quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
MANIFESTO DO PARTIDO INTEIRO
Acabo de ler o "Novo Livro do Apocalipse ou da Revelação" do padre Mário de Oliveira. É daqueles livros que nos dão a volta à cabeça. Tenho de ser capaz de escrever um livro assim profético. "Queimai o Dinheiro", a espaços, já o é. Mas é preciso mais. É preciso um livro que chegue a muita gente. É preciso um livro que chegue a muita gente. É preciso um livro que espalhe a Boa Nova. Não de Deus mas certamente próxima do Jesus do padre Mário. O homem, e especialmente a mulher, é essencialmente Espírito e Afecto. É isso que temos de dizer, é isso que temos de gritar. Temos, de facto, uma Missão. A Missão de libertar a Terra. A Missão de derrubar os profetas da morte e do dinheiro. De dizer que a Vida não é sobrevivência nem mera contagem de trocos. De dizer que a Vida não é pilhagem, nem hierarquia, nem competição, nem submissão. De dizer que a luz está aqui. Que o divino está aqui. Que o céu está aqui. Não somos niilistas como alguns amigos nossos. Mas deixamos de acreditar nos partidos. Somos um Inteiro que não se perde em tricas de Assembleia. Mantemos a porta aberta. Mas não vamos à bola com as TV's dos futebóis, dos concursos, das notícias do Templo. Amamos as mulheres. Mas não suportamos que elas se agarrem à nota, ao gajo da nota, à segurança material. Nascemos no Maio de 68. Viemos com as flores e com a revoltas nas faculdades e nas ruas. Já partimos vidros e derrubámos estátuas fascistas. Somos do padre Mário mas não subscrevemos integralmente a via pacifista. Não suportamos o Poder nem os chefes. Somos inimigos do mercado e dos vendilhões do templo. Não estamos à venda. Somos da liberdade e do amor. Mas também do caos e da noite. Vimos do caos e da noite. Mas estamos a tentar atravessar para o Reino da Luz. Às vezes temos de falar dos copos e do sexo. Não podemos ser sempre bons, sempre santos. Lemos o divino marquês e os "Cantos de Maldoror". Por isso, não suportamos a pequenez dos homens. Por isso, causa-nos vómitos a redução do homem ao macaco que trepa sobre o outro macaco, ao macaco que só fala da vidinha, que se torna vidinha e preconceito. Não suportamos o homem da mercearia, da mesquinhez, do pequeno e grande lucro. Não suportamos as suas conversas. Por isso, não exaltamos o homem pequeno como fazem os nossos amigos comunistas e alguns anarquistas. Não glorificamos o "trabalhador honesto" e castrado. Apenas abrimos portas. Apenas dizemos que não embarcamos nessa viagem em que os vemos embarcados. Não prometemos salários mais altos. Não prometemos trabalho. Não prometemos bens materiais nem o paleio da crise e da economia. Apenas abrimos portas. Falamos ao espírito e ao coração. Escrevemos com o próprio sangue, como Nietzsche. Não acreditamos no Telejornal nem no Pai Natal. Não acreditamos em negociações com o Poder nem em sindicatos. Só queremos atravessar para o outro lado.
DA DÁDIVA
A dádiva. O prazer da dádiva. Eis o que distingue o artista e o homem de fé. Criamos pelo prazer de criar. Pensamos no reconhecimento, não necessariamente na recompensa. É claro que quando temos fome pensamos na comida. Mas não estamos sempre a pensar no comer e beber, nas rendas e na sobrevivência como o comum dos mortais. Pensamos no belo, na mulher bela, na transformação do mundo, na Criação. Não somos práticos nem realistas porque nos recusamos a sê-lo. O real quotidiano entedia-nos. Dar e receber. Para isso viemos ao mundo. E para amar a mulher amada. Somos do mundo mas queremos mudar o mundo. Somos do mundo mas também somos do espírito. É o espírito que nos conduz, o espírito livre. Não trabalhamos. Trabalhamos para a Humanidade. Trabalhamos para a Humanidade que há-de vir. Sabemos que ela vem. Porque sabemos, como o padre Mário de Oliveira, que o Homem é, ou pode ser, essencialmente afecto, mesa partilhada. Não sabemos se é Deus ou Jesus mas sabemos que é o Espírito, o Espírito Livre.
LÚCIFER
Pegar fogo ao mundo
dançar a dança do caos
é esse o desejo
é essa a outra face
já que tudo é morte
e cemitério
porque não começar?
De que me vale
ser o poeta
se os versos
não te trazem
até mim?
Pegar fogo ao mundo
partir todos os vidros
ser o Nero desta Roma
Vlad Drakul
louco de amor
Lúcifer
expulso do Céu
maldito para todo o sempre.
DOS LIVROS
Os livros, alguns livros, não são como as chicletes. Prova, mastiga, deita fora. Os livros ficam connosco para sempre. Os livros, alguns livros, são mais importantes do que as pessoas, do que a maioria das pessoas. Preenchem-nos, enriquecem-nos, dão-nos vida, tornam-nos mais humanos. Os livros, alguns livros, são a vida, a própria vida. É nos livros que me refugio nestes dias sem ti. Só os livros, alguns livros, e a escrita me dão o alento necessário para continuar, para combater a solidão. Os livros e também a música. De resto, é o de sempre. A chávena de café à minha frente. A D. Rosa que se ri e fala comigo. A empregada de amarelo, que também é Rosa, e que fala com o cliente. Mas, apesar dos livros, são dias sem ti. Sem os livros seriam vazios. Completamente vazios. Valham-me os livros, alguns livros, nestes dias sem ti.
GORETI
Ontem todo eu
era fogo
embriaguez
hoje desfaleço
porque não estás aqui
nem eu aí
uma maldição abateu-se
sobre nós
eles não nos querem
ver juntos
o mundo não compreende
o nosso amor
de irmãos
ontem todo eu
era fogo
embriaguez
hoje estou aqui
na "Motina"
na confeitaria da rotina
a escrever versos
a ver se a raiva
me passa
se estivesses aqui
tudo seria diferente
o sol brilharia
a vida
a celebração
a alegria
ontem todo eu
era fogo
embriaguez
hoje arrasto-me
preso aos versos
amaldiçoo o universo
tu não estás aqui
ontem todo eu
era fogo
embriaguez
hoje caio
qual mago?
Qual artista?
Pobre coitado
nada me resta.
Vilar do Pinheiro, 28.12.2009
era fogo
embriaguez
hoje desfaleço
porque não estás aqui
nem eu aí
uma maldição abateu-se
sobre nós
eles não nos querem
ver juntos
o mundo não compreende
o nosso amor
de irmãos
ontem todo eu
era fogo
embriaguez
hoje estou aqui
na "Motina"
na confeitaria da rotina
a escrever versos
a ver se a raiva
me passa
se estivesses aqui
tudo seria diferente
o sol brilharia
a vida
a celebração
a alegria
ontem todo eu
era fogo
embriaguez
hoje arrasto-me
preso aos versos
amaldiçoo o universo
tu não estás aqui
ontem todo eu
era fogo
embriaguez
hoje caio
qual mago?
Qual artista?
Pobre coitado
nada me resta.
