Graal. Eis o homem, o cowboy solitário do bar, o pistoleiro que controla, que provoca, que é diferente dos outros. O homem da demanda. Que não vai atrás das multidões, da maioria. Que reclama o mundo e a vida, o paraíso que Deus nos roubou.
sexta-feira, 18 de março de 2011
A POESIA NO PORTO
Porto oferece poesia para todos os gostos
18 de Março de 2011, 12:12
No Porto não há dia certo para a poesia. São vários os espaços da cidade, de cafés a instituições culturais, que organizam certames onde se pode ouvir mais também ler-se poemas. A oferta é grande e o SAPO foi conhecer mais pormenores sobre algumas sessões onde a poesia é a protagonista.
Clube Literário do Porto: poesia para todos os gostos
Em plena Rua Nova da Alfândega, o Clube Literário do Porto promove quatro tertúlias de poesia que se realizam em diferentes dias do mês.
O SAPO acompanhou a sessão “Poesia de Choque” que se realiza na terceira quinta-feira de cada mês. Na última sessão, foi lançado o livro “Nietzsche, Jim Morrison, Henry Miller, Os mercados e outras conversas”, de António Pedro Ribeiro. O escritor é dinamizador da sessão juntamente com Luís Carvalho.
Ainda no Clube Literário do Porto, as "Quartas Mal´Ditas" acontecem na primeira quarta-feira de cada mês. Na segunda quinta-feira, decorre a "Quinta Essência". No terceiro sábado do mês, realiza-se o "Portugal Poético".
“Todas estas tertúlias têm um tema mas são abertas ao público. Se alguém levar um poema sobre o tema da sessão, pode recitá-lo ou dizê-lo”, explica Isabel Damião, programadora cultural do Clube Literário do Porto.
Livraria Poetria: “as pessoas voltam sempre à poesia”
A Poetria, livraria especializada em poesia e teatro, realiza recitais desde 2003. Uma vez por mês, o público pode ouvir poemas no histórico Café Progresso ou, mais recentemente, no espaço cultural No Feminino com.
As sessões são sempre subordinadas a um “tema, autor ou efeméride”, explicou ao SAPO Dina Ferreira proprietária da Poetria, que fica na Rua das Oliveiras. A programadora dos certames tem uma equipa de colaboradores (diseurs) que recitam os poemas.
“O público adere ou não de acordo com a qualidade do dizer”, defende Dina Ferreira. “A poesia está muito perto das pessoas e às vezes até responde a problemas”, descreve Dina Ferreira, acrescentando que “o público mantém-se fiel aos recitais com tendência para aumentar”. “Se for feito com qualidade, as pessoas voltam sempre à poesia”, garante.
Café Pinguim: livros espalhados pelas mesas
Há 23 anos o Café Pinguim, na Rua de Belmonte, promove tertúlias de poesia, sendo um dos estabelecimentos do Porto que há mais tempo se dedica a promover leituras de poemas. Todas as segundas-feiras, o actor Rui Spranger é responsável pela organização da tertúlia “mas as pessoas podem intervir”, referiu Paulo Pires, gerente do Pinguim.
“Espalhamos os nossos livros em cima da mesa e as pessoas podem escolher poemas que querem ler”, explicou o responsável. “Algumas pessoas também pedem ao Rui para lerem os poemas”, conta Paulo Pires. Recitar poesia é uma arte e, por isso mesmo, o Pinguim tem planos de promover “minis oficinais de diseur”.
Maria vai com as outras: nova tertúlia ainda este ano
A loja e café Maria vai com as outras, na Rua do Almada, começou a realizar em 2006, as Noites Mal Ditas, num ambiente informal, “de partilha de poemas, publicados ou não”, disse Ana Caeiro, uma das sócias do espaço.
Depois de também promoverem “noites mais formais com autores convidados”, o Maria vai com as outras está a preparar uma nova agenda de tertúlias artísticas e também de noites de leituras informais de poesia ainda para este ano, adiantou Ana Caeiro.
No roteiro da poesia no Porto, entram ainda o Teatro do Campo Alegre que promove uma vez por mês as Quintas de Leitura, o espaço cultural Labirintho ou a livraria e café Gato Vadio que também organizam tertúlias de poesia.
@Alice Barcellos
sapo.pt
18 de Março de 2011, 12:12
No Porto não há dia certo para a poesia. São vários os espaços da cidade, de cafés a instituições culturais, que organizam certames onde se pode ouvir mais também ler-se poemas. A oferta é grande e o SAPO foi conhecer mais pormenores sobre algumas sessões onde a poesia é a protagonista.
Clube Literário do Porto: poesia para todos os gostos
Em plena Rua Nova da Alfândega, o Clube Literário do Porto promove quatro tertúlias de poesia que se realizam em diferentes dias do mês.
O SAPO acompanhou a sessão “Poesia de Choque” que se realiza na terceira quinta-feira de cada mês. Na última sessão, foi lançado o livro “Nietzsche, Jim Morrison, Henry Miller, Os mercados e outras conversas”, de António Pedro Ribeiro. O escritor é dinamizador da sessão juntamente com Luís Carvalho.
Ainda no Clube Literário do Porto, as "Quartas Mal´Ditas" acontecem na primeira quarta-feira de cada mês. Na segunda quinta-feira, decorre a "Quinta Essência". No terceiro sábado do mês, realiza-se o "Portugal Poético".
“Todas estas tertúlias têm um tema mas são abertas ao público. Se alguém levar um poema sobre o tema da sessão, pode recitá-lo ou dizê-lo”, explica Isabel Damião, programadora cultural do Clube Literário do Porto.
Livraria Poetria: “as pessoas voltam sempre à poesia”
A Poetria, livraria especializada em poesia e teatro, realiza recitais desde 2003. Uma vez por mês, o público pode ouvir poemas no histórico Café Progresso ou, mais recentemente, no espaço cultural No Feminino com.
As sessões são sempre subordinadas a um “tema, autor ou efeméride”, explicou ao SAPO Dina Ferreira proprietária da Poetria, que fica na Rua das Oliveiras. A programadora dos certames tem uma equipa de colaboradores (diseurs) que recitam os poemas.
“O público adere ou não de acordo com a qualidade do dizer”, defende Dina Ferreira. “A poesia está muito perto das pessoas e às vezes até responde a problemas”, descreve Dina Ferreira, acrescentando que “o público mantém-se fiel aos recitais com tendência para aumentar”. “Se for feito com qualidade, as pessoas voltam sempre à poesia”, garante.
Café Pinguim: livros espalhados pelas mesas
Há 23 anos o Café Pinguim, na Rua de Belmonte, promove tertúlias de poesia, sendo um dos estabelecimentos do Porto que há mais tempo se dedica a promover leituras de poemas. Todas as segundas-feiras, o actor Rui Spranger é responsável pela organização da tertúlia “mas as pessoas podem intervir”, referiu Paulo Pires, gerente do Pinguim.
“Espalhamos os nossos livros em cima da mesa e as pessoas podem escolher poemas que querem ler”, explicou o responsável. “Algumas pessoas também pedem ao Rui para lerem os poemas”, conta Paulo Pires. Recitar poesia é uma arte e, por isso mesmo, o Pinguim tem planos de promover “minis oficinais de diseur”.
Maria vai com as outras: nova tertúlia ainda este ano
A loja e café Maria vai com as outras, na Rua do Almada, começou a realizar em 2006, as Noites Mal Ditas, num ambiente informal, “de partilha de poemas, publicados ou não”, disse Ana Caeiro, uma das sócias do espaço.
Depois de também promoverem “noites mais formais com autores convidados”, o Maria vai com as outras está a preparar uma nova agenda de tertúlias artísticas e também de noites de leituras informais de poesia ainda para este ano, adiantou Ana Caeiro.
No roteiro da poesia no Porto, entram ainda o Teatro do Campo Alegre que promove uma vez por mês as Quintas de Leitura, o espaço cultural Labirintho ou a livraria e café Gato Vadio que também organizam tertúlias de poesia.
