segunda-feira, 30 de novembro de 2009
domingo, 29 de novembro de 2009
BEBES E ENVENENAS-TE
Bebes e envenenas-te
cumpres as horas
no café central
falta-te alguém
com quem falar
com quem manter
uma conversa
se tivesses ido ao Porto
ao café filosófico
não terias esse problema
mas não quiseste ir
não foste
não quiseste apanhar chuva
e agora eis-te aqui
sem ninguém com quem falar
só um ou dois conhecidos
nem o barbeiro nem a D. Rosa
e como tens dinheiro
envenenas-te
já fizeste as leituras de hoje
acabaste o Sade e o Ginsberg
interrompeste o padre Mário
não se passa nada
aqui no café central
nem te apetece ir para casa
o dia já vai longo
começou de manhã
e não há grande coisa a dizer
só tédio e televisão
bebes e envenenas-te
a barriga inchada
como nunca
a vida sem leitura
é uma seca
e não há gajas para micar.
ÀGUA DAS PEDRAS
Ando a àgua das pedras
tenho bebido muito
só ontem foram nove
antes do jantar
na sexta
até deitei cerveja fora
naquele intervalo
entre o metro das 0,30
e o das seis da manhã
são horas que tenho de preencher
queimei o dinheiro todo
das minis do "77"
à burguesia das galerias
com incursões ao "Piolho"
e ao "Pipa Velha"
e o grande final
no "Big Ben"
à conversa com um travesti
cheio de humanidade
ando a àgua das pedras
saí de casa de manhã
normalmente só saio de manhã
para ir ao médico
ou se rebentar uma revolução
ontem o "Púcaros" apareceu na TVI
e eu não estava lá
acabei agora mesmo de ler o marquês
que comprei no "Gato Vadio"
entre o vício e a virtude
a hipocrisia dos magistrados
dos senhores da lei e do poder
tenho de cortar na bebida
além do fígado
estou a ficar sem cacau
os enjoos são frequentes
um gajo perde o pedal
agora até durmo
com um aparelho
por causa da apneia
durmo melhor
por isso me levanto tão cedo
vejo os misseiros da manhã
aqui no "Natural"
não se está nada mal
o gerente também é daqueles
que se quer dar com toda a gente
parece um lacaio do Senhor
um adepto dessas seitas
que dizem que "Deus é Amor"
a mim saúda-me
porque não sabe
das minhas actividades subversivas
das minhas curvas
ultimamente nem tenho feito nada de mais
limito-me a beber e a olhar para os outros
a analisar in loco a sociedade consumista
até parece que voltámos à Idade Média
dou uma moeda de dois ao mendigo
e pressinto o Santo Graal
talvez esteja finalmente no meu tempo
na Era do Espírito
e eu sou um dos eleitos
um daqueles que fala
à multidão.
"Natural", 29.11.2009
XENOFOBIA NA SUIÇA
A Suíça aprovou hoje, por mais de 57 por cento, os apelos da extrema-direita a que seja proibida a construção de novos minaretes no país, indicam os resultados oficiais do referendo efectuado nos 26 cantões.Dario Bianchi/REUTERS
Há alguns dias, só 37 por cento das pessoas consultadas pela televisão DRS se diziam dispostas a apoiar a proibição
O maior partido nacional, o Partido do Povo da Suíça (SVP, segundo as iniciais em alemão), alega que os minaretes ou torres erguidos no topo dos templos muçulmanos são um símbolo do islão militante.
O SVP, que é contra a forte imigração existente neste país europeu de 7,6 milhões de habitantes, crê que as torres a partir das quais os crentes são normalmente chamados à oração, nos países muçulmanos, representam uma reivindicação político-religiosa de se alcançar mais poder.
No entanto, das 180 mesquitas existentes na Suíça, para servir uma comunidade de 400.000 muçulmanos, só quatro é que têm minaretes; e nenhum deles está a ser actualmente utilizado para o apelo à oração.
Alguns dias antes desta ida às urnas, apenas 37 por cento das pessoas consultadas pela televisão estatal DRS se diziam dispostas a apoiar a proibição dos minaretes.
Os primeiros resultados vão no sentido de que a votação favorável às pretensões da extrema-direita foi essencialmente nos cantões de língua alemã, enquanto nos de língua francesa se votou preferencialmente contra.
O Governo de Berna pedira à população que votasse contra a proposta apresentada, pois que isso causaria “incompreensão no estrangeiro e prejudicaria a imagem da Suíça”.
Há alguns dias, só 37 por cento das pessoas consultadas pela televisão DRS se diziam dispostas a apoiar a proibição
O maior partido nacional, o Partido do Povo da Suíça (SVP, segundo as iniciais em alemão), alega que os minaretes ou torres erguidos no topo dos templos muçulmanos são um símbolo do islão militante.
O SVP, que é contra a forte imigração existente neste país europeu de 7,6 milhões de habitantes, crê que as torres a partir das quais os crentes são normalmente chamados à oração, nos países muçulmanos, representam uma reivindicação político-religiosa de se alcançar mais poder.
No entanto, das 180 mesquitas existentes na Suíça, para servir uma comunidade de 400.000 muçulmanos, só quatro é que têm minaretes; e nenhum deles está a ser actualmente utilizado para o apelo à oração.
Alguns dias antes desta ida às urnas, apenas 37 por cento das pessoas consultadas pela televisão estatal DRS se diziam dispostas a apoiar a proibição dos minaretes.
Os primeiros resultados vão no sentido de que a votação favorável às pretensões da extrema-direita foi essencialmente nos cantões de língua alemã, enquanto nos de língua francesa se votou preferencialmente contra.
O Governo de Berna pedira à população que votasse contra a proposta apresentada, pois que isso causaria “incompreensão no estrangeiro e prejudicaria a imagem da Suíça”.
QUANDO GINSBERG TE SOBE À CABEÇA
Quando Ginsberg
te sobe à cabeça
e estás no café central
de Vilar do Pinheiro
a beber cerveja
e agora até olham para ti
como se fosses
uma celebridade
com vários livros
em cima da mesa
Ginsberg, Sade,
"Literatura Marginalizada"
de Arnaldo Saraiva,
a revista Cráse do Nuno Brito
e uns escritos
do amigo Cláudio Mur
são 6,30
já é noite
e o dia a começar
já li o "Jornal de Notícias"
já me informei acerca
da derrota do Sócrates
no Parlamento
interrompi a leitura do Ginsberg
já me deu a volta à cabeça
outra vez
muito mais que o filme rasca
e adolescente
que passa na TV
e que ninguém vê
vou fazer como ontem
vou andar de tasco em tasco
à deriva
como os situacionistas
e que se foda a chuva!
Não somos daqueles
merdosos com medo de tudo
não há gajas em Vilar do Pinheiro
só as empregadas do café
aqui as gajas não saem à rua
ficam em casa a masturbar-se
mais logo vem o Sporting-Benfica
disso depende o futuro da humanidade
de resto, só se vêem velhotes
a dormir em frente ao jornal
alguns falam
trocam impressões
acerca da chuva
e Ginsberg
sobe-me à cabeça
no café central.
ESPERO POR TI, GORETI-2
Espero por ti, Goreti
e ainda há gajos que dão
as boas noites
a toda a gente
que se armam
em presidente
e o Sócrates
e o Vara
e o Godinho
são todos um docinho
deviam ir todos presos
apesar do Reinaldo
e dos indefesos
ide todos dar uma volta
o homem controla
e ordena
e isto está uma bruta seca
espero por ti, Goreti
e vou ter de pedir mais cerveja
é mais forte do que eu
estes gajos fazem-me a cama
e só me pedem cartão
e eu vou até
ao fim do filão
este pessoal dos bares
desconhece o "Big Ben"
fica mesmo junto à estação
não há que enganar
está tudo fodido
mas é o que está a dar
espero por ti, Goreti
e aparecem gajas
para um gajo olhar
não são grande coisa
até vou mijar
espero por ti, Goreti
e até dou espectáculo
faço piruetas
equilibrismo
e até nem fui dançar
as putas falam comigo
mas eu já gastei o cacau
sou o maior
sou um carapau
espero por ti, Goreti
e nunca escrevi como hoje
se me tivesses ligado
era outra dose
espero por ti, Goreti,
não sou o Pablo Neruda
sou mais como o Ginsberg
levo tudo à bruta
espero por ti, Goreti
e esta merda não muda
um gajo bem diz umas coisas
mas a gaja é surda
espero por ti, Goreti
e não se passa nada
o cabrão fala, fala
e nunca mais é
de madrugada
o gerente inteligente
mas põe-me doente
e anda tudo com
um sorriso "pepsodent"
espero por ti, Goreti
e isto nunca mais acaba
o relógio não avança
e não se passa nada
ninguém fala do Sócrates
nem do Vara
anda tudo de tola avariada
espero por ti, Goreti
e sabes que te espero
e sabes que te quero
até ao fim.
Porto, "Big Ben", Novembro de 2009.
e ainda há gajos que dão
as boas noites
a toda a gente
que se armam
em presidente
e o Sócrates
e o Vara
e o Godinho
são todos um docinho
deviam ir todos presos
apesar do Reinaldo
e dos indefesos
ide todos dar uma volta
o homem controla
e ordena
e isto está uma bruta seca
espero por ti, Goreti
e vou ter de pedir mais cerveja
é mais forte do que eu
estes gajos fazem-me a cama
e só me pedem cartão
e eu vou até
ao fim do filão
este pessoal dos bares
desconhece o "Big Ben"
fica mesmo junto à estação
não há que enganar
está tudo fodido
mas é o que está a dar
espero por ti, Goreti
e aparecem gajas
para um gajo olhar
não são grande coisa
até vou mijar
espero por ti, Goreti
e até dou espectáculo
faço piruetas
equilibrismo
e até nem fui dançar
as putas falam comigo
mas eu já gastei o cacau
sou o maior
sou um carapau
espero por ti, Goreti
e nunca escrevi como hoje
se me tivesses ligado
era outra dose
espero por ti, Goreti,
não sou o Pablo Neruda
sou mais como o Ginsberg
levo tudo à bruta
espero por ti, Goreti
e esta merda não muda
um gajo bem diz umas coisas
mas a gaja é surda
espero por ti, Goreti
e não se passa nada
o cabrão fala, fala
e nunca mais é
de madrugada
o gerente inteligente
mas põe-me doente
e anda tudo com
um sorriso "pepsodent"
espero por ti, Goreti
e isto nunca mais acaba
o relógio não avança
e não se passa nada
ninguém fala do Sócrates
nem do Vara
anda tudo de tola avariada
espero por ti, Goreti
e sabes que te espero
e sabes que te quero
até ao fim.
Porto, "Big Ben", Novembro de 2009.