Vilar do Pinheiro, 28.12.2009
GLÓRIA
Escrevo. São seis da madrugada. Não consigo dormir. Escrevo o que vem do coração. Sou Jesus. Sou Morrison. Sou Nietzsche. Amo a Humanidade. A Humanidade despojada de Poder e de Dinheiro. O meu único poder é o poder da palavra. Ultimamente tenho feito os outros rir. Se calhar, tenho de virar o disco. Cantar o caos e o amor. Este será um grande dia. Se não adormecer entretanto percorrerei as ruas de Braga manhã cedo. Percorrerei as ruas de Braga em busca de glória. Percorrerei as ruas de Braga e amarei o humano dos homens e das mulheres. O humano que resta nos corações dos homens e das mulheres. E levarei comigo o padre Mário. O livro do padre Mário, o "Novo Livro do Apocalipse ou da Revelação" faz-me renascer como o "Plexus" de Henry Miller. Já não sou o mesmo. Tenho mesmo uma missão na Terra. Escreverei livros e levarei a mensagem seja onde for. "Queimai o Dinheiro" já é um sinal, "Da Merda até Deus" será outro. Mas tenho de publicar as minhas prosas. Neste tom profético que já tem sido publicado na "Voz da Póvoa". Acredito no Homem, sou forçado a acreditar no Homem como Che Guevara acreditava. Não tenho nada a perder. Este é o caminho que tenho de seguir. Não há aqui dogmas, não há meias-palavras, não há cedências ao capitalismo ou ao Grande Irmão. Eu, António Pedro Ribeiro, 41 anos, renasço esta madrugada. Abençoado pela luz do padre Mário Oliveira. Abençoado pelo palco e pelos aplausos. Fascinado pela demanda do Graal, que é a mulher, que é Madalena. Eu, António Pedro Ribeiro, 41 anos, declaro-me revolucionário, filho das flores e do Maio de 68. Amante da Paz e da Liberdade. Poeta do caos e do amor. Profeta da rebeldia.
domingo, 27 de dezembro de 2009
O MENINO
Não vim ao mundo
para fazer contas
revoltei-me contra as contas
aos 18/19 anos
quando andava na Faculdade de Economia
ia com o "Zaratustra"
para as aulas
comecei a chumbar
não vim ao mundo
sequer para a Razão
leio Platão
mas o xamã deu-me
a volta à cabeça
e depois a Gotucha
que também
não é deste mundo
não vim ao mundo
para trabalhar
para sacar dinheiro
para seguir uma carreira
não estou no mercado
não sou do mercado
da compra e venda
sou de graça
sou da Graça
sou da Glória
não tenho de ser contido
não tenho de ser pequeno
sou narciso
gosto de me ver no palco
gosto da ovação
do aplauso
serei egocêntrico
mas não sou egoísta
penso no mundo
quero o mundo
mas quero-o agora
não vou esperar mais dois mil anos
não vou esperar
pela revolução
Durante anos
fui acossado por longas depressões
tive de morrer e renascer várias vezes
ficava sem o verbo
sem a palavra
mas agora estou de novo
a caminho
agora estou de novo liberto
por isso, minha mãe,
não posso seguir
a via da norma e do estabelecido
por isso, mãe,
voltei a ser menino.
BOLA
Sempre bola. Sempre bola na tola. Não tendes nada de novo para me dizer? Não vedes o quão redutora a bola é. O quanto ela obedece ao Deus-Dinheiro e ao Poder.
RESPOSTA A "O CRIADOR E O HOMEM PEQUENO"
Bruno Miguel Resende comentou a tua ligação:
Acho que a grande diferença está entre o indivíduo e o sujeito. Fala-se do trabalhador, sujeito ao emprego, do pobre, sujeito ao capital, do cidadão, sujeito ao estado, ou seja, fala-se do Homem por existir em relação aos ideais ascéticos, à concepção de ideias que o ultrapassam. Falar no indivíduo é falar do Homem em si mesmo, maior que qualquer ideia e independente de estar ou não relacionado a algo. O importante é o Homem, em si mesmo, o resto é politiquice e religiosidade. Pessoalmente prefiro filosofia e arte. Abraço!
Acho que a grande diferença está entre o indivíduo e o sujeito. Fala-se do trabalhador, sujeito ao emprego, do pobre, sujeito ao capital, do cidadão, sujeito ao estado, ou seja, fala-se do Homem por existir em relação aos ideais ascéticos, à concepção de ideias que o ultrapassam. Falar no indivíduo é falar do Homem em si mesmo, maior que qualquer ideia e independente de estar ou não relacionado a algo. O importante é o Homem, em si mesmo, o resto é politiquice e religiosidade. Pessoalmente prefiro filosofia e arte. Abraço!
sábado, 26 de dezembro de 2009
O CRIADOR E O HOMEM PEQUENO
O padre Mário exalta os pobres, da mesma maneira que PCP e MRPP exaltam os trabalhadores. Eu não tenho de exaltar os pobres nem os trabalhadores. Os pobres e os trabalhadores muitas vezes expulsam o artista, o criador, o revolucionário. Os pobres e os trabalhadores não reagem. Os pobres e os trabalhadores deixam-se enterrar na merda. Em parte, sobretudo os trabalhadores, por culpa própria. Não procuram a luz, o Graal, a sabedoria. Tenho mais pena dos pobres do que dos trabalhadores, claro. Sei que o capitalismo os condena à pobreza. Sempre que tenho dinheiro dou-lhes esmola. Mas isto não vai lá com caridades e esmolas. Isto tem que ver com a liberdade, com a revolta. Quando estás no palco com 200 pessoas à tua frente podes influenciá-las. É isso que deves continuar a fazer. Provocá-las. Influenciá-las. Mesmo que estejas a falar da anca das gajas. Mesmo que falhes, tens de voltar a fazê-lo. É assim o artista, o mago, o criador, o revolucionário. Não pode ser igual aos outros. Escolhe as palavras. Joga com elas. Muitas vezes permanece calado. POrque nada há a dizer. Porque não encontra nada para dizer. Acredita na revolução. É ele próprio a revolução. Por vezes entende-se com os niilistas, bebe cervejas com eles. Mas não é como eles. Acredita. Morreu e renasceu várias vezes. Se não acreditasse nunca mais teria renascido. A história repete-se. O eterno retorno. Houve, em tempos, uma Idade do Ouro. Agora a Terra está, de novo, nas mãos dos detentores do Poder e do Dinheiro, de ladrões, salteadores, assassinos, mercenários, mafiosos, estamos no Império da Treva. E cumpre-nos a nós, os despojados, desafiar esse Império. Cumpre-nos, a nós, os que já nada têm a perder, abandonar tudo: casa, família, emprego, para ir combater. Combater desarmados, armados apenas com a palavra. Porque sabemos que estamos certos. Porque odiamos o mercado e o capital. Porque estamos fartos. "Estamos fartos de tantos rodeios/ fartos de esperar, com o ouvido colado ao chão". Não fazemos das palavras um mero objecto de diversão como fazem os poetas da corte. Às vezes fazemos os outros rir mas não queremos ficar por aí. Chateia-nos aquele risinho idiota, das piadas idiotas, que só perpetuam o status quo. Aborrece-nos de morte a intriga, a inveja, o diz que diz que vai aí pelas casas. Aborrece-nos o homem pequeno, a mulher pequena, o reino da mesquinhez, da mercearia que é lacaio do Grande Poder, do Grande Dinheiro. O homem pequeno, o pobre, o "trabalhador honesto" rejeita o artista, o mago, o criador quando este veste a pele do mendigo, quando este está possuído pela depressão. Por isso, não podemos estar sempre do lado dos pobres, dos trabalhadores. O pobre, o trabalhador, toma muitas vezes o partido dos poderosos porque não compreende e teme a loucura do criador. Por isso, somos como os antigos cavaleiros. Temos uma missão. Uma missão tantas vezes incompreendida, mesmo e sobretudo, pelos que nos estão mais próximos. Por isso, tantas vezes nos sentimos sós. Só, de tempos a tempos, nos aparecem almas gémeas que nos compreendem, que nos tentam compreender. O homem pequeno, tal como o homem do Poder, destila veneno. Às vezes o poeta, o criador tem de afastar-se, tem de subir à sua montanha para não se deixar envenenar. O homem pequeno fala a linguagem do Deus-Dinheiro, da mercearia, do mercado, do lucro, da intriga, da competição, da acumulação. O poeta, o criador, por vezes, deixa-se contaminar mas tem de voltar ao seu caminho, ao caminho da solidão, ao caminho que conduz a si mesmo. O poeta, o criador, não pode enaltecer nem exaltar o homem pequeno, o cidadão comum. É feito de outra substância. É feito de altura, de além. É fruto da Criação. É a própria Criação. É isto que vós, homens pequenos, nunca compreendereis. Despojai-vos de tudo, das vossas intrigas, da vossa mentira, do vosso dinheiro, do vosso mercado, da vossa mercearia, se quereis ser grandes! Estou a falar-vos do Amor, do Amor, do amor, da porra do amor!