@Alice Barcellos
sapo.pt
quarta-feira, 16 de março de 2011
NIETZSCHE, JIM MORRISON, HENRY MILLER, OS MERCADOS E OUTRAS CONVERSAS
LANÇAMENTO DO LIVRO "NIETZSCHE, JIM MORRISON, HENRY MILLER, OS MERCADOS E OUTRAS CONVERSAS" DE A. PEDRO RIBEIRO
As noites de POESIA DE CHOQUE acolhem o lançamento do livro "Nietzsche, Jim Morrison, Henry Miller, os Mercados e Outras Conversas" (Corpos Editora) de A. Pedro Ribeiro na próxima quinta, 17, no Clube Literário do Porto. O evento vai contar com a apresentação de António Alves da Silva, com leituras de textos do livro por parte de Luís Carvalho, Susana Guimarães e do próprio autor, bem como com a actuação do DJ Luís Oliveira. "Nietzsche, Jim Morrison, Henry Miller, os Mercados e Outras Conversas" é uma crítica radical à sociedade do mercado e dos mercados, à luz dos ensinamentos de Nietzsche, Morrison, Miller e de outros mestres. Às vezes crónica, outras reflexão filosófica e sociológica, outras poema em prosa, o livro assume um tom profético que exalta a liberdade e a vida, em oposição à castração e programação quotidianas do trabalho, do sacrifício, da vidinha. Com Jim Morrison, 40 anos após a sua morte do poeta/cantor/mago dos Doors, A. Pedro Ribeiro reclama a vida que nos pertence, que nos foi roubada. "We want the world and we want it NOW!", canta Morrison. Com Nietzsche, regressa a Zaratustra, ao homem livre, nobre, à criança sábia que cria, dança e se torna naquela que é, afastando-se dos merceeiros e dos "macacos que trepam uns para cima dos outros". Com Miller, estabelece o monólogo consigo mesmo, em busca do homem interior, do deus interior, da "estrada larga" de Whitman, da vida pela vida, da autolibertação.
A. Pedro ou António Pedro Ribeiro nasceu no Porto no Maio de 68. Tem repartido a sua vida por Braga, Porto, Trofa e Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). É autor dos livros "Um Poeta no Piolho" (Corpos, 2009), "Queimai o Dinheiro" (Corpos, 2009), "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Um Poeta a Mijar" (Corpos, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Pirata, 2004), "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001) e "Gritos. Murmúrios" (com Rui Soares, Grémio Lusíada, 1988). Coordena, com Luís Carvalho, a sessão "Poesia de Choque" no Clube Literário, actuou como performer nos Festivais de Paredes de Coura de 2006 e 2009 (com a banda Mana Calórica) e nas "Quintas de Leitura" do Teatro Campo Alegre no Porto em Outubro de 2009, espaço onde regressará a 26 de Maio próximo, acompanhado de Susana Guimarães, com o espectáculo "Se me Pagares uma Cerveja estás a Financiar a Revolução". Tem dinamizado as noites de poesia do Púcaros e do Pinguim no Porto. Foi também fundador e coordenador da revista literária "Aguasfurtadas" e colaborou ou colabora nas revistas "Piolho", "Bíblia", "A Voz de Deus", "Cráse", "Do Silêncio dos Poetas" e "Um Café", entre outras. Foi activista estudantil na Faculdade de Letras do Porto e no Jornal Universitário do Porto. É licenciado em Sociologia pela Faculdade de Letras do Porto. Frequentou os liceus Sá de Miranda e Alberto Sampaio em Braga. Foi acusado pela Cãmara da Póvoa de Varzim de derrubar a estátua do major Mota e de ser autor do blogue "Povoaonline", caso que está em tribunal. É fundador do Partido Revolucionário Libertário. Há quem lhe chame agitador, provocador profissional.
Com os melhores cumprimentos,
António Pedro Ribeiro,
tel. 965045714.
http://tripnaarcada.blogspot.com
NASCER, TRABALHAR, MORRER
NASCER, TRABALHAR, MORRER
"Nascer, Trabalhar, Morrer". O graffiti na rua de Ceuta. É, de facto, ao que muitos estão condenados e a que muitos desses muitos aceitam ser condenados. "Nascer, Trabalhar, Morrer". Vimos ao mundo, brincamos quatro ou cinco anos, temos quatro ou cinco anos livres, depois vamos para a escola, começamos a ser formatados, começamos a estudar para trabalhar, depois vamos trabalhar, se não o fizermos somos constantemente pressionados a fazê-lo, vivemos em função do trabalho, agora até querem aumentar a idade da reforma. Trabalhar sempre, trabalhar até aos 80 anos, trabalhar até à morte. É isto a "vida" que eles querem que vivamos, trabalhar até à morte, estudar em função do mercado de trabalho, ser competitivo, atinar, assentar, casar ou não, ter filhos, constituir família, ver televisão, ver futebol, envelhecer, sempre a prisão, a maldita prisão, sempre a vida programada, sempre o mesmo filme, mais nada, absolutamente mais nada. "Nascer, Trabalhar, Morrer". "Trabalhar, Obedecer, Morrer". É isto que queres? É esta a vida que queres? De vez em quando deixam-te dar umas curvas, entrar numas festas mas depois, no dia seguinte, tens de estar alinhadinho no emprego, na lei, na parada. Obedeces. Mesmo que refiles, passas a vida a obedecer, a sacrificar-te, a trabalhar para os outros, para o lucro, para a riqueza dos outros. Foi para isto que recebeste a bênção da vida?
Onde está o homem livre? Mostra-me o homem livre. Há poucos. Muito poucos. Muito poucos dançam com Dionisos e Zaratustra. Mas ainda estás a tempo. Desobedece. Não trabalhes. Não aceites migalhas. Vive. Canta. Dança. Goza. Volta aos teus cinco anos quando a vida era só brincadeira. Brinca. Joga. Corre sem direcção definida. Volta a ser aquele que nasce, volta a ser a criança. Sem obrigações nem imposições. Sem castrações. Dança com os deuses e com os palhaços, com as outras crianças. Não há muros. Não há fronteiras. Regressa a ti mesmo, não lhes dês ouvidos, não faças o que eles te dizem para fazer, não te deixes programar, não trabalhes, não morras. Dança.
www.jornalfraternizar.pt.vu
AGOSTINHO DA SILVA
Irene Novais 12 de Março de 2011 22:00
O Povo Culto
Os povos serão cultos na medida em que entre eles crescer o número dos que se negam a aceitar qualquer benefício dos que podem; dos que se mantêm sempre vigilantes em defesa dos oprimidos não porque tenham este ou aquele credo político, mas por isso mesmo, porque são oprimidos e neles se quebram as leis da Humanidade e da razão; dos que se levantam, sinceros e corajosos, ante as ordens injustas, não também porque saem de um dos campos em luta, mas por serem injustas; dos que acima de tudo defendem o direito de pensar e de ser digno.
Agostinho da Silva, in 'Diário de Alcestes'
O Povo Culto
Os povos serão cultos na medida em que entre eles crescer o número dos que se negam a aceitar qualquer benefício dos que podem; dos que se mantêm sempre vigilantes em defesa dos oprimidos não porque tenham este ou aquele credo político, mas por isso mesmo, porque são oprimidos e neles se quebram as leis da Humanidade e da razão; dos que se levantam, sinceros e corajosos, ante as ordens injustas, não também porque saem de um dos campos em luta, mas por serem injustas; dos que acima de tudo defendem o direito de pensar e de ser digno.
Agostinho da Silva, in 'Diário de Alcestes'
sexta-feira, 11 de março de 2011
A POLÍCIA É UMA DELÍCIA
da "Geração à rasca"
PSP atenta às redes sociais e aos grupos de extrema-direita e extrema-esquerda
10.03.2011 - 19:03 Por Lusa
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5 votos
16 de 21 notícias em Política
« anteriorseguinte »A PSP está a monitorizar todos os movimentos das redes sociais e dos grupos de extrema-direita e esquerda, para acompanhar “a par e passo” o protesto “geração à rasca”, marcado para sábado em 11 cidades.
PSP promete estar atenta na manifestação de sábado ()
Fonte policial disse hoje à agência Lusa que os movimentos nas redes sociais, nomeadamente o Facebook, que se referem ao protesto, estão a ser vigiados, tendo motivado várias reuniões nos vários comandos nos últimos dias.