sábado, 28 de novembro de 2009
ESPERO POR TI, GORETI
Espero por ti, Goreti
às quatro da manhã no "Big Ben"
espero por ti, Goreti
apesar de saber que estás na Madeira
a mares de mim
a mares das àguas
que bebo aqui
espero por ti, Goreti
no meio da fala da puta
da puta que fala
e dos chulos que se amontoam
em redor
espero por ti, Goreti
apesar de ter gasto o cacau todo
nos bares das redondezas
depois da entrevista na Rádio Casa Viva
depois da Idade Média
no "Armazém do Chá"
e dos outros sítios da moda
onde um gajo se sente como o Lou Reed
Take a walk on the wild side
espero por ti, Goreti
porque hoje até vi o Santo Graal
no "Piolho"
e dei dois euros ao mendigo
espero por ti, Goreti
no meio dos rufias da noite
após uma hora de conversa
com o Zé Pacheco
o escultor
que me passou três euros para a mão
sem eu lhe pedir nada
e a puta que fala
e não se cala
já as conheces há 2000 anos
e continuas a andar
a entrar nas casas
como entravas
e a puta que beija
e a puta que vai
e o empregado
que fala nos quintos do inferno
e até já me sinto nas minhas quintas
e até já volto a pedir cerveja
sou a estrela
e a barriga enche
e o Adriano goza
e o marquês de Sade
já ninguém se escandaliza
mal sabem elas
as palavras do divino
espero por ti, Goreti
e ando a estoirar o dinheiro
do Campo Alegre
assim
como se fosse nada
e a puta fala
e a outra puta não vem
não há aqui
estrelas do rock n' roll
só o gajo
a escrever à mesa
e o pessoal que fala
como a puta
de boina
brasileira
que bebe
e já não saca
mas dá lições de moral
à clientela
e que se vai
e nos deixa sós
com umas estranjas insossas
espero por ti, Goreti
e inauguro o caderno
e sinto-me como Allen Ginsberg
sabes, tens razão
há pessoas que não valem mesmo nada
e o Socrates hoje até foi derrotado
na Assembleia da República
e os gajos só falam
da pen e das gigas
e já não há putas
nem travestis
para animar esta merda
resta-me esperar pelo metro
e aturar estes matrecos
que não dizem
a ponta de um corno
espero por ti, Goreti
e o "Big Ben" já não é
o que era
por todo o lado
me tratam
como ao príncipe da Baviera
já não sou o que era
quando armava confusões
e não tinha um tostão
amanhã não vou sair da aldeia
~vou dar dinheiro aos de lá
sempre é a terra do meu pai
não me fica mal
o pessoal junta-se todo nos sítios
e os outros ficam ás moscas
é tudo uma questão de moda
top-model
como tu poderias ser
e entram os freaks
e pedem sanduíches
e o rock n' roll rola
e telefonei a horas á minha mãe
agora durmo com máscara
por causa da apneia
vai-te deitar, mãe
não fiques á minha espera
que eu hoje estou no rock
andei a fazer observação participante
como se dizia na Faculdade
e já só tenho vontade
de continuar a escrever
espero por ti, Goreti
e já não há putas
no "Big Ben"
anda tudo bem comportadinho
a falar de cabos
e playstations
como o Rocha
que apareceu no "Orfeuzinho"
e me pagou o cafézinho
não suporta o Red e o Dick
mas eu não tenho preconceitos
aprendi com o Nietzsche
já o disse na entevista
espero por ti, Goreti
e a mulher e a namorada
está entretida com o computador
enquanto o gajo olha para a TVI
até parece que os gajos
me querem filmar
sou uma estrela
há gajos que me reconhecem
mas as gajas não me dão
beijos na boca
deve ser por causa da barriga
é por causa dos fritos
e do pão
a cerveja já não conta
até a deito fora
a partir de certa hora
é veneno
mas juro que no "Piolho"
bebi o Graal
estava a micar uma gaja
que estava a escrever
eu conheço-a
não sei de onde
até ensaiei em Vila do Conde
na praia
onde há gajos a pescar
não sei o quê
vá-se lá perceber o homem
às quatro da manhã no "Big Ben"
espero por ti, Goreti
apesar de saber que estás na Madeira
a mares de mim
a mares das àguas
que bebo aqui
espero por ti, Goreti
no meio da fala da puta
da puta que fala
e dos chulos que se amontoam
em redor
espero por ti, Goreti
apesar de ter gasto o cacau todo
nos bares das redondezas
depois da entrevista na Rádio Casa Viva
depois da Idade Média
no "Armazém do Chá"
e dos outros sítios da moda
onde um gajo se sente como o Lou Reed
Take a walk on the wild side
espero por ti, Goreti
porque hoje até vi o Santo Graal
no "Piolho"
e dei dois euros ao mendigo
espero por ti, Goreti
no meio dos rufias da noite
após uma hora de conversa
com o Zé Pacheco
o escultor
que me passou três euros para a mão
sem eu lhe pedir nada
e a puta que fala
e não se cala
já as conheces há 2000 anos
e continuas a andar
a entrar nas casas
como entravas
e a puta que beija
e a puta que vai
e o empregado
que fala nos quintos do inferno
e até já me sinto nas minhas quintas
e até já volto a pedir cerveja
sou a estrela
e a barriga enche
e o Adriano goza
e o marquês de Sade
já ninguém se escandaliza
mal sabem elas
as palavras do divino
espero por ti, Goreti
e ando a estoirar o dinheiro
do Campo Alegre
assim
como se fosse nada
e a puta fala
e a outra puta não vem
não há aqui
estrelas do rock n' roll
só o gajo
a escrever à mesa
e o pessoal que fala
como a puta
de boina
brasileira
que bebe
e já não saca
mas dá lições de moral
à clientela
e que se vai
e nos deixa sós
com umas estranjas insossas
espero por ti, Goreti
e inauguro o caderno
e sinto-me como Allen Ginsberg
sabes, tens razão
há pessoas que não valem mesmo nada
e o Socrates hoje até foi derrotado
na Assembleia da República
e os gajos só falam
da pen e das gigas
e já não há putas
nem travestis
para animar esta merda
resta-me esperar pelo metro
e aturar estes matrecos
que não dizem
a ponta de um corno
espero por ti, Goreti
e o "Big Ben" já não é
o que era
por todo o lado
me tratam
como ao príncipe da Baviera
já não sou o que era
quando armava confusões
e não tinha um tostão
amanhã não vou sair da aldeia
~vou dar dinheiro aos de lá
sempre é a terra do meu pai
não me fica mal
o pessoal junta-se todo nos sítios
e os outros ficam ás moscas
é tudo uma questão de moda
top-model
como tu poderias ser
e entram os freaks
e pedem sanduíches
e o rock n' roll rola
e telefonei a horas á minha mãe
agora durmo com máscara
por causa da apneia
vai-te deitar, mãe
não fiques á minha espera
que eu hoje estou no rock
andei a fazer observação participante
como se dizia na Faculdade
e já só tenho vontade
de continuar a escrever
espero por ti, Goreti
e já não há putas
no "Big Ben"
anda tudo bem comportadinho
a falar de cabos
e playstations
como o Rocha
que apareceu no "Orfeuzinho"
e me pagou o cafézinho
não suporta o Red e o Dick
mas eu não tenho preconceitos
aprendi com o Nietzsche
já o disse na entevista
espero por ti, Goreti
e a mulher e a namorada
está entretida com o computador
enquanto o gajo olha para a TVI
até parece que os gajos
me querem filmar
sou uma estrela
há gajos que me reconhecem
mas as gajas não me dão
beijos na boca
deve ser por causa da barriga
é por causa dos fritos
e do pão
a cerveja já não conta
até a deito fora
a partir de certa hora
é veneno
mas juro que no "Piolho"
bebi o Graal
estava a micar uma gaja
que estava a escrever
eu conheço-a
não sei de onde
até ensaiei em Vila do Conde
na praia
onde há gajos a pescar
não sei o quê
vá-se lá perceber o homem
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
MICHAEL MOORE
Os seus documentários rendem muito dinheiro aos estúdios. É por isso que o filme se chama "Capitalismo: Uma História de Amor"? O ex-seminarista tem resposta para a ironia.
Michael Moore está cansado.
Está cansado de ser a única pessoa que pode responder pelos seus filmes e de ter constantemente de se defender do que considera acusações violentas. Claro que se expõe ao enfrentar o colapso do Sistema em "Capitalismo: Uma História de Amor", a Saúde norte-americana em "Sicko" e o ex-Presidente George W. Bush em "Farenheit 9/11". Com "Capitalismo: Uma História de Amor", porém, as coisas mudaram. O público americano tem estado a apoiá-lo como nunca antes.
"Eu fazia parte de uma pequena minoria de americanos que se opunham à Guerra do Iraque. Eu não ia mudar. O país é que tinha de mudar. E mudou de tal modo que elegeu um negro para Presidente. Por isso, dêem vivas à América!"
Então Moore não deveria ter entrevistado o Presidente Obama para este filme? "Pensei nisso, mas seria outro filme. E ele está no cargo há pouco tempo, por isso dêem-lhe tempo. Tenho esperança de que vai fazer como deve ser."
Moore chorou como uma criança na noite das eleições quando alguém que ele considera um homem honesto, originário da classe trabalhadora como ele, foi eleito para o cargo mais importante da América.
"Obama foi criado por uma mãe solteira, depois pelos avós, e é um negro nos EUA. Depois de tudo isso, vai para Harvard e, a seguir, depois decide ir viver para Chicago. Podia ter-se tornado rico, mas decide viver num gueto e trabalhar com os pobres. Quem é que faz isso? Alguém com consciência, alguém com coração. Um homem que mudou o seu nome de Barry [que escolhera para se diluir no "melting pot" americano] de volta para Barack não parece ser alguém que está a planear candidatar-se a Presidente, como não o parece alguém que manteve o nome Hussein. Este tipo tem fibra, pá, e é esperto. E penso que é um jogador de basquetebol bom."
O palhaço da turma
Esta tirada é típica de Michael Moore: muita informação posta ao alcance de todos e humor no fim.
"Na escola secundária fui eleito palhaço da turma por ser capaz de fazer as pessoas partirem-se a rir. É apenas o irlandês em mim: temos uma visão negra do mundo e temos muita raiva. Alguns dos nossos melhores comediantes foram pessoas zangadas: Lenny Bruce, Richard Pryor, Groucho Marx, Charlie Chaplin. Estavam politicamente preocupados com o que estava a passar-se, e tentaram usar o humor como arma. Alguns dirão que o facto de eu adoptar esta táctica está a tornar a questão menos séria, mas, na realidade, o humor, o ridículo e a sátira, quando usados com audiências maciças, são eficazes do ponto de vista político."
A maior contradição relativa aos filmes de Moore é que eles renderam muito dinheiro aos estúdios que o apoiaram. É por isso que se chama "Capitalismo: Uma História de Amor"? "Sim, porque eu amo-os por me deixarem fazer este filme", brinca. "Podemos perguntar porque é que estas empresas dão dinheiro a um tipo que defende coisas diametralmente opostas a tudo o que eles defendem. Permitem-me fazer estes filmes porque tiro partido de uma das falhas bonitas do capitalismo: o capitalista vende-nos a corda com que se há-de enforcar se puder ganhar um dólar com isso."
Nestes 20 anos a fazer os seus documentários, nunca fez um filme com prejuízo. "Isso coloca-me numa posição desejável para os estúdios. Sou capaz de fazer um documentário por dois milhões que pode render 50 ou 70 milhões, ou, no caso de ‘Farenheit 9/11', 120 milhões, e isso apenas nos EUA. Se se acrescentar vídeos, televisões e vendas em todo o mundo, ‘Farenheit' valeu, bruto, 500 milhões de dólares. Por isso eles não se importam com o que penso. Mas tenho estado a poupar de modo a conseguir chegar ao dia em que poderei produzir os meus filmes e não ficar em dívida para com eles."
Em "Capitalismo: Um História de Amor" Moore pinta Wall Street como o grande vilão desta história.
"Nos anos 90, todos os meus amigos me diziam que investisse, não conseguiam acreditar que eu não estava a comprar acções. Disse-lhes que não queria fazer dinheiro a partir de dinheiro; quero ganhar dinheiro a partir das minhas ideias e do meu trabalho. Não quero gastar um segundo do meu dia a verificar o mercado bolsista para ver o que ganhei. No fim, eles perderam uma data de dinheiro e eu continuei, sem sobressaltos."
Cem por cento verdade
Moore orgulha-se quando salienta que abandonou a universidade e que não é um intelectual. O tipo simplório do Mid West dos seus filmes, diz, é ele próprio. É tudo verdade. E as cenas não são ensaiadas. "Em geral não tenho um guião para os meus filmes. Quero apenas ver o que acontece. A melhor matéria acontece sem estar planeada. Por exemplo, neste meu filme encontrei um miúdo que perdeu a mãe e descobriu que a Walmart [cadeia de lojas] tirou proveito da sua morte. Penso que é importante mostrar isso."
Moore refere-se a um rapaz que se viu confrontado com o aproveitamento de um "buraco" legal relativo ao seguro, chamado "Dead Peasants", o qual permite que uma empresa americana tenha seguros de vida sobre os seus trabalhadores. Era o que acontecia no caso da mãe desse rapaz e, quando ela morreu, a empresa recebeu milhões de indemnização, livre de impostos.
"Eu pesquiso e confirmo os factos minuciosamente, não só porque creio que se deve fazer assim, mas porque já fui sujeito a um escrutínio semelhante. Não posso pôr nada num filme que não seja 100 por cento verdade e confirmado por três fontes."
Mas vinte anos a andar nestas batalhas começam a ter as suas consequências. A certa altura, durante a entrevista, a agente do realizador vem discretamente por trás dele arrumar as coisas. "Não te ponhas por trás de mim, faz favor!", diz-lhe Moorre com brusquidão, claramente enervado e assustado devido a experiências anteriores - não adianta mais, refere apenas que os ataques contra ele não são apenas verbais; hoje, tem quatro guarda-costas a protegê-lo.
Como pode viver assim? Aos 55 anos, tenta tomar conta da sua vida. Está a fazer dieta, vai fazer um filme de ficção e está a levar a sério ser uma individualidade local em Traverse City, Michigan (onde vive com Kathleen Glynn, sua mulher de 18 anos, e onde gere um cinema local de filmes independentes) como cruzado global.
"Perdi trinta e um quilos desde o Natal e tenho mais trinta e seis a perder, mas estou no bom caminho. Apenas cortei algumas coisas que ninguém devia comer e exercito-me na bicicleta elíptica duas vezes por dia. E... ah, eis a coisa importante: tento dormir sete a oito horas todas as noites."
Claro que o abstémio e não fumador tem predilecção por gelados e pizzas, o que pode ter algo a ver com o seu tamanho.
"Nunca bebi álcool, não gosto do sabor. Não consumo drogas. Cresci nos anos 60 e tinha cabelo comprido e todos os meus amigos andavam pedrados. Eu ficava a assistir e era como se já estivesse como eles. Não sou contra a ‘marijuana'. As pessoas que a usam parecem estar bem. Não batem nas mulheres, não provocam acidentes de automóvel. O efeito que o álcool tem na pessoa é que é uma loucura. Nunca compreendi porque é que as pessoas bebem."
Moore ainda é católico praticante. "Vou à missa, mas não todas as semanas." Aos 14 anos, até entrou para o seminário, embora só lá ficasse um ano. Estava a preparar-se para anunciar que se ia embora, mas no seminário pediram-lhe primeiro que não voltasse. "Disseram que eu fazia demasiadas perguntas; é a história da minha vida", reflecte. Encontrou "a sua própria maneira de estar" relativamente à religião. "Não gosto da Igreja Católica como instituição. De facto, alguém devia fazer um filme sobre isso." Ele não está interessado; talvez esteja demasiado próximo. "É um assunto que mexe comigo porque o catolicismo tem sido parte importante da minha vida. Mas tenho tantas ideias para filmes que gostaria de fazer, incluindo dois filmes de ficção. Estou a planear fazer um deles a seguir."
Não diz do que se trata, mas age como se não fosse assim tão diferente dos seus documentários. "Estou a tentar homenagear a arte do cinema ao produzir um filme que conta uma boa história, com personagens interessantes e com princípio, meio e fim."
Por falar de fim, "Capitalismo: Uma História de Amor" termina com uma versão da "Internacional".
"É uma canção bonita, do século XIX, mas os americanos foram amedrontados com ela. Disseram-lhes que significa comunismo" - e baixa sinistramente a voz para causar efeito. "Por isso, pensei: porque não um cantor de música ambiente para a interpretar, assim, os americanos talvez a escutem. Pensei que juntaria a colher de açúcar para ajudar a engolir o remédio - se me entende."
Links Relacionados
Crítica do filme "Capitalismo: Uma História de Amor"
Vídeo: "Capitalism", trailer
www.publico.clix.pt
Michael Moore está cansado.
Está cansado de ser a única pessoa que pode responder pelos seus filmes e de ter constantemente de se defender do que considera acusações violentas. Claro que se expõe ao enfrentar o colapso do Sistema em "Capitalismo: Uma História de Amor", a Saúde norte-americana em "Sicko" e o ex-Presidente George W. Bush em "Farenheit 9/11". Com "Capitalismo: Uma História de Amor", porém, as coisas mudaram. O público americano tem estado a apoiá-lo como nunca antes.
"Eu fazia parte de uma pequena minoria de americanos que se opunham à Guerra do Iraque. Eu não ia mudar. O país é que tinha de mudar. E mudou de tal modo que elegeu um negro para Presidente. Por isso, dêem vivas à América!"
Então Moore não deveria ter entrevistado o Presidente Obama para este filme? "Pensei nisso, mas seria outro filme. E ele está no cargo há pouco tempo, por isso dêem-lhe tempo. Tenho esperança de que vai fazer como deve ser."
Moore chorou como uma criança na noite das eleições quando alguém que ele considera um homem honesto, originário da classe trabalhadora como ele, foi eleito para o cargo mais importante da América.
"Obama foi criado por uma mãe solteira, depois pelos avós, e é um negro nos EUA. Depois de tudo isso, vai para Harvard e, a seguir, depois decide ir viver para Chicago. Podia ter-se tornado rico, mas decide viver num gueto e trabalhar com os pobres. Quem é que faz isso? Alguém com consciência, alguém com coração. Um homem que mudou o seu nome de Barry [que escolhera para se diluir no "melting pot" americano] de volta para Barack não parece ser alguém que está a planear candidatar-se a Presidente, como não o parece alguém que manteve o nome Hussein. Este tipo tem fibra, pá, e é esperto. E penso que é um jogador de basquetebol bom."