Não sou um pregador da luz e de Jesus como o padre Mário. Sou mais da noite, do caos, da liberdade. Não que não fale da luz e do amor, de vez em quando. Continuo a ser um provocador. Um enfant terrible. Mesmo que às vezes pareça que não faço mal a uma mosca. Sou esse menino de que fala Nietzsche, de que fala o padre Mário. Serei sempre o menino. O enfant terrible. Mesmo que os anos passem e me pareça cada vez mais com o senhor professor de Basileia.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
GLÓRIA
Glória-Parte IV
Escrevo. São seis da madrugada. Não consigo dormir. Escrevo o que vem do coração. Sou Jesus. Sou Morrison. Sou Nietzsche. Amo a Humanidade. A Humanidade despojada de Poder e de Dinheiro. O meu único poder é o poder da palavra. Ultimamente tenho feito os outros rir. Se calhar, tenho de virar o disco. Cantar o caos e o amor. Este será um grande dia. Se não adormecer entretanto percorrerei as ruas de Braga manhã cedo. Percorrerei as ruas de Braga em busca de glória. Percorrerei as ruas de Braga e amarei o humano dos homens e das mulheres. O humano que resta nos corações dos homens e das mulheres. E levarei comigo o padre Mário. O livro do padre Mário, o "Novo Livro do Apocalipse ou da Revelação" faz-me renascer como o "Plexus" de Henry Miller. Já não sou o mesmo. Tenho mesmo uma missão na Terra. Escreverei livros e levarei a mensagem seja onde for. "Queimai o Dinheiro" já é um sinal, "Da Merda até Deus" será outro. Mas tenho de publicar as minhas prosas. Neste tom profético que já tem sido publicado na "Voz da Póvoa". Acredito no Homem, sou forçado a acreditar no Homem como Che Guevara acreditava. Não tenho nada a perder. Este é o caminho que tenho de seguir. Não há aqui dogmas, não há meias-palavras, não há cedências ao capitalismo ou ao Grande Irmão. Eu, António Pedro Ribeiro, 41 anos, renasço esta madrugada. Abençoado pela luz do padre Mário Oliveira. Abençoado pelo palco e pelos aplausos. Fascinado pela demanda do Graal, que é a mulher, que é Madalena. Eu, António Pedro Ribeiro, 41 anos, declaro-me revolucionário, filho das flores e do Maio de 68. Amante da Paz e da Liberdade. Poeta do caos e do amor. Profeta da rebeldia.
Escrevo. São seis da madrugada. Não consigo dormir. Escrevo o que vem do coração. Sou Jesus. Sou Morrison. Sou Nietzsche. Amo a Humanidade. A Humanidade despojada de Poder e de Dinheiro. O meu único poder é o poder da palavra. Ultimamente tenho feito os outros rir. Se calhar, tenho de virar o disco. Cantar o caos e o amor. Este será um grande dia. Se não adormecer entretanto percorrerei as ruas de Braga manhã cedo. Percorrerei as ruas de Braga em busca de glória. Percorrerei as ruas de Braga e amarei o humano dos homens e das mulheres. O humano que resta nos corações dos homens e das mulheres. E levarei comigo o padre Mário. O livro do padre Mário, o "Novo Livro do Apocalipse ou da Revelação" faz-me renascer como o "Plexus" de Henry Miller. Já não sou o mesmo. Tenho mesmo uma missão na Terra. Escreverei livros e levarei a mensagem seja onde for. "Queimai o Dinheiro" já é um sinal, "Da Merda até Deus" será outro. Mas tenho de publicar as minhas prosas. Neste tom profético que já tem sido publicado na "Voz da Póvoa". Acredito no Homem, sou forçado a acreditar no Homem como Che Guevara acreditava. Não tenho nada a perder. Este é o caminho que tenho de seguir. Não há aqui dogmas, não há meias-palavras, não há cedências ao capitalismo ou ao Grande Irmão. Eu, António Pedro Ribeiro, 41 anos, renasço esta madrugada. Abençoado pela luz do padre Mário Oliveira. Abençoado pelo palco e pelos aplausos. Fascinado pela demanda do Graal, que é a mulher, que é Madalena. Eu, António Pedro Ribeiro, 41 anos, declaro-me revolucionário, filho das flores e do Maio de 68. Amante da Paz e da Liberdade. Poeta do caos e do amor. Profeta da rebeldia.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
IGUAIS AOS DEUSES
IGUAIS AOS DEUSES
António Pedro Ribeiro
Acordo de madrugada. Penso que sou um rei em cima do palco. As mulheres acham-me piada e riem-se para mim. Ontem só bebi cinco cervejas. Tenho bebido muitas mais noutras noites. Pensava que depois de ter ido ao Campo Alegre as mulheres bonitas me viriam dar beijos na boca. Afinal, não. É a mesma rotina de sempre. É como um gajo em frente ao computador a teclar. Terei algo que os outros não têm. Ando na demanda do Graal, procuro os moinhos de Quixote. A anarquia vem ter comigo. Estou mesmo muito bem disposto. Poderia ter conversas espirituosas com muita gente. Fá-los-ia rir. Pelo menos não ando para aí a partir os vidros dos carros. O que até nem era má ideia. Anjo em chamas. Por onde andas? Por aí, atrás da minha loucura. Os meus berros são de louco. Cambaleio pelo palco. Faz-me falta o Henrique. Ando a ouvir as canções todas das Las Tequillas no youtube. Diz a palavra. Quero ir para o palco. O meu reino por um palco. A plateia aborrece-se, entendia-me. Sempre as pessoas normais a fazer as coisas normais. Sempre as pessoas a dizer avé-maria ao chefe, ao Sócrates, ao Cavaco. Sempre atrás do dinheiro e do estatuto social. Sempre fechadas na família. Sempre a fingir que estão bem. Sempre a criticar o parceiro do lado. Não! Não é isso que quero. Afastei-me dessa via. Não sou mesquinho, não sou merceeiro. Estou do lado da liberdade. Do lado do criador. Do bailarino. Vim para aqui de graça para criar. Assim devo continuar. Assim é o Artista. Provoco os outros. Faço-os rir. Para isso vim ao mundo. Nada a fazer. A vida não é só comer, beber e sacar dinheiro. Estamos aqui para algo de muito mais alto, de mais sublime. Estamos aqui para sermos iguais aos deuses.
António Pedro Ribeiro
Acordo de madrugada. Penso que sou um rei em cima do palco. As mulheres acham-me piada e riem-se para mim. Ontem só bebi cinco cervejas. Tenho bebido muitas mais noutras noites. Pensava que depois de ter ido ao Campo Alegre as mulheres bonitas me viriam dar beijos na boca. Afinal, não. É a mesma rotina de sempre. É como um gajo em frente ao computador a teclar. Terei algo que os outros não têm. Ando na demanda do Graal, procuro os moinhos de Quixote. A anarquia vem ter comigo. Estou mesmo muito bem disposto. Poderia ter conversas espirituosas com muita gente. Fá-los-ia rir. Pelo menos não ando para aí a partir os vidros dos carros. O que até nem era má ideia. Anjo em chamas. Por onde andas? Por aí, atrás da minha loucura. Os meus berros são de louco. Cambaleio pelo palco. Faz-me falta o Henrique. Ando a ouvir as canções todas das Las Tequillas no youtube. Diz a palavra. Quero ir para o palco. O meu reino por um palco. A plateia aborrece-se, entendia-me. Sempre as pessoas normais a fazer as coisas normais. Sempre as pessoas a dizer avé-maria ao chefe, ao Sócrates, ao Cavaco. Sempre atrás do dinheiro e do estatuto social. Sempre fechadas na família. Sempre a fingir que estão bem. Sempre a criticar o parceiro do lado. Não! Não é isso que quero. Afastei-me dessa via. Não sou mesquinho, não sou merceeiro. Estou do lado da liberdade. Do lado do criador. Do bailarino. Vim para aqui de graça para criar. Assim devo continuar. Assim é o Artista. Provoco os outros. Faço-os rir. Para isso vim ao mundo. Nada a fazer. A vida não é só comer, beber e sacar dinheiro. Estamos aqui para algo de muito mais alto, de mais sublime. Estamos aqui para sermos iguais aos deuses.