A fonte indicou que a Polícia de Segurança Pública (PSP) está a preparar-se para acompanhar a manifestação com o mesmo grau de rigor e prontidão que disponibilizou aquando da cimeira da Nato, que decorreu em Lisboa, no final de Novembro passado.
A PSP está com especial atenção ao evoluir da situação que envolve elementos de grupos de extrema-direita e de extrema-esquerda que já manifestaram intenção de se associar ao protesto.
A mesma fonte garantiu que a PSP está a preparar-se para esta manifestação como se de uma "black-bloc" se tratasse, nome dado a uma estratégia de manifestação e protesto anarquista, na qual grupos de afinidade mascarados e vestidos de negro se reúnem.
Entretanto, em resposta a uma pergunta da Lusa, a Direção Nacional da PSP disse que "irá montar um dispositivo que será o menos ostensivo possível e só se existir necessidade é que evolui para outro grau".
Para esta força policial, “o facto de ser uma manifestação ímpar no panorama nacional, cuja génese foram as redes sociais, não a torna diferente das outras manifestações públicas no que ao seu princípio diz respeito”, garantindo “o livre exercício do direito de manifestação a todos os cidadãos (...) como parte integrante da ordem e tranquilidade que se pretende manter”.
Segundo o blogue geracaoenrascada.wordpress.com indica que o protesto vai decorrer em Lisboa, Porto, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Faro, Funchal, Guimarães, Leiria, Ponta Delgada e Viseu, tendo uma das organizadoras dito à Lusa que já há mais de 45 mil pessoas prontas a participar.
Contudo, a principal preocupação da Polícia está centrada em Lisboa, onde se aguarda a concentração de milhares de pessoas, a partir das 15:00 de sábado, na Avenida da Liberdade.
Na página do Facebook da iniciativa, o apelo é lançado aos "desempregados, 'quinhentoseuristas' e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos”.
O protesto pretende “desencadear uma mudança qualitativa do país” e lutar contra a “situação precária”.
“Protestamos para que todos os responsáveis pela nossa actual situação de incerteza – políticos, empregadores e nós mesmos – actuem em conjunto para uma alteração rápida desta realidade, que se tornou insustentável”, lê-se no manifesto.
www.publico.clix.pt
PSP atenta às redes sociais e aos grupos de extrema-direita e extrema-esquerda
10.03.2011 - 19:03 Por Lusa
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16 de 21 notícias em Política
« anteriorseguinte »A PSP está a monitorizar todos os movimentos das redes sociais e dos grupos de extrema-direita e esquerda, para acompanhar “a par e passo” o protesto “geração à rasca”, marcado para sábado em 11 cidades.
PSP promete estar atenta na manifestação de sábado ()
Fonte policial disse hoje à agência Lusa que os movimentos nas redes sociais, nomeadamente o Facebook, que se referem ao protesto, estão a ser vigiados, tendo motivado várias reuniões nos vários comandos nos últimos dias.
A fonte indicou que a Polícia de Segurança Pública (PSP) está a preparar-se para acompanhar a manifestação com o mesmo grau de rigor e prontidão que disponibilizou aquando da cimeira da Nato, que decorreu em Lisboa, no final de Novembro passado.
A PSP está com especial atenção ao evoluir da situação que envolve elementos de grupos de extrema-direita e de extrema-esquerda que já manifestaram intenção de se associar ao protesto.
A mesma fonte garantiu que a PSP está a preparar-se para esta manifestação como se de uma "black-bloc" se tratasse, nome dado a uma estratégia de manifestação e protesto anarquista, na qual grupos de afinidade mascarados e vestidos de negro se reúnem.
Entretanto, em resposta a uma pergunta da Lusa, a Direção Nacional da PSP disse que "irá montar um dispositivo que será o menos ostensivo possível e só se existir necessidade é que evolui para outro grau".
Para esta força policial, “o facto de ser uma manifestação ímpar no panorama nacional, cuja génese foram as redes sociais, não a torna diferente das outras manifestações públicas no que ao seu princípio diz respeito”, garantindo “o livre exercício do direito de manifestação a todos os cidadãos (...) como parte integrante da ordem e tranquilidade que se pretende manter”.
Segundo o blogue geracaoenrascada.wordpress.com indica que o protesto vai decorrer em Lisboa, Porto, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Faro, Funchal, Guimarães, Leiria, Ponta Delgada e Viseu, tendo uma das organizadoras dito à Lusa que já há mais de 45 mil pessoas prontas a participar.
Contudo, a principal preocupação da Polícia está centrada em Lisboa, onde se aguarda a concentração de milhares de pessoas, a partir das 15:00 de sábado, na Avenida da Liberdade.
Na página do Facebook da iniciativa, o apelo é lançado aos "desempregados, 'quinhentoseuristas' e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos”.
O protesto pretende “desencadear uma mudança qualitativa do país” e lutar contra a “situação precária”.
“Protestamos para que todos os responsáveis pela nossa actual situação de incerteza – políticos, empregadores e nós mesmos – actuem em conjunto para uma alteração rápida desta realidade, que se tornou insustentável”, lê-se no manifesto.
www.publico.clix.pt
OLHA QUE ESTA!
"A Luta É Alegria", a canção vencedora do Festival da Canção, pode não chegar a tocar na Eurovisão. Os regulamentos do concurso proíbem músicas com letra ou gestos políticos e, em 2009, a canção da Geórgia ficou à porta precisamente por causa disso. Neto, Falâncio e companhia poderão ter o mesmo destino, mas os Homens da Luta já têm solução.
Os regulamentos do Festival Eurovisão da Canção são bem claros. Dizem que não são permitidos "gestos, letras ou discursos de natureza política". Em declarações ao site da "Blitz", Jel afirma que não se trata, à partida, de uma letra política. - Se há uma mensagem política é que a nossa luta é alegria, é contra o desalento, o desânimo, o ressentimento, o conformismo.
A questão é agora saber se os responsáveis da Eurovisão vão partilhar da interpretação de Jel. A canção será avaliada, como todas as outras, na próxima semana. Daí sairá uma decisão. E se "A Luta É Alegria" for proibida de competir em Dusseldorf, na Alemanha, Jel já tem um plano. - Eu vou apanhar o avião e toco à porta. Mais nada, eu, o Falâncio e a malta levamos os tambores e o megafone e tocamos à porta, disse Jel à "Blitz".
quinta-feira, 10 de março de 2011
DANÇA
"Nascer, Trabalhar, Morrer". O graffiti na rua de Ceuta. É, de facto, ao que muitos estão condenados e a que muitos desses muitos aceitam ser condenados. "Nascer, Trabalhar, Morrer". Vimos ao mundo, brincamos quatro ou cinco anos, temos quatro ou cinco anos livres, depois vamos para a escola, começamos a ser formatados, começamos a estudar para trabalhar, depois vamos trabalhar, se não o fizermos somos constantemente pressionados a fazê-lo, vivemos em função do trabalho, agora até querem aumentar a idade da reforma. Trabalhar sempre, trabalhar até aos 80 anos, trabalhar até à morte. É isto a "vida" que eles querem que vivamos, trabalhar até à morte, estudar em função do mercado de trabalho, ser competitivo, atinar, assentar, casar ou não, ter filhos, constituir família, ver televisão, ver futebol, envelhecer, sempre a prisão, a maldita prisão, sempre a vida programada, sempre o mesmo filme, mais nada, absolutamente mais nada. "Nascer, Trabalhar, Morrer". "Trabalhar, Obedecer, Morrer". É isto que queres? É esta a vida que queres? De vez em quando deixam-te dar umas curvas, entrar numas festas mas depois, no dia seguinte, tens de estar alinhadinho no emprego, na lei, na parada. Obedeces. Mesmo que refiles, passas a vida a obedecer, a sacrificar-te, a trabalhar para os outros, para o lucro, para a riqueza dos outros. Foi para isto que recebeste a bênção da vida?