O palhaço da turma
Esta tirada é típica de Michael Moore: muita informação posta ao alcance de todos e humor no fim.
"Na escola secundária fui eleito palhaço da turma por ser capaz de fazer as pessoas partirem-se a rir. É apenas o irlandês em mim: temos uma visão negra do mundo e temos muita raiva. Alguns dos nossos melhores comediantes foram pessoas zangadas: Lenny Bruce, Richard Pryor, Groucho Marx, Charlie Chaplin. Estavam politicamente preocupados com o que estava a passar-se, e tentaram usar o humor como arma. Alguns dirão que o facto de eu adoptar esta táctica está a tornar a questão menos séria, mas, na realidade, o humor, o ridículo e a sátira, quando usados com audiências maciças, são eficazes do ponto de vista político."
A maior contradição relativa aos filmes de Moore é que eles renderam muito dinheiro aos estúdios que o apoiaram. É por isso que se chama "Capitalismo: Uma História de Amor"? "Sim, porque eu amo-os por me deixarem fazer este filme", brinca. "Podemos perguntar porque é que estas empresas dão dinheiro a um tipo que defende coisas diametralmente opostas a tudo o que eles defendem. Permitem-me fazer estes filmes porque tiro partido de uma das falhas bonitas do capitalismo: o capitalista vende-nos a corda com que se há-de enforcar se puder ganhar um dólar com isso."
Nestes 20 anos a fazer os seus documentários, nunca fez um filme com prejuízo. "Isso coloca-me numa posição desejável para os estúdios. Sou capaz de fazer um documentário por dois milhões que pode render 50 ou 70 milhões, ou, no caso de ‘Farenheit 9/11', 120 milhões, e isso apenas nos EUA. Se se acrescentar vídeos, televisões e vendas em todo o mundo, ‘Farenheit' valeu, bruto, 500 milhões de dólares. Por isso eles não se importam com o que penso. Mas tenho estado a poupar de modo a conseguir chegar ao dia em que poderei produzir os meus filmes e não ficar em dívida para com eles."
Em "Capitalismo: Um História de Amor" Moore pinta Wall Street como o grande vilão desta história.
"Nos anos 90, todos os meus amigos me diziam que investisse, não conseguiam acreditar que eu não estava a comprar acções. Disse-lhes que não queria fazer dinheiro a partir de dinheiro; quero ganhar dinheiro a partir das minhas ideias e do meu trabalho. Não quero gastar um segundo do meu dia a verificar o mercado bolsista para ver o que ganhei. No fim, eles perderam uma data de dinheiro e eu continuei, sem sobressaltos."
Cem por cento verdade
Moore orgulha-se quando salienta que abandonou a universidade e que não é um intelectual. O tipo simplório do Mid West dos seus filmes, diz, é ele próprio. É tudo verdade. E as cenas não são ensaiadas. "Em geral não tenho um guião para os meus filmes. Quero apenas ver o que acontece. A melhor matéria acontece sem estar planeada. Por exemplo, neste meu filme encontrei um miúdo que perdeu a mãe e descobriu que a Walmart [cadeia de lojas] tirou proveito da sua morte. Penso que é importante mostrar isso."
Moore refere-se a um rapaz que se viu confrontado com o aproveitamento de um "buraco" legal relativo ao seguro, chamado "Dead Peasants", o qual permite que uma empresa americana tenha seguros de vida sobre os seus trabalhadores. Era o que acontecia no caso da mãe desse rapaz e, quando ela morreu, a empresa recebeu milhões de indemnização, livre de impostos.
"Eu pesquiso e confirmo os factos minuciosamente, não só porque creio que se deve fazer assim, mas porque já fui sujeito a um escrutínio semelhante. Não posso pôr nada num filme que não seja 100 por cento verdade e confirmado por três fontes."
Mas vinte anos a andar nestas batalhas começam a ter as suas consequências. A certa altura, durante a entrevista, a agente do realizador vem discretamente por trás dele arrumar as coisas. "Não te ponhas por trás de mim, faz favor!", diz-lhe Moorre com brusquidão, claramente enervado e assustado devido a experiências anteriores - não adianta mais, refere apenas que os ataques contra ele não são apenas verbais; hoje, tem quatro guarda-costas a protegê-lo.
Como pode viver assim? Aos 55 anos, tenta tomar conta da sua vida. Está a fazer dieta, vai fazer um filme de ficção e está a levar a sério ser uma individualidade local em Traverse City, Michigan (onde vive com Kathleen Glynn, sua mulher de 18 anos, e onde gere um cinema local de filmes independentes) como cruzado global.
"Perdi trinta e um quilos desde o Natal e tenho mais trinta e seis a perder, mas estou no bom caminho. Apenas cortei algumas coisas que ninguém devia comer e exercito-me na bicicleta elíptica duas vezes por dia. E... ah, eis a coisa importante: tento dormir sete a oito horas todas as noites."
Claro que o abstémio e não fumador tem predilecção por gelados e pizzas, o que pode ter algo a ver com o seu tamanho.
"Nunca bebi álcool, não gosto do sabor. Não consumo drogas. Cresci nos anos 60 e tinha cabelo comprido e todos os meus amigos andavam pedrados. Eu ficava a assistir e era como se já estivesse como eles. Não sou contra a ‘marijuana'. As pessoas que a usam parecem estar bem. Não batem nas mulheres, não provocam acidentes de automóvel. O efeito que o álcool tem na pessoa é que é uma loucura. Nunca compreendi porque é que as pessoas bebem."
Moore ainda é católico praticante. "Vou à missa, mas não todas as semanas." Aos 14 anos, até entrou para o seminário, embora só lá ficasse um ano. Estava a preparar-se para anunciar que se ia embora, mas no seminário pediram-lhe primeiro que não voltasse. "Disseram que eu fazia demasiadas perguntas; é a história da minha vida", reflecte. Encontrou "a sua própria maneira de estar" relativamente à religião. "Não gosto da Igreja Católica como instituição. De facto, alguém devia fazer um filme sobre isso." Ele não está interessado; talvez esteja demasiado próximo. "É um assunto que mexe comigo porque o catolicismo tem sido parte importante da minha vida. Mas tenho tantas ideias para filmes que gostaria de fazer, incluindo dois filmes de ficção. Estou a planear fazer um deles a seguir."
Não diz do que se trata, mas age como se não fosse assim tão diferente dos seus documentários. "Estou a tentar homenagear a arte do cinema ao produzir um filme que conta uma boa história, com personagens interessantes e com princípio, meio e fim."
Por falar de fim, "Capitalismo: Uma História de Amor" termina com uma versão da "Internacional".
"É uma canção bonita, do século XIX, mas os americanos foram amedrontados com ela. Disseram-lhes que significa comunismo" - e baixa sinistramente a voz para causar efeito. "Por isso, pensei: porque não um cantor de música ambiente para a interpretar, assim, os americanos talvez a escutem. Pensei que juntaria a colher de açúcar para ajudar a engolir o remédio - se me entende."
Links Relacionados
Crítica do filme "Capitalismo: Uma História de Amor"
Vídeo: "Capitalism", trailer
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quinta-feira, 26 de novembro de 2009
E ANDA AQUI UM GAJO A CONTAR OS TROCOS
Ex-presidente do BPN
Oliveira e Costa acusado de montar esquema ilegal com ajuda de mais 23 arguidos
25.11.2009 - 19h29
Por Lusa
Pedro Cunha
Oliveira e Costa é acusado de nove crimes
O Ministério Público considerou que o ex-presidente do BPN Oliveira e Costa, em prisão domiciliária e acusado de sete crimes económicos, concebeu um esquema ilícito para obter poder pessoal e proveitos financeiros com o apoio de mais 23 arguidos.
O Ministério Público (MP) deduziu no sábado acusação contra 24 arguidos, um dos quais um laboratório industrial de cerâmica (Labicer), sendo Oliveira e Costa o único arguido detido em regime de prisão domiciliária.
No despacho de acusação, a que a agência Lusa teve hoje acesso, o MP refere que o ex-banqueiro aceitava conceder, a quem com ele colaborasse, dividendos retirados do BPN, apesar de isso prejudicar financeiramente o banco.
Para isso, montou uma estratégia baseada no controlo accionista do banco, na secreta criação de sociedades offshore, cujos últimos beneficiários eram empresas da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), antiga proprietária do BPN, e na instrumentalização de uma entidade bancária com sede no estrangeiro (Banco Insular), fora do controlo do Banco de Portugal.
Oliveira e Costa é acusado de um crime de abuso de confiança, um de burla qualificada, um de falsificação de documento, um de infidelidade, dois de branqueamento de capitais, dois de fraude fiscal qualificada e um crime de aquisição ilícita de acções.
O arguido José Vaz de Mascarenhas, antigo presidente do Banco Insular de Cabo Verde, é acusado de dois crimes de abuso de confiança, um de burla qualificada e um de falsificação de documento.
Os antigos administradores da SLN Luís Caprichoso e Francisco Sanches estão acusados de dois crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documento, infidelidade e aquisição ilícita de acções.
Entre os 23 arguidos está também José Monteverde, que é acusado de dois crimes de abuso de confiança, como autor material, bem como um crime de burla qualificada sob a forma de cumplicidade.
Ricardo Oliveira cometeu, de acordo com o MP, um crime de burla qualificada e um crime de falsificação de documento, sendo acusado como autor material.
António Franco é também acusado por um crime de burla qualificada e outro de falsificação de documento, sob a forma de cumplicidade, enquanto Manuel Silva Santos é acusado de ser autor material de um crime de branqueamento de capitais.
Rui Guimarães Costa é visado pelos crimes de fraude fiscal qualificada e burla qualificada, enquanto Hernâni Ferreira é acusado por um crime de burla qualificada.
O MP concluiu ainda que Fernando Cordeiro, Almiro Silva, António Marques Cavaco, Manuel Marques Cavaco, Rui Almeida Fonseca e Manuel António Sousa cometeram, em cumplicidade, um crime de burla qualificada.
Por seu turno, a empresa Labicer é acusada como autor material de um crime de fraude fiscal qualificada.
Os dois procuradores titulares do processo deduziram também um pedido de indemnização cível a seis dos 24 arguidos - Oliveira e Costa, Telmo Belino Reis, Labicer, Luís Ferreira Alves, Rui Dias da Costa e Filipe Baião do Nascimento - no montante próximo de 105 mil euros, alegando que lesaram o Estado através de fraude fiscal.
Oliveira e Costa acusado de montar esquema ilegal com ajuda de mais 23 arguidos
25.11.2009 - 19h29
Por Lusa
Pedro Cunha
Oliveira e Costa é acusado de nove crimes
O Ministério Público considerou que o ex-presidente do BPN Oliveira e Costa, em prisão domiciliária e acusado de sete crimes económicos, concebeu um esquema ilícito para obter poder pessoal e proveitos financeiros com o apoio de mais 23 arguidos.
O Ministério Público (MP) deduziu no sábado acusação contra 24 arguidos, um dos quais um laboratório industrial de cerâmica (Labicer), sendo Oliveira e Costa o único arguido detido em regime de prisão domiciliária.
No despacho de acusação, a que a agência Lusa teve hoje acesso, o MP refere que o ex-banqueiro aceitava conceder, a quem com ele colaborasse, dividendos retirados do BPN, apesar de isso prejudicar financeiramente o banco.
Para isso, montou uma estratégia baseada no controlo accionista do banco, na secreta criação de sociedades offshore, cujos últimos beneficiários eram empresas da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), antiga proprietária do BPN, e na instrumentalização de uma entidade bancária com sede no estrangeiro (Banco Insular), fora do controlo do Banco de Portugal.
Oliveira e Costa é acusado de um crime de abuso de confiança, um de burla qualificada, um de falsificação de documento, um de infidelidade, dois de branqueamento de capitais, dois de fraude fiscal qualificada e um crime de aquisição ilícita de acções.
O arguido José Vaz de Mascarenhas, antigo presidente do Banco Insular de Cabo Verde, é acusado de dois crimes de abuso de confiança, um de burla qualificada e um de falsificação de documento.
Os antigos administradores da SLN Luís Caprichoso e Francisco Sanches estão acusados de dois crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documento, infidelidade e aquisição ilícita de acções.
Entre os 23 arguidos está também José Monteverde, que é acusado de dois crimes de abuso de confiança, como autor material, bem como um crime de burla qualificada sob a forma de cumplicidade.
Ricardo Oliveira cometeu, de acordo com o MP, um crime de burla qualificada e um crime de falsificação de documento, sendo acusado como autor material.
António Franco é também acusado por um crime de burla qualificada e outro de falsificação de documento, sob a forma de cumplicidade, enquanto Manuel Silva Santos é acusado de ser autor material de um crime de branqueamento de capitais.
Rui Guimarães Costa é visado pelos crimes de fraude fiscal qualificada e burla qualificada, enquanto Hernâni Ferreira é acusado por um crime de burla qualificada.
O MP concluiu ainda que Fernando Cordeiro, Almiro Silva, António Marques Cavaco, Manuel Marques Cavaco, Rui Almeida Fonseca e Manuel António Sousa cometeram, em cumplicidade, um crime de burla qualificada.
Por seu turno, a empresa Labicer é acusada como autor material de um crime de fraude fiscal qualificada.
Os dois procuradores titulares do processo deduziram também um pedido de indemnização cível a seis dos 24 arguidos - Oliveira e Costa, Telmo Belino Reis, Labicer, Luís Ferreira Alves, Rui Dias da Costa e Filipe Baião do Nascimento - no montante próximo de 105 mil euros, alegando que lesaram o Estado através de fraude fiscal.
FILHOS DA PUTA!
José Penedos está suspenso das funções que desempenhava na REN (Redes Energéticas Nacionais), onde assumia a presidência. Está ainda obrigado a pagar uma caução de 40 mil euros.Adriano Miranda
José Penedos é acusado de corrupção passiva
As medidas de coação foram divulgadas esta tarde no Juízo de Instrução Criminal de Aveiro. A estas medidas acrescem ainda a proibição de contactar com os outros arguidos à excepção do filho, Paulo Penedos, e também a interdição de contactar com funcionários da REN.
Rui Patrício, um dos advogados que o defende, assegurou que irá interpor recurso das medidas de coacção. José Penedos não quis falar aos jornalistas, remetendo qualquer declarção para o final do processo.
À saida do tribunal, Galvão Teles, outro dos seus advogados, não deixou de fazer uma declaração pública para referir que em 50 anos de profissão nunca encontrou uma decisão tão contraditória em relação aos factos.