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
CARLA RIBEIRO
post it / carla ribeiro
eu sou as personagens que tu representas
as falas que inventas
as histórias que gostarias de ter vivido
os sentimentos que sabes ter fingido
a cartilha das tuas opções
o chorrilho das tuas razões
as viagens que nunca fizeste
o grande amor que não tiveste
o talento que não é o teu
o saber que tens e que é o meu
a tua vida é o maior livro em que escrevo
nele não ficará registado tudo aquilo que não fiz
tudo aquilo que quero escrever mas de verdade temo
carla ribeiro
eu sou as personagens que tu representas
as falas que inventas
as histórias que gostarias de ter vivido
os sentimentos que sabes ter fingido
a cartilha das tuas opções
o chorrilho das tuas razões
as viagens que nunca fizeste
o grande amor que não tiveste
o talento que não é o teu
o saber que tens e que é o meu
a tua vida é o maior livro em que escrevo
nele não ficará registado tudo aquilo que não fiz
tudo aquilo que quero escrever mas de verdade temo
carla ribeiro
ANTÓNIO JOSÉ FORTE
NATAL DE 1964
Este ano a quadra festiva vai ser melhor do que nunca
no seu centro vai haver
um grande grande ramo de flores
que é por onde vão entrar
uns atrás dos outros de cabeça pra baixo
os rapazes de mais categoria das artes e das letras
uns atrás dos outros de mãos dadas
cantarolando com a boca cheia
e escorregando docemente escorregando
para debaixo da mesa
onde os espera Jesus
para introduzi-los na grande sala de recepção ao vómito
Quanto ao autor destes versos
aguardará um telefonema até ao último momento
mas à cautela e antes que seja tarde
já comprou um cachucho
que mandou fechar à chave no seu cofre-forte
(poema de António José Forte, in "Uma Faca Nos Dentes")
retirado de http://quintasdeleitura.blogspot.com
Este ano a quadra festiva vai ser melhor do que nunca
no seu centro vai haver
um grande grande ramo de flores
que é por onde vão entrar
uns atrás dos outros de cabeça pra baixo
os rapazes de mais categoria das artes e das letras
uns atrás dos outros de mãos dadas
cantarolando com a boca cheia
e escorregando docemente escorregando
para debaixo da mesa
onde os espera Jesus
para introduzi-los na grande sala de recepção ao vómito
Quanto ao autor destes versos
aguardará um telefonema até ao último momento
mas à cautela e antes que seja tarde
já comprou um cachucho
que mandou fechar à chave no seu cofre-forte
(poema de António José Forte, in "Uma Faca Nos Dentes")
retirado de http://quintasdeleitura.blogspot.com
domingo, 20 de dezembro de 2009
NA PAZ DO WHISKY
São quatro da manhã e escrevo. Começamos a POESIA DE CHOQUE com um só espectador. Na Casa Viva deveríamos ter ficado pelas 4 ou 5 canções. Valha-me o whisky. Valha-me o whisky oferecido, prenda de Natal, que me dá forças. O whisky não enjoa. O whisky não te engana. O whisky dá-me paz. E é na paz do whisky que estou agora. É na paz do whisky que quero ficar. Está cumprida mais uma etapa. Piolho, Clube Literário, Casa viva. Foi no Piolho que as coisas correram melhor. Estavam lá os meus amigos e as minhas amigos. Hoje, no palco, senti-me só, apesar de estar cheio de pedal. Custa um gajo estar a dar o litro e umas gajas viradas de costas para nós. Valeu a recepção algo entusiástica às quatro ou cinco primeiras canções. Valha-me a paz do whisky. Valha-me o whisky que o Toni me ofereceu. Beber por beber. Já o diz a canção. Assim vale a pena beber. Ainda fui ao "karaoke" da "Nova Onda" beber quatro minis. É sempre a abrir. Na paz do whisky. Noite fora.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
LAS TEQUILLAS NA CASA VIVA
SEMPRE A ABRIR
Leio Jim Morrison
finalmente, Jim Morrison!
Que o meu amigo Angel
me ofereceu
estou ao balcão da patroa bonita
passo a tarde na cama
e agora estou-me a desforrar
vendo uns livros
saco algum cacau
e depois venho bebê-lo aqui
os gajos de sempre
pedem futebol
a vida é uma seca
e não é o futebol
que a vai mudar
escrevo
e nem sequer tenho
muita vontade de escrever
é o que rola
e o que dá
amanhã: concerto na Casa Viva
ontem três espectadores
na Poesia de Choque
umas vezes a glória
outras o deserto
assim vai o artista
bebe mais uma
é sempre a abrir
e a Carlinha em Amarante
e a Gotucha na Madeira
está a dar o Braga
oxalá ganhe
se perder, paciência
não vivemos disto
vivemos do rock n' roll
é isso que vamos
mostrar amanhã
com o Henrique
grande Henrique
senhor da guitarra
vamos até de madrugada
isto está seco
vamos regá-lo com cerveja
e o Rocha já telefona
e peço mais uma
e a gaja dá-ma
dá-me cervejas
mas cobra-mas
é assim em todo o lado
ninguém dá nada a ninguém
só nos emprestam canetas
as canetas valem pouco
no mercado
o mercado dita tudo
é uma merda
grande merda
de mundo nos deste,
ó Deus!
Não é este o mundo que quero
eu quero festa
eu quero celebração
canto o mundo que não existe
mas já existiu
no tempo dos sátiros e dos xamãs
no tempo de Morrison e Zaratustra
isto apesar da senhora da noite
ser muito simpática
mas esse mundo que canto
já não existe
existiu, a espaços, na minha vida
sim, a espaços, eu fui o rei
capaz de tudo
de ir até ao infinito
mas agora tudo quanto vejo
é tédio
e homens a discutir futebol
assim vai a vida
assim vai o artista
ontem estava quase bêbado
apesar dos três espectadores
está a sair mais um épico
és boa
dás-me broa
vestida de negro
não percebes nada de futebol
e ainda bem
criticas o Saramago
e que se foda!
O Saramago é um romancista
não é um profeta
como o padre Mário
está frio
anda aquecer-me, querida!
Está tudo a zero
ninguém se chega à frente
e eu escrevo estas merdas
já não é a "Mulher Ausente"
o Braga joga mas não marca
joga-se tudo no domingo
Benfica-Porto
o país pára
a dona fuma
"não há brilho no que vejo"
dizias tu, António
não sei como é que
os teus versos não são mais citados
ã dona diz que gosta
de tirar fotografias às flores
oferece-lhe flores, ó anarca!
Tens flores no teu quintal
vais até ao fim
e o Braga marca.
"Nova Onda", 18.12.2009
BRAGA CAMPEÃO DE INVERNO
O Sporting de Braga venceu esta sexta-feira o Paços de Ferreira, por 1-0, no jogo que abriu a 14.ª jornada da Liga Sagres e garantiu a liderança independentemente do resultado do Benfica-FC Porto de domingo. O único golo do encontro foi apontado por Meyong, já no período de compensações da primeira parte. O camaronês que somou o quarto golo na Liga, igualando os seus colegas Hugo Viana e Alan. A vitória sobre a equipa pacense isolou provisoriamente o Sporting de Braga no comando do campeonato nacional, com 33 pontos. O Benfica poderá contudo voltar a colar-se pontualmente à equipa orientada por Domingo Paciência caso vença o “clássico” de domingo com o FC Porto, no Estádio da Luz, em Lisboa. O Paços de Ferreira mantém a 11.ª posição da tabela da primeira Liga, com 14 pontos. A ronda prossegue sábado com os jogos entre o Vitória de Guimarães e o Rio Ave, que tem início às 19:15 horas, e o Vitória de Setúbal-Sporting, no Estádio do Bonfim, a partir das 21:15.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
MORTOS
Estais mortos
comunicais mortos
obedeceis mortos
viveis mortos
amais mortos
e assim permanecereis
por mil anos
até ao romper
do feitiço.
comunicais mortos
obedeceis mortos
viveis mortos
amais mortos
e assim permanecereis
por mil anos
até ao romper
do feitiço.
CANTO DOIDO
O caminho da solidão e da loucura. É por aí que tenho seguido. Por muito doloroso que seja. É esse também o caminho da sabedoria. Há uma luz, ao longe, que me guia. Uma voz que me chama. Desde a mais tenra infância que me distingo dos outros. Desde a mais tenra infância que mantenho monólogos comigo mesmo, mundos interiores. Têm sido esses monólogos, esses mundos interiores que me têm mantido vivo. Estou só na "Motina" neste final de tarde. Mas há qualquer coisa que me empurra. As palavras duras e ternas do padre Mário. A sabedoria de Nietzsche e Henry Miller. A memória do meu pai. Tudo isso faz de mim mais forte, mais humano. "Humano, Demasiado Humano". E é este o caminho que devo seguir. Não há que ser niilista ou pessimista. É o meu caminho. O caminho da solidão e da loucura. O caminho da criação e da loucura. É só que crio, que invento mundos, estradas, personagens. "A estrada do excesso conduz ao palácio da sabedoria", escreveu William Blake. É por aí que eu vou. Não tenho limites. Não tenho fronteiras. Canto o meu canto doido às sete da tarde na "Motina". Canto o meu canto doido na aldeia deserta. Canto o meu canto doido e ainda te espero. Canto o meu canto doido e estou para lá disto tudo. Canto o meu canto doido e estou para lá de vós todos. Canto o meu canto doido e amo a minha loucura. Canto o meu canto doido na estrada da solidão. Canto o meu canto doido e vou até ao fim. Canto o meu canto doido e estou para lá de todos os limites. Canto o meu canto doido e tudo é pequeno diante da minha loucura.