Onde está o homem livre? Mostra-me o homem livre. Há poucos. Muito poucos. Muito poucos dançam com Dionisos e Zaratustra. Mas ainda estás a tempo. Desobedece. Não trabalhes. Não aceites migalhas. Vive. Canta. Dança. Goza. Volta aos teus cinco anos quando a vida era só brincadeira. Brinca. Joga. Corre sem direcção definida. Volta a ser aquele que nasce, volta a ser a criança. Sem obrigações nem imposições. Sem castrações. Dança com os deuses e com os palhaços, com as outras crianças. Não há muros. Não há fronteiras. Regressa a ti mesmo, não lhes dês ouvidos, não faças o que eles te dizem para fazer, não te deixes programar, não trabalhes, não morras. Dança.
quarta-feira, 9 de março de 2011
CAOS, OVAÇÃO
Eis o texto. Eis o texto sobre o homem livre que querias escrever. Divulga-o. Representa-o. Mostra-o ao mundo. Mostras-lhes que não és do relógio nem do trabalho. Mostras-lhes que só fazes sacrifícios em prol da revolução. Que aprendeste a lição de Nietzsche, Morrison, Miller e Rimbaud. És, de facto, o homem livre. Não temas o confronto. Não temas a praça pública. Começa, de facto, a chegar a tua hora. Para lá dos "Homens da Luta", dos Deolinda, da "Geração à Rasca", tu és mais livre, tu podes fazer melhor. Ouve a voz, o teu "gémeo". Começa a encher a Terra de filhos, de companheiros, de companheiras. Ouve o mundo. Lê o mundo como lês os teus livros. Faz-te ao mundo. Usa as conexões. Prega. Atira-te às feras. Sim, agora já te podes atirar às feras. Estás lúcido como nunca estiveste. Estás grávido de Luz e de Sabedoria. És capaz de dar à luz estrelas. Segue. Como ouvias os Pink Floyd aos 14 anos. Interpreta as letras. Segue. Podes derrubar o muro, o Faraó, o Cavaco. Não temas. Não tenhas mais medo. Estás na estrada larga, de Whitman. "We don't need no education".
Olha. Estás no deserto. Voltaste. Estás, de novo, só contigo mesmo. Dialogas contigo mesmo, como Miller aconselhava. O deserto é triste mas como é belo. Como és belo agora. Como voas sobre os homens. Como bebes a sabedoria. Como és aquele que brincava livremente. Segues a caminhada. Avistas os portões. Bates. Um mago abre-te a porta. É Morrison. REconhece-lo. Tocas-lhe os cabelos. Segues os seus passos. Sobes ao palco. És gozado, vaiado. Mas resistes. Gritas. Danças. Enfeitiças. És o xamã. Eles ficam parados. Olham-te. Começam a mexer-se, dançam ao teu ritmo. Recitas suavemente, em harmonia. Depois começas a contar as estórias da infância, da adolescência. Provocas-lhes a aceitação, o sorriso. Caos, harmonia. Caos, renascimento, harmonia. "Quando a música terminar, apaga as luzes/ porque a música é a tua amiga íntima/ dança sobre o fogo se ela te convidar". Estão em transe. Desfazes o transe. O espelho mágico. Caos, ovação.
terça-feira, 8 de março de 2011
EIS O ESTADO SOCIAL
Segurança Social deixou de pagar abono de família a mais de 460 mil pessoas
75 mil pessoas perderam o rendimento mínimo no último ano
08.03.2011 - 07:27 Por João d´Espiney
Em apenas um ano, os serviços da Segurança Social deixaram de pagar o Rendimento Social de Inserção (RSI) a quase 75 mil pessoas e a mais de 29 mil famílias.
Mais afectados: Porto e Lisboa
(Daniel Rocha/ arquivo)
Os dados ontem divulgados pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social revelam que em Janeiro deste ano havia 323.079 pessoas e 126.332 famílias a receber o RSI. Um ano antes, esta prestação social beneficiava 397.873 pessoas e 155.699 famílias.
As quebras ocorreram em todas as regiões, mas foi no Porto - que é o distrito com mais beneficiários desta prestação que sucedeu ao rendimento mínimo garantido - que se registaram as maiores reduções. No final de Janeiro, os serviços da Segurança Social neste distrito pagaram o RSI a 104.636 pessoas e a 44.455 famílias, o que traduz uma diminuição de, respectivamente 26.339 e 12.505 prestações. Os cortes em Lisboa (o segundo distrito em termos absolutos) surgem a larga distância. Em Janeiro, o RSI beneficiava 60.545 pessoas e 27.352 famílias no distrito da capital, ou seja, menos 9876 e 3502, respectivamente.
O valor médio da prestação ascendeu a 88,69 euros, por beneficiário, e a 231,75 euros por família. O valor médio de Janeiro de 2010 não foi divulgado. No primeiro caso, o RSI variou entre o máximo de 93,68 euros, em Beja, e um mínimo de 68,77 nos Açores. Por família, o RSI variou entre os 285,83 euros, em Beja, e os 198,59, em Viana do Castelo.
Os dados ontem divulgados pelo Ministério do Trabalho revelam ainda que em apenas um ano quase meio milhão de portugueses deixou de receber o abono de família. Os números indicam que havia 1.254.461 pessoas a receber esta prestação social no final de Janeiro deste ano, o que representa menos 460.296 abonos do que em igual período de 2010, mês em que a Segurança Social pagou a 1.714.757 beneficiários.
A maior quebra ocorreu em Lisboa, que registou uma redução de quase um terço. Em Janeiro de 2011, o centro distrital da capital processou 255.352 abonos, menos 118.479 do que 12 meses antes. Nos distritos do Porto e de Braga, os cortes atingiram os 88.708 (para 240.299) e os 36.808 (para 124.690) abonos, respectivamente. Em termos mensais, regista-se um decréscimo de 124.615 abonos face a Dezembro do ano passado.
Os dados apontam para a segunda maior quebra verificada nos últimos meses: a primeira grande quebra de 2010 registou-se em Novembro, mês em que perto de 385 mil beneficiários perderam esta regalia social, com a eliminação dos dois últimos escalões da prestação e do pagamento adicional de 25 por cento a famílias com rendimentos mais baixos.
www.publico.clix.pt
75 mil pessoas perderam o rendimento mínimo no último ano
08.03.2011 - 07:27 Por João d´Espiney
Em apenas um ano, os serviços da Segurança Social deixaram de pagar o Rendimento Social de Inserção (RSI) a quase 75 mil pessoas e a mais de 29 mil famílias.
Mais afectados: Porto e Lisboa
(Daniel Rocha/ arquivo)
Os dados ontem divulgados pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social revelam que em Janeiro deste ano havia 323.079 pessoas e 126.332 famílias a receber o RSI. Um ano antes, esta prestação social beneficiava 397.873 pessoas e 155.699 famílias.
As quebras ocorreram em todas as regiões, mas foi no Porto - que é o distrito com mais beneficiários desta prestação que sucedeu ao rendimento mínimo garantido - que se registaram as maiores reduções. No final de Janeiro, os serviços da Segurança Social neste distrito pagaram o RSI a 104.636 pessoas e a 44.455 famílias, o que traduz uma diminuição de, respectivamente 26.339 e 12.505 prestações. Os cortes em Lisboa (o segundo distrito em termos absolutos) surgem a larga distância. Em Janeiro, o RSI beneficiava 60.545 pessoas e 27.352 famílias no distrito da capital, ou seja, menos 9876 e 3502, respectivamente.
O valor médio da prestação ascendeu a 88,69 euros, por beneficiário, e a 231,75 euros por família. O valor médio de Janeiro de 2010 não foi divulgado. No primeiro caso, o RSI variou entre o máximo de 93,68 euros, em Beja, e um mínimo de 68,77 nos Açores. Por família, o RSI variou entre os 285,83 euros, em Beja, e os 198,59, em Viana do Castelo.
Os dados ontem divulgados pelo Ministério do Trabalho revelam ainda que em apenas um ano quase meio milhão de portugueses deixou de receber o abono de família. Os números indicam que havia 1.254.461 pessoas a receber esta prestação social no final de Janeiro deste ano, o que representa menos 460.296 abonos do que em igual período de 2010, mês em que a Segurança Social pagou a 1.714.757 beneficiários.
A maior quebra ocorreu em Lisboa, que registou uma redução de quase um terço. Em Janeiro de 2011, o centro distrital da capital processou 255.352 abonos, menos 118.479 do que 12 meses antes. Nos distritos do Porto e de Braga, os cortes atingiram os 88.708 (para 240.299) e os 36.808 (para 124.690) abonos, respectivamente. Em termos mensais, regista-se um decréscimo de 124.615 abonos face a Dezembro do ano passado.