José Penedos está indiciado por um crime de corrupção passiva no âmbito do processo "Face Oculta".
José Penedos é acusado de corrupção passiva
As medidas de coação foram divulgadas esta tarde no Juízo de Instrução Criminal de Aveiro. A estas medidas acrescem ainda a proibição de contactar com os outros arguidos à excepção do filho, Paulo Penedos, e também a interdição de contactar com funcionários da REN.
Rui Patrício, um dos advogados que o defende, assegurou que irá interpor recurso das medidas de coacção. José Penedos não quis falar aos jornalistas, remetendo qualquer declarção para o final do processo.
À saida do tribunal, Galvão Teles, outro dos seus advogados, não deixou de fazer uma declaração pública para referir que em 50 anos de profissão nunca encontrou uma decisão tão contraditória em relação aos factos.
José Penedos está indiciado por um crime de corrupção passiva no âmbito do processo "Face Oculta".
ILUMINAÇÃO
ILUMINAÇÃO
António Pedro Ribeiro
É de novo madrugada. E escrevo. Ao som dos Led Zeppelin. Não sei o que passa comigo. Será o Graal? Será o Quinto Império? Será o Jesus do padre Mário? Há várias noites seguidas que não prego olho. A música dos Zeppelin em vez de me fazer adormecer põe-me em cima. Apetece-me berrar. Acordar a aldeia toda. Despertá-los da vidinha e do trabalhinho de todos os dias. Bem era preciso um abanão desses. A ver se esta gente ACORDA. Dormem. Estão todos mortos e eu aqui cheio de pedal. ACOOOOOOOOOOOOOORDEM! Um desses berros à Jim Morrison. Para despertar as consciências. Para os fazer ver a vidinha estúpida e fútil que levam. Casa-trabalho-família e pouco mais. Estais mortos! Comunicais mortos. Amais mortos. Assim permanecereis por mil anos até ao romper do feitiço. Escrevi isto há muitos anos. E está cinco estrelas. E é a verdade. Estais mesmo mortos. Viveis mortos. A vossa vida não tem sentido. Por quanto mais tempo deixareis que vos enterrem a cara na merda? Por quanto mais tempo permanecereis mortos? Não escutais o amor, não vêdes o Graal, como eu? Porque não me seguis? Porque tendes medo da liberdade? Porque não me acompanhais? Porque não sois como eu? Será que sou feito de matéria diferente? Será que já estive morto e voltei à vida? Será que sou o cavaleiro do Graal? Porque é que tenho iluminações? Alucinações? Delírios? Mas é tão bom ser irmão dos deuses. É tão bom partilhar com os meus companheiros a Boa Nova. É tão bom ser humano. Não pensar nas coisas em que os outros passam a vida a pensar. É tão bom conseguir passar a mensagem. Conciliar Jesus com Zaratustra e com Artur. Esta noite renasço. Definitivamente, renasço. Não mais mesquinhez, não mais inveja, não mais rivalidades. Sou o rei que procura. Sou o poeta do bem e da eternidade. Estas palavras não são minhas: são-me ditadas por alguém que desconheço. Estou iluminado pelos deuses, como dizia Platão. E que importa dormir se estou às portas do paraíso? Que importa dormir se me estou a encontrar, a tornar-me naquilo que sou, como dizia Nietzsche. Era bom que este estado fosse eterno, que nunca mais voltasse à terra da bruma e da desolação. Mas eu tenho de regressar, de descer à montanha, de ir ter com a populaça ao mercado. Porque é o mercado que comanda tudo. E eu odeio o mercado e por isso tenho de o combater. Estou do lado da Vida.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
A LEI DA ROLHA
"Acto de medo e de censura" que origina "suspeição" e "desconfiança". É assim que os subscritores do Manifesto Anti-Silêncio na Câmara de Coimbra classificam a decisão do executivo municipal de afastar a comunicação social das reuniões camarárias fechadas, às quais, nos últimos 20 anos, os jornalistas sempre tiveram acesso. O documento de protesto, que foi tornado público ontem, é assinado por várias figuras políticas de esquerda da cidade, que dizem que a autarquia se está a transformar num bunker. Paulo Ricca
Jornalistas passam a assistir apenas a reuniões abertas ao público
O primeiro subscritor do manifesto é o ex-vereador do PS na Câmara de Coimbra João Silva, que assume a iniciativa como uma "tomada de posição cívica" que reúne "várias vozes da cidade". O objectivo é "censurar publicamente" a decisão aprovada pelo executivo camarário, liderado por Carlos Encarnação. "Este manifesto é um acto de cidadania devido a Coimbra. Não sabemos como vai evoluir, mas o objectivo principal é não deixar passar em claro uma decisão como esta", defende João Silva.
Entre os cerca de trinta assinantes há várias figuras ligadas ao PS, como o ex-presidente da autarquia, Manuel Machado, a ex-vereadora Teresa Alegre Portugal e o actual vereador no executivo, Carlos Cidade. Mas há também outras figuras ligadas à política e à sociedade civil, como o actual líder parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), José Manuel Pureza, o professor na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, José Reis, e a presidente da direcção da associação cívica Pró-Urbe, Ana Pires.
José Manuel Pureza, líder parlamentar do BE, considera que a posição da autarquia "não faz qualquer sentido" e mostra-se preocupado com os efeitos que pode ter "na saúde da democracia local". "O debate público sobre as questões municipais já é reduzido. Esta decisão ainda vem agravar mais esse fechamento do poder local em Coimbra que se tem acentuado muito nos últimos anos", lamenta. Por não perceber as "razões" que estão na base da posição da autarquia, José Manuel Pureza considera que a decisão do executivo liderado por Carlos Encarnação "é estranha" e "pouco saudável".
Uma opinião partilhada pela presidente da associação Pró-Urbe, Ana Pires, que olha para a decisão como uma atitude de "desrespeito em relação a todos os cidadãos" de Coimbra. "É uma atitude inadmissível. Do que é que têm medo? O que é que se pretende esconder? Porquê fechar a porta aos jornalistas?", questiona Ana Pires, dizendo estar "incomodada" e "desgostosa" com a decisão.
A deliberação que decretou o afastamento da comunicação social das reuniões camarárias fechadas, colocando Coimbra numa situação idêntica à da esmagadora maioria das autarquias do país, rompe com a tradição que vigorava na autarquia desde o início da década de 1980. A partir de agora, os jornalistas podem apenas assistir às reuniões públicas - as primeiras de cada mês -, abertas a todos os munícipes. E, no final de todas as reuniões, o presidente da autarquia passa a realizar encontros com a comunicação social para falar sobre as principais decisões.
www.publico.clix.pt
Jornalistas passam a assistir apenas a reuniões abertas ao público
O primeiro subscritor do manifesto é o ex-vereador do PS na Câmara de Coimbra João Silva, que assume a iniciativa como uma "tomada de posição cívica" que reúne "várias vozes da cidade". O objectivo é "censurar publicamente" a decisão aprovada pelo executivo camarário, liderado por Carlos Encarnação. "Este manifesto é um acto de cidadania devido a Coimbra. Não sabemos como vai evoluir, mas o objectivo principal é não deixar passar em claro uma decisão como esta", defende João Silva.
Entre os cerca de trinta assinantes há várias figuras ligadas ao PS, como o ex-presidente da autarquia, Manuel Machado, a ex-vereadora Teresa Alegre Portugal e o actual vereador no executivo, Carlos Cidade. Mas há também outras figuras ligadas à política e à sociedade civil, como o actual líder parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), José Manuel Pureza, o professor na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, José Reis, e a presidente da direcção da associação cívica Pró-Urbe, Ana Pires.
José Manuel Pureza, líder parlamentar do BE, considera que a posição da autarquia "não faz qualquer sentido" e mostra-se preocupado com os efeitos que pode ter "na saúde da democracia local". "O debate público sobre as questões municipais já é reduzido. Esta decisão ainda vem agravar mais esse fechamento do poder local em Coimbra que se tem acentuado muito nos últimos anos", lamenta. Por não perceber as "razões" que estão na base da posição da autarquia, José Manuel Pureza considera que a decisão do executivo liderado por Carlos Encarnação "é estranha" e "pouco saudável".
Uma opinião partilhada pela presidente da associação Pró-Urbe, Ana Pires, que olha para a decisão como uma atitude de "desrespeito em relação a todos os cidadãos" de Coimbra. "É uma atitude inadmissível. Do que é que têm medo? O que é que se pretende esconder? Porquê fechar a porta aos jornalistas?", questiona Ana Pires, dizendo estar "incomodada" e "desgostosa" com a decisão.
A deliberação que decretou o afastamento da comunicação social das reuniões camarárias fechadas, colocando Coimbra numa situação idêntica à da esmagadora maioria das autarquias do país, rompe com a tradição que vigorava na autarquia desde o início da década de 1980. A partir de agora, os jornalistas podem apenas assistir às reuniões públicas - as primeiras de cada mês -, abertas a todos os munícipes. E, no final de todas as reuniões, o presidente da autarquia passa a realizar encontros com a comunicação social para falar sobre as principais decisões.
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terça-feira, 24 de novembro de 2009
PROFETA
. "Estou à espera de um guia que me leve pela mão". Estou à espera de um guia que me conduza ao Graal. Ao reino da fraternidade e da abundãncia. Não mais esta terra inóspita. "Consegues imaginar o que será de nós, ilimitados e livres, desesperadamente necessitados da mão de um estranho num mundo desesperado?". Consegues imaginar-nos, ilimitados e livres? Tens de te abstrair do mundo das trocas, da economia. Tens de pensar, de acreditar no reino da luz. Tens de sair das trevas do dinheiro e do mercado para chegar à luz. Segue-me. Vamos ter com Zaratustra à montanha. Esquece a cidade, esquece o mercado. Vamos ver o profeta maldito. Este é o caminho que conduz a nós mesmos. Este é o caminho do solitário, do cavaleiro da Demanda. É o único que tens. Já te afastas-te do reino da economia e do mercado. Talvez encontres Jesus pelo caminho. Mas Jesus não é mais do que Zaratustra. Sente o amor, companheiro. Sente o amor, aqui nas alturas. A eternidade que amo. Ilimitados e libertos, como cantou o Jim. O outro profeta. Estou a escrever o livro. Estou a escrever o livro da vida e da celebração. Não há volta a dar-lhe. Bebo o Graal com Jesus, Morrison e Zaratustra. No alto da montanha. São quase nove da manhã. E eu não sei se estou completamente louco. Ainda não provoquei cenas maradas no meio da rua. Mas pouco falta. O menino direitinho está a milhas. Do alto da montanha contemplo o mundo. És minha, ó eternidade! Vou escrever o livro, o grande livro, que muitos lerão. Ó leão, ó menino! Desceste às profundezas de ti mesmo e agora é-te difícil regressar ao mundo da norma e do trabalho. Detestas o mundo da norma e do trabalho! Vieste para algo de diferente, algo de superior. Vieste para quebrar as cadeias. Vieste para libertar os cativos. Vieste trazer a mensagem.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
DEUSES
Deuses, que quereis de mim?
Porque me apoquentais?
Dizei-me!
De que reinos venho?
Porque não sou igual aos outros?
Porque vou atrás do infinito?
Porque é que os olhos falham
e a alma é insaciável?
Que quereis de mim?
Porque me atirais para a loucura?
Deuses, porque nasci?
Porque estou aqui?
Porque tive de atravessar o deserto?
Porque é que os homens e as mulheres
não me ouvem nem se dirigem a mim?
Deuses, que devo dizer-lhes?
Deuses, qual a palavra que mudará
o mundo?
Deuses, porque ouço o meu Pai?
Deuses, porque não choro?
Deuses, dizei-me o que tenho de fazer!
"Padeirinha", 23.11.2009
O UNO PRIMORDIAL
Um cafézinho para começar a tarde
antes de entrar no Quinto Império
e no Jesus do padre Mário
afinal, ainda somos simples mortais
que vimos ao café
tomar o café e ler o jornal
apesar das transformações
que se têm produzido nos últimos dias
continuamos com os pés firmes na terra
comemos, bebemos
e frequentamos os cafés como os outros
ninguém nos olha como se fôssemos fantasmas
só somos ligeiramente diferentes
porque escrevemos poemas
e outros textos no café
e isso não é muito vulgar
nos dias que correm
é claro que temos tido iluminações
que nos julgamos cavaleiros
em busca do Graal
que temos outra maneira
de percepcionar a realidade
que vamos ao mito
ao fundo da questão
que estamos muito mais sensíveis
que olhamos o nosso semelhante
com outros olhos
mesmo que ele tenha a mesma conversa de sempre
do trabalho e da remuneração do trabalho
mesmo que ele continue agarrado
às leis da economia
tentamos compreendê-lo
mas é difícil
nós já estamos noutra dimensão
na dimensão da libertação do homem
do regresso ao Uno Primordial.
"Motina", 23.11.2009
AI, O MUNDO
Concentração de gases com efeito de estufa aproxima-se do pior cenário
23.11.2009
AFP, PÚBLICO
A concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera está a atingir os níveis do cenário mais pessimista elaborado pelos cientistas, avisou hoje a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a três semanas do início da cimeira de Copenhaga para negociar o sucessor do Tratado de Quioto.
A concentração de dióxido de carbono (CO2) em 2008 era de 385,2 partes por milhão (ppm), com um aumento de 2 ppm em relação ao ano anterior, continuando uma tendência de aumento exponencial", diz um comunicado de imprensa da OMM.
“As notícias não são nada boas: a concentração de gases com efeito de estufa continua a aumentar, e a um ritmo até um pouco mais rápido”, disse o secretário-geral desta agência das Nações Unidas, Michel Jarraud, citado pela AFP.
A concentração de dióxido de carbono (CO2), que é o principal gás com efeito de estufa e com relação directa com a actividade humana, aumentou 38 por cento desde 1750, quando se iniciou a Revolução Industrial. Contribui em 63,5 por cento para o aumento do efeito de estufa na atmosfera mas, segundo as medições da OMM, nos últimos cinco anos essa contribuição passou para 86 por cento.
“É preciso agir o mais rapidamente possível”, disse Jarraud. “Estamos a aproximar-nos do cenário mais pessimista dos traçados pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Governamentais”, o grupo de peritos que trabalha sob a alçada das Nações Unidas para recolher e analisar tudo o que os cientistas conseguem saber sobre o aquecimento global, para fazer documentos de síntese, para apresentar aos políticos mundiais.
O metano, cuja concentração na atmosfera permaneceu estável de 1999 a 2006, “aumentou claramente em 2007 e 2008”, embora não estejam claramente determinadas as causas desse aumento. Mas é certo que 60 por cento das emissões deste poderoso gás com efeito de estufa são de origem humana (por exemplo, devido à criação de gado ruminante, ou à exploração de combustíveis fósseis).
Por outro lado, enquanto os gases que danificam a camada de ozono (os chamados CFC, sigla de clorofluorcarbonetos) vão diminuindo lentamente na atmosfera, depois do seu uso ter sido banido pelo Tratado de Montreal, vai aumentando a concentração dos gases que os substituíram – e que fazem aumentar o efeito de estufa. Estes contribuíram em 8,9 por cento para o fazer crescer, entre 2003 e 2008.
23.11.2009
AFP, PÚBLICO
A concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera está a atingir os níveis do cenário mais pessimista elaborado pelos cientistas, avisou hoje a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a três semanas do início da cimeira de Copenhaga para negociar o sucessor do Tratado de Quioto.
A concentração de dióxido de carbono (CO2) em 2008 era de 385,2 partes por milhão (ppm), com um aumento de 2 ppm em relação ao ano anterior, continuando uma tendência de aumento exponencial", diz um comunicado de imprensa da OMM.
“As notícias não são nada boas: a concentração de gases com efeito de estufa continua a aumentar, e a um ritmo até um pouco mais rápido”, disse o secretário-geral desta agência das Nações Unidas, Michel Jarraud, citado pela AFP.
A concentração de dióxido de carbono (CO2), que é o principal gás com efeito de estufa e com relação directa com a actividade humana, aumentou 38 por cento desde 1750, quando se iniciou a Revolução Industrial. Contribui em 63,5 por cento para o aumento do efeito de estufa na atmosfera mas, segundo as medições da OMM, nos últimos cinco anos essa contribuição passou para 86 por cento.
“É preciso agir o mais rapidamente possível”, disse Jarraud. “Estamos a aproximar-nos do cenário mais pessimista dos traçados pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Governamentais”, o grupo de peritos que trabalha sob a alçada das Nações Unidas para recolher e analisar tudo o que os cientistas conseguem saber sobre o aquecimento global, para fazer documentos de síntese, para apresentar aos políticos mundiais.
O metano, cuja concentração na atmosfera permaneceu estável de 1999 a 2006, “aumentou claramente em 2007 e 2008”, embora não estejam claramente determinadas as causas desse aumento. Mas é certo que 60 por cento das emissões deste poderoso gás com efeito de estufa são de origem humana (por exemplo, devido à criação de gado ruminante, ou à exploração de combustíveis fósseis).
Por outro lado, enquanto os gases que danificam a camada de ozono (os chamados CFC, sigla de clorofluorcarbonetos) vão diminuindo lentamente na atmosfera, depois do seu uso ter sido banido pelo Tratado de Montreal, vai aumentando a concentração dos gases que os substituíram – e que fazem aumentar o efeito de estufa. Estes contribuíram em 8,9 por cento para o fazer crescer, entre 2003 e 2008.
ILUMINAÇÃO
É de novo madrugada. E escrevo. Ao som dos Led Zeppelin. Não sei o que passa comigo. Será o Graal? Será o Quinto Império? Será o Jesus do padre Mário? Há várias noites seguidas que não prego olho. A música dos Zeppelin em vez de me fazer adormecer põe-me em cima. Apetece-me berrar. Acordar a aldeia toda. Despertá-los da vidinha e do trabalhinho de todos os dias. Bem era preciso um abanão desses. A ver se esta gente ACORDA. Dormem. Estão todos mortos e eu aqui cheio de pedal. ACOOOOOOOOOOOOOORDEM! Um desses berros à Jim Morrison. Para despertar as consciências. Para os fazer ver a vidinha estúpida e fútil que levam. Casa-trabalho-família e pouco mais. Estais mortos! Comunicais mortos. Amais mortos. Assim permanecereis por mil anos até ao romper do feitiço. Escrevi isto há muitos anos. E está cinco estrelas. E é a verdade. Estais mesmo mortos. Viveis mortos. A vossa vida não tem sentido. Por quanto mais tempo deixareis que vos enterrem a cara na merda? Por quanto mais tempo permanecereis mortos? Não escutais o amor, não vêdes o Graal, como eu? Porque não me seguis? Porque tendes medo da liberdade? Porque não me acompanhais? Porque não sois como eu? Será que sou feito de matéria diferente? Será que já estive morto e voltei à vida? Será que sou o cavaleiro do Graal? Porque é que tenho iluminações? Alucinações? Delírios? Mas é tão bom ser irmão dos deuses. É tão bom partilhar com os meus companheiros a Boa Nova. É tão bom ser humano. Não pensar nas coisas em que os outros passam a vida a pensar. É tão bom conseguir passar a mensagem. Conciliar Jesus com Zaratustra e com Artur. Esta noite renasço. Definitivamente, renasço. Não mais mesquinhez, não mais inveja, não mais rivalidades. Sou o rei que procura. Sou o poeta do bem e da eternidade. Estas palavras não são minhas: são-me ditadas por alguém que desconheço. Estou iluminado pelos deuses, como dizia Platão. E que importa dormir se estou às portas do paraíso? Que importa dormir se me estou a encontrar, a tornar-me naquilo que sou, como dizia Nietzsche. Era bom que este estado fosse eterno, que nunca mais voltasse à terra da bruma e da desolação. Mas eu tenho de regressar, de descer à montanha, de ir ter com a populaça ao mercado. Porque é o mercado que comanda tudo. E eu odeio o mercado e por isso tenho de o combater. Estou do lado da Vida.
domingo, 22 de novembro de 2009
THOMAS BERNHARD
Dediquei-lhe um poema, há mais
de dez anos, para o qual certamente
se estaria nas tintas, se o lesse. É
um dos raros escritores que conseguiu
a difícil lucidez de detestar a pátria, essa
obrigatória e durável fonte de equívocos
e mal-entendidos. Por isso
ele gostava de passar temporadas
em Portugal, não pelo mar, nem
pela comida, nem pelos modos
amigáveis para turistas, mas sim
porque podia escutar uma língua
sem ter de entendê-la.
Inês Lourenço, Logros Consentidos (& etc, 2005)
http://arouquidaodocaos.blogspot.com
Dediquei-lhe um poema, há mais
de dez anos, para o qual certamente
se estaria nas tintas, se o lesse. É
um dos raros escritores que conseguiu
a difícil lucidez de detestar a pátria, essa
obrigatória e durável fonte de equívocos
e mal-entendidos. Por isso
ele gostava de passar temporadas
em Portugal, não pelo mar, nem
pela comida, nem pelos modos
amigáveis para turistas, mas sim
porque podia escutar uma língua
sem ter de entendê-la.
Inês Lourenço, Logros Consentidos (& etc, 2005)
http://arouquidaodocaos.blogspot.com
OS DELÍRIOS E A REVOLUÇÃO
Os meus delírios, afinal, não são assim tão infundados. Sou o rei que eles querem abater com comprimidos, empregos, cedências à vida quotidiana. Porque sabem que quando estou bom eu nada temo. Porque sabem que quando eu estou bom tenho poderes sobre os outros. Sou uma espécie de Perceval nesta terra desesperada. "Custa-me deixar-te mas tu nunca me seguirias", cantou Jim Morrison. E eu vou ter seguir, sozinho como Perceval. Já travei muitos combates mas ainda falta a batalha final contra os moedeiros que governam o mundo. Os meus delírios são isso. Uma revolução que vai acontecer em Lisboa. É sempre assim que começa. O cidadão comum vê a sua tranquilidade, a sua pasmaceira ameaçada. É o preço da revolução.
ESTÃO TODOS FEITOS!
O procurador-geral da República, Pinto Monteiro, comunicou hoje através de uma nota que arquivou as oito certidões extraídas do processo Face Oculta com conversas entre Armando Vara e o primeiro-ministro José Sócrates.Enric Vives-Rubio (arquivo)
Segundo Pinto Monteiro, as cinco escutas não justificam a abertura de um procedimento criminal
Ao contrário do juiz de instrução criminal de Aveiro e do procurador titular do inquérito, João Marques Vidal, que entendiam haver indícios de um crime de atentado contra o Estado de Direito, Pinto Monteiro “considera que não existem elementos probatórios que justifiquem a instauração de procedimento criminal contra o senhor primeiro-ministro ou contra qualquer outro dos indivíduos mencionados nas certidões”.
O procurador-geral da República informa que remeteu as escutas para o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, mas informa que essa avaliação em nada alterará o sentido da sua decisão. Esclarece ainda que o arquivamento destas certidões não colide com o processo principal da Face Oculta, que afirma ser “relevante para o saudável funcionamento das instituições democráticas”.
“Após cuidadosa e exaustiva análise de todos os elementos remetidos à Procuradoria-Geral da República [PGR], foi proferido pelo procurador-geral da República, com data de hoje, um despacho onde se considera que não existem elementos probatórios que justifiquem a instauração de procedimento criminal contra o senhor primeiro-ministro ou contra qualquer outro dos indivíduos mencionados nas certidões, pela prática de crime de atentado contra o Estado de Direito, que vinha referido nas mesmas certidões, pelo que ordenou o arquivamento do conjunto dos documentos recebidos”, lê-se na nota enviada pela PGR.
Pinto Monteiro adianta que “os produtos em que interveio o senhor primeiro-ministro foram entregues ao senhor presidente do Supremo Tribunal de Justiça para apreciação dos actos relativos à intercepção, gravação e transcrição das conversações e comunicações referidas”. Mas esclarece que se o “conteúdo desses cinco produtos, por hipótese, não vier a ser declarado nulo, em nada alterará o sentido da decisão já proferida, atenta a irrelevância criminal dos mesmos. “E é só isto, saliente-se, que compete ao procurador-geral da República apreciar”, regista a PGR.
O procurador-geral faz questão de frisar que a decisão de hoje “não colide em nada com o processo Face Oculta, já que os factos referidos nas certidões analisadas não respeitam à matéria que está na origem do processo e aí se investiga”. E acrescenta “O processo Face Oculta prosseguirá com todo o empenho e rigor, estando o procurador-geral da República solidário com o DIAP de Aveiro e os órgãos de polícia criminal que com ele colaboram, considerando-se extremamente relevante para o saudável funcionamento das instituições democráticas que sejam apurados todos os factos a que respeita a investigação por forma a poderem ser sancionados os eventuais responsáveis”.
Segundo Pinto Monteiro, as cinco escutas não justificam a abertura de um procedimento criminal
Ao contrário do juiz de instrução criminal de Aveiro e do procurador titular do inquérito, João Marques Vidal, que entendiam haver indícios de um crime de atentado contra o Estado de Direito, Pinto Monteiro “considera que não existem elementos probatórios que justifiquem a instauração de procedimento criminal contra o senhor primeiro-ministro ou contra qualquer outro dos indivíduos mencionados nas certidões”.
O procurador-geral da República informa que remeteu as escutas para o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, mas informa que essa avaliação em nada alterará o sentido da sua decisão. Esclarece ainda que o arquivamento destas certidões não colide com o processo principal da Face Oculta, que afirma ser “relevante para o saudável funcionamento das instituições democráticas”.
“Após cuidadosa e exaustiva análise de todos os elementos remetidos à Procuradoria-Geral da República [PGR], foi proferido pelo procurador-geral da República, com data de hoje, um despacho onde se considera que não existem elementos probatórios que justifiquem a instauração de procedimento criminal contra o senhor primeiro-ministro ou contra qualquer outro dos indivíduos mencionados nas certidões, pela prática de crime de atentado contra o Estado de Direito, que vinha referido nas mesmas certidões, pelo que ordenou o arquivamento do conjunto dos documentos recebidos”, lê-se na nota enviada pela PGR.
Pinto Monteiro adianta que “os produtos em que interveio o senhor primeiro-ministro foram entregues ao senhor presidente do Supremo Tribunal de Justiça para apreciação dos actos relativos à intercepção, gravação e transcrição das conversações e comunicações referidas”. Mas esclarece que se o “conteúdo desses cinco produtos, por hipótese, não vier a ser declarado nulo, em nada alterará o sentido da decisão já proferida, atenta a irrelevância criminal dos mesmos. “E é só isto, saliente-se, que compete ao procurador-geral da República apreciar”, regista a PGR.
O procurador-geral faz questão de frisar que a decisão de hoje “não colide em nada com o processo Face Oculta, já que os factos referidos nas certidões analisadas não respeitam à matéria que está na origem do processo e aí se investiga”. E acrescenta “O processo Face Oculta prosseguirá com todo o empenho e rigor, estando o procurador-geral da República solidário com o DIAP de Aveiro e os órgãos de polícia criminal que com ele colaboram, considerando-se extremamente relevante para o saudável funcionamento das instituições democráticas que sejam apurados todos os factos a que respeita a investigação por forma a poderem ser sancionados os eventuais responsáveis”.
sábado, 21 de novembro de 2009
A BUSCA
Ando pelo mundo e vejo dor, vigarice, injustiça. A patroa faz "crochet" e a loira mostra o umbigo para me excitar. O patrão brinca com a filha. Mas são pequenos oásis de felicidade. O resto é podre. Podre como no reino da Dinamarca. As pessoas ainda se cumprimentam. Mas não são integrais. Não cultivam a fraternidade. Não se amam. Competem. Disputam lugares. Empregos. Posições. Estatutos. São submissas perante os chefes e prepotentes perante os que estão "abaixo" delas. Deixam de ser humanas. Estamos numa terra desolada, desesperada como no tempo do Graal. Somos governados por banqueiros, empresários e executivos ao serviço do Deus-dinheiro. O mundo assim não presta. É preciso uma nova Busca. É preciso que o homem, que Perceval, que Artur se reencontre, que se arme cavaleiro e que pegue, de novo, na espada. É preciso derrubar de vez os banqueiros.
UMA TERRA
Uma terra devastada
de reis insanos
e doentes
um covil de ladrões
e malfeitores
uma terra de ignorantes,
merceeiros e vigaristas
uma terra de guerras
e empresas
uma terra de gente perdida
coberta de lágrimas
uma terra de bruxarias
e computadores
uma terra de pântanos
e de bruma
uma terra de palavras ocas
e de verborreia
uma terra que precisa
de um cálice
uma terra que precisa
de um rei
um homem que precisa
de ir ao fundo de si mesmo
um homem que tem
de se reencontrar
uma terra de amor
e de liberdade
uma terra de Verdade
uma terra de cavaleiros
e de cortesia
uma terra de Unidade
um homem que busca
dentro de si
e que encontra
o primordial.
UM PAÍS DE FILHOS DA PUTA E DE VIGARISTAS!
Paulo Penedos, apontado como um dos membros da “rede tentacular” criada pelo empresário Manuel Godinho, foi hoje indiciado pelo crime de tráfico de influências no âmbito do caso Face Oculta. As medidas de coação aplicadas ao advogado foram também dadas hoje a conhecer por Paulo Brandão, juiz presidente da Comarca do Baixo Vouga.Adriano Miranda (arquivo)
Penedos tem dez dias para pagar uma caução de 25 mil euros
Assim, Paulo Penedos fica proibido de directa ou indirectamente contactar os restantes arguidos do caso Face Oculta, à excepção do seu pai, José Penedos, presidente da REN - Redes Eléctricas Nacionais. Além disso, não poderá entrar em contacto com funcionários da REN nem entrar nas instalações da empresa. Foi-lhe também aplicada uma caução de 25 mil euros que terá de pagar no prazo de dez dias.
Contudo, recorde-se que na passada terça-feira, dia em que Paulo Penedos começou a ser interrogado, o seu advogado, Ricardo Sá Fernandes, chegou a avançar que estaria indiciado por dois crimes de tráfico de influências. Só um se veio hoje a confirmar. Segundo a investigação do processo, Paulo Penedos terá usufruído de contrapartidas financeiras para “abrir portas” a Manuel Godinho na REN - tendo o seu pai recebido vários presentes, alguns de valor considerável - e para ajudar Manuel José Godinho a resolver um conflito com a REFER.
Segundo a investigação do processo, José Penedos e o seu filho Paulo são apontados como membros de uma “rede tentacular” criada pelo empresário Manuel Godinho, administrador de empresas de recolha e triagem de resíduos/sucatas que prestam serviços a empresas com ligações ao Estado, como a REN e a REFER - Rede Ferroviária Nacional.
Arguidos
Pelo Juízo de Instrução de Aveiro passaram, desde o início dos interrogatórios, em 30 de Outubro, 12 arguidos do processo Face Oculta, nove dos quais já com medidas de coacção fixadas. O principal suspeito (o empresário Manuel Godinho) ficou em prisão preventiva e cinco foram suspensos de funções: Manuel João Espadinha Guiomar, José Lopes Valentim e Carlos Vasconcellos (todos da Refer), bem como Mário Pinho, chefe da Repartição de Finanças de São João da Madeira, e Paiva Nunes (EDP Imobiliária). Este último foi também sujeito ao pagamento de caução (25 mil euros), tal como Namércio Pereira da Cunha (de 25 mil euros) e Hugo Sá Godinho (50 mil euros).
O vogal da administração da empresa IDD (Indústria de Desmilitarização e Defesa) José António Contradanças foi, até agora, o único arguido que manteve a medida de coacção mínima, o Termo de Identidade e Residência.
A PJ desencadeou a 28 de Outubro a operação Face Oculta em vários pontos do país, no âmbito de uma investigação relacionada com alegados crimes económicos de um grupo empresarial de Ovar que integra a O2-Tratamento e Limpezas Ambientais, a que está ligado Manuel José Godinho.
No decurso da operação foram efectuadas cerca de 30 buscas, domiciliárias e a postos de trabalho, e 15 pessoas foram constituídas arguidas, incluindo Armando Vara, ex-ministro socialista e vice-presidente do BCP, que suspendeu funções, José Penedos, presidente da REN-Redes Eléctricas Nacionais, e o seu filho Paulo Penedos, advogado da empresa SCI-Sociedade Comercial e Industrial de Metalomecânica SA, de Manuel José Godinho
Penedos tem dez dias para pagar uma caução de 25 mil euros
Assim, Paulo Penedos fica proibido de directa ou indirectamente contactar os restantes arguidos do caso Face Oculta, à excepção do seu pai, José Penedos, presidente da REN - Redes Eléctricas Nacionais. Além disso, não poderá entrar em contacto com funcionários da REN nem entrar nas instalações da empresa. Foi-lhe também aplicada uma caução de 25 mil euros que terá de pagar no prazo de dez dias.
Contudo, recorde-se que na passada terça-feira, dia em que Paulo Penedos começou a ser interrogado, o seu advogado, Ricardo Sá Fernandes, chegou a avançar que estaria indiciado por dois crimes de tráfico de influências. Só um se veio hoje a confirmar. Segundo a investigação do processo, Paulo Penedos terá usufruído de contrapartidas financeiras para “abrir portas” a Manuel Godinho na REN - tendo o seu pai recebido vários presentes, alguns de valor considerável - e para ajudar Manuel José Godinho a resolver um conflito com a REFER.
Segundo a investigação do processo, José Penedos e o seu filho Paulo são apontados como membros de uma “rede tentacular” criada pelo empresário Manuel Godinho, administrador de empresas de recolha e triagem de resíduos/sucatas que prestam serviços a empresas com ligações ao Estado, como a REN e a REFER - Rede Ferroviária Nacional.
Arguidos
Pelo Juízo de Instrução de Aveiro passaram, desde o início dos interrogatórios, em 30 de Outubro, 12 arguidos do processo Face Oculta, nove dos quais já com medidas de coacção fixadas. O principal suspeito (o empresário Manuel Godinho) ficou em prisão preventiva e cinco foram suspensos de funções: Manuel João Espadinha Guiomar, José Lopes Valentim e Carlos Vasconcellos (todos da Refer), bem como Mário Pinho, chefe da Repartição de Finanças de São João da Madeira, e Paiva Nunes (EDP Imobiliária). Este último foi também sujeito ao pagamento de caução (25 mil euros), tal como Namércio Pereira da Cunha (de 25 mil euros) e Hugo Sá Godinho (50 mil euros).
O vogal da administração da empresa IDD (Indústria de Desmilitarização e Defesa) José António Contradanças foi, até agora, o único arguido que manteve a medida de coacção mínima, o Termo de Identidade e Residência.
A PJ desencadeou a 28 de Outubro a operação Face Oculta em vários pontos do país, no âmbito de uma investigação relacionada com alegados crimes económicos de um grupo empresarial de Ovar que integra a O2-Tratamento e Limpezas Ambientais, a que está ligado Manuel José Godinho.
No decurso da operação foram efectuadas cerca de 30 buscas, domiciliárias e a postos de trabalho, e 15 pessoas foram constituídas arguidas, incluindo Armando Vara, ex-ministro socialista e vice-presidente do BCP, que suspendeu funções, José Penedos, presidente da REN-Redes Eléctricas Nacionais, e o seu filho Paulo Penedos, advogado da empresa SCI-Sociedade Comercial e Industrial de Metalomecânica SA, de Manuel José Godinho
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
ENTREVISTA DA CARLINHA
António Pedro Ribeiro é uma longa história de actos revolucionários. Poeta e fundador do Partido Surrealista Situacionista Libertário, no Porto, acredita numa nova “ ordem “ mundial, no homem que explora as suas capacidades máximas, o homem deus. Assume se como anti capitalista e tem sempre uma palavra anti a dizer quanto a uma sociedade moralista e moralizador. Imaginação ao poder!! Já !
1. Quais as linhas gerais do Partido Surrealista Situacionista Libertário? O Partido Surrealista Situacionista Libertário (PSSL) opõe-se à vidinha do rebanho, previsível, rotineira, sem interesse de todos os dias. O PSSL opõe-se à não-vida do mercado, da economia, do dinheiro, do lucro, do governo, do défice, das décimas, das percentagens. O PSSL recusa que o homem se reduza à condção de número, de mercadoria, de objecto de compra e venda, o PSSL abomina a troca mercantil "que emporcalha as relações humanas". O PSSL quer silenciar o discurso assexuado dos economistas. O PSSL acredita no amor, na liberdade e na poesia como forças inaugurais de um mundo onde o homem seja criador, deus, poeta. O PSSL acredita na vida autêntica, plena, divina tornada banquete permanente, onde sejamos profetas e afirmadores da vida. O PSSL quer acrescentar caos ao caos actual de forma a atingir a revolução. O PSSL entende que a culpa da crise do capitalismo é do próprio capitalismo e que, portanto, é preciso derrubá-lo mas sem as tácticas eleitoralistas dos partidos e organizações tradicionais que apenas contribuem para o reformar. O PSSL não acredita em transições pacíficas para o socialismo nem para o anarquismo por isso defende a revolta permanente.
2. O apedro é exemplo desse inconformismo... tem uma longa história de actos revolucionários . Como foi quando foi a ocupação do Feira Nova de Braga? A história da ocupação do Feira Nova de Braga aconteceu em Setembro de 1990. Eu, na altura, colaborava com um jornal chamado "Minho" que teve uns problemas com o hipermercado Feira Nova e então o director pediu-me para escrever qualquer coisa contra o hipermercado. Em vez disso saí de casa com uma faca de plástico no bolso e, através do jornal, comecei a distribuir panletos anti-consumistas à porta do hipermercado. Entretanto, as rádios ou os jornais locais anunciaram que o Che Guevara tinha mandado fechar o Feira Nova. Havia pessoas a fugir de mim na rua e os velhotes faziam-me continência. Na altura, eu era contra o consumismo e contra o monopólio dos hipermercados. Outra história interessante aconteceu em 2003 quando fui acusado de deitar abaixo a estátua do major Mota na Póvoa de Varzim. O major Mota tinha sido presidente da Cãmara no tempo da ditadura e eu comecei a distribuir panfletos a dizer que a estátua era um insulto ao 25 de Abril. Meses depois a estátua foi derrubada e eu e a Frente Guevarista Libertária fomos acusados de a deitar abaixo. Eu tinha escrito um mail a dizer que a estátua ia cair e dois dias depois caiu mesmo. Nunca se soube quem foi mas eu fui interrogado pela Judiciária.3. Dás a entender que não vivemos numa democracia efectiva... a "máquina-sistema" não te parece ser muito pesada ?
Pela tua lógica, o derrube das réstias do fascismo, os países bascos já seriam independendes à muito tempo ... foram invadidos no tempo de franco... O padre Mário de Oliveira disse me uma vez que a revolução de abril nao tinha chegado ao seio da igreja católica onde predominavam réstias de fascismo ... "um homem máquina acorrentado?"
Vivemos na democracia da vidinha. Na democracia da compra e venda. O deus-dinheiro substituiu o Deus de Nietzsche. É um deus que afasta a vida, que converte tudo em mercadoria. É um deus que tem os seus prfetas que pregam estatísticas, percentagens, défices, orçamentos. Tudo isso é morte, é vidinha, não é a verdadeira vida. O fascismo está em todo o lado, não é só no País Basco (aí talvez seja mais evidente). Como dizia Nietzsche, tem de nascer um novo homem, sem preconceitos, livre, capaz de substituir o sub-homem da sub-vida, da vidinha. Há que derrotar todos os servilismos, todo o espírito do rebanho. Para isso é necessária uma revolução global, espiritual, não apenas política ou económica.
4. Imagina, os Estados Unidos sao o primeiro país a declarar se defensores dos direitos do homem e ainda perseguem comunistas. Onde está a liberdade de expressão? O Estado serve para alimentar os tais "carneiros" ... achas possível uma anarquia num futuro brilhante para a humanidade? Os Estados Unidos não são exemplos para ninguém. Nem acredito que Obama melhore as coisas por aí além. Quem manda nos Estados Unidos são os grandes grupos económicos que só estão interessados em lucros astronómicos, os generais e a indústria de guerra. São interesses que nada têm a ver com direitos humanos.Eu tenho que acreditar no anarquismo. Se ele é possível em pequena escala também poderá ser possível ao nível da humanidade. é precisa a tal revolução dionisíaca, é preciso acreditar no amor, na liberdade, na revolução e também no caos. Isto não é acreditar no amor de forma ingénua como as religiões ou os "hippies". É dar caos ao caos. Ir para a rua partir os bancos e a bolsa que nos oprimem, partir coisas como há pouco tempo se fez na Grécia. A revolta é necessária para chegar onde queremos.
5. Defendes uma nova ordem ... revolucionária. não achas que vivemos em pseudo democracias? Nao achas que se deturpou Abril de 74?
Não sei se é uma ordem. Acho que não gosto muito da palavra. Acredito na revolução mas não tenho de apresentar sistemas alternativos. Vivemos em democracias de rebanho. O 25 de Abril ficou por se completar. Houve aquela esperança em 1974/75 mas depois veio a normalização.
Já alguma vez te candidataste à liderança de uma instituição?
Já me candidatei à presidência da Junta de Vila do Conde e à Junta da Póvoa de Varzim pelo Bloco de Esquerda, onde fiquei a três votos de ser eleito mas, se calhar, ainda bem que não fui. Já fui candidato a deputado pelo PSR por Braga e várias vezes candidato à presidência da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras do Porto, sempre em listas minoritárias. Ganha-se uma certa notoriedade, podem-se discutir umas ideias mas os partidos controlam muito, especialmente o Bloco de Esquerda. No PSR era mais livre e espontâneo.
http://voodooexperience.blogspot.com
CHUPA, Ó SÓCRATES
Desemprego vai ultrapassar barreira dos 10 por cento em 2010
19.11.2009 - 10h01
Por Vítor Costa
DR
Angel gurria, secretário-geral da OCDE
A economia portuguesa vai recuar 2,8 por cento em 2009 retomando o crescimento em 2010, mas apenas a uma taxa de 0,8 por cento, uma décima de ponto percentual abaixo do crescimento previsto para o conjunto da zona euro. O desemprego ultrapassará os 10 por cento em 2010.
Os valores foram avançados hoje nas últimas previsões da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), onde se aponta ainda para que o desemprego em Portugal continue a crescer em 2010, para os 10,1 por cento. Em 2011, com a economia a crescer 1,5 por cento, a taxa de desemprego voltará para níveis de apenas um dígito, ainda assim, deverá ser de 9,9 por cento.
Segundo as previsões da organização sedeada em Paris, a economia nacional bateu no fundo no segundo trimestre de 2009, mas deverá continuar com um crescimento anémico face ao forte endividamento externo que apresenta. O défice da balança corrente será equivalente a 9,7 por cento do Produto Interno Bruto este ano, acelerando para 10,7 e 11,1 por cento em 2010 e 2011.
Ao nível das contas públicas, as previsões da OCDE também não trazem boas notícias para Portugal, com esta instituição a prever que o défice orçamental continue a crescer. Assim, caso estas estimativas se concretizem, o défice corresponderá a 6,7 por cento do PIB em 2009, a 7,6 por cento no próximo ano e a 7,8 por cento em 2011, valores que, ainda assim, ficam abaixo das previsões avançadas pela Comissão Europeia que apontam para valores em redor dos 8 por cento do produto. Recorde-se que o ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos já fez saber que apresentará uma nova estimativa para o valor do défice público quando forem conhecidos os dados da execução orçamental de Outubro, o que deverá acontecer amanhã.
A degradação das contas públicas resulta, em grande parte, da quebra acentuada das receitas fiscais, face à actual conjuntura de crise, mas também da despesa efectuada na tentativa de relançamento da actividade económica. Segundo a OCDE, o esforço público feito pelo Estado português para o relançamento da economia permitiu dar um impulso de 1,1 por cento ao PIB e, deste esforço, três quintos resultaram de medidas do lado da despesa.
Em matéria de preços, a OCDE confirma que a variação da taxa de inflação será negativa este ano (-0,9 por cento), mas retomará o crescimento em 2010 e 2011, com taxas de 0,7 e um por cento, respectivamente.
Como melhorou a economia
Os dados divulgados pela OCDE permitem verificar que a aceleração da economia portuguesa, depois da recessão prevista para este ano, será feita com base em quase todas as componentes da procura interna e externa, mas será, no essencial, feita com base na procura interna.
Apesar de em 2009, a recuperação da economia portuguesa ter sido assente nas exportações, embora também tenha havido uma aceleração da procura interna, segundo as previsões da OCDE, as exportações líquidas (exportações menos as importações) apenas darão um contributo para o crescimento do PIB em 2010 de 0,1 pontos percentuais, quando em 2009 esse contributo terá sido de 1,5 pontos.
Caberá, assim, à procura interna o papel de motor da retoma. Segundo a OCDE, o consumo privado deverá crescer no próximo ano a uma taxa de 0,6 por cento, contra uma quebra de um por cento em 2009. Também o investimento passará a taxas de crescimento positivas: depois de um recuo de 13,6 por cento em 2009, deverá registar um crescimento de 0,6 por cento no próximo ano e de 0,9 por cento em 2011. A única componente da procura interna que deverá registar uma desaceleração será, assim, o consumo público que, depois de um crescimento de 1,4 por cento este ano deverá desacelerar para um crescimento de 0,6 por cento em 2010 e 2011.
Face a este cenário, a OCDE alerta que existem riscos nas suas previsões que resultam essencialmente de duas condições: que se verifique a prevista retoma da zona euro, a segunda que tem a ver com a implementação, ou não, de um plano nacional de consolidação das contas públicas. Segundo a OCDE, caso não seja implementado um plano credível de redução do défice por parte das autoridades nacionais, as condições de acesso ao crédito por parte do Estado e do sector privado poderão degradar-se criando entraves á recuperação da economia.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
IGUAIS AOS DEUSES
Acordo de madrugada. Penso que sou um rei em cima do palco. As mulheres acham-me piada e riem-se para mim. Ontem só bebei cinco cervejas. Tenho bebido muitas mais noutras noites. Pensava que depois de ter ido ao Campo Alegre as mulheres bonitas me viriam dar beijos na boca. Afinal, não. É a mesma rotina de sempre. É como um gajo em frente ao computador a teclar. Terei algo que os outros não têm. Ando na demanda do Graal, procuro os moinhos de Quixote. A anarquia vem ter comigo. Estou mesmo muito bem disposto. Poderia ter conversas espirituosas com muita gente. Fá-los-ia rir. Pelo menos não ando para aí a partir os vidros dos carros. O que até nem era má ideia. Anjo em chamas. Por onde andas? Por aí, atrás da minha loucura. Os meus berros são de louco. Cambaleio pelo palco. Faz-me falta o Henrique. Ando a ouvir as canções todas das Las Tequillas no youtube. Diz a palavra. Quero ir para o palco. O meu reino por um palco. A plateia aborrece-se, entendia-me. Sempre as pessoas normais a fazer as coisas normais. Sempre as pessoas a dizer avé-maria ao chefe, ao Sócrates, ao Cavaco. Sempre atrás do dinheiro e do estatuto social. Sempre fechadas na família. Sempre a fingir que estão bem. Sempre a criticar o parceiro do lado. Não! Não é isso que quero. Afastei-me dessa via. Não sou mesquinho, não sou merceeiro. Estou do lado da liberdade. Do lado do criador. Do bailarino. Vim para aqui de graça para criar. Assim devo continuar. Assim é o Artista. Provoco os outros. Faço-os rir. Para isso vim ao mundo. Nada a fazer. A vida não é só comer, beber e sacar dinheiro. Estamos aqui para algo de muito mais alto, de mais sublime. Estamos aqui para sermos iguais aos deuses.
Chego a casa cheio de pedal. Estive no "Piolho" e no "Gato Vadio". Acredito na revolução. Só acredito na revolução. Estou farto de ver toda a gente a pastar. É preciso acção! Dar cabo de uns bancos. Ocupar as ruas. Estou farto de reuniões e de meias-palavras. É preciso destruir o capitalismo. Deitar abaixo os amigos do Vara e do Dias Loureiro que estão no PS e no PSD. É preciso acabar com a corrupção. Com os filhos da puta que nos roubam. É preciso começar tudo de novo.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
HAKIM BEY
Tuesday, August 26, 2008
Nietzsche e os Dervixes
Rendan, ``Os Espertos''. Os sufis usam um termo técnico, rend (adjetivo rendi, plural rendan), para designar alguém ``esperto o suficiente para beber vinho em segredo sem ser pego'': a versão dervixe da ``dissimulação permissível'' (tagiyya, que permite aos xiitas mentir sobre sua verdadeira afiliação para evitar perseguições e favorecer o propósito de sua propaganda).
Na esfera do ``caminho'', o rend esconde seu estado espiritual (hal) para contê-lo, trabalhá-lo alquimicamente, expandi-lo. Esta ``esperteza'' explica muito dos sigilos das Ordens, embora continue sendo verdade que muitos dervixes realmente quebraram as regras do Islã (shariah), ofendem a tradição (sunnah) e insultam os costumes de sua sociedade - o que lhes dá razão para um segredo real.
Ignorando-se o caso de ``criminosos'' que usam o sufismo como uma máscara - ou melhor, não o sufismo em si, mas o dervixismo, que na Pérsia é quase um sinônimo de maneiras transigentes e, portanto, de relaxamento social, um estilo de amoralidade genial e pobre, mas elegante - a definição acima ainda pode ser considerada tanto num sentido literal quanto metafórico. Isto é: alguns sufis violam a Lei ao mesmo tempo permitem que ela exista e continue a existir; e eles o fazem por motivos espirituais, como um exercício da vontade (himmah).
Nietzsche diz em algum lugar que um espírito livre não se move para que as regras ou mesmo para que sejam reformuladas, uma vez que é apenas quebrando as regras que ele se conscientiza de sua vontade de querer. Uma pessoa precisa provar (para si mesma, se não alguém mais) sua capacidade de romper com as regras do rebanho, de fazer sua própria lei e ainda assim não cair presa do rancor e do ressentimento próprios das almas inferiores que definem a lei e os costumes em QUALQUER sociedade. A pessoa precisa, com efeito, de um equivalente individual da guerra para atingir a transformação do espírito livre - necessita de uma estupidez inerente contra a qual possa medir o seu próprio movimento e inteligência.
Anarquistas às vezes postulam uma sociedade ideal sem lei. Os poucos experimentos anarquistas que lograram um breve êxito (os makhnovistas, Catalunha) fracassaram em sobreviver às condições da guerra que originaram sua existência - dessa forma, não temos meios de saber empiricamente se tais experimentos poderiam ter sobrevivido no início da paz.
Alguns anarquistas, no entanto - como nosso falecido amigo, a ``Marca'' stirneriana italiana -, e até mesmo alguns que eram comunistas e socialistas, participaram de toda sorte de levantes e revoluções, porque encontraram, no momento da insurreição em si, o tipo de liberdade que buscavam. Enquanto a utopia tem, até agora, sempre fracassado, os anarquistas individualistas ou existencialistas têm logrado êxito visto que têm obtido (embora brevemente) a realização de sua vontade durante a guerra.
As restrições de Nietzsche aos ``anarquistas'' são sempre endereçadas ao tipo mártir comunista-igualitário narodnik, cujo idealismo ele via como mais um sobrevivente do moralismo pós-cristão - embora ele algumas vezes os elogie por ao menos terem a coragem de se revoltar contra a autoridade majoritária. Ele nunca menciona Stirner, mas acredito que teria classificado o rebelde individualista como um dos mais altos tipos de ``criminosos'', que representavam para ele (assim como para Dostoievski) seres humanos muito superiores à multidão, mesmo se tragicamente traídos por suas próprias obsessões e possíveis motivos de vingança ocultos.
O super-homem nietzschiano, se existisse, teria de compartilhar, até certo grau, dessa ``criminalidade'', mesmo se superasse todas as suas obsessões e compulsões, simplesmente porque sua lei nunca poderia concordar com a lei das massas, do Estado e da sociedade. Sua necessidade de ``guerra'' (seja literal ou metafórica) poderia até mesmo persuadi-lo a participar da revolta, tenha ela assumido a forma de insurreição ou apenas uma boemia orgulhosa.
Para ele, uma ``sociedade sem lei'' poderia Ter valor apenas enquanto pudesse medir sua própria liberdade contra a sujeição de outros, contra seus ciúmes e ódios. As breves ``utopias piratas'' sem lei de Madagascar e do Caribe, a República de Fiume de D’Annunzio, a Ucrânia ou Barcelona - essas experiências o atrairiam, porque prometia o tumulto do porvir e até mesmo a possibilidade do ``fracasso'' em vez da bucólica sonolência de uma ``perfeita'' (e portanto morta) sociedade anarquista.
Na ausência de tais oportunidades, esse espírito livre teria desdenhado perder tempo com agitações para reformas, com protestos, com sonhos visionários, com todo tipo de ``martírio revolucionário'' - em suma, com a maior parte da atividade anarquista contemporânea. Para ser rendi, para beber vinho em segredo e não ser pego, para aceitar as regras a fim de violá-las e assim atingir a elevação espiritual ou o transe energético do perigo e da aventura, a epifania privada da superação de toda polícia interior ao mesmo tempo em que se engana toda autoridade externa - tal poderia ser uma meta válida para esse espírito e essa poderia ser sua definição de crime.
(Incidentalmente, acho que esta leitura talvez explique a insistência de Nietzsche pela MÁSCARA, pela natureza dissimulada do proto-super-homem, que perturba até mesmo os comentarias mais inteligentes, embora algo liberais, como Kaufman. Os artista por mais que Nietzsche os ame, são criticados por contar segredos. Talvez ele tenha falhado ao considerar que - parafraseando Allen Ginsberg - este é nosso modo de nos tornarmos ``grandes''; e também que - parafraseando Yeats - até mesmo o mais verdadeiro dos segredos torna-se uma outra máscara.)
Sobre o movimento anarquista de hoje: pelo menos uma vez, gostaríamos nós de pisar num solo onde as leis são abolidas e o último padre é enforcado com as tripas do último burocrata? Sim, claro. Mas não nutrimos grandes expectativas. Há certas causas (para citar Nietzsche de novo) que nunca abandonamos completamente, nem que seja apenas em função da mera insipidez de todos os nosso inimigos. Oscar Wilde poderia ter dito que não se pode ser um cavalheiro sem ser um pouco anarquista - uma paradoxo necessário, como a ``aristocracia radical'' de Nietzsche.
Isso não é apenas uma questão de dandismo espiritual, mas também de compromisso existencial com uma espontaneidade subjacente, com um ``Tao'' filosófico. Apesar do desperdício de energia pela sua Própria falta de forma o anarquismo, entre todos os ISMOS, aproxima-se daquele único tipo de forma que pode nos interessar hoje, aquele estranho atrator, a forma do caos, que (uma última citação) se deve ter dentro de si, no caso de dar à luz a uma estrela dançarina.
-- Equinócio de Primavera, 1989
Posted by Timóteo Pinto at 11:28 AM
Labels: dervixes, Nietzsche, sufismo
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POESIA DE CHOQUE
Amanhã, quinta, 19, pelas 21,30 h, há POESIA DE CHOQUE no Clube Literário do Porto. Com Luís Carvalho, António Pedro Ribeiro e poetas guineenses. A abrir.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
JESUS E O SUPER-HOMEM
Poderia acreditar num Jesus como o do padre Mário. Um Jesus que rejeita a Religião e a Igreja, que rejeita as hierarquias da Igreja. Poderia acreditar num Jesus que, como Nietzsche, rejeita o Deus do sacrifício, da submissão, da não-vida. Poderia acreditar num Jesus que, como Vaneigem, se opõe ao Deus-dinheiro e ao Poder. Num Jesus que rejeita o Deus do Templo, a confissão e as missas. Poderia acreditar nesse Jesus rebelde, insubmisso, que acredita na Humanidade e na transformação da sociedade. Um Jesus ao lado dos injustiçados, dos pobres, dos que nada têm, que rejeita a opulência das Igrejas. Um Jesus revolucionário que está pela Paz, desarmado, contra as guerras. Poderia acreditar num Jesus que promove a bondade e o humano. Poderia acreditar nesse Jesus. Mas hesito. Sou céptico. Tenho dúvidas. No entanto, essa ideia de um Jesus anti-capitalista que combate a idolatria do Dinheiro e do Poder não deixa de me atrair. Essa ideia de um Jesus a expulsar os vendilhões do templo. Essa ideia de que todos podemos ser Jesus. É claro que Nietzsche dizia que Jesus foi o único dos cristãos. É claro que Nietzsche diz que o homem pode superar-se: passar sucessivamente de camelo, a leão e a criança. Que pode tornar-se um deus, o super-homem. Mas não estaremos a falar da mesma coisa?
O LIVRO DO PADRE MÁRIO ENCHARCADO
Escrevi umas coisas no "Big Ben"
mas não consigo percebê-las
entrei no metro sem bilhete carregado
e apanhei uma molha daquelas
estive de bar em bar
com o Costa e com o Fred
estivemos a ensaiar
e a ver a bola
no "Big Ben" às quatro da manhã
o patrão chamou-me a atenção
por eu estar quase a dormir
ontem passei o dia a dormir
e hoje não estou a 100%
só espero que o livro do padre Mário
não se tenha estragado irremediavelmente
com a chuva
a leitura estava a fascinar-me
mesmo não sendo um crente em Jesus
há pessoas que vêm ter comigo na noite
a elogiar a prestação no Campo Alegre
quando receber o dinheiro
vai ser uma festa
por uns dias
ao ritmo a que tenho gasto
não aguenta muito
o casal bebe sumo e leite chocolatado
e eu hoje provavelmente
não vou beber cerveja
faz-me falta a D. Rosa
tem piada que o caderno
ficou pouco danificado
comparado com o livro
deveria ser ao contrário
coitado do padre Mário!