SONHEI QUE ERA REI
SONHEI QUE ERA REI
Sonhei com era rei
De um país que não existe
Um país de justiça
Um país sem crimes
Sonhei que era rei
De um país que não existe
Um país sem bancos nem bolsas
Nem chulos exploradores
Sonhei que era rei
De um país que não existe
Um país sem fome
Um país sem guerra
Um país onde os homens
Se tratam como irmãos
Sonhei que era rei
De um país que não existe
Um país de sol
Um país de luz
Um país onde se busca
A Verdade e a Sabedoria
Sonhei que era rei
De um país que não existe
Um país sem dinheiro
Nem trabalho
Um país onde o homem
É dono do seu tempo.
16.12.2009
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
POESIA DE CHOQUE
POESIA DE CHOQUE NO CLUBE LITERÁRIO
A. Pedro Ribeiro e Luís Carvalho apresentam mais uma sessão de POESIA DE CHOQUE na próxima quinta, 17, pelas 21,30 h no Clube Literário do Porto. A sessão conta com a presença do guitarrista Carlos Andrade. Mais uma noite para a poesia rebelde e maldita. As sessões de POESIA DE CHOQUE têm lugar nas terceiras quintas de cada mês.
D. ROSA
A D. Rosa regressou
à "Motina"
já tinha saudades da D. Rosa
a D. Rosa é sempre amável comigo
e eu lá lancei o "Poeta no Piolho"
estiveram lá amigos e desconhecidos
e agora volto à vida de todos os dias
à "Motina" dos cafés,
da escrita e da leitura
e até apareceu a menina bonita
é a esta que deveria oferecer o poema
mas ando sem coragem.
à "Motina"
já tinha saudades da D. Rosa
a D. Rosa é sempre amável comigo
e eu lá lancei o "Poeta no Piolho"
estiveram lá amigos e desconhecidos
e agora volto à vida de todos os dias
à "Motina" dos cafés,
da escrita e da leitura
e até apareceu a menina bonita
é a esta que deveria oferecer o poema
mas ando sem coragem.
O PLANETA EM JOGO
Países em desenvolvimento suspendem participação nos grupos de trabalho em Copenhaga
14.12.2009
Agências
Os países africanos, apoiados pelo G77 – que representa 130 países em desenvolvimento – suspenderam a sua participação nos grupos de trabalho nas negociações climáticas a decorrer em Copenhaga.
A informação foi prestada por um ministro ocidental que pediu anonimato. De acordo com este responsável, os países em desenvolvimento consideram que a conferência de Copenhaga está a negligenciar a importância da renovação dos compromissos, para lá de 2012, dos países industrializados, no âmbito do Protocolo de Quioto.
“Eles abandonaram os grupos de trabalho e recusam, por agora, o processo ministerial” definido pela presidente dinamarquesa da conferência, Connie Hedegaard, comentou.
Estas nações pedem uma reunião dos ministros exclusivamente dedicada às formas de prolongar Quioto depois de 2012, data em que expira este tratado assinado em 1997. Esta manhã, a Argélia pediu, em nome do grupo africano (com 53 países) uma sessão ministerial plenária dedicada apenas ao futuro de Quioto. "Se não, vamos perder tudo", insistiu Kemal Djemouia. Este negociador responsável pela Argélia acusou os países desenvolvidos de tentarem "fazer colapsar" as negociações de 192 nações.
"Já estamos em alerta vermelho, estamos numa encruzilhada", comentou Victor Ayodeji Fodeke, chefe da delegação nigeriana. De acordo com este responsável, a China e a Índia apoiam a posição africana. "Pensam como nós que Quioto não deve morrer".
Segundo Yvo de Boer, o mais alto responsável climático nas Nações Unidas, os países africanos "não têm a intenção de bloquear seja o que for" mas pedem mais atenção para o Protocolo de Quioto.
O ministro britânico da Energia e Clima, Ed Miliband, expressou esta manhã a sua simpatia para com os países em desenvolvimento que "não querem que a via do Protocolo de Quioto morra antes de serem criados novos instrumentos vinculativos".
"Mas também penso que os países em desenvolvimento compreendem que para as partes de Quioto assinarem um tratado parcial agora, com tantos países de fora, seria irresponsável para o clima", acrescentou. Um tal acordo significaria "aceitar que continuariamos com apenas alguns países no tratado".
Ao final da manhã estavam a decorrer negociações entre os responsáveis do grupo africano e Hedegaard.
"A incerteza actual sobre o futuro do Protocolo de Quioto criou muitas desconfianças e recentimentos nas negociações", salientou Kim Carstensen, da WWF.
Os países em desenvolvimento querem prolongar Quioto, que obriga os países ricos - excepto os Estados Unidos - a reduzir emissões de gases com efeito de estufa até 2012, e estão dispostos a trabalhar um novo acordo, separado, para os países em desenvolvimento. Mas a maioria dos países ricos quer transformar Quioto num novo acordo com obrigações para todas as nações. Além disso, defendem que as negociações devem privilegiar um único processo negocial porque os Estados Unidos estão fora de Quioto. Receiam vir a assinar um novo Quioto e que Washington deslize para um regime menos ambicioso, ao lago dos países em desenvolvimento.
O Protocolo de Quioto é o único instrumento legal e vinculativo contra as alterações climáticas. Mas não compromete os países em desenvolvimento.
Quioto compromete quase 40 nações industrializadas para reduzirem as suas emissões 5,2 por cento em média, em relação a 1990, até 2012. Os Estados Unidos recusaram ratificar Quioto alegando que deixava de fora os países em desenvolvimento e que iria custar muito à sua economia. Mas o novo Presidente Barack Obama mudou a política climática e quer participar nos esforços para reduzir emissões num novo acordo.
14.12.2009
Agências
Os países africanos, apoiados pelo G77 – que representa 130 países em desenvolvimento – suspenderam a sua participação nos grupos de trabalho nas negociações climáticas a decorrer em Copenhaga.
A informação foi prestada por um ministro ocidental que pediu anonimato. De acordo com este responsável, os países em desenvolvimento consideram que a conferência de Copenhaga está a negligenciar a importância da renovação dos compromissos, para lá de 2012, dos países industrializados, no âmbito do Protocolo de Quioto.
“Eles abandonaram os grupos de trabalho e recusam, por agora, o processo ministerial” definido pela presidente dinamarquesa da conferência, Connie Hedegaard, comentou.
Estas nações pedem uma reunião dos ministros exclusivamente dedicada às formas de prolongar Quioto depois de 2012, data em que expira este tratado assinado em 1997. Esta manhã, a Argélia pediu, em nome do grupo africano (com 53 países) uma sessão ministerial plenária dedicada apenas ao futuro de Quioto. "Se não, vamos perder tudo", insistiu Kemal Djemouia. Este negociador responsável pela Argélia acusou os países desenvolvidos de tentarem "fazer colapsar" as negociações de 192 nações.
"Já estamos em alerta vermelho, estamos numa encruzilhada", comentou Victor Ayodeji Fodeke, chefe da delegação nigeriana. De acordo com este responsável, a China e a Índia apoiam a posição africana. "Pensam como nós que Quioto não deve morrer".
Segundo Yvo de Boer, o mais alto responsável climático nas Nações Unidas, os países africanos "não têm a intenção de bloquear seja o que for" mas pedem mais atenção para o Protocolo de Quioto.
O ministro britânico da Energia e Clima, Ed Miliband, expressou esta manhã a sua simpatia para com os países em desenvolvimento que "não querem que a via do Protocolo de Quioto morra antes de serem criados novos instrumentos vinculativos".
"Mas também penso que os países em desenvolvimento compreendem que para as partes de Quioto assinarem um tratado parcial agora, com tantos países de fora, seria irresponsável para o clima", acrescentou. Um tal acordo significaria "aceitar que continuariamos com apenas alguns países no tratado".
Ao final da manhã estavam a decorrer negociações entre os responsáveis do grupo africano e Hedegaard.
"A incerteza actual sobre o futuro do Protocolo de Quioto criou muitas desconfianças e recentimentos nas negociações", salientou Kim Carstensen, da WWF.
Os países em desenvolvimento querem prolongar Quioto, que obriga os países ricos - excepto os Estados Unidos - a reduzir emissões de gases com efeito de estufa até 2012, e estão dispostos a trabalhar um novo acordo, separado, para os países em desenvolvimento. Mas a maioria dos países ricos quer transformar Quioto num novo acordo com obrigações para todas as nações. Além disso, defendem que as negociações devem privilegiar um único processo negocial porque os Estados Unidos estão fora de Quioto. Receiam vir a assinar um novo Quioto e que Washington deslize para um regime menos ambicioso, ao lago dos países em desenvolvimento.
O Protocolo de Quioto é o único instrumento legal e vinculativo contra as alterações climáticas. Mas não compromete os países em desenvolvimento.
Quioto compromete quase 40 nações industrializadas para reduzirem as suas emissões 5,2 por cento em média, em relação a 1990, até 2012. Os Estados Unidos recusaram ratificar Quioto alegando que deixava de fora os países em desenvolvimento e que iria custar muito à sua economia. Mas o novo Presidente Barack Obama mudou a política climática e quer participar nos esforços para reduzir emissões num novo acordo.
domingo, 13 de dezembro de 2009
O NOVO HOMEM
O NOVO HOMEM
António Pedro Ribeiro
O capitalismo é maléfico na sua essência. O capitalismo, alicerçado na trindade Poder/Dinheiro/Religião, como diz o padre Mário de Oliveira, é um sistema que nos converte em máquinas de compra e venda, em mercadorias, que destrói o que há de mais profundamente humano em nós. O capitalismo rouba-nos a vida. Torna-nos macacos a trepar para cima de outros macacos em busca da banana, do tacho, do dinheiro, do lucro, como diz Nietzsche. É tempo de dizer que não viemos ao mundo para isto. Não viemos ao mundo para o tédio ou para a fome. O homem não é, não pode ser troca ou mercado. O homem veio ao mundo gratuitamente, veio em busca da liberdade, do amor, da Verdade. Como é possível que nos tenhamos deixado descer tão baixo? Somos homens ou somos ratos? O que é que o império da finança, dos bancos, das bolsas e do poder nos dá? Tédio, fome e morte. É tempo de reagir. Destruamos o capitalismo pedra a pedra. Acabemos com todas as formas de idolatria e alienação. Só assim nascerá o novo homem, profundamente humano, imensamente livre.
António Pedro Ribeiro
O capitalismo é maléfico na sua essência. O capitalismo, alicerçado na trindade Poder/Dinheiro/Religião, como diz o padre Mário de Oliveira, é um sistema que nos converte em máquinas de compra e venda, em mercadorias, que destrói o que há de mais profundamente humano em nós. O capitalismo rouba-nos a vida. Torna-nos macacos a trepar para cima de outros macacos em busca da banana, do tacho, do dinheiro, do lucro, como diz Nietzsche. É tempo de dizer que não viemos ao mundo para isto. Não viemos ao mundo para o tédio ou para a fome. O homem não é, não pode ser troca ou mercado. O homem veio ao mundo gratuitamente, veio em busca da liberdade, do amor, da Verdade. Como é possível que nos tenhamos deixado descer tão baixo? Somos homens ou somos ratos? O que é que o império da finança, dos bancos, das bolsas e do poder nos dá? Tédio, fome e morte. É tempo de reagir. Destruamos o capitalismo pedra a pedra. Acabemos com todas as formas de idolatria e alienação. Só assim nascerá o novo homem, profundamente humano, imensamente livre.
sábado, 12 de dezembro de 2009
TÉDIO E MORTE
O que é que me dais?
Tédio e morte
percorro o mundo
e o mundo aborrece-me
aborrece-me de morte
O que é que me dais?
Tédio e morte
não me dizeis nada de novo
estais mortos
viveis mortos
comunicais mortos
percorro os vossos cafés
as vossas mercearias
e o que me dais?
Tédio e morte
só sacais
só quereis moedas e notas
e o que me dais?
Tédio e morte.
Tédio e morte
percorro o mundo
e o mundo aborrece-me
aborrece-me de morte
O que é que me dais?
Tédio e morte
não me dizeis nada de novo
estais mortos
viveis mortos
comunicais mortos
percorro os vossos cafés
as vossas mercearias
e o que me dais?
Tédio e morte
só sacais
só quereis moedas e notas
e o que me dais?
Tédio e morte.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
UM POETA NO PIOLHO
UM POETA NO PIOLHO
Integrado nas comemorações dos 100 anos do café Piolho, no Porto, A. Pedro Ribeiro lança o livro "Um Poeta no Piolho" (Corpos Editora), só com textos escritos no Piolho, no próximo sábado, 12, pelas 17 h. A apresentação do livro vai estar a cargo do escritor Raúl Simões Pinto e conta também com a presença do editor Ricardo de Pinho Teixeira. A. Pedro Ribeiro é autor dos livros de poesia e manifestos "Queimai o Dinheiro" (Corpos, Março de 2009), "Um Poeta a Mijar" (Corpos, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Pirata, 2003) e "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001). Foi fundador da revista literária "Aguasfurtadas" e colaborador de diversas revistas e fanzines como "Portuguesia", "Cráse", "Voz de Deus", "Bíblia" e "Conexão Maringá" (Brasil). Diz poesia e faz performances poéticas e poético-musicais, tendo actuado nos Festivais de Paredes de Coura 2006 e 2009 e recentemente nas "Quintas de Leitura" do Teatro Campo Alegre. Foi activista estudantil na Faculdade de Letras do Porto, onde se licenciou em Sociologia. Foi jornalista e é cronista. É vocalista das bandas Mana Calórica e Las Tequillas.
O DIA TRIUNFAL
O DIA TRIUNFAL
António Pedro Ribeiro
Estou em Braga e este é um dia triunfal, um dos mais felizes da minha vida. Tenho apenas uns trocos mas sou feliz. Abençoado por Zaratustra e pelos pássaros da manhã. Sou a criança sábia. Estou a regressar á infância. Não tenho de fazer pactos com a social-democracia nem com os Sócrates deste mundo. Não tenho de me ajoelhar diante do grande capital ou dos senhores do dinheiro. Sou um homem livre. Escrevo o que quero. Assumo o que quero. Sou o que quero. Nem sequer preciso de Deus, caro padre Mário. Basta-me o Jesus que expulsou os vendilhões do templo. Expulsar os vendilhões do templo, é isso que temos de fazer agora. Expulsar os senhores do dinheiro, do poder e da vida. Expulsá-los da vida. Eis a nossa missão na Terra. Demandar o Graal, o sagrado feminino, o amor das mulheres. Não devemos nada a ninguém. Entraremos na casa das pessoas como Jesus e Sócrates. Sem dinheiro. Somos deuses. Comportamo-nos como reis no mundo do dinheiro, da intriga, da mercearia. Não podemos ser iguais aos outros. Nascemos de graça, na graça do divino. Nascemos e vivemos na dádiva, no coração, no espírito. Somos absolutamente livres. Amamos a eternidade do instante. Por isso, às vezes somos doidos, completamente fora. Não temos limites. Não somos formatados pela tradição ou pelo medo. Dançamos na corda-bamba de Nietzsche. Provocamos como Debord, como os surrealistas, como os dadaístas. Gozamos com o quotidiano imbecil dos outros porque queremos provocá-los, trazer-lhes a luz. E é a luz que vemos neste momento. A luz que queremos trazer aos outros, aos que ainda não estão completamente mortos para a vida. É a vida que queremos, não a vidinha das trocas, do mercado e do tédio. Sentimo-nos iluminados mas não somos mais do que os outros. Apenas diferentes. E exigimos sermos respeitados como tal. Somos do mundo. Deste mundo e não do outro. Profundamente deste mundo. "Humanos, Demasiado Humanos". Desde a infãncia que pensamos mais do que os outros, que questionamos mais do que os outros, que observamos a realidade mais do que os outros. Nascemos com um dom. Já atravessamos muitos desertos, muitas idades de dor mas agora estamos curados. Estamos de volta á Idade do Ouro dos anos 80 e 90. Mas mais sábios, mais purificados, mais livres. Estamos prontos para enfrentar a cidade. Chegàmos à idade de passar a mensagem. Este é o poema. O poema em prosa que há muito queríamos escrever. O poema bendito e maldito. O início do novo livro. O livro que pretende mudar a face da Terra. O livro que se dirige ao mundo. O livro que escrevo com o meu próprio sangue.
Posted by apedroribeiro at 11:59 PM 2 comments
BANDIDOS!
Segundo adianta a revista, a Fundação para as Comunicações Móveis (FCM), que gere o programa de distribuição dos computadores pelas escolas, recebeu uma transferência financeira de aproximadamente 180 milhões de euros da Acção Social Escolar (ASE) para pagar aos operadores móveis.
Uma informação confirmada ao PÚBLICO por fonte governamental, a qual sublinhou que a transferência de verbas da ASE estava prevista desde o início dos programas e-escola e e-escolinha (Magalhães), mas exclusivamente para comparticipar computadores dos alunos mais carenciados, beneficiários dos apoios da acção social escolar.
Segundo a Visão, terá sido desta forma que a FCM conseguiu saldar as dívidas com as operadoras móveis Optimus e TMN que, por sua vez, e conforme estava negociado com o Governo, terão entregue aproximadamente 100 milhões de euros à JP Sá Couto, fornecedor dos cerca de 370 mil computadores Magalhães distribuídos pelos alunos do 1º ciclo do ensino básico. Os restantes 80 milhões ficaram para os operadores, a título de devolução dos valores avançados para o pagamento dos computadores do e-escola (2º e 3ª ciclos do ensino secundário, professores, formandos das Novas Oportunidades, etc.), acrescenta a "Visão".
Uma informação confirmada ao PÚBLICO por fonte governamental, a qual sublinhou que a transferência de verbas da ASE estava prevista desde o início dos programas e-escola e e-escolinha (Magalhães), mas exclusivamente para comparticipar computadores dos alunos mais carenciados, beneficiários dos apoios da acção social escolar.
Segundo a Visão, terá sido desta forma que a FCM conseguiu saldar as dívidas com as operadoras móveis Optimus e TMN que, por sua vez, e conforme estava negociado com o Governo, terão entregue aproximadamente 100 milhões de euros à JP Sá Couto, fornecedor dos cerca de 370 mil computadores Magalhães distribuídos pelos alunos do 1º ciclo do ensino básico. Os restantes 80 milhões ficaram para os operadores, a título de devolução dos valores avançados para o pagamento dos computadores do e-escola (2º e 3ª ciclos do ensino secundário, professores, formandos das Novas Oportunidades, etc.), acrescenta a "Visão".
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
SOU DAS MULHERES
Venho às mulheres
e as mulheres excitam-me
não tenho aquele jeito
de meter conversa
com as mulheres
que o Simões tem
mas foi aqui neste café
no meio de nenhures
que encontrei a mulher
o reino das mulheres
e agora bebo aqui
e não saio daqui
tão cedo
é aqui que estão
as minhas mulheres
as mulheres bonitas
que amo
e que me trazem a cerveja
sabes, estou novamente
a encontrar-me
sou novamente
o espírito livre
invencível
indomável
sem óculos
que vem para as mulheres
e que se julga
o novo Jesus
e que vos ama
e que vai até ao fim
como nos poemas
dos anos 80 e 90
e que ama profundamente
a mulher ao balcão
a mulher querida
que olha para a TV
e nos excita
bebo hoje
às mulheres
da minha vida
apesar da música foleira
sabes, sou do rock
dos Doors, dos Zeppelin, dos Black Sabbath
esta música ligeira
não me agrada
sou do rock
como o AMR
sou das mulheres
como alguém disse
no passado
e sou Jesus
sou do Jesus
do padre Mário
não sou do mercado
não sou da economia
não sou do partido
sou o que sou
já o disse
e volto a dizer
sou de Chiapas
e do EZLN
sou o índio global
sou o Carnaval
sou aquele que vem
e que fica
sou a faca
que corta
sou o rei da noitada
que anda pela cidade
sem eira nem beira
como o Amor
és muito simpática,
querida,
serás minha
quando quiseres
sou aquele que esperas
aquele que te quer
mulher
sou das mulheres
não sou do dinheiro
nem do paleio foleiro
sou aquele que vem
aquele que é
aquele que tem
e não pára de escrever
neste café perdido
a meio da tarde
onde estão as mulheres
onde está o que tu queres
és o rei maldito
és o que faz
o que os outros não fazem
és o que dá
aos que não têm
és aquele que vem
e que volta
o filho da revolta
do Maio de 68
do "flower-power"
de Lennon
de Morrison
de Cohn-Bendit
e o poema não tem fim
agora já te comparam
a Bukowski e a Ginsberg
agora és adorado
em certos círculos
agora és Jesus
saído da cruz
e a menina foi embora
e acabou a farra
és apenas o poeta
que escreve
à mesa
és aquele que ama
e não desarma
desarmado
amado
pelas irmãs
e és completamente doido
completamente fora
e agora?
Estás condenado a ficar aqui
neste país
de Sebastião e do ouro dos Brasis
estás condenado
a ir até ao fim.
Pedras Rubras, 8.12.2009
DEUS VIVO
RESSACA
Sensualidade Prazer
home
Terça-feira, 1 de Dezembro de 2009
Ressaca
"Na ressaca
das noites ébrias
liberto pássaros
absorvo conversas
Tudo parece
absurdo convencional
diante do meu fogo
diante da embriaguez
permanente."
em "à mesa do homem só. estórias"
in http://sensualidadeprazer.blog.sapo.pt
home
Terça-feira, 1 de Dezembro de 2009
Ressaca
"Na ressaca
das noites ébrias
liberto pássaros
absorvo conversas
Tudo parece
absurdo convencional
diante do meu fogo
diante da embriaguez
permanente."
em "à mesa do homem só. estórias"
in http://sensualidadeprazer.blog.sapo.pt
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
UM POETA NO PIOLHO
UM POETA NO PIOLHO
Integrado nas comemorações dos 100 anos do café Piolho, no Porto, A. Pedro Ribeiro lança o livro "Um Poeta no Piolho" (Corpos Editora), só com textos escritos no Piolho, no próximo sábado, 12, pelas 17 h. A apresentação do livro vai estar a cargo do escritor Raúl Simões Pinto e conta também com a presença do editor Ricardo de Pinho Teixeira. A. Pedro Ribeiro é autor dos livros de poesia e manifestos "Queimai o Dinheiro" (Corpos, Março de 2009), "Um Poeta a Mijar" (Corpos, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Pirata, 2003) e "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001). Foi fundador da revista literária "Aguasfurtadas" e colaborador de diversas revistas e fanzines como "Portuguesia", "Cráse", "Voz de Deus", "Bíblia" e "Conexão Maringá" (Brasil). Diz poesia e faz performances poéticas e poético-musicais, tendo actuado nos Festivais de Paredes de Coura 2006 e 2009 e recentemente nas "Quintas de Leitura" do Teatro Campo Alegre. Foi activista estudantil na Faculdade de Letras do Porto, onde se licenciou em Sociologia. Foi jornalista e é cronista. É vocalista das bandas Mana Calórica e Las Tequillas.
domingo, 6 de dezembro de 2009
A VIDA EM JOGO
Cientistas e políticos - sobretudo os últimos - afirmam que, se até ao final do século, a temperatura média da Terra subir mais do que dois graus, será muito mais difícil ou mesmo incomportável lidar com as alterações climáticas. Por isso, há que fazer todos os esforços para não se ultrapassar este valor.
Mas que diferença fazem dois graus? Na quinta-feira passada, em Lisboa, estavam 13 graus de manhã e 15 à hora do almoço, e nada aconteceu. Na maior parte dos dias, a variação é muito maior, sem nenhuma consequência. Ao longo dos meses, passamos de temperaturas baixas no Inverno para mais de 30 graus no Verão e tudo o que fazemos é mudar de roupa ou regular a temperatura dentro de casa.
Porquê tanto barulho em torno de apenas dois graus? O principal argumento é o de que, numa escala de décadas ou mesmo séculos, dois graus farão uma grande diferença. As variações dia a dia, mês a mês, ano a ano, continuarão a existir, mas partirão de uma base diferente onde a temperatura média global seria de 15,5 graus. As temperaturas altas serão mais altas. As baixas serão menos baixas.