Os dados apontam para a segunda maior quebra verificada nos últimos meses: a primeira grande quebra de 2010 registou-se em Novembro, mês em que perto de 385 mil beneficiários perderam esta regalia social, com a eliminação dos dois últimos escalões da prestação e do pagamento adicional de 25 por cento a famílias com rendimentos mais baixos.
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segunda-feira, 7 de março de 2011
ALGO DE NOVO POR ESTE REINO
A vitória dos "Homens da Luta" no Festival RTP da Canção, a juntar a fenómenos como a canção dos Deolinda, a manifestação de 12 de Março ou os resultados de José Manuel Coelho nas eleições presidenciais provam que, de facto, algo está a mudar também em Portugal. Há um grito novo, satírico, de revolta, se bem que ainda confuso, ainda não totalmente oposto ao capitalismo dos mercados. De qualquer forma, são sinais que não se podem confundir com o mero folclore. Os "Homens da Luta" têm consciência do que estão a fazer. Há muita gente farta do cinzentismo de Sócrates e de Cavaco, de quase toda a classe política, das ordens de Merkel e dos mercados, de uma vida entediante, sem perspectivas, sem emprego, sem dinheiro, precária. Mas há algo mais. É a dignidade do ser humano que está em causa, a própria liberdade. Não podemos ser escravos do trabalho, do chefe, do banco, de coisa nenhuma. Não podemos aceitar ser reduzidos à condição de mercadorias que se compram e vendem no mercado global. Daí as revoluções do Egipto e da Tunísia, as revoltas na Líbia, na Grécia, no Médio Oriente, no Norte de África. O homem, o homem livre, o homem nobre, não pode contentar-se com ser o macaco que mercadeja, na esteira de Nietzsche. A utilização da Internet e do Facebook veio trazer uma proximidade, uma cumplicidade que não existiam entre as pessoas. Há muitas que começam a ficar fartos de "tantos rodeios", das patranhas da competividade e da economia. Há, de facto, algo de novo por este reino.
DIONISOS E O NOVO HOMEM
DIONISOS E O NOVO HOMEM
António Pedro Ribeiro
Pelo mundo inteiro há uma juventude que já não aceita passivamente a redução da vida a uma fórmula única e irreversível. As palavras de Jim Morrison, desaparecido há 40 anos, voltam a fazer sentido perante uma revolta sem líderes, sem hierarquias, não dirigida, convocada pelo Facebook. "We Want the World and We Want it Now!" de "When The Music's Over" é o grito daqueles que já nada têm a perder, daqueles que reclamam o mundo e a vida que lhes têm sido roubados pelos banqueiros, pelos mercados e pelos políticos ao serviço destes e daqueles. No Cairo, em Atenas, mesmo em Lisboa, no Porto ou em Braga, está a nascer um novo homem. Um homem ainda em fase embrionária, o "homo sapiens-demens" de Edgar Morin que volta aos tempos bíblicos, aos ensinamentos dos mestres antigos, de Jesus, de Buda, de Platão, de Sócrates (mesmo não os lendo) mas que, ao mesmo tempo, se serve da Internet, do Facebook, para comunicar e para fazer a revolta. Como diz, Carlos Coelho (Jornal "I", 7/3/2011), curiosamente criador de marcas, "hoje, pela primeira vez na História, existe uma consciência planetária, supraterritorial, supracultural, suprarreligiosa, supra-económica e suprapolítica. Uma gigantesticamente invisível bomba nuclear, constituída pela energia atómica de cada um de nós e que nenhuma arma de guerra convencional conseguirá parar". Há uma consciência que afirma, na esteira de Nietzsche, Morrison e Henry Miller, a própria vida, a vida em si mesma, como valor fulcral- e ao afirmar a vida, afirma também a defesa da natureza, do planeta ameaçado. Um novo homem que se recusa a ser o macaco que mercadeja e rasteja, que está farto do paleio da economia e da competividade, que ama o conhecimento e a beleza. Um homem que não aceita mais esmolas e migalhas- se muitos pedem esmola é porque outros lhes roubaram e roubam o que é seu de direito, a sua própria vida. Um novo homem que sabe que é único e irrepetível, abençoado pela graça do nascimento que não tem preço e, por isso, próximo de Deus ou de ser, ele próprio, um deus. Um homem que está a nascer de novo, que está a tornar-se naquele que é, na criança sábia de Nietzsche. Um homem que é sobretudo Arte, a quem foi confiada a Criação, a quem compete afastar as Trevas dos mercados, do tédio e da ganância e trazer ao mundo o Amor da mulher pela criança. Um novo homem que é também dança, canto, celebração, que não aceita ser escravo de coisa nenhuma, que quer viver, gozar a vida na sua plenitude e não ter a felicidade controlada pelos media ou pelas agências de "rating". Um novo homem, Dionisos talvez.
ROGER WATERS E ISRAEL
Carta aberta de Roger Waters
Em 1980, uma canção que escrevi, "Another Brick in the Wall Part 2", foi proibida pelo governo da África do Sul porque estava a ser usada por crianças negras sul-africanas para reivindicar o seu direito a uma educação igual. Esse governo de apartheid impôs um bloqueio cultural, por assim dizer, sobre algumas canções, incluindo a minha.
Vinte e cinco anos mais tarde, em 2005, crianças palestinianas que participavam num festival na Cisjordânia usaram a canção para protestar contra o muro do apartheid israelita. Elas cantavam: “Não precisamos da ocupação! Não precisamos do muro racista!” Nessa altura, eu não tinha ainda visto com os meus olhos aquilo sobre o que elas estavam a cantar.
Um ano mais tarde, em 2006, fui contratado para actuar em Telavive.
Palestinianos do movimento de boicote académico e cultural a Israel exortaram-me a reconsiderar. Eu já me tinha manifestado contra o muro, mas não tinha a certeza de que um boicote cultural fosse a via certa. Os defensores palestinianos de um boicote pediram-me que visitasse o território palestiniano ocupado para ver o muro com os meus olhos antes de tomar uma decisão. Eu concordei.
Sob a protecção das Nações Unidas, visitei Jerusalém e Belém. Nada podia ter-me preparado para aquilo que vi nesse dia. O muro é um edifício revoltante. Ele é policiado por jovens soldados israelitas que me trataram, observador casual de um outro mundo, com uma agressão cheia de desprezo. Se foi assim comigo, um estrangeiro, imaginem o que deve ser com os palestinianos, com os subproletários, com os portadores de autorizações. Soube então que a minha consciência não me permitiria afastar-me desse muro, do destino dos palestinianos que conheci, pessoas cujas vidas são esmagadas diariamente de mil e uma maneiras pela ocupação de Israel. Em solidariedade, e de alguma forma por impotência, escrevi no muro, naquele dia: “Não precisamos do controlo das ideias”.
Realizando nesse momento que a minha presença num palco de Telavive iria legitimar involuntariamente a opressão que eu estava a testemunhar, cancelei o meu concerto no estádio de futebol de Telavive e mudei-o para Neve Shalom, uma comunidade agrícola dedicada a criar pintainhos e também, admiravelmente, à cooperação entre pessoas de crenças diferentes, onde muçulmanos, cristãos e judeus vivem e trabalham lado a lado em harmonia.
Contra todas as expectativas, ele tornou-se no maior evento musical da curta história de Israel. 60.000 fãs lutaram contra engarrafamentos de trânsito para assistir. Foi extraordinariamente comovente para mim e para a minha banda e, no fim do concerto, fui levado a exortar os jovens que ali estavam agrupados a exigirem ao seu governo que tentasse chegar à paz com os seus vizinhos e que respeitasse os direitos civis dos palestinianos que vivem em Israel.
Infelizmente, nos anos que se seguiram, o governo israelita não fez nenhuma tentativa para implementar legislação que garanta aos árabes israelitas direitos civis iguais aos que têm os judeus israelitas, e o muro cresceu, inexoravelmente, anexando cada vez mais da faixa ocidental.