Mas as suas ideias vão resistir
se o livro fosse da biblioteca
lá teria de o pagar
é preciso ver o lado positivo da coisa
e cá estou eu na "Motina"
a ouvir música
e a escrever sobre o quotidiano
uma gaja boa veio ao pão
ontem houve uma letra
que se enquadrou na música
"Só beber, nem sequer escrever"
há uma semana ainda estava
em Braga
naquele dia triunfal
em que escrevi noite fora
em que percorri a cidade
de manhãzinha
como há muito não fazia
e agora estou aqui
já é noite
olho para os carros lá fora
o casal come mistas
a Maria corta fiambre
ainda é cedo
e eu preocupado com o livro
do padre Mário
ficou lá em casa a secar
o homem entra
e dá as boas tardes
viva a monarquia!
Diria o D. António Simões do Vale
se estivesse aqui
até o bêbado deixou de aparecer
já não há aqui figuras marcantes
só a canção do Bryan Adams
e a Maria a fazer os trocos
o poema, esse, lá prossegue
enquanto a tinta durar
e as palavras vierem
ter comigo
os bolos na vitrine
e eu quase teso
a minha maior preocupação
continua a ser o livro do padre Mário
quero lê-lo até ao fim.
Vilar do Pinheiro, "Motina", 16.11.2009
EZLN
Desde Suiza e Italia se escucha el grito solidario: ¡Primero nuestr@s pres@s!
A los presos y a las presas políticas en México y en el mundo
A los pueblos en lucha en todo el planeta
A La Otra Campaña en México y a la Zezta Internacional
A la Red Nacional Contra la Represión y por la Solidaridad de México
El Colectivo Zapatista “Marisol” de Lugano (Suiza), el Observatorio América Latina del centro social XM24 de Bolonia (Italia) y el colectivo Nodo Solidale de Roma (Italia) comunicamos que, en la medida de nuestras posibilidades, queremos demostrar que no existen fronteras y que la geografía del poder, hecha de alambres de púas y aduanas, no nos puede impedir de reconocer a los hermanos y las hermanas secuestradas en todo el planeta por resistir al embestida neoliberalista.
En México, igual que en otros rincones dolidos de esta Tierra, l@s luchadores sociales son perseguid@s, torturad@s, asesinad@s por ejército, policía y grupos paramilitares. En México, como en Palestina por ejemplo, y también en Italia y Suiza, los últimos de los últimos son l@s que cargan con el peso de toda la sociedad que l@s explota, l@s discrimina, l@s despoja y finalmente, cuando se inconforman, l@s reprime. En Europa son l@s migrantes, l@s pobres que huyen de los países arruinados por las transnacionales occidentales, quienes les toca esta suerte; en la digna Palestina son l@s mism@s nativ@s de estas tierras, los y las palestinas, quienes son explotad@s y exterminad@s por el ejército invasor de Israel y por el silencio cómplice de los Estados del mundo; en México el despojo sigue desde hace más de 500 años contra l@s indígenas, en particular, y los sectores populares, más en general.
Pero en México, como en Europa o en Palestina – y en otros parajes – hay hombres y mujeres que pagan un precio más alto por resistir, por no venderse, por no negociar su dignidad e historia con el Poder. Cuando no se les asesina, se les secuestra en las cárceles de máxima seguridad, arrebatándol@s a los movimientos, a las familias, a la vida. Pero hasta desde las mazmorras más profundas, estos hombres y estas mujeres que consideramos un ejemplo, escaban trincheras y disparan sus mensajes de libertad: ¡ni un paso atrás!
Hoy, entonces, queremos sumarnos a la Campaña “Primero Nuestr@s Pres@s” convocada por La Otra Campaña en México. Nuestra pequeña aportación, por la liberación de est@s compañer@s que desde las celdas nos animan con rabia y voluntad, será la de hacer el posible para que el nombre y la resistencia de est@s luchadores sociales no quede en el olvido y se haga pública también a miles de kilómetros de distancia. Su resistencia es un ejemplo, porque quienes defienden los bosques, las tierras, el agua, las tradiciones, su diferencia y especificidad (étnica, de clase o de género), están defendiendo la humanidad, están defendiendo una riqueza colectiva, material e imaginaria, contra el despojo violento del capitalismo.
En esta guerra que el capitalismo declaró, sabemos con certidumbre con quiénes estamos: ¡con nuestr@s compañer@s pres@s!
Recordamos en particular, con estas palabras, nuestros hermanos zapotecos Abraham Ramírez Vásquez, Juventino García Cruz y Noel García Cruz de la Alianza Magonista Zapatista (AMZ), detenidos en su comunidad, Santiago Xanica, en enero de 2005, por el tirano de Oaxaca, Ulises Ruiz Ortiz (responsable también de casi treinta asesinatos de luchadores sociales durante las protestas del 2006). A ellos mandamos un abrazo fraterno y pedimos a tod@s de no olvidarlos, de asumir su lucha por la defensa de la tierra y el territorio, porque eso es el espacio vital por defender, en donde florece el otro mundo posible, ése en equilibrio con la naturaleza y todos los seres vivos.
Así como nos enseñan las comunidades autónomas zapatistas, en el Chiapas rebelde y digno del Ejército Zapatista de Liberación Nacional (EZLN), pese las constantes agresiones para/militares que sufren.
Exigimos, entonces, también la liberación inmediata de l@s compañer@s que siguen:
En Chiapas (por rechazar el despojo de sus tierras en nombre del progreso):
Antonio Gómez Saragos, Gerónimo Gómez Saragos, Alberto Patishtán Gómez, Rosario Díaz Méndez, Manuel Aguilar Gómez;
En el estado de Campeche (por resistir y organizarse contra las altas tarifas de energía eléctrica): Sara López González, Joaquín Aguilar Méndez, Guadalupe Borjas Contreras;
En el estado de México: Ignacio del Valle Medina, Felipe Álvarez Hernández y Héctor Galindo Gochicoa (en la cárcel de máxima seguridad por los hechos de Atenco, sentenciados a 67 y 112 años), Jorge Alberto Ordóñez Romero, Román Adán Ordóñez Romero, Alejandro Pilón Zacate, Juan Carlos Estrada Cruces, Julio César Espinoza Ramos, Inés Rodolfo Cuellar Rivera, Edgar Eduardo Morales Reyes, Óscar Hernández Pacheco, Narciso Arellano Hernández (los nueve sentenciados a 31 años de prisión por los hechos de Atenco);
En la Capital: Víctor Herrera Govea (detenido por la represión del 2 de octubre de 2009)
Nello stato di Guerrero: Máximo Mojica Delgado, María De los Ángeles Hernández Flores, Santiago Nazario Lezma (los tres por luchar por la vivienda, acusados de secuestro);
Nello stato di Nayarit: Tomás de Jesús Barranco;
Nello stato di Oaxaca: (Por la represión en la región Loxicha, desde 13 años en la cárcel): Agustín Luna Valencia, Álvaro Sebastián Ramírez, Justino Hernández José, Mario Ambrosio Martínez, Fortino Enríquez Hernández, Eleuterio Hernández García, Abraham García Ramírez, Zacarías P. García López, Juan Manuel Martínez Moreno;
En el marco de la Campaña Internacional “Primero Nuestr@s Pres@s”, presentamos las siguientes actividades:
El Colectivo Zapatista “Marisol” de Lugano organizará un evento solidario en el centro social Molino (Suiza), con la presentación de un libro acerca las resistencias del México de abajo, música y debate con el filosofo John Holloway, sábado 14 de noviembre de 2009.
El colectivo Nodo Solidale de Roma organizará, en solidaridad a l@s pres@s polític@s, un evento nocturno en la okupa Ateneo Squat, Dragoncello, Roma (Italia), con charla y conciertos, el viernes 27 de noviembre. El día siguiente, sábado 28 de noviembre, en la Universidad de Tor Vergata (Roma) organizará, en el marco de una jornada anticarcelaria, también una mesa informativa con material audiovisual sobre la prisonía política en México.
En Bolonia (Italia), jueves 19 de noviembre, en el centro social XM24, se realizará una noche informativa multimedial en donde habrá un espacio dedicado a dar visibilidad y profundizar el asunto de l@s pres@s políticos en México. También habrá mesas con material informativo, documentales, entrevistas allá grabadas, y, durante la noche, se hará un enlace en videoconferencia con unos compañeros presentes en México.
En los cuatro eventos se publicarán los nombres y las resistencias de los presos y las presas de La Otra Campaña, para romper el cerco de la indiferencia que engendra el Poder y retomar la memoria y la dignidad que aúna a quienes luchamos, desde cada rincón del planeta, por acabar con la barbarie capitalista.
Por un mundo sin rejas: ¡Libertad para l@s pres@s polític@s!
Nunca más cárceles, nunca más fronteras, nunca más Estados.
Colectivo Zapatista “Marisol” de Lugano (Suiza) - http://czl.noblogs.org/
Observatorio América Latina del Centro Social XM24 de Bolonia (Italia) http://reporter.indivia.net/
Colectivo Nodo Solidale de Roma (Italia) http://www.autistici.org/nodosolidale/
domingo, 15 de novembro de 2009
ESTÁ TUDO FEITO
O esclarecimento foi dado ao início da noite, em comunicado, pela Procuradoria-Geral da República.
“O Senhor Presidente do STJ, no exercício de competência própria e exclusiva, julgou nulo o despacho do Juiz de Instrução Criminal que autorizou e validou a extracção de cópias das gravações relativas aos produtos em causa e não validou a gravação e transcrição de tais produtos, ordenando a destruição de todos os suportes a eles respeitantes”, lê-se no documento.
O comunicado explica que a 26 de Junho e a 3 de Julho "foram recebidas na Procuradoria-Geral da República duas certidões remetidas pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Aveiro, entregues pelo Procurador-Geral Distrital de Coimbra e extraídas do processo conhecido por 'Face Oculta', acompanhadas de vinte e três CD, contendo escutas". José Sócrates intervinha em seis das escutas transcritas.
A Procuraria nota que no despacho do DIAP de Aveiro e no despacho do Juiz de Instrução Criminal "sustentava-se que existiam indícios da prática de um crime de atentado ao Estado de Direito".
O documento sublinhou ainda que "contrariamente ao que alguma comunicação social tem noticiado, seguiram-se todos os procedimentos normais, sem qualquer demora (como se vê das datas referidas), e que entre o Procurador-Geral da República e o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça existiu completa concordância no que respeita ao caso concreto".
“O Senhor Presidente do STJ, no exercício de competência própria e exclusiva, julgou nulo o despacho do Juiz de Instrução Criminal que autorizou e validou a extracção de cópias das gravações relativas aos produtos em causa e não validou a gravação e transcrição de tais produtos, ordenando a destruição de todos os suportes a eles respeitantes”, lê-se no documento.
O comunicado explica que a 26 de Junho e a 3 de Julho "foram recebidas na Procuradoria-Geral da República duas certidões remetidas pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Aveiro, entregues pelo Procurador-Geral Distrital de Coimbra e extraídas do processo conhecido por 'Face Oculta', acompanhadas de vinte e três CD, contendo escutas". José Sócrates intervinha em seis das escutas transcritas.
A Procuraria nota que no despacho do DIAP de Aveiro e no despacho do Juiz de Instrução Criminal "sustentava-se que existiam indícios da prática de um crime de atentado ao Estado de Direito".
O documento sublinhou ainda que "contrariamente ao que alguma comunicação social tem noticiado, seguiram-se todos os procedimentos normais, sem qualquer demora (como se vê das datas referidas), e que entre o Procurador-Geral da República e o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça existiu completa concordância no que respeita ao caso concreto".
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
GLÓRIA-PARTE IV
Escrevo. São seis da madrugada. Não consigo dormir. Escrevo o que vem do coração. Sou Jesus. Sou Morrison. Sou Nietzsche. Amo a Humanidade. A Humanidade despojada de Poder e de Dinheiro. O meu único poder é o poder da palavra. Ultimamente tenho feito os outros rir. Se calhar, tenho de virar o disco. Cantar o caos e o amor. Este será um grande dia. Se não adormecer entretanto percorrerei as ruas de Braga manhã cedo. Percorrerei as ruas de Braga em busca de glória. Percorrerei as ruas de Braga e amarei o humano dos homens e das mulheres. O humano que resta nos corações dos homens e das mulheres. E levarei comigo o padre Mário. O livro do padre Mário, o "Novo Livro do Apocalipse ou da Revelação" faz-me renascer como o "Plexus" de Henry Miller. Já não sou o mesmo. Tenho mesmo uma missão na Terra. Escreverei livros e levarei a mensagem seja onde for. "Queimai o Dinheiro" já é um sinal, "Da Merda até Deus" será outro. Mas tenho de publicar as minhas prosas. Neste tom profético que já tem sido publicado na "Voz da Póvoa". Acredito no Homem, sou forçado a acreditar no Homem como Che Guevara acreditava. Não tenho nada a perder. Este é o caminho que tenho de seguir. Não há aqui dogmas, não há meias-palavras, não há cedências ao capitalismo ou ao Grande Irmão. Eu, António Pedro Ribeiro, 41 anos, renasço esta madrugada. Abençoado pela luz do padre Mário Oliveira. Abençoado pelo palco e pelos aplausos. Fascinado pela demanda do Graal, que é a mulher, que é Madalena. Eu, António Pedro Ribeiro, 41 anos, declaro-me revolucionário, filho das flores e do Maio de 68. Amante da Paz e da Liberdade. Poeta do caos e do amor. Profeta da rebeldia.
GLÓRIA-PARTE III
São 7 horas e eu permaneço a pé. A Gotucha não está e a Fernanda está a dormir. Há muito que não escrevia um texto tão longo. Os olhos ardem. Mas eu tenho de continuar. Ouvem-se já alguns carros lá fora. Acho que já não me vou deitar. Hoje vai ser um dia triunfal. Tudo o indica. Estou vivo. Sigo a vida autêntica. Estou despojado. Só tenho uma caneta, um caderno e um livro. Os pássaros cantam. Amo vertiginosamente a vida. Apetece-me andar pela cidade de manhã. Amá-la. é a minha cidade. Não tenho trabalhos nem compromissos. Só a minha missão. Sei perfeitamente onde quero chegar. estou iluminado. Em comunhão com Morrison, Nietzsche e Jesus. Mas tenho de continuar a cantar o caos. Tenho de seguir a minha via. É quase dia. Nasce o Grande Dia da minha vida. 9 de Novembro de 2009. Nunca mais serei o mesmo.
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