domingo, 27 de março de 2011

REVOLTA EM LONDRES


Manifestação poderá ser a maior desde protestos contra guerra no Iraque em 2003
Londres: Meio milhão de manifestantes saiu à rua para protestar contra medidas de austeridade
26.03.2011 - 13:10 Por Luísa Teixeira da Mota

Centenas de milhares de pessoas desfilaram em Londres para protestar as medidas de austeridade do Governo. Os números variam bastante, mas cerca de meio milhão de pessoas terá participado na manifestação, que teve confrontos com a polícia e destruição de lojas no centro da cidade.
A polícia é alvo de ataques com tinta dos manifestantes (Foto: Paul Hackett/Reuters)

« anterior123456789seguinte »
Desde estudantes a pensionistas, passando por trabalhadores do sector público, todos se juntam para criticar os cortes apresentados pelo Governo de coligação britânico para diminuir o défice. A manifestação, marcada desde Outubro, acontece três dias depois de ter sido apresentado o orçamento de 2011 e é chamada “Marcha pela Alternativa”.


Mais de 800 autocarros e pelo menos dez comboios foram reservados para trazer pessoas de todo o país até à capital pela federação de sindicatos britânica que organizou a manifestação, a Trades Union Congress.

Mas, apesar de anunciada como uma marcha pacífica, foram registados conflitos entre polícia e manifestantes. Foram atiradas garrafas e tintas para várias montras de lojas em Oxford Street, como a Top Shop, cujo proprietário é acusado de fugir aos impostos, bem como o hotel Ritz, as vitrines dos
bancos Santander e Lloyds, bem como um stand da Porsche. A montra de um café “Starbucks” foi também atingida e os manifestantes pintaram símbolos de anarquia nas paredes.

O ministro da Educação, Michael Gove, disse à BBC que compreendia que as pessoas estivessem aborrecidas e preocupadas, mas que o Governo - uma coligação entre conservadores e liberais democratas - estava perante uma tal situação económica que era obrigado a tomar medidas para que as finanças públicas pudessem regressar a um equilíbrio.

“Não acabem com a Grã-Bretanha”; “não aos cortes”, “defendamos os nossos serviços públicos”, são alguns dos slogans que entoam os manifestantes, empunhando cartazes.

O líder da oposição trabalhista, Ed Miliband, que acusa o Governo de fomentar “políticas de divisão” que relembram os anos 80 de Margaret Thatcher, condenou a violence, mas defendeu a grande maioria dos manifestantes, que disse defenderem a visão da grande maioria do Reino Unido.

Antes, tinha discursado aos manifestantes, naquela que foi a sua maior audiência de sempre. "Lutamos para preservar, proteger e defender os nossos serviços, porque representam o melhor do país que amamamos", declarou, em Hyde Park.

Miliband pediu ainda ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, que olhasse para a "grande sociedade" que saía à rua para protestar contra a política do Governo conservador.

"Uma grande sociedade unida contra o que o Governo está a fazer ao país. Hoje comparecemos não como uma minoria, mas como a voz da maioria popular deste país", acrescentou o líder da oposição.

De acordo com uma sondagem levada a cabo pelo jornal "The Guardian" e pela ICM, a população britânica está dividida no que toca aos cortes: em 1014 pessoas inquiridas, 35 por cento acredita que vão longe demais; 28 por cento entende que são os necessários; 29 por cento diz que não suficientes; e 8 por cento diz não ter opinião.

Mas de acordo com uma outra sondagem publicada na sexta-feira, parece haver unanimidade no que toca à hostilidade às medidas do Governo: 64 por cento dos inquiridos entende que o Executivo deve rever a sua política de austeridade.


www.publico.clix.pt

Sem comentários: