Esta semana no Gato Vadio,
Utopias Piratas, Peter Lamborn Wilson
Apresentação e debate
Com a presença de Miguel Mendonça e António Alves da Silva
Quinta-feira, 2 de Abril, às 22h
Mulheres Traídas – [Making Of], de Miguel Marques
Documentário
Sexta-feira, dia 3 de Abril, 22h15
Gato Vadio
Entrada livre
(Programa completo)
Utopias Piratas, Peter Lamborn Wilson
Apresentação e debate
Com a presença de Miguel Mendonça e António Alves da Silva
Quinta-feira, 2 de Abril, às 22h
Gato Vadio
Peter Lamborn Wilson, (também conhecido pelo pseudónimo literário Hakim Bey) é o autor da fleumática obra TAZ (Zona Temporária Autónoma) onde incita à criação de espaços livres e plenamente autónomos que escapem à lógica das entidades hierarquizadas e opressivas que regulam as sociedades actuais.
Investigador, ensaísta e poeta norte-americano com vasta obra editada, escreveu «Sacred Drift: Essays on The Margins of Islam», na City Lights e «Scandal: in Islamic Heresy», Autonomedia.
Utopias Piratas (Pirate Utopias: Moorish Corsairs & European Renegadoes, 1995), obra editada pela Deriva e traduzida por Miguel Mendonça, é um estudo histórico e filosófico sobre a pirataria moura do século XVII e o papel muito particular da República de Salé. Corsários, sufis, pederastas, mulheres mouras «irresistíveis», escravos, aventureiros, rebeldes irlandeses, judeus hereges, espiões britânicos, heróis populares da classe trabalhadora e até um pirata mouro em Nova Iorque, emprestam a este livro um ambiente livre constituído por comunidades insurrectas nunca verdadeiramente dominadas e portadoras de uma praxis de resistência social que abalou seriamente os estados europeus.
«O islamismo, no fim de contas, é o mais recente dos três monoteísmos ocidentais, e contém por isso a sua dose de crítica revolucionária do judaísmo e do cristianismo. A apostasia de um autoproclamado Messias ou de um pobre e anónimo marinheiro seria invariavelmente vista, nesta perspectiva, como um acto de revolta. O islão, em certa medida, foi a Internacional do século XVII – e Salé talvez o seu único e verdadeiro “Soviete”. À primeira vista, Salé aparenta ser um lugar ímpio, um ninho de piratas ateístas e violentos – mas assim que observamos e escutamos com mais atenção, quase podemos ouvir o eco das suas vozes distantes, recortadas em apaixonados debates e exaltadas oratórias. Os textos perderam-se ou talvez nunca tenham existido; era uma cultura oral, uma cultura auditiva… é difícil discernir os seus últimos murmúrios… mas não totalmente impossível!». Peter Lamborn Wilson
Convidamos os piratas e os vadios, integrados e desintegrados, a avivar a conversa!
terça-feira, 31 de março de 2009
sábado, 28 de março de 2009
QUEIMAI O DINHEIRO
"QUEIMAI O DINHEIRO" DE A. PEDRO RIBEIRO
O livro "Queimai o Dinheiro" (Corpos Editora) de A. Pedro Ribeiro vai ser apresentado na próxima sexta, 3 de Abril, às 21,00 horas, no Clube Literário do Porto. O evento conta com a presença do autor, do poeta e crítico Rui Lage e do editor Ricardo de Pinho Teixeira. A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968 e é autor dos livros de poesia "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Um Poeta a Mijar" (Corpos Editora, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007) e "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001). Foi fundador da revista Aguasfurtadas e diz regularmente poesia há mais de 20 anos. "Queimai o Dinheiro" fala da sociedade contemporânea onde o dinheiro se elevou à condição de deus, onde o mercado e a economia tudo condicionam e convertem numa paisagem de servilismo e de morte, onde o homem não pode ser livre. "Queimai o Dinheiro" é uma crítica mordaz ao império do rebanho e dos economistas, daí o "Manifesto Contra os Economistas", daí os apelos à revolução e à anarquia. "Queimai o Dinheiro" fala também das mulheres, do sexo que espreita, das peregrinações nocturnas do poeta e de uma vida alternativa ao tédio e à rotina do capitalismo. Durante a apresentação A. Pedro Ribeiro vai rasgar uma nota de 20 euros.
O livro "Queimai o Dinheiro" (Corpos Editora) de A. Pedro Ribeiro vai ser apresentado na próxima sexta, 3 de Abril, às 21,00 horas, no Clube Literário do Porto. O evento conta com a presença do autor, do poeta e crítico Rui Lage e do editor Ricardo de Pinho Teixeira. A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968 e é autor dos livros de poesia "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Um Poeta a Mijar" (Corpos Editora, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007) e "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001). Foi fundador da revista Aguasfurtadas e diz regularmente poesia há mais de 20 anos. "Queimai o Dinheiro" fala da sociedade contemporânea onde o dinheiro se elevou à condição de deus, onde o mercado e a economia tudo condicionam e convertem numa paisagem de servilismo e de morte, onde o homem não pode ser livre. "Queimai o Dinheiro" é uma crítica mordaz ao império do rebanho e dos economistas, daí o "Manifesto Contra os Economistas", daí os apelos à revolução e à anarquia. "Queimai o Dinheiro" fala também das mulheres, do sexo que espreita, das peregrinações nocturnas do poeta e de uma vida alternativa ao tédio e à rotina do capitalismo. Durante a apresentação A. Pedro Ribeiro vai rasgar uma nota de 20 euros.
quinta-feira, 26 de março de 2009
DO AMARAL
O Amaral encontrou-me no "Ceuta". Falámos da arte e da vida. Depois o Amaral foi comprar fruta. Sim, os poetas e os escritores também compram fruta. Não passam a vida a ter discussões metafísicas. Não passam a vida a olhar para as gajas e a comentá-las. Eu próprio tive um teste de Alemão. E correu-me mal. Logo agora que tudo parece correr bem. Logo agora que tenho namorada. Logo agora que tenho fãs. Bem, o que importa é que encontrei o Amaral no Ceuta. Não é normal acontecer nos dias normais. Normalmente só nos encontramos em eventos. O Amaral que tem uma banda de sucesso e um livro de sucesso. "Caravana". Aqui no "Piolho" há um empregado que está sempre a mudar. Estranho fenómeno. Há sempre um empregado que não aguenta mais do que duas semanas. Os outros vão-se mantendo. ESte ano o "piolho" faz 100 anos. E eu já venho aqui há mais de 20. ERa puto nesta terra e vinha cá. Acho que mesmo no tempo da Faculdade de Economia. Tertúlias, noitadas, conversas acesas. Depois conheci o Amaral. ERam os tempos do PSR. Os tempos em que acreditava no partido. Em Marx, Trotsky, Lenine. DEpois o Amaral deixou o partido. E eu continuei. Até 2005. Aliás, já em 2004 anunciei uma candidatura à Presidência da República à revelia do partido. E o Amaral ia aparecendo: por carta, por mail, ao telefone, pessoalmente. Dava forças à minha poesia. Fazia-me acreditar nela. E há serenata lá fora. Nunca liguei muito a essas coisas académicas. Mas tocam "A TRova do Vento que Passa". "Há sempre alguém que resiste/ há sempre alguém que diz não". E o gajo nunca mais traz a cerveja.
terça-feira, 24 de março de 2009
GUARDA-SOL
Venho ao "Guarda-Sol"
e tenho a recepção entusiástica
do costume por parte de um dos empregados
que me veio falar do papel revolucionário
dos poetas
que a revolução começa nos poetas
e nos intelectuais
disse também que a minha escrita
faz falta
por outro lado, apareceu uma notícia
no "Jornal de Notícias"
a propósito do lançamento do livro
a dizer que eu sou o poeta
que está contra o rebanho e contra os merceeiros
o meu amigo Rui Sousa ofereceu-me um livro dele
os casais caminham na areia
a vida corre ás mil maravilhas
tenho que vir mais vezes à Póvoa.
Póvoa, Guarda-Sol, 24.3.2009
domingo, 22 de março de 2009
O SENHOR PROFESSOR DE BASILEIA
O senhor professor de Basileia pede mais um café. É um animal de café. EScreve no café. Não passa o dia emborrachado mas não se importava de passar. Escreve sobre a vida quotidiana. Tem saudades do Rocha. O Rocha que pôs fim à amizade. As velhas falam de compras e vendas. Não páram de falar. O senhor professor de Basileia já não dá aulas. Recebe uma pensão. Vem ao café provar a vida. Espera pelo café da menina. O senhor professor de Basileia é um incompreendido. Lê livros que quase ninguém lê. As conversas quotidianas do rebanho não lhe dizem respeito. Escreve sem parar. Escreve com o próprio sangue. Ouve as conversas. Passa ao lado das conversas. A menina do café sorri. O senhor professor de Basileia traz a revolta contra o espírito da gentalha mas não deixa de ser amável. Ouve a música. EStá no sec. XXI. Aqui as pessoas tratam-no bem. Há quem lhe chame santo. Tem muito a dizer do muNDO: diz que temos de amar a Terra mas que este ainda é o tempo do homem pequeno. A menina esqueceu-se do café do senhor professor mas pede desculpa e trá-lo. O senhor professor de Basileia tem ideias sublimes. Pensa no Super-Homem que dominará a Terra. Pensa no espírito livre, no Artista que enfrenta o perigo. Pensa no menino e no bailarino. Pensa que é preciso combater os profetas da morte, os economistas. Pensa que é preciso abandonar o espírito merceeiro, das pequenas vantagens, do rebanho. O senhor professor de Basileia bebe café. Não prega a igualdade. Entende que há espíritos nobres que se destacam dos outros. O senhor professor de Basileia é amável. Fica horrorizado se vê maltratar um animal. O senhor professor de Basileia ama a Vida, é um afirmador da Vida. O senhor professor de Basileia escreve. De vez em quando desce à cdade. Observa as gentes. Poderia discursar para elas. Não o faz. Prefere um pequeno núcleo de fiéis. O senhor professor de Basileia é um filósofo. Vocifera contra o dinheiro, rasga as notas em público, critica os escravos do deus-dinheiro e da posse. O senhor professor de Basileia aparentemente leva uma vida pacata mas é um vulcão. O senhor proclama a morte de Deus e do deus-dinheiro! Diz que esses deuses são um apelo ao servilismo. Diz que amaria um Deus que dançasse como Zaratustra. O senhor professor de Basileia vê cair a noite e não se pronuncia. O senhor professor de Basileia é um profeta.
POEMAS DE AMOR
Regresso ao "Orfeuzinho"
o empregado ciranda e recolhe os trocos
a gaja do quiosque fala com um barbudo
o empregado pede-me para pagar
ponho a nota na mesa e aguardo
agora sou eu que recolho os trocos
o Lúcio berra demais
estou cheio de sono
não preguei olho esta noite
estou constipado
preciso de outro café
senão não aguento
é o terceiro café que bebo hoje
ontem em Famalicão estava cheio de pedal
hoje não vou estar
deveria escrever poemas de amor
mas não estou para aí virado.
quarta-feira, 18 de março de 2009
MANIFESTOS POR A. DA SILVA O
MANIFESTOS, uma teoria*
a. dasilva o.
apresentada no passado dia 14 de Março 2009
na Gato Vadio livraria e tudo
referindo-se aos manifestos do Poeta
A. Pedro Ribeiro
O que é que vos posso dizer de PR que vocês não saibam?
Desfaz-se, melhor sacrifidesfaz-se em manifestos como anunciasse uma nova linguagem, e uma nova filosofia da desmistificação
Utilizando os velhos utensílios da revolta para melhor socorrer todas as vítimas de injustiça dando razões aos seus pares a sensação de histerismo mas esses académicos com a sua longa memória curta esquecem-se que desde 1928 “ O histerismo não é um fenómeno patológico e pode sob todos os aspectos, ser considerado como um meio supremo meio de expressão (Aragon, Breton no 2 manifesto do surrealismo)
Oitenta anos depois da comemoração do cinquentenário da histeria, tendo como base os estudos realizados pelo dr Charlot no hospital de Salpêtrière, estes Manifestos representam para mim, também, que «este comportamento expressivo tido por aberrante e patológico como “uma das maiores descobertas poéticas do fim do século XIX.”»
Cem anos depois, e mais umas décadas, estamos perante uma sociedade, em toda a sua interdisciplinaridade, aberrante e patologicamente domesticada por um proselitismo, previamente preparado desinfectado nos grandes laboratórios da Misologia.
Este ódio à Razão é contestado por estes Manifestos que um pouco por todo o discurso poético se manifestam ridiculamente para nada. Necessariamente fruto do monstruoso que quer regressar ao útero e o inumano que tenta aniquilar o fantástico, o mágico e o fabuloso.
A nossa linguagem exige uma outra realidade prática, um outro humor negro que não nos reduza à afasia, ao silêncio ou ao suicídio.
PR a isso nos sacrfi-se-desfaz, tentando e invocando anti-publicitariamente a esse anticorpo e antijogo para que a poesia não passe dum mero lamento nos intervalos da revolta.
http://edicoes-mortas.blogspot.com
a. dasilva o.
apresentada no passado dia 14 de Março 2009
na Gato Vadio livraria e tudo
referindo-se aos manifestos do Poeta
A. Pedro Ribeiro
O que é que vos posso dizer de PR que vocês não saibam?
Desfaz-se, melhor sacrifidesfaz-se em manifestos como anunciasse uma nova linguagem, e uma nova filosofia da desmistificação
Utilizando os velhos utensílios da revolta para melhor socorrer todas as vítimas de injustiça dando razões aos seus pares a sensação de histerismo mas esses académicos com a sua longa memória curta esquecem-se que desde 1928 “ O histerismo não é um fenómeno patológico e pode sob todos os aspectos, ser considerado como um meio supremo meio de expressão (Aragon, Breton no 2 manifesto do surrealismo)
Oitenta anos depois da comemoração do cinquentenário da histeria, tendo como base os estudos realizados pelo dr Charlot no hospital de Salpêtrière, estes Manifestos representam para mim, também, que «este comportamento expressivo tido por aberrante e patológico como “uma das maiores descobertas poéticas do fim do século XIX.”»
Cem anos depois, e mais umas décadas, estamos perante uma sociedade, em toda a sua interdisciplinaridade, aberrante e patologicamente domesticada por um proselitismo, previamente preparado desinfectado nos grandes laboratórios da Misologia.
Este ódio à Razão é contestado por estes Manifestos que um pouco por todo o discurso poético se manifestam ridiculamente para nada. Necessariamente fruto do monstruoso que quer regressar ao útero e o inumano que tenta aniquilar o fantástico, o mágico e o fabuloso.
A nossa linguagem exige uma outra realidade prática, um outro humor negro que não nos reduza à afasia, ao silêncio ou ao suicídio.
PR a isso nos sacrfi-se-desfaz, tentando e invocando anti-publicitariamente a esse anticorpo e antijogo para que a poesia não passe dum mero lamento nos intervalos da revolta.
http://edicoes-mortas.blogspot.com
HOMEM LIVRE
Sinto-me indiscutivelmente melhor do que há uma semana. Há uma semana estava muito metido comigo mesmo, tinha medo do palco, tinha medo das pessoas. Agora não. Apetece-me speedar por aí fora. Gritar. Mesmo sem perder a compostura perante os cavalheiros respeitáveis que aparecem. Até bebo cerveja na confeitaria. Não é muito habitual. Mas a coisa flui mais rapidamente. EStá um calor do caralho. As gajas vêm mais descascadas. A cerveja desliza. Anda lá, ó poeta da corte, desafiar-me. Estou pronto para ti. Vós, trabalhadores, trabalhai. O meu mundo não é o vosso. O meu trabalho é este. Pensais que não custa escrever um poema? Olhai que ando cheio de speed. Olhai que não há limites. Olhai que cago no Sócrates e na verborreia dos políticos. Olhai que estou para lá. Olhai que estou farto de discursos conciliadores. OLhai que ando pela noite. Olhai que agarro a vida. OLhai que cago das notícias. Olhai que não tenho preconceitos. Olhai que estou cheio de speed. Olhai que o pedal vai durar. Olhai que grito. Olhai que estou vivo. Olhai que me estou a cagar para as convenções. Olhai que sou um poeta. OLhai que deixei de ser pateta. OLhai que bebo até ao fim. OLhai que cago na economia. Olhai que não vou no discurso da Maria. OLhai que sou livre. Olhai que sou um homem. OLhai que sou livre. Aqui e agora. E pouco me importam as panelinhas e as capelinhas. Sou um homem livre.
ESCREVO. SOU UM POETA
Regresso ao "Piolho". Estou cheio de speed. Comprei o "Macaco Nu" de Desmond Morris por um euro. Apareceu o Oliveira. Falámos da arte e da vida. O Oliveira saiu. Um gajo bebe canecas de cerveja. Outras gajas entram. Mas a maior parte da clientela está lá fora. É mais caro. E não há amigas. Tenho o Alemão e logo encontro-me aqui com a JOana e o outro pessoal do "Um Café". Escrevo. Sou um poeta. OLho para as gajas. O empregado satisfeito com a minha despesa. Agora não me posso atirar às gajas por causa da Cláudia. Escrevo. Sou um poeta. Apareço nos blogues e, de passagem, nos jornais. Há quem me chame muitas coisas. Fascista, inclusivé. Egocêntrico- sou-o concerteza. As horas passam. Também me convidaram para ir a São João da Madeira no fim-de-semana. É preciso espalhar a mensagem. A mensagem e algumas brincadeiras com as gajas. Escrevo. Sou um poeta.
segunda-feira, 16 de março de 2009
DISCURSO NO MERCADO DO DESEMPREGO
Discurso no mercado do desemprego ( por Samith Al-Qassim, poeta palestiniano)
DISCURSO NO MERCADO DO DESEMPREGO
"Talvez eu perca — se desejares — a minha subsistência
Talvez venda as minhas roupas e o meu colchão
Talvez trabalhe na pedreira... como carregador... ou varredor
Talvez procure grãos no esterco
Talvez fique nu e faminto
Mas não me venderei
Ó inimigo do sol
E até a última pulsação de minhas veias
Resistirei
Talvez me despojes da última polegada da minha terra
Talvez aprisiones a minha juventude
Talvez me roubes a herança dos meus antepassados
Móveis... utensílios e jarras
Talvez queimes os meus poemas e os meus livros
Talvez atires o meu corpo aos cães
Talvez levantes espantos de terror sobre a nossa aldeia
Mas não me venderei
Ó inimigo do sol
E até a última pulsação das minhas veias
Resistirei
Talvez apagues todas as luzes da minha noite
Talvez me prives da ternura da minha mãe
Talvez falsifiques a minha história
Talvez ponhas máscaras para enganar os meus amigos
Talvez levantes muralhas e muralhas em meu redor
Talvez me crucifiques um dia diante de espetáculos indignos
Mas não me venderei
Ó inimigo do sol
E até a última pulsação das minhas veias
Resistirei
Ó inimigo do sol
O porto transborda de beleza... e de signos
Botes e alegrias
Clamores e manifestações
Os cantos patrióticos arrebentam as gargantas
E no horizonte... há velas
Que desafiam o vento... a tempestade e franqueiam os obstáculos
É o regresso de Ulisses
Do mar das privações
O regresso do sol... do meu povo exilado
E para os seus olhos
Ó inimigo do sol
Juro que não me venderei
E até a última pulsação das minhas veias
Resistirei
Resistirei
Resistirei "
Samih Al-Qassim
(poeta palestiniano proibido de exercer a profissão docente pelos israelitas)
http://en.wikipedia.org/wiki/Samih_al-Qasim
Retirado do blogue:
http://daliedaqui.blogspot.com/
plataforma abstencionista
Entrevista com a Plataforma abstencionista
O (não) voto é uma arma? (Entrevista com a Plataforma Abstencionista)
Pode o não voto ser uma forma de luta anticapitalista?
Entrevista com a Plataforma Abstencionista que apela ao não-voto em massa, neste ano eleitoral em Portugal.
http://plataforma-abstencionista.blogspot.com/
texto retirado de:http://passapalavra.info/?p=1417
Passa Palavra (PP) - A Plataforma abstencionista visa sistematizar a expressão abstencionista. Como tenciona fazê-lo? Por outras palavras, em que consiste o conceito de «abstenção activa»?
Plataforma Abstencionista (PA) - Para as pessoas que fazem parte da PA o conceito de “não voto” implica mais qualquer coisa do que a simples não ida às urnas no dia das eleições. Implica, por exemplo, a promoção do abstencionismo como forma de luta consciente, a ligação desta atitude às lutas populares que vão sendo desencadeadas nas mais diversas áreas e também a divulgação de que é possível e indispensável uma nova organização social e económica da sociedade, em que capitalismo, hierarquia e dominação sejam conceitos e práticas não existentes. Uma sociedade em que as decisões sejam tomadas de forma participada e horizontal, sem que ninguém tenha de delegar a sua opinião de forma sistemática e irrevogável.
PP - Sendo a abstenção (tal como o voto, de resto) um acto de consciência individual, faz sentido torná-la matéria de campanha?
PA - Faz todo o sentido. É uma forma de luta contra esta sociedade capitalista como outra qualquer. Se os partidos fazem do apelo ao voto matéria de campanha, porque é que o apelo à abstenção não pode ser também feito? Numa frase, as campanhas servem, exactamente, para tentar mudar consciências.
PP - Que críticas fundamentais dirigis ao sistema eleitoral representativo e por que devem, em vosso entender, as pessoas recusá-lo?
PA - Porque na chamada democracia representativa os cidadãos não significam nada. Os cidadãos são chamados periodicamente a pronunciarem-se sobre ideias e projectos já preparados por outros e para os quais não tiveram, nem vão ter, qualquer participação. Ao longo da História, as democracias representativas têm inculcado na cabeça dos cidadãos que os resultados dos actos eleitorais significam uma procuração irrevogável para o Estado e seus representantes agirem em seu nome de forma omnipotente e omnipresente. A representatividade como modelo parece-nos, aliás, um atestado de infantilidade às pessoas em geral, que necessitam de entregar a decisão sobre o que afecta as suas vidas a pretensos especialistas, abdicando da sua individualidade, da sua autonomia e da sua capacidade de análise e decisão. Ao contrário, a democracia directa promove a criação de ideias e a sua aprovação de forma colectiva e participativa. Os delegados que daqui emanam são eleitos apenas para representar uma decisão específica, não tendo o direito de alterar uma decisão tomada numa assembleia popular e podendo ser demitidos dos seus mandatos em qualquer altura.
PP - A luta pela igualdade do direito ao sufrágio foi uma das mais encarniçadas batalhas da esquerda europeia e americana na modernidade. Um dos factores seus distintivos, até, relativamente à direita censitária (que preconizava o voto exclusivo para certas classes de cidadãos e camadas sociais, económicas ou intelectuais, ou ainda o valor diferenciado do voto de cada pessoa pela sua posição sócio-económica e política). A vossa posição é, hoje, uma posição de esquerda, ou isso não vos preocupa?
PA - Será que os governos têm posições de esquerda ou de direita? Consideramos que o apelo a que as pessoas deixem de legitimar elites e tomem as suas próprias vidas é uma posição que pode ser catalogada no que, habitualmente, se designa por “esquerda”, mas é uma questão que não nos preocupa.
PP - Gerações de pessoas foram impedidas de votar em Portugal pela ditadura do Estado Novo. Que dizeis a essas pessoas que, até a partir da sua própria experiência passada, criticam o não voto e associam apelos como o vosso a uma natureza de coisas idêntica à que as privou durante décadas da escolha eleitoral?
PA - Dizemos que a luta pelo direito ao voto, em que alguns de nós participaram, significa sempre o direito ao “não voto”! Em termos estritamente políticos são duas situações não comparáveis. Durante o fascismo, a luta pelo direito ao voto foi uma das formas possíveis para pôr fim a um regime político ditatorial e opressivo. Actualmente, somos de opinião que existem outras formas de luta para acabar com esta sociedade capitalista e hierarquizada, sendo o abstencionismo uma delas.
PP - Como responde a Plataforma Abstencionista à crítica de que, se nada muda com o voto, também nada muda com a recusa do voto?
PA - Como é referido na resposta anterior, a luta pelo direito ao voto significa também o direito ao “não voto”. Por isso, consideramos que é uma crítica que não está correcta. É óbvio que haverá sempre pessoas a votar, mas uma abstenção massiva é um claro sinal de rejeição dado às estruturas do poder político. No entanto, não chega a simples recusa do voto, se esta atitude não for acompanhada pela recusa activa ao capitalismo e a todas as outras formas de dominação. E é esta atitude que se procurará incentivar nas acções a desenvolver pela PA. Em suma, a recusa massiva do voto, desde que acompanhada por atitudes e acções onde as pessoas se apercebam que têm capacidade suficiente para, juntas, tratar dos assuntos comuns, parece-nos um bom caminho revolucionário e, assim, potenciador de mudança.
PP - Para alguns sectores de opinião, a mobilização em torno da abstenção é um processo secundário, em relação à «luta de classes» nos processos de combate ao capitalismo. Estão errados, esses sectores? Porquê?
PA - Estarão errados se considerarem o apelo à abstenção como um processo secundário. Consideramos que no combate ao capitalismo não existem processos principais ou secundários. Todos são necessários nesse combate, dependendo apenas a sua utilização do foro individual de cada um.
PP - Conhecem, na vossa plataforma, algum método mais democrático do que as eleições? Há alguma metodologia eleitoral com a qual estivésseis de acordo?
PA - Os abstencionistas opõem-se a eleições, defendendo que a acção directa e outras alternativas são soluções mais democráticas para uma sociedade mais justa do que eleger o Candidato X para um cargo qualquer. Assim sendo, não concordamos com qualquer metodologia eleitoral que delegue noutros o poder de decisão – usado posteriormente como poder omnipotente – e sem possibilidade de revogação.
PP - Que proposta alternativa, para que modelo de organização da sociedade aponta a vossa política? Que há de mais democrático do que eleições?
PA - No entendimento das pessoas subscritoras da PA não é forçoso termos de apresentar alternativas ao sistema actual. Isso seria entrar na lógica de actuação dos partidos, o que recusamos. A PA não tem de ter “política”, nem tem de propor um modelo de organização da sociedade. Isso é uma coisa que tem de ser construída dia-a-dia pelas pessoas, com avanços e recuos, com erros e sucessos. No entanto, somos de opinião que a alternativa mais consistente a esta sociedade tem de passar por uma sociedade autogestionada e anticapitalista, na qual as pessoas participem activamente nos processos de tomada de decisões.
PP - Que entidades, pessoas, movimentos incluem a vossa plataforma e quais os vossos projectos de acção e iniciativas futuras? Como pode a Plataforma ser contactada por quem nela esteja interessado?
PA - As pessoas e grupos que subscreveram a PA estão mencionados na lista de subscritores. Projectos de acção: reuniões, debates públicos, apoio a lutas e reivindicações populares.
A PA pode ser contactada através do respectivo blogue:
http://plataforma-abstencionista.blogspot.com
retirado de http://pimentanegra.blogspot.com
O (não) voto é uma arma? (Entrevista com a Plataforma Abstencionista)
Pode o não voto ser uma forma de luta anticapitalista?
Entrevista com a Plataforma Abstencionista que apela ao não-voto em massa, neste ano eleitoral em Portugal.
http://plataforma-abstencionista.blogspot.com/
texto retirado de:http://passapalavra.info/?p=1417
Passa Palavra (PP) - A Plataforma abstencionista visa sistematizar a expressão abstencionista. Como tenciona fazê-lo? Por outras palavras, em que consiste o conceito de «abstenção activa»?
Plataforma Abstencionista (PA) - Para as pessoas que fazem parte da PA o conceito de “não voto” implica mais qualquer coisa do que a simples não ida às urnas no dia das eleições. Implica, por exemplo, a promoção do abstencionismo como forma de luta consciente, a ligação desta atitude às lutas populares que vão sendo desencadeadas nas mais diversas áreas e também a divulgação de que é possível e indispensável uma nova organização social e económica da sociedade, em que capitalismo, hierarquia e dominação sejam conceitos e práticas não existentes. Uma sociedade em que as decisões sejam tomadas de forma participada e horizontal, sem que ninguém tenha de delegar a sua opinião de forma sistemática e irrevogável.
PP - Sendo a abstenção (tal como o voto, de resto) um acto de consciência individual, faz sentido torná-la matéria de campanha?
PA - Faz todo o sentido. É uma forma de luta contra esta sociedade capitalista como outra qualquer. Se os partidos fazem do apelo ao voto matéria de campanha, porque é que o apelo à abstenção não pode ser também feito? Numa frase, as campanhas servem, exactamente, para tentar mudar consciências.
PP - Que críticas fundamentais dirigis ao sistema eleitoral representativo e por que devem, em vosso entender, as pessoas recusá-lo?
PA - Porque na chamada democracia representativa os cidadãos não significam nada. Os cidadãos são chamados periodicamente a pronunciarem-se sobre ideias e projectos já preparados por outros e para os quais não tiveram, nem vão ter, qualquer participação. Ao longo da História, as democracias representativas têm inculcado na cabeça dos cidadãos que os resultados dos actos eleitorais significam uma procuração irrevogável para o Estado e seus representantes agirem em seu nome de forma omnipotente e omnipresente. A representatividade como modelo parece-nos, aliás, um atestado de infantilidade às pessoas em geral, que necessitam de entregar a decisão sobre o que afecta as suas vidas a pretensos especialistas, abdicando da sua individualidade, da sua autonomia e da sua capacidade de análise e decisão. Ao contrário, a democracia directa promove a criação de ideias e a sua aprovação de forma colectiva e participativa. Os delegados que daqui emanam são eleitos apenas para representar uma decisão específica, não tendo o direito de alterar uma decisão tomada numa assembleia popular e podendo ser demitidos dos seus mandatos em qualquer altura.
PP - A luta pela igualdade do direito ao sufrágio foi uma das mais encarniçadas batalhas da esquerda europeia e americana na modernidade. Um dos factores seus distintivos, até, relativamente à direita censitária (que preconizava o voto exclusivo para certas classes de cidadãos e camadas sociais, económicas ou intelectuais, ou ainda o valor diferenciado do voto de cada pessoa pela sua posição sócio-económica e política). A vossa posição é, hoje, uma posição de esquerda, ou isso não vos preocupa?
PA - Será que os governos têm posições de esquerda ou de direita? Consideramos que o apelo a que as pessoas deixem de legitimar elites e tomem as suas próprias vidas é uma posição que pode ser catalogada no que, habitualmente, se designa por “esquerda”, mas é uma questão que não nos preocupa.
PP - Gerações de pessoas foram impedidas de votar em Portugal pela ditadura do Estado Novo. Que dizeis a essas pessoas que, até a partir da sua própria experiência passada, criticam o não voto e associam apelos como o vosso a uma natureza de coisas idêntica à que as privou durante décadas da escolha eleitoral?
PA - Dizemos que a luta pelo direito ao voto, em que alguns de nós participaram, significa sempre o direito ao “não voto”! Em termos estritamente políticos são duas situações não comparáveis. Durante o fascismo, a luta pelo direito ao voto foi uma das formas possíveis para pôr fim a um regime político ditatorial e opressivo. Actualmente, somos de opinião que existem outras formas de luta para acabar com esta sociedade capitalista e hierarquizada, sendo o abstencionismo uma delas.
PP - Como responde a Plataforma Abstencionista à crítica de que, se nada muda com o voto, também nada muda com a recusa do voto?
PA - Como é referido na resposta anterior, a luta pelo direito ao voto significa também o direito ao “não voto”. Por isso, consideramos que é uma crítica que não está correcta. É óbvio que haverá sempre pessoas a votar, mas uma abstenção massiva é um claro sinal de rejeição dado às estruturas do poder político. No entanto, não chega a simples recusa do voto, se esta atitude não for acompanhada pela recusa activa ao capitalismo e a todas as outras formas de dominação. E é esta atitude que se procurará incentivar nas acções a desenvolver pela PA. Em suma, a recusa massiva do voto, desde que acompanhada por atitudes e acções onde as pessoas se apercebam que têm capacidade suficiente para, juntas, tratar dos assuntos comuns, parece-nos um bom caminho revolucionário e, assim, potenciador de mudança.
PP - Para alguns sectores de opinião, a mobilização em torno da abstenção é um processo secundário, em relação à «luta de classes» nos processos de combate ao capitalismo. Estão errados, esses sectores? Porquê?
PA - Estarão errados se considerarem o apelo à abstenção como um processo secundário. Consideramos que no combate ao capitalismo não existem processos principais ou secundários. Todos são necessários nesse combate, dependendo apenas a sua utilização do foro individual de cada um.
PP - Conhecem, na vossa plataforma, algum método mais democrático do que as eleições? Há alguma metodologia eleitoral com a qual estivésseis de acordo?
PA - Os abstencionistas opõem-se a eleições, defendendo que a acção directa e outras alternativas são soluções mais democráticas para uma sociedade mais justa do que eleger o Candidato X para um cargo qualquer. Assim sendo, não concordamos com qualquer metodologia eleitoral que delegue noutros o poder de decisão – usado posteriormente como poder omnipotente – e sem possibilidade de revogação.
PP - Que proposta alternativa, para que modelo de organização da sociedade aponta a vossa política? Que há de mais democrático do que eleições?
PA - No entendimento das pessoas subscritoras da PA não é forçoso termos de apresentar alternativas ao sistema actual. Isso seria entrar na lógica de actuação dos partidos, o que recusamos. A PA não tem de ter “política”, nem tem de propor um modelo de organização da sociedade. Isso é uma coisa que tem de ser construída dia-a-dia pelas pessoas, com avanços e recuos, com erros e sucessos. No entanto, somos de opinião que a alternativa mais consistente a esta sociedade tem de passar por uma sociedade autogestionada e anticapitalista, na qual as pessoas participem activamente nos processos de tomada de decisões.
PP - Que entidades, pessoas, movimentos incluem a vossa plataforma e quais os vossos projectos de acção e iniciativas futuras? Como pode a Plataforma ser contactada por quem nela esteja interessado?
PA - As pessoas e grupos que subscreveram a PA estão mencionados na lista de subscritores. Projectos de acção: reuniões, debates públicos, apoio a lutas e reivindicações populares.
A PA pode ser contactada através do respectivo blogue:
http://plataforma-abstencionista.blogspot.com
retirado de http://pimentanegra.blogspot.com
REVOLUÇÃO
Eis no que deu a ganância, eis no que deu o capitalismo. Um sistema que premeia a rapina, que premeia a negociata, que premeia o lucro, que premeia o passar por cima do outro a qualquer preço não poderia durar eternamente. É desumano, é cruel e agora entrega-se nas mãos do Estado. Não é mais possível o homem lobo do homem. Não escondemos que nos dá gozo ver os capitalistas e os aprendizes de capitalistas aos papéis. Quereis o capitalismo, não quereis? Aí o tendes. O barco está a afundar-se. Salve-se quem puder. Eis onde o sistema havia de chegar. O mundo baseado na troca mercantil deu o que tinha a dar. Chegamos ao caos. Há que cantá-lo. Eis no que deu o cântico dos profetas da morte! Eis no que deu o império do mercado.
Agora há que cantar a vida. A vida para lá da não-vida, da sobrevida, do discurso e da prática financeira e economicista. Há que cantar o amor e a liberdade. O amor e a liberdade sem limites. O amor e a liberdade que vêm do espírito, que vêm da divindade. Não mais a morte! Não mais os cifrões! Não mais a ganância! Revolução!
MANIFESTO DOS POETAS
O poeta é o mentor da revolução. O poeta xamãnico, dionisíaco, irracional, iluminado pelos deuses, como dizia Platão, é a vanguarda que acende o rastilho, que choca, que provoca, que age como detonador da revolução. As suas palavras, os seus gritos, o seu canto, entram nas consciências e despoletam a raiva, a revolta, o movimento espontâneo. O poeta não pode ser um mero animador da corte que diz umas coisas bonitas para sossegar os espíritos. O poeta deve unir-se a outros poetas, a outros espíritos livres, para, em conjunto, prosseguir a tarefa de desassossegar o mundo. O poeta só pode ser revolucionário, como diz Benjamin Péret. O poeta deve andar à solta, deve levar uma vida desprendida, não deve ter limites, deve pôr tudo em causa. O poeta deve ser imoderado, deve trazer em si os mistérios do mundo e, qual xamã, deve transmiti-los aos outros. O poeta deve ser um caminheiro dos céus, como dizia Henry Miller.
DA ECONOMIA
O capitalismo actual significa a submissão total à economia. A economia penetra em todos os domínios, deixando em todo o lado o rasto da eficácia, da selecção entre aptos e inaptos, da mecanicidade, do quantitativo, da frieza, da ausência de sentimentos. Tudo se reduz a números, percentagens, estatísticas, balanços, contas, gráficos, cálculos mesquinhos. A economia é a ciência do mesquinho, do avaro, do poupadinho, de todos aqueles que vivem sem prazer e sem volúpia. A economia é a negação do desejo, da vontade, da emoção. À religião da economia e do dinheiro, à religião da morte temos de opôr a "religião" do prazer, da criação- o espírito dionisíaco.
domingo, 15 de março de 2009
NOITE FORA
Ontem andei noite fora. Cerveja após cerveja sem parar. Já não fazia isso a algum tempo. VI-me com algum cacau nos bolsos e pronto. Vi as mulheres insinuarem-se. Vi o jogo dos olhares. Noite fora. Alguns amigos e amigas. Falar com eles, ficar calado, depois deixá-lo. Ser o gajo que dança. Na minha. Dançar ao som da música. Vadiar. Encontrar este e aquela. Vender livros. Andar à solta pela cidade. Sem horas. Deixar a vida correr. NOite fora. COmo um dandy. Um libertino contra a corrente. Que vai apresentar os seus manifestos ao Gato Vadio. Houve diálogo, participação. A coisa correu bem. Rasguei a nota em público. Estou bem. As empregadas da "Motina" cirandam e riem. Ontem andei noite fora. Estoirei o dinheiro todo e não estou arrependido. A Cláudia que me desculpe. Apesar de ter as minhas depressões, houve sempre noites em que pus à prova os meus limites. Há um livro novo. Há uma namorada(não sei até quando ela me vai aturar...). Ofereci um livro a um jornalista do "Jornal de Notícias" que tinha escrito sobre mim. Fiz bem, já diz o Oliveira. O que interessa é que a coisa corre. Noite fora. Até presto mais atenção às conversas. Porque raio me hei-de diminuir perante os outros? Há sempre os que se safam sempre. Não pertenço a essa tribo. O rapaz pede as guloseimas. E eu escrevo. Estou condenado a escrever. Mas hoje escrevo com vontade. O que importa é manter o ritmo. E dizer umas coisas sobre as gajas. As gajas ontem na "Tendinha" apareciam por todos os lados. Carne que se dá e se mistura. Sou o poeta. O poeta que escreve e está só ao fundo da confeitaria. Sou o poeta que observa e anda noite fora. Bebo cerveja após cerveja, sem parar. A Gotucha liga e eu quase não consigo ouvir por causa do barulho da multidão à porta do "Piolho". A rádio passa música melada. E eu continuo a escrever porque não consigo fazer outra coisa. Não tenho conseguido escrever aquelas coisas com piada, que fazem rir a audiência. Mas que se foda! O que importa é que continuo a escrever. Passei uns dias em que não saía nada. Sou o poeta que observa as empregadas de amarelo. Vão-me convidando para ir a uns lados. Só é pena que o Rocha tenha deixado de ser meu amigo. Coisas do Rocha. Também não vou andar a mendigar. O Rocha que fique sozinho com as suas análises sociológicas. O Rocha é um egoísta. O Rocha é um preconceituoso. Raios partam o Rocha! Que fique com todos os futebóis e todas as tácticas! Ó Rocha, tu não me fazes falta nenhuma! Apesar de tudo, tenho saudades tuas, ó técnico. O meu livro fala de ti mas já não to dou. Sinto uma estranha alEgria. Uma sensação de dever cumprido. Apetece-me saltar, dançar, dar berros de contentamento. Hoje o dia começou tarde. Mas sinto-me realmente bem. Apetece-me rasgar notas. E lá entra a Maria. Aproximam-se as horas do fecho. A música puxa por mim. Estou cheio de speed. Quem diria. As depressões estão a conhecer estranhas variações. Cumpri uma semana exigente. É claro que há sempre quem discorde das minhas posições acerca do dinheiro, do mercado e da economia. Há sempre uns merceeiros e uns economistas. Morte à economia! Merda de praga que está por todo o lado. Ontem andei noite fora. Hoje escrevo. Sinto-me bem mesmo estando sozinho. Há uns tempos que não me sentia assim. Nietzsche está em mim. Digo sim à vida, aos afirmadores da vida, aos que têm o sentido da Terra. Afastai-vos profetas da morte, economistas! Vós que trazeis a linguagem do servilismo, das décimas, das estatísticas. Vós que provocais a crise com o vosso jogo das bolsas. Vós que sois o absurdo.
PCTP/MRPP
1. As medidas que se impõem na presente crise dificilmente podem ser impostas num só país, exigindo a mobilização e a organização dos trabalhadores à escala europeia;
2. Todo o edifício jurídico e legislativo em que assenta a União Europeia está posto em causa pela presente crise, pelo que, mesmo numa perspectiva imediata e reformista, não faz sentido condicionar as propostas de solução dessa mesma crise às normas europeias em vigor.
No que respeita às eleições legislativas, a participação do PCTP/MRPP nestas eleições, como, aliás, em todas as batalhas eleitorais sob democracia burguesa, terá, acima de tudo de traduzir-se numa forte e consistente campanha política que contribua fundamentalmente para elevar o nível de consciência política das massas, com base numa clara linha demarcação entre os programas e as pretensões meramente eleitoralistas de repartição da gamela do poder por parte dos partidos parlamentares e um programa político autónomo dos trabalhadores, dos verdadeiros democratas, de todos aqueles a quem é negada a liberdade de gritar e organizar a sua revolta e que não se revêem no oportunismo, na demagogia e na traição do partido do poder e dos que lhe têm servido de capacho.
Importará, antes de mais, confrontar sem ambiguidades o Governo de Sócrates com a verdadeira natureza de governo do bloco central que assumiu desde o primeiro minuto após a sua tomada de posse e que todos os partidos ditos de oposição de esquerda se recusaram a atribuir-lhe.
E isso significa evidenciar que, para além das promessas já previsivelmente não cumpridas, este Governo do PS tomou todas as medidas que mais interessavam aos capitalistas para resolver a crise a seu favor, erigindo como objectivo sacrossanto a redução cega do défice orçamental, no caso, para se mostrar um bom lacaio das burguesias imperialistas europeias.
Não foi apenas no domínio da economia e no campo social - onde se destacou a aprovação de um código do trabalho ainda mais retrógrado que o de Bagão Félix - que a maioria absolutista da direita ostentou o seu reaccionarismo.
É que não se pode escamotear e perdoar a vergonhosa e abjecta posição do governo Sócrates de recusar-se a submeter a referendo popular o chamado tratado de Lisboa, logo após a histórica vitória do Não do povo irlandês, e do total alinhamento, a exemplo do seu "porreiraço" amigo Barroso, com a política imperialista e agressora de Bush na invasão do Iraque e a descarada violação das mais elementares regras do direito internacional por parte dos EUA.
Com base no balanço da actuação anti-popular do governo, o Partido rejeita qualquer maioria absoluta do PS, que equivaleria a um aprofundamento inevitável da pobreza do povo e da liquidação das liberdades democráticas.
Finalmente, o Partido está numa posição privilegiada - à vista do que anunciam os restantes partidos que disputam o nosso eleitorado - para demonstrar que esta crise é a crise do sistema de exploração capitalista, que as crises do sistema capitalista não são uma fatalidade com que os trabalhadores e o povo se têm de conformar e, muito menos - como alguns propugnam -, ajudar a superar, e que elas só deixarão de repetir-se, bem como a inerente destruição maciça das forças produtivas e o cortejo de despedimentos e miséria, se os trabalhadores dela souberem retirar os devidos ensinamentos, em termos ideológicos e organizativos.
Em termos de objectivos eleitorais, para além de um aumento substancial da votação no Partido, bater-nos-emos pela eleição de um deputado que faça do Parlamento uma verdadeira tribuna de defesa e organização dos explorados e oprimidos.
Finalmente, o PCTP/MRPP, tendo decidido participar nas eleições autárquicas, discutiu as bases programáticas fundamentais do mandato popular para as autarquias que se propõe defender, reafirmando a sua oposição às tentativas de impor a regionalização já rejeitada por referendo.
Pela justa apreciação feita pelo Partido sobre a situação política actual, encontram-se claramente excluídas do horizonte quaisquer plataformas de entendimento com o partido do Governo e a sua política de direita.
Lisboa, 8 de Março de 2009
A Comissão de Imprensa
do PCTP/MRPP
2. Todo o edifício jurídico e legislativo em que assenta a União Europeia está posto em causa pela presente crise, pelo que, mesmo numa perspectiva imediata e reformista, não faz sentido condicionar as propostas de solução dessa mesma crise às normas europeias em vigor.
No que respeita às eleições legislativas, a participação do PCTP/MRPP nestas eleições, como, aliás, em todas as batalhas eleitorais sob democracia burguesa, terá, acima de tudo de traduzir-se numa forte e consistente campanha política que contribua fundamentalmente para elevar o nível de consciência política das massas, com base numa clara linha demarcação entre os programas e as pretensões meramente eleitoralistas de repartição da gamela do poder por parte dos partidos parlamentares e um programa político autónomo dos trabalhadores, dos verdadeiros democratas, de todos aqueles a quem é negada a liberdade de gritar e organizar a sua revolta e que não se revêem no oportunismo, na demagogia e na traição do partido do poder e dos que lhe têm servido de capacho.
Importará, antes de mais, confrontar sem ambiguidades o Governo de Sócrates com a verdadeira natureza de governo do bloco central que assumiu desde o primeiro minuto após a sua tomada de posse e que todos os partidos ditos de oposição de esquerda se recusaram a atribuir-lhe.
E isso significa evidenciar que, para além das promessas já previsivelmente não cumpridas, este Governo do PS tomou todas as medidas que mais interessavam aos capitalistas para resolver a crise a seu favor, erigindo como objectivo sacrossanto a redução cega do défice orçamental, no caso, para se mostrar um bom lacaio das burguesias imperialistas europeias.
Não foi apenas no domínio da economia e no campo social - onde se destacou a aprovação de um código do trabalho ainda mais retrógrado que o de Bagão Félix - que a maioria absolutista da direita ostentou o seu reaccionarismo.
É que não se pode escamotear e perdoar a vergonhosa e abjecta posição do governo Sócrates de recusar-se a submeter a referendo popular o chamado tratado de Lisboa, logo após a histórica vitória do Não do povo irlandês, e do total alinhamento, a exemplo do seu "porreiraço" amigo Barroso, com a política imperialista e agressora de Bush na invasão do Iraque e a descarada violação das mais elementares regras do direito internacional por parte dos EUA.
Com base no balanço da actuação anti-popular do governo, o Partido rejeita qualquer maioria absoluta do PS, que equivaleria a um aprofundamento inevitável da pobreza do povo e da liquidação das liberdades democráticas.
Finalmente, o Partido está numa posição privilegiada - à vista do que anunciam os restantes partidos que disputam o nosso eleitorado - para demonstrar que esta crise é a crise do sistema de exploração capitalista, que as crises do sistema capitalista não são uma fatalidade com que os trabalhadores e o povo se têm de conformar e, muito menos - como alguns propugnam -, ajudar a superar, e que elas só deixarão de repetir-se, bem como a inerente destruição maciça das forças produtivas e o cortejo de despedimentos e miséria, se os trabalhadores dela souberem retirar os devidos ensinamentos, em termos ideológicos e organizativos.
Em termos de objectivos eleitorais, para além de um aumento substancial da votação no Partido, bater-nos-emos pela eleição de um deputado que faça do Parlamento uma verdadeira tribuna de defesa e organização dos explorados e oprimidos.
Finalmente, o PCTP/MRPP, tendo decidido participar nas eleições autárquicas, discutiu as bases programáticas fundamentais do mandato popular para as autarquias que se propõe defender, reafirmando a sua oposição às tentativas de impor a regionalização já rejeitada por referendo.
Pela justa apreciação feita pelo Partido sobre a situação política actual, encontram-se claramente excluídas do horizonte quaisquer plataformas de entendimento com o partido do Governo e a sua política de direita.
Lisboa, 8 de Março de 2009
A Comissão de Imprensa
do PCTP/MRPP
sexta-feira, 13 de março de 2009
NA PRIMEIRA PESSOA: DA CARLA BENTO
António Pedro Ribeiro é uma longa história de actos revolucionários. Poeta e fundador do Partido Surrealista Situacionista Libertário, no Porto, acredita numa nova “ ordem “ mundial, no homem que explora as suas capacidades máximas, o homem deus. Assume se como anti capitalista e tem sempre uma palavra anti a dizer quanto a uma sociedade moralista e moralizador. Imaginação ao poder!! Já !
1. Quais as linhas gerais do Partido Surrealista Situacionista Libertário? O Partido Surrealista Situacionista Libertário (PSSL) opõe-se à vidinha do rebanho, previsível, rotineira, sem interesse de todos os dias. O PSSL opõe-se à não-vida do mercado, da economia, do dinheiro, do lucro, do governo, do défice, das décimas, das percentagens. O PSSL recusa que o homem se reduza à condção de número, de mercadoria, de objecto de compra e venda, o PSSL abomina a troca mercantil "que emporcalha as relações humanas". O PSSL quer silenciar o discurso assexuado dos economistas. O PSSL acredita no amor, na liberdade e na poesia como forças inaugurais de um mundo onde o homem seja criador, deus, poeta. O PSSL acredita na vida autêntica, plena, divina tornada banquete permanente, onde sejamos profetas e afirmadores da vida. O PSSL quer acrescentar caos ao caos actual de forma a atingir a revolução. O PSSL entende que a culpa da crise do capitalismo é do próprio capitalismo e que, portanto, é preciso derrubá-lo mas sem as tácticas eleitoralistas dos partidos e organizações tradicionais que apenas contribuem para o reformar. O PSSL não acredita em transições pacíficas para o socialismo nem para o anarquismo por isso defende a revolta permanente.
2. O apedro é exemplo desse inconformismo... tem uma longa história de actos revolucionários . Como foi quando foi a ocupação do Feira Nova de Braga? A história da ocupação do Feira Nova de Braga aconteceu em Setembro de 1990. Eu, na altura, colaborava com um jornal chamado "Minho" que teve uns problemas com o hipermercado Feira Nova e então o director pediu-me para escrever qualquer coisa contra o hipermercado. Em vez disso saí de casa com uma faca de plástico no bolso e, através do jornal, comecei a distribuir panletos anti-consumistas à porta do hipermercado. Entretanto, as rádios ou os jornais locais anunciaram que o Che Guevara tinha mandado fechar o Feira Nova. Havia pessoas a fugir de mim na rua e os velhotes faziam-me continência. Na altura, eu era contra o consumismo e contra o monopólio dos hipermercados. Outra história interessante aconteceu em 2003 quando fui acusado de deitar abaixo a estátua do major Mota na Póvoa de Varzim. O major Mota tinha sido presidente da Cãmara no tempo da ditadura e eu comecei a distribuir panfletos a dizer que a estátua era um insulto ao 25 de Abril. Meses depois a estátua foi derrubada e eu e a Frente Guevarista Libertária fomos acusados de a deitar abaixo. Eu tinha escrito um mail a dizer que a estátua ia cair e dois dias depois caiu mesmo. Nunca se soube quem foi mas eu fui interrogado pela Judiciária.3. Dás a entender que não vivemos numa democracia efectiva... a "máquina-sistema" não te parece ser muito pesada ?
Pela tua lógica, o derrube das réstias do fascismo, os países bascos já seriam independendes à muito tempo ... foram invadidos no tempo de franco... O padre Mário de Oliveira disse me uma vez que a revolução de abril nao tinha chegado ao seio da igreja católica onde predominavam réstias de fascismo ... "um homem máquina acorrentado?"
Vivemos na democracia da vidinha. Na democracia da compra e venda. O deus-dinheiro substituiu o Deus de Nietzsche. É um deus que afasta a vida, que converte tudo em mercadoria. É um deus que tem os seus prfetas que pregam estatísticas, percentagens, défices, orçamentos. Tudo isso é morte, é vidinha, não é a verdadeira vida. O fascismo está em todo o lado, não é só no País Basco (aí talvez seja mais evidente). Como dizia Nietzsche, tem de nascer um novo homem, sem preconceitos, livre, capaz de substituir o sub-homem da sub-vida, da vidinha. Há que derrotar todos os servilismos, todo o espírito do rebanho. Para isso é necessária uma revolução global, espiritual, não apenas política ou económica.
4. Imagina, os Estados Unidos sao o primeiro país a declarar se defensores dos direitos do homem e ainda perseguem comunistas. Onde está a liberdade de expressão? O Estado serve para alimentar os tais "carneiros" ... achas possível uma anarquia num futuro brilhante para a humanidade? Os Estados Unidos não são exemplos para ninguém. Nem acredito que Obama melhore as coisas por aí além. Quem manda nos Estados Unidos são os grandes grupos económicos que só estão interessados em lucros astronómicos, os generais e a indústria de guerra. São interesses que nada têm a ver com direitos humanos.Eu tenho que acreditar no anarquismo. Se ele é possível em pequena escala também poderá ser possível ao nível da humanidade. é precisa a tal revolução dionisíaca, é preciso acreditar no amor, na liberdade, na revolução e também no caos. Isto não é acreditar no amor de forma ingénua como as religiões ou os "hippies". É dar caos ao caos. Ir para a rua partir os bancos e a bolsa que nos oprimem, partir coisas como há pouco tempo se fez na Grécia. A revolta é necessária para chegar onde queremos.
5. Defendes uma nova ordem ... revolucionária. não achas que vivemos em pseudo democracias? Nao achas que se deturpou Abril de 74?
Não sei se é uma ordem. Acho que não gosto muito da palavra. Acredito na revolução mas não tenho de apresentar sistemas alternativos. Vivemos em democracias de rebanho. O 25 de Abril ficou por se completar. Houve aquela esperança em 1974/75 mas depois veio a normalização.
Já alguma vez te candidataste à liderança de uma instituição?
Já me candidatei à presidência da Junta de Vila do Conde e à Junta da Póvoa de Varzim pelo Bloco de Esquerda, onde fiquei a três votos de ser eleito mas, se calhar, ainda bem que não fui. Já fui candidato a deputado pelo PSR por Braga e várias vezes candidato à presidência da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras do Porto, sempre em listas minoritárias. Ganha-se uma certa notoriedade, podem-se discutir umas ideias mas os partidos controlam muito, especialmente o Bloco de Esquerda. No PSR era mais livre e espontâneo.
Carla Bento.
http://voodooexperience.blogspot.com
C.
quinta-feira, 12 de março de 2009
NIETZSCHE
Nietzsche. Que me dás a volta à cabeça. Que me advertes contra a populaça que só pensa no seu próprio sustento, que odeia tudo quanto é nobre e livre, que tem em si o espírito do rebanho. NIetzsche. Que me falas dos profetas da morte, daqueles que apelam à vidinha e a servilismo, que odeiam as pulsões vitais e a alegria. Nietzsche. Que dizes que o querer liberta, porque querer é criar e o espírito livre é o espírito que cria. Nietzsche que criticas o espírito merceeiro e os moedeiros. Que me dás a volta à cabeça.
quarta-feira, 11 de março de 2009
MANIFESTOS
Poesia - Manifestos por A.Pedro Ribeiro na livraria-bar Gato Vadio (dia 14 às 18h.)
Poesia – Manifestos
por A. Pedro Ribeiro
Apresentação a cargo de A. Da Silva. O
Sábado, dia 14 de Março, 18h
Gato Vadio
Entrada Livre
Rua do rosário, 281 – Porto
telefone: 22 2026016
email: gatovadio.livraria@gmail.com
http://gatovadiolivraria.blogspot.com/
“Nestes tempos de crise das bolsas, dos bancos, dos negócios, nestes tempos de falência, de desemprego em massa, em que a vida perde o seu valor, a mensagem de Nietzsche e de Jim Morrison ganha uma actualidade única. Ao homem-mercadoria, ao homem-percentagem, ao homem-número, ao homem vencido, há que opôr o homem criador, o homem que diz sim à vida, não à vidinha da submissão, não à vidinha da rotina, não à vidinha do rebanho, mas sim à vida plena, à vida alegre, à vida autêntica. É possível passar do sub-homem ao super-homem se acreditarmos que, como disse Jim Morrison, isto não passa de um jogo, de um jogo imbecil. Se num desafio de futebol um jogador, uma estrela qualquer, decidir, de repente, pontapear a bola para fora e, pura e simplesmente, abandonar o campo toda a gente vai dizer: ponham esse palhaço na rua! Mas ele responde: ora, isto não passa de um jogo, da merda de um jogo, não sei porque lhe dão tanta importância. E o que temos de fazer é isso: abandonar o jogo, deixar que façam de nós escravos, imbecis. Temos de fazer alguns sacrifícios, seguir a nossa via ("solitário, segue o caminho que conduz a ti mesmo", diz Nietzsche), descurar a sobrevivência, abandonar a máquina mas o ganho será muito superior: tornar-nos-emos livres, poetas, filósofos, super-homens. Temos de nos juntar, fazer a revolução, mas não uma mera revolução política como a de 1917, como a de 25 de Abril, uma revolução global do espírito, das consciências. Teremos de ser até algo irracionais contra a pretensa racionalidade das bolsas, dos bancos, das empresas, da economia. TEmos de derrubar todos os governos. Destruir para construir. Começar do zero. Não ouçamos os jogos eleitoralistas e tácticos dos partidos políticos, dos sindicatos e das outras organizações. Sejamos nietzscheanos, morrisonianos. Punhamos à prova os limites da realidade. SEjamos doidos! Sejamos poetas! Superemos o homem, superemos o real. Construamos a vida. Sejamos afirmadores da vida. Afastemos a morte! Afastemos Deus, o capital e o dinheiro! Brindemos a Dionisos. Construamos o Céu na Terra, o Paraíso na Terra. O mundo é nosso. Não há regras. Não há limites. Queimemos o dinheiro! Queimemos a economia! Calemos para sempre os economistas. Sejamos, como disse Nietzsche, "decifradores de enigmas". Tornemo-nos deuses em vez de carneiros. Demos caos ao caos.”
A. Pedro Ribeiro
Poesia – Manifestos
por A. Pedro Ribeiro
Apresentação a cargo de A. Da Silva. O
Sábado, dia 14 de Março, 18h
Gato Vadio
Entrada Livre
Rua do rosário, 281 – Porto
telefone: 22 2026016
email: gatovadio.livraria@gmail.com
http://gatovadiolivraria.blogspot.com/
“Nestes tempos de crise das bolsas, dos bancos, dos negócios, nestes tempos de falência, de desemprego em massa, em que a vida perde o seu valor, a mensagem de Nietzsche e de Jim Morrison ganha uma actualidade única. Ao homem-mercadoria, ao homem-percentagem, ao homem-número, ao homem vencido, há que opôr o homem criador, o homem que diz sim à vida, não à vidinha da submissão, não à vidinha da rotina, não à vidinha do rebanho, mas sim à vida plena, à vida alegre, à vida autêntica. É possível passar do sub-homem ao super-homem se acreditarmos que, como disse Jim Morrison, isto não passa de um jogo, de um jogo imbecil. Se num desafio de futebol um jogador, uma estrela qualquer, decidir, de repente, pontapear a bola para fora e, pura e simplesmente, abandonar o campo toda a gente vai dizer: ponham esse palhaço na rua! Mas ele responde: ora, isto não passa de um jogo, da merda de um jogo, não sei porque lhe dão tanta importância. E o que temos de fazer é isso: abandonar o jogo, deixar que façam de nós escravos, imbecis. Temos de fazer alguns sacrifícios, seguir a nossa via ("solitário, segue o caminho que conduz a ti mesmo", diz Nietzsche), descurar a sobrevivência, abandonar a máquina mas o ganho será muito superior: tornar-nos-emos livres, poetas, filósofos, super-homens. Temos de nos juntar, fazer a revolução, mas não uma mera revolução política como a de 1917, como a de 25 de Abril, uma revolução global do espírito, das consciências. Teremos de ser até algo irracionais contra a pretensa racionalidade das bolsas, dos bancos, das empresas, da economia. TEmos de derrubar todos os governos. Destruir para construir. Começar do zero. Não ouçamos os jogos eleitoralistas e tácticos dos partidos políticos, dos sindicatos e das outras organizações. Sejamos nietzscheanos, morrisonianos. Punhamos à prova os limites da realidade. SEjamos doidos! Sejamos poetas! Superemos o homem, superemos o real. Construamos a vida. Sejamos afirmadores da vida. Afastemos a morte! Afastemos Deus, o capital e o dinheiro! Brindemos a Dionisos. Construamos o Céu na Terra, o Paraíso na Terra. O mundo é nosso. Não há regras. Não há limites. Queimemos o dinheiro! Queimemos a economia! Calemos para sempre os economistas. Sejamos, como disse Nietzsche, "decifradores de enigmas". Tornemo-nos deuses em vez de carneiros. Demos caos ao caos.”
A. Pedro Ribeiro
segunda-feira, 9 de março de 2009
Regresso ao "Orfeuzinho"
o puto olha para mim
o sol brilha lá fora
a romena pede esmola
e eu penso no estado
em que poderei ficar
daqui a uns anos
tenho saudades do Rocha
coitado do Rocha!
Sempre sozinho
por onde andará aquele
comentador do quotidiano,
aquele analista social?
Não atende o telefone
tripou com o baiano
coitado do Rocha!
Sempre sozinho.
QUEIMAI O DINHEIRO!
"QUEIMAI O DINHEIRO!" DE A. PEDRO RIBEIRO
O livro "Queimai o Dinheiro!" (Corpos Editora) de A. Pedro Ribeiro vai ser lançado na próxima quarta, dia 11, pelas 23,30 h, no no bar Púcaros (à Alfãndega) no Porto. O evento conta com a presença do autor, do editor Ricardo de Pinho Teixeira e do diseur Luís Carvalho. A. Pedro Ribeiro é autor dos livros de poesia "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Um Poeta a Mijar" (Corpos Editora, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007) e "À Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001). Nasceu no Porto em Maio de 1968. "Queimai o Dinheiro!" fala de uma sociedade onde o dinheiro se tornou no deus supremo, onde o homem é reduzido a uma mercadoria que se compra e vende no mercado, onde reina a mentalidade do rebanho.
domingo, 8 de março de 2009
ZARATUSTRA
Que felicidade ainda estar vivo e ler "Assim Falava Zaratustra" de Nietzsche. Nunca houve livro que me empolgasse tanto. Nunca nenhum livro me deu assim a volta à cabeça. A sabedoria não está, de facto, na praça pública, entre os merceeiros e os moedeiros. A sabedoria está em ZAratustra. É no seu canto que acredito. Não quero saber da felicidade da maioria, nem do homem da maioria, da média, mas sim dos espíritos livres. Há um mundo que existe aqui. Um mundo de experiências, aventuras, um mundo de criadores. É esse o mundo que eu quero. É essa a minha vontade. E a minha vontade está acima de tudo. Homem livre, abandona o rebanho! Homem livre, torna-te naquele que és! Homem livre, deixa o mundo mesquinho da economia, do mercado, das mercadorias, das percentagens! Homem livre, canta! Canta a vida, não cantes mais a morte! Nietzsche é o teu poeta. O poeta que traz a luz, que te aquece o coração. Homem livre, nunca deixes de ser tu mesmo.
quinta-feira, 5 de março de 2009
O POETA QUE BEBE E ESCREVE
Volto ao "Piolho"
e bebo à minha
saiu-me um peso dos ombros
estava a ver que ia car
mas afinal não
a confiança regressa
tal como a prosa
apesar de hoje não ter amigos
no "Piolho"
há gajas bonitas de boné
brindo à vossa
estou, de novo, em estado de graça
já não vou para a cama cedo
nem passo a tarde a dormir
a vida chama
e a cerveja vem
vou ao "Púcaros"
cantar a boa nova
estou novo, como diz o barbeiro,
e pronto para outra
que está a sair
-diz o empregado
que desliza pelo café-
e há quem peça águas
quem leve vida regrada
e se levante cedo
e se deite cedo
quem não vai aos bares
beber como eu
e tudo gira em torno de mim
as estudantes bebem fardadas
acho que começo a apreciar mais
esses rituais
afinal de contas, não perdi nada
nem devo nada a ninguém
sou o poeta que bebe e escreve
aquilo que vem à cabeça
aquilo que desliza na veia
aquilo que não passa na TV
sou o poeta que bebe e escreve
às vezes os jornais
vêm ter comigo
saber de mim
contar as histórias
que andam por aí
sou o poeta que bebe e escreve
não sou menos do que tu
nem mais
apenas o gajo que anda por aí
sou o poeta que bebe e escreve
cortei as barbas e os cabelos
o barbeiro cada vez gosta mais
de mim
e a cerveja está no fim
não há cacau para mais
e ainda é cedo
para ir ao "Púcaros"
tenho de continuar aqui
o que importa é que passei
esta crise
e a palavra sai.
terça-feira, 3 de março de 2009
SUBLIME
LOUÇÃ E A BOA NOVA
LOUÇÃ E A BOA NOVA
António Pedro Ribeiro
O Louçã tem razão acerca de quase tudo quanto diz sobre o Governo. No que toca ao desemprego, aos bancos, aos salários baixos. Louçã tem-se tornado uma espécie de profeta, de pregador que o povo ouve com redobrada atenção. Louçã parece infalível.
Também nós nos deveríamos converter numa espécie de pregadores. Não nascemos para trabalhar mas para pregar a Boa Nova, escrevemos já algures. Mas não temos de saber todos os pormenores técnicos como o Louçã. Nem queremos alcançar o poder como o Louçã. Devemos apenas dizer que há uma diferença de vida e de morte entre a sociedade mercantil e aquilo que desejamos. Que os economistas e os governos pregam a morte alicerçada em percentagens e estatísticas enquanto que nós falamos a linguagem da poesia, do amor, da liberdade. Contra a economia e o mercado propomos o espírito livre de Nietzsche, contra a sobrevida ou subvida ou sub-homem propomos a vida e o super-homem. Eis o que nos distingue do Louçã.
segunda-feira, 2 de março de 2009
domingo, 1 de março de 2009
O GAJO QUE ESCREVE
Acabou-se a etapa que se iniciou em Agosto com a Gotucha. Mais uma fase de trevas. Valha-me a cerveja. A escrita não sai célere, automática. Fico preso de movimentos. A. ofereceu-me um livro do Alberto Pimenta que mo autografou. Mas não fui capaz de dizer palavra ao poeta. O poeta panfletário perde a pica. E daqui a duas semanas tenho de apresentar os manifestos. E daqui a semana e meia tenho de apresentar o livro. Como irei estar? As perspectivas não são as melhores. Mas é preciso acreditar no homem. É preciso acreditar na palavra. Dar a volta ao texto. Cagar para o ministro das Finanças. QUeimar as notas. Gozar com a crise. Saborear a cerveja. Gritar. Gritar loucamente. Escrever versos flipados. Deixar correr o marfim. Estou em Braga, é Agosto, a Gotucha aguarda-me em casa. Estou em Braga, é Agosto, escrevo no café o que me vem à cabeça. Estou em Braga, é Agosto, liberto-me de um longo sufoco. Estou em Braga, é Agosto, vadio pela cidade. Estou em Braga, é Agosto, encontro o Luxúria Canibal na "Brasileira". Sento-me à mesa dele, converso. Deixo correr o marfim. Estou no Porto, é Março, e fui ver o Pimenta. A. apareceu mas teve de ir embora mais cedo. Prometeu que vem no dia 14 aos manifestos. A euforia veio há dois meses. Também estava em Braga com a Gotucha. Comecei a imaginar coisas. A alucinar. A estadia em Amarante com a Carlinha retardou a crise. Qual grande escritor! Sou apenas um gajo que escreve umas notas no caderno, uns desabafos, um gajo que anda por aí. Não tenho nada de grande. Sou apenas mais um gajo que escreve, entre tantos outros.
Subscrever:
Mensagens (Atom)