Aprendi nesse dia de 2006 em Belém alguma coisa do que significa viver sob ocupação, encarcerado por trás de um muro. Significa que um agricultor palestiniano tem de ver oliveiras centenárias ser arrancadas. Significa que um estudante palestiniano não pode ir para a escola porque o checkpoint está fechado. Significa que uma mulher pode dar à luz num carro, porque o soldado não a deixará passar até ao hospital que está a dez minutos de estrada. Significa que um artista palestiniano não pode viajar ao estrangeiro para exibir o seu trabalho ou para mostrar um filme num festival internacional.
Para a população de Gaza, fechada numa prisão virtual por trás do muro do bloqueio ilegal de Israel, significa outra série de injustiças. Significa que as crianças vão para a cama com fome, muitas delas malnutridas cronicamente. Significa que pais e mães, impedidos de trabalhar numa economia dizimada, não têm meios de sustentar as suas famílias. Significa que estudantes universitários com bolsas para estudar no estrangeiro têm de ver uma oportunidade escapar porque não são autorizados a viajar.
Na minha opinião, o controlo repugnante e draconiano que Israel exerce sobre os palestinianos de Gaza cercados e os palestinianos da Cisjordânia ocupada (incluindo Jerusalém oriental), assim como a sua negação dos direitos dos refugiados de regressar às suas casas em Israel, exige que as pessoas com sentido de justiça em todo o mundo apoiem os palestinianos na sua resistência civil, não violenta.
Onde os governos se recusam a actuar, as pessoas devem fazê-lo, com os meios pacíficos que tiverem à sua disposição. Para alguns, isto significou juntar-se à Marcha da Liberdade de Gaza; para outros, isto significou juntar-se à flotilha humanitária que tentou levar até Gaza a muito necessitada ajuda humanitária.
Para mim, isso significa declarar a minha intenção de me manter solidário, não só com o povo da Palestina, mas também com os muitos milhares de israelitas que discordam das políticas racistas e coloniais dos seus governos, juntando-me à campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra Israel, até que este satisfaça três direitos humanos básicos exigidos na lei internacional.
1. Pondo fim à ocupação e à colonização de todas as terras árabes [ocupadas desde 1967] e desmantelando o muro;
2. Reconhecendo os direitos fundamentais dos cidadãos árabo-palestinianos de Israel em plena igualdade; e
3. Respeitando, protegendo e promovendo os direitos dos refugiados palestinianos de regressar às suas casas e propriedades como estipulado na resolução 194 das NU.
A minha convicção nasceu da ideia de que todas as pessoas merecem direitos humanos básicos. A minha posição não é antisemita. Isto não é um ataque ao povo de Israel. Isto é, no entanto, um apelo aos meus colegas da indústria da música e também a artistas de outras áreas para que se juntem ao boicote cultural.
Os artistas tiveram razão de recusar-se a actuar na estação de Sun City na África do Sul até que o apartheid caísse e que brancos e negros gozassem dos mesmos direitos. E nós temos razão de recusar actuar em Israel até que venha o dia – e esse dia virá seguramente – em que o muro da ocupação caia e os palestinianos vivam ao lado dos israelitas em paz, liberdade, justiça e dignidade, que todos eles merecem.
AI, OS MERCADOS!
A margem de erro é nula
Portugal está sob ameaça dos mercados e enfrenta semana de todos os riscos
07.03.2011 - 07:17 Por Sérgio Aníbal
1 de 11 notícias em Economia
seguinte »Desde que, no início de 2010, começou a crise da dívida soberana do euro, o Governo português não tem tido semanas fáceis. Mas a que agora começa promete ser particularmente difícil.
José Sócrates com Angela Merkel em Berlim, no dia 2 de Março
(John MacDougall/AFP)
Nos últimos meses, descidas de rating, contágio de outros países, sinais de abrandamento da economia, indecisões dos líderes políticos europeus, tudo tem contribuído para que se mantenha, praticamente sem tempo para descanso, a pressão constante dos mercados sobre Portugal e a sua dívida pública. O problema é que todos estes ingredientes poderão estar presentes, em simultâneo, durante os próximos dias, fazendo desta semana, uma autêntica semana de todos os riscos.
A começar, logo em primeiro lugar, pelo que aconteceu no final da semana passada, ou seja, o pré-anúncio de uma subida de taxas na zona euro feito na passada quinta-feira por Jean-Claude Trichet, o presidente do BCE. Na sexta-feira, os mercados já reagiram a esta notícia - que pode tornar ainda mais difícil aos países periféricos da Europa escaparem a uma recessão - com uma subida das taxas de juro das obrigações. Durante a semana que agora começa, este fantasma deverá continuar a estar presente na mente dos investidores. David Owen, um analista na firma de investimento da Citi, Jefferies International, afirmava sexta-feira à Bloomberg que um cenário de subida das taxas de juro do BCE tornava quase certa a necessidade de Portugal ter de vir a recorrer ao fundo de emergência europeu.
Depois, a partir de quarta-feira, logo a seguir ao Carnaval, tem início uma série de acontecimentos que podem, em maior ou menor grau, ser motivo de preocupação dos investidores, provocando por isso mais instabilidade nos mercados.
Logo nesse dia, o Estado português realiza mais uma emissão de dívida pública a médio prazo. Serão colocadas obrigações de Tesouro com amortização agendada para daqui a dois anos e meio, num valor que o Instituto de Gestão da Tesouraria e do crédito Público pretende que esteja situado entre 750 e 1000 milhões de euros. Será mais um teste à capacidade de Portugal para conseguir angariar investidores que queiram emprestar-lhe dinheiro, principalmente a prazos mais longos.
Até agora, o país tem conseguido encontrar procura para as suas emissões de dívida, mas à custa de taxas de juro progressivamente mais altas. Vários analistas questionam a sustentabilidade de uma estratégia orçamental que tem de suportar custos de financiamento tão elevados.
Política, em casa e na UE
Também quarta-feira, Cavaco Silva toma posse, um momento para relembrar que a estabilidade política em Portugal está longe de estar assegurada. Esse momento, em combinação com uma moção de censura ao Governo condenada ao fracasso no dia seguinte, deverá ser seguido com atenção por aqueles que temem que, a uma crise orçamental e económica, Portugal possa ainda juntar uma grave crise política. Em particular, todos os sinais dados pelo presidente da República e pelo maior partido da oposição vão estar, durante estas semana, sob os radares dos mercados.
Mas é na sexta-feira que chega o momento mais decisivo, a realização da cimeira extraordinária de chefes de Estado da zona euro em Bruxelas. O encontro destina-se a que a Europa encontre uma solução institucional que garanta que os países em dificuldades consigam, com menos problemas, recorrer às fontes de financiamento necessárias até ultrapassarem a crise. O problema é que o entendimento ainda não está alcançado. E uma coisa é certa, qualquer sinal - no dia da cimeira ou em dias anteriores - de que uma solução poderá não ser encontrada será motivo para os mercados penalizarem fortemente os países que são considerados como aqueles que mais precisam de ajuda. Nesse aspecto, Portugal continua na linha da frente.
Em ocasiões anteriores, as indecisões de política europeia foram motivo para reacções bruscas dos mercados. Em Maio de 2010, nas vésperas de um encontro de líderes europeus destinado a acertar o pacote de ajuda para a Grécia, os rumores de desentendimento levaram as taxas de juros da dívida pública portuguesa, irlandesa e espanhola a dispararem, forçando a UE a tomar decisões sob pressão.
Sócrates e Teixeira dos Santos têm repetido nos últimos dias a ideia de que é preciso uma solução europeia para que a pressão sobre Portugal se reduza, parecendo temer que algo de semelhante ao que aconteceu na cimeira de Maio aconteça agora.
Desconfiança permanece
Para tentar sobreviver a esta semana de todos os riscos, o Governo não está a poupar esforços para tentar dar todas as boas notícias que pode aos mercados e aos seus parceiros europeus. Logo nos primeiros dias deste mês, deu a conhecer números preliminares da execução orçamental de Fevereiro que apontam para uma redução da despesa face ao ano anterior. Sócrates levou estes números a Berlim como forma de tentar convencer Angela Merkel de que os esforços de consolidação estão a dar resultado.
De igual modo, no final da semana passada, o Governo decidiu pedir a sindicatos e patrões que assinassem um documento em que se comprometem a continuar as negociações destinadas a promover reformas no mercado de trabalho, uma das exigências mais repetidas pelos seus parceiros europeus. O compromisso dos parceiros sociais será levado por Sócrates a Bruxelas.
Para já, este tipo de boas notícias não tem sido suficiente para eliminar as desconfianças. As taxas de juro das obrigações de tesouro começam a semana coladas aos máximos. As agências de rating continuam a ameaçar com novos cortes na classificação atribuída a Portugal (avisando mesmo que este acontecerá quer não haja acordo na UE, quer haja um acordo que não satisfaça os investidores). E os próprios responsáveis europeus continuam a ter dúvidas em relação a Portugal. Ontem, Klaus Regling, o presidente do fundo de resgate europeu, disse que não esperava ter que dar mais ajuda a nenhum outro país da zona euro. Mas logo a seguir fez uma distinção entre Espanha e Portugal. "Já não vejo qualquer necessidade de ajudar a Espanha", disse, acrescentando que "Portugal ainda tem que fazer algum trabalho". Todas estas desconfianças fazem com que, para Portugal, não haja espaço de manobra para que, numa semana com tantos riscos, alguma coisa corra mal.
www.publico.clix.pt
Portugal está sob ameaça dos mercados e enfrenta semana de todos os riscos
07.03.2011 - 07:17 Por Sérgio Aníbal
1 de 11 notícias em Economia
seguinte »Desde que, no início de 2010, começou a crise da dívida soberana do euro, o Governo português não tem tido semanas fáceis. Mas a que agora começa promete ser particularmente difícil.
José Sócrates com Angela Merkel em Berlim, no dia 2 de Março
(John MacDougall/AFP)
Nos últimos meses, descidas de rating, contágio de outros países, sinais de abrandamento da economia, indecisões dos líderes políticos europeus, tudo tem contribuído para que se mantenha, praticamente sem tempo para descanso, a pressão constante dos mercados sobre Portugal e a sua dívida pública. O problema é que todos estes ingredientes poderão estar presentes, em simultâneo, durante os próximos dias, fazendo desta semana, uma autêntica semana de todos os riscos.
A começar, logo em primeiro lugar, pelo que aconteceu no final da semana passada, ou seja, o pré-anúncio de uma subida de taxas na zona euro feito na passada quinta-feira por Jean-Claude Trichet, o presidente do BCE. Na sexta-feira, os mercados já reagiram a esta notícia - que pode tornar ainda mais difícil aos países periféricos da Europa escaparem a uma recessão - com uma subida das taxas de juro das obrigações. Durante a semana que agora começa, este fantasma deverá continuar a estar presente na mente dos investidores. David Owen, um analista na firma de investimento da Citi, Jefferies International, afirmava sexta-feira à Bloomberg que um cenário de subida das taxas de juro do BCE tornava quase certa a necessidade de Portugal ter de vir a recorrer ao fundo de emergência europeu.
Depois, a partir de quarta-feira, logo a seguir ao Carnaval, tem início uma série de acontecimentos que podem, em maior ou menor grau, ser motivo de preocupação dos investidores, provocando por isso mais instabilidade nos mercados.
Logo nesse dia, o Estado português realiza mais uma emissão de dívida pública a médio prazo. Serão colocadas obrigações de Tesouro com amortização agendada para daqui a dois anos e meio, num valor que o Instituto de Gestão da Tesouraria e do crédito Público pretende que esteja situado entre 750 e 1000 milhões de euros. Será mais um teste à capacidade de Portugal para conseguir angariar investidores que queiram emprestar-lhe dinheiro, principalmente a prazos mais longos.
Até agora, o país tem conseguido encontrar procura para as suas emissões de dívida, mas à custa de taxas de juro progressivamente mais altas. Vários analistas questionam a sustentabilidade de uma estratégia orçamental que tem de suportar custos de financiamento tão elevados.
Política, em casa e na UE
Também quarta-feira, Cavaco Silva toma posse, um momento para relembrar que a estabilidade política em Portugal está longe de estar assegurada. Esse momento, em combinação com uma moção de censura ao Governo condenada ao fracasso no dia seguinte, deverá ser seguido com atenção por aqueles que temem que, a uma crise orçamental e económica, Portugal possa ainda juntar uma grave crise política. Em particular, todos os sinais dados pelo presidente da República e pelo maior partido da oposição vão estar, durante estas semana, sob os radares dos mercados.
Mas é na sexta-feira que chega o momento mais decisivo, a realização da cimeira extraordinária de chefes de Estado da zona euro em Bruxelas. O encontro destina-se a que a Europa encontre uma solução institucional que garanta que os países em dificuldades consigam, com menos problemas, recorrer às fontes de financiamento necessárias até ultrapassarem a crise. O problema é que o entendimento ainda não está alcançado. E uma coisa é certa, qualquer sinal - no dia da cimeira ou em dias anteriores - de que uma solução poderá não ser encontrada será motivo para os mercados penalizarem fortemente os países que são considerados como aqueles que mais precisam de ajuda. Nesse aspecto, Portugal continua na linha da frente.
Em ocasiões anteriores, as indecisões de política europeia foram motivo para reacções bruscas dos mercados. Em Maio de 2010, nas vésperas de um encontro de líderes europeus destinado a acertar o pacote de ajuda para a Grécia, os rumores de desentendimento levaram as taxas de juros da dívida pública portuguesa, irlandesa e espanhola a dispararem, forçando a UE a tomar decisões sob pressão.
Sócrates e Teixeira dos Santos têm repetido nos últimos dias a ideia de que é preciso uma solução europeia para que a pressão sobre Portugal se reduza, parecendo temer que algo de semelhante ao que aconteceu na cimeira de Maio aconteça agora.
Desconfiança permanece
Para tentar sobreviver a esta semana de todos os riscos, o Governo não está a poupar esforços para tentar dar todas as boas notícias que pode aos mercados e aos seus parceiros europeus. Logo nos primeiros dias deste mês, deu a conhecer números preliminares da execução orçamental de Fevereiro que apontam para uma redução da despesa face ao ano anterior. Sócrates levou estes números a Berlim como forma de tentar convencer Angela Merkel de que os esforços de consolidação estão a dar resultado.
De igual modo, no final da semana passada, o Governo decidiu pedir a sindicatos e patrões que assinassem um documento em que se comprometem a continuar as negociações destinadas a promover reformas no mercado de trabalho, uma das exigências mais repetidas pelos seus parceiros europeus. O compromisso dos parceiros sociais será levado por Sócrates a Bruxelas.
Para já, este tipo de boas notícias não tem sido suficiente para eliminar as desconfianças. As taxas de juro das obrigações de tesouro começam a semana coladas aos máximos. As agências de rating continuam a ameaçar com novos cortes na classificação atribuída a Portugal (avisando mesmo que este acontecerá quer não haja acordo na UE, quer haja um acordo que não satisfaça os investidores). E os próprios responsáveis europeus continuam a ter dúvidas em relação a Portugal. Ontem, Klaus Regling, o presidente do fundo de resgate europeu, disse que não esperava ter que dar mais ajuda a nenhum outro país da zona euro. Mas logo a seguir fez uma distinção entre Espanha e Portugal. "Já não vejo qualquer necessidade de ajudar a Espanha", disse, acrescentando que "Portugal ainda tem que fazer algum trabalho". Todas estas desconfianças fazem com que, para Portugal, não haja espaço de manobra para que, numa semana com tantos riscos, alguma coisa corra mal.
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domingo, 6 de março de 2011
ALGO ESTÁ MESMO A MUDAR TAMBÉM NESTE PAÍS
Votos do “povo” dão vitória aos Homens da Luta no Festival RTP da Canção
06.03.2011 - 12:42 Por Hugo Torres
Os Homens da Luta vão a Düsseldorf, na Alemanha, cantar “contra a reacção”. O “povo” que assistiu de casa ao Festival RTP da Canção escolheu Luta é alegria para representar Portugal na primeira semifinal do Festival da Eurovisão, a 10 de Maio. Os votos por telefone contrariaram o júri e quem estava no Teatro Camões.
Homens da Luta vão cantar à Alemanha “contra a reacção” (Foto: João Cortesão/nFactos/arquivo)
São os barcos de Lisboa, canção de Carlos Massa interpretada por Nuno Norte, seria a vencedora da noite, se a decisão coubesse apenas aos jurados dos 18 distritos do país, e ainda dos Açores e da Madeira. No entanto, o peso da opinião dos telespectadores na escolha final (metade) foi fundamental para a vitória da dupla de humoristas.
Os Homens da Luta foram os preferidos de 26 por cento dos votantes por telefone, muito à frente de Rui Andrade, o segundo mais votado, que obteve 12 por cento. “Quero agradecer a todo o povo que votou em nós, pá. Gastou 60 cêntimos mais IVA para dar a taça aos Homens da Luta. Camaradas! A taça é do povo, pá”, atirou Jel, antes da actuação que fechou a emissão, contra as vaias da plateia.
A escolha desagradou ao público que marcou presença no Teatro Camões, em Lisboa, ontem à noite. Metade da plateia esvaziou mal os Homens da Luta foram anunciados como os representantes portugueses no Festival da Eurovisão deste ano. Os que ficaram encheram a sala com apupos, abafando as parcas palmas que se ouviram.
“Camaradas, pá, a todos aqueles que gostam muito obrigado, a todos aqueles que não gostam mais obrigado ainda, camaradas, pá! A luta é alegria, pá! É alegria, camaradas, pá! E nós vamos à Alemanha mostrar isso, que Portugal não é só fado, pá”, reagiu Jel, que dá voz aos Homens da Luta encarnando uma personagem, Neto.
Vasco Duarte, que de guitarra em punho responde pelo nome de Falâncio, também respondeu à plateia descontente com a reviravolta no resultado: “O que nos interessa sempre, camaradas, é o voto do público. E povo sabe que os Homens da Luta estão sempre com ele. Viva o povo! Vivam os Homens da Luta! Viva a luta em Portugal, camaradas!”
Os Homens da Luta exploram a música como espaço de intervenção, mas também como forma de caricaturar um anacronismo que reconhecem nessa forma de reivindicação. Atiram para os dois lados. Mas Vasco Duarte, que escreveu a letra desta canção, fez cara séria para a dedicatória: “A música dos Homens da Luta é dedicada ao povo. E àqueles que estão desempregados e passam mal no nosso país.”
Luta é alegria estava a concurso com mais 11 canções. Na Alemanha estará entre 19, na primeira noite da edição deste ano da Eurovisão. É mais uma etapa que os Homens da Luta terão de passar, se quiserem estar na final de Düsseldorf, a 14 de Maio. A segunda semifinal acontecerá a 12 do mesmo mês.
sexta-feira, 4 de março de 2011
ESCREVER
Escrever. Escrever por escrever. Escrever por ser um esctitor. Escrever para ser considerado escritor. Admirado pelos media e pelo público. Ou então, pura e simplesmente escrever. Escrever para a gaveta ou para o blogue que 4 ou 5 lêem. Permanecer no anonimato. Pura e simplesmente, escrever à mesa do café. Ser o homem à mesa. Matar o tempo com a escrita. As pessoas em redor. Os carros em frente. Escrever e estar ausente. Não ter profissão remunerada que se conheça. Escrever, simplesmente escrever. Como nos sonhos dos 16 anos. Agora melhor. Escrever pelo mundo, pela vida. Os amigos que nos falam ao telemóvel. Que ainda se lembram de nós. Escrever o livro que pensamos que responde aos enigmas do homem, que ainda está por escrever. Escrever contra os mercados e contra a bolsa. Escrever e estar aqui. Lembrar-me de ti que permaneces na escola. Escrever e fazer a hora, o agora que é estar aqui. Escrever e deixar filhos, sementes espalhadas no papel, no mundo. Escrever e ir atrás da loucura. Os amigos que fazem falta. As conversas sobre literatura. O destino do homem. Escrever e andar à solta. Percorrer os dias, vencer a amargura. Escrever e ser o sangue da Terra. Andar em guerra. Ser o escritor da demanda. Escrever e ser aquele que anda.
quinta-feira, 3 de março de 2011
NO BANCO DO JARDIM (SEM UM TOSTÃO NO BOLSO)
Andar pela cidade
sem um tostão no bolso
escrever nos bancos de jardim
como o Alba
vadiar como o Lousa
ouvir os pássaros
os velhos
permanecer na Avenida
as mulheres que passam
as crianças
de regresso da escola
a vida que todos levam
sempre ordenada
com horários
e contratos
e eu aqui
diferente do mundo
até podia pedir esmola
se não estivesse
em casa da Gotucha
mas como diz o padre Mário
não devemos pedir esmola
ela tem-nos sido roubada
tudo a que temos direito
nos tem sido roubado
pelos mercadores
pelos predadores da vida
são 5,30
e eu permaneço sentado
no banco da Avenida
uma pomba vem ter comigo
ainda me é permitido
ficar aqui
sou poeta e vadio
como Agostinho da Silva
o Teixeira Moita
que me telefona
a Isabel
que me adiciona
e eu aqui sentado
no banco da Avenida
como o Alba
como o Lousa
à espera que caim notas
do céu
para gastar em livros
e em cerveja
a "Centésima Página" em frente
está lá o "Saloon"
mas poucos o compram
ainda não sou uma estrela
mas hoje vim até à Avenida
sem um tostão no bolso
sentei-me no banco de jardim
e comecei a escrever
não estou a perturbar
a oredem pública
isso vai ser
no dia 26
nos Aliados
se houver gente
os meus pais,
sobretudo a minha mãe,
não esperava
que eu saísse assim
como o Joaquim
como o Alba
como o Lousa
nada a fazer,
minha rica,
o menino é assim
deu-lhe para a escrita
é pensamento
e passa-o para o papel
não consegue deixar de pensar
a tropa dos caloiros
e dos doutores
passa à sua frente
as crianças brincam
livres
o sino toca
o sol ainda
e eu
sem um tostão no bolso
no banco da Avenida.
Braga, 2.3.2011
sem um tostão no bolso
escrever nos bancos de jardim
como o Alba
vadiar como o Lousa
ouvir os pássaros
os velhos
permanecer na Avenida
as mulheres que passam
as crianças
de regresso da escola
a vida que todos levam
sempre ordenada
com horários
e contratos
e eu aqui
diferente do mundo
até podia pedir esmola
se não estivesse
em casa da Gotucha
mas como diz o padre Mário
não devemos pedir esmola
ela tem-nos sido roubada
tudo a que temos direito
nos tem sido roubado
pelos mercadores
pelos predadores da vida
são 5,30
e eu permaneço sentado
no banco da Avenida
uma pomba vem ter comigo
ainda me é permitido
ficar aqui
sou poeta e vadio
como Agostinho da Silva
o Teixeira Moita
que me telefona
a Isabel
que me adiciona
e eu aqui sentado
no banco da Avenida
como o Alba
como o Lousa
à espera que caim notas
do céu
para gastar em livros
e em cerveja
a "Centésima Página" em frente
está lá o "Saloon"
mas poucos o compram
ainda não sou uma estrela
mas hoje vim até à Avenida
sem um tostão no bolso
sentei-me no banco de jardim
e comecei a escrever
não estou a perturbar
a oredem pública
isso vai ser
no dia 26
nos Aliados
se houver gente
os meus pais,
sobretudo a minha mãe,
não esperava
que eu saísse assim
como o Joaquim
como o Alba
como o Lousa
nada a fazer,
minha rica,
o menino é assim
deu-lhe para a escrita
é pensamento
e passa-o para o papel
não consegue deixar de pensar
a tropa dos caloiros
e dos doutores
passa à sua frente
as crianças brincam
livres
o sino toca
o sol ainda
e eu
sem um tostão no bolso
no banco da Avenida.
Braga, 2.3.2011
quarta-feira, 2 de março de 2011
GRAÇA
Dar à luz o poema
como as mães
parem os filhos
ser eu próprio Deus
a Criação, a alegria
acordar de madrugada
andar pela cidade
celebrar o dia
voltar à criança
à terra
a Zaratustra
dançar na abundância
no sol
no coração
na ternura
eterno retorno
graça
sabedoria.
Braga, 2.3.2011
como as mães
parem os filhos
ser eu próprio Deus
a Criação, a alegria
acordar de madrugada
andar pela cidade
celebrar o dia
voltar à criança
à terra
a Zaratustra
dançar na abundância
no sol
no coração
na ternura
eterno retorno
graça
sabedoria.
Braga, 2.3.2011
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