A alteração será perene, e não temporária. Provocará mudanças na paisagem. Derreterá glaciares e reduzirá as calotas polares. Tornará mais frequentes os extremos climáticos. Obrigará os seres vivos a adaptarem-se.
Por trás de qualquer imagem simplista, há sempre uma dose de incerteza. E este caso não foge à regra. Nem os dois graus são uma meta definitivamente segura, nem se sabe bem se é possível conter o aumento da temperatura àquele nível.
Origem política
A ideia dos dois graus surgiu há 13 anos, num contexto político. No dia 25 de Junho de 1996, os ministros do Ambiente da União Europeia reuniram-se no Luxemburgo e decidiram que seria aceitável viver num mundo com dois pontos acima no termómetro. "O Conselho acredita que a temperatura média global não deve exceder os dois graus além do nível pré-Revolução Industrial", concluíram os ministros.
A decisão baseou-se sobretudo nos trabalhos iniciais do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), criado pela Organização das Nações Unidas. No ano anterior, o IPCC divulgara a sua segunda avaliação sobre as alterações climáticas, concluindo que a temperatura média da Terra já tinha subido de 0,3 a 0,6 graus Celsius desde o fim do século XIX. E subiria mais um a 3,5 graus até 2100, segundo diferentes cenários. A projecção média era de dois graus.
Embora difíceis de quantificar, o relatório do IPCC trazia uma lista de possíveis impactos - na biodiversidade, nos ecossistemas, na saúde, na alimentação. Alguns efeitos seriam positivos, mas o lado negativo era mais assustador.
"A ideia dos dois graus nasceu dentro da UE, a partir da leitura que foi feita dos relatórios do IPCC", confirma o consultor Gonçalo Cavalheiro, da empresa Ecoprogresso e que durante anos integrou a delegação portuguesa nas negociações climáticas internacionais.
Fixar um limite era - e continua a ser - um imperativo. Desde 1992, a comunidade internacional procura uma resposta a uma questão levantada pela Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, assinada naquele ano. O objectivo da convenção é estabilizar a quantidade de gases com efeito de estufa na atmosfera "a um nível que evite uma interferência antropogénica perigosa sobre o sistema climático". Mas até hoje ninguém soube apontar com precisão científica a partir de onde é que a influência humana passa a ser "perigosa".
Ao sugerir os dois graus como meta, a União Europeia deu a sua resposta. E fez escola. Até meados de 2008, mais de uma centena de países tinha adoptado a ideia. Ainda na semana passada, os 22 líderes que participaram na XIX Cimeira Ibero-Americana, no Estoril, referiram o mesmo objectivo. O limite de dois graus pode vir, agora, a integrar o acordo global que se espera da cimeira climática de Copenhaga, que começa amanhã.
Subida do mar
Hoje, a ciência traça um quadro bem mais detalhado das possíveis alterações no planeta à medida que a temperatura global aumenta. Vários estudos fornecem pistas para se compreender o que pode acontecer, se o limite médio de dois graus for ultrapassado.
Um cenário tido como preocupante - embora num futuro longínquo - é o do degelo parcial da Gronelândia e da Antárctida, possível a partir de um aumento de 1,5-2,5 graus na temperatura global (que hoje está nos 14,3). Será um processo lento, mas que pode fazer o nível do mar subir quatro a seis metros, no espaço de séculos ou milénios. Com três graus a mais, a subida estimada é de 2,5 a 5,1 metros bem mais cedo, em 2300.
Muitos outros efeitos ocorrem em magnitude inquietante acima de um determinado nível de aquecimento. A camada de gelo do Árctico pode desaparecer completamente no Verão, se o termómetro mundial subir mais de três graus, segundo cenários do último relatório do IPCC.
Acima dos dois graus, a produção de alimentos pode sofrer um acentuado declínio, mesmo que nalgumas regiões possa haver um incremento. Haverá mais pessoas sujeitas à escassez de água e a cheias. A fome e determinadas doenças terão um peso maior.
Novamente, todos estes cenários estão envoltos em incertezas. Muito citado é o risco acrescido de extinção de 20 a 30 por cento das espécies sobre a Terra. É um número que resulta sobretudo de um trabalho científico em particular, que analisou apenas cerca de 1200 espécies terrestres. "Ainda não há nenhuma análise global", diz o biólogo Miguel Araújo, da Universidade de Évora e do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid, e que participou na elaboração do último relatório do IPCC. "É um argumento que devia ser utilizado com mais cautela do que tem sido", completa Araújo, para quem o limite de dois graus "é uma meta política".
Efeitos complementares
O limite de que se fala agora também não é visto como completamente seguro. Ecossistemas como os recifes de corais, por exemplo, podem ser severamente afectados mesmo com aumentos da temperatura global inferiores a dois graus. O mesmo vale para o incremento na ocorrência de eventos extremos, como ondas de calor, fogos florestais e cheias.
Além disso, a manutenção sustentada do aquecimento a dois graus pode provocar alterações que alimentarão ainda mais o efeito de estufa, como a libertação de metano de solos permanentemente gelados ou a redução das superfícies geladas, que reflectem a radiação solar. "Dois graus já é perigoso", afirma Ricardo Trigo, climatologista da Universidade de Lisboa. "Pode ser razoável para 2100, mas não é razoável para umas centenas de anos", completa.
Os custos também são outro factor importante. Os prejuízos são crescentes com o aumento progressivo da temperatura e a factura pode ir de 5 a 25 por cento do produto interno bruto mundial, segundo estimativas citadas pela União Europeia. Manter o aumento da temperatura nos dois graus Celsius, por seu lado, custaria 2,5 por cento do PIB.
O que não se sabe ao certo é o que é preciso para conter, numa medida exacta, a subida do termómetro. Há um número corrente, que vem sendo sempre mencionado: a concentração de dióxido de carbono na atmosfera teria de estabilizar em 450 partes por milhão (ppm) - quando hoje é de 384 ppm. Mas isto não nos dá senão uma ténue segurança probabilística: com esse nível de CO2 na atmosfera, há 50 por cento de hipóteses de o aumento da temperatura ficar abaixo dos dois graus. É como atirar uma moeda ao ar e torcer para que caia do lado certo.
O climatologista norte-americano James Hansen, que lançou um alerta pioneiro sobre o aquecimento global em 1988, está convencido de que não é suficiente. O planeta está a reagir de forma diferente à prevista pelos modelos climáticos. O Árctico, por exemplo, está a encolher mais rapidamente. Hansen defende, por isso, que a concentração segura deveria ser de 350 ppm, e não de 450. Uma campanha internacional neste sentido foi lançada este ano (www.350.org).
Mesmo que se opte pelos 450 ppm, será preciso um esforço brutal para não ultrapassar a meta. As emissões globais de gases com efeito de estufa poderiam ainda subir até 2020, mas depois deveriam cair para a metade do que eram em 1990, até 2050.
"Não faz sentido"
Para João Corte-Real, climatologista da Universidade de Évora, é um erro insistir na tecla das emissões. Corte-Real não comunga da tese de que as alterações climáticas têm uma forte componente humana e diz que as variações na concentração de CO2 na atmosfera não têm uma relação linear com as variações na temperatura. "Pretender controlar valores da temperatura controlando emissões não é viável", diz. A meta dos dois graus, segundo Corte-Real, "não faz sentido".
Mesmo que faça, podemos já estar muito atrasados. O termómetro global já subiu 0,8 graus desde meados do século XIX - hoje está nos 14,3 graus. O oceano, que tem uma inércia térmica maior, ainda vai aquecer mais, mesmo que a concentração de CO2 se mantenha estável. A margem que sobra é muito pequena. "Estou convencido de que não será possível limitar o aumento da temperatura a dois graus", acrescenta o físico Filipe Duarte Santos, coordenador de alguns dos principais estudos sobre o impacto das alterações climáticas em Portugal.
O gigantesco esforço necessário para se atingir a meta é o que estará em discussão na cimeira de Copenhaga, a partir de amanhã. É certo que as emissões globais de carbono caíram três por cento este ano, fruto da recessão mundial. Mas, segundo Filipe Duarte Santos, sem um envolvimento sério dos Estados Unidos e da China, os maiores emissores mundiais de CO2, não haverá hipótese de se conseguir conter o aquecimento global sob o tecto que se deseja. "A menos que continue a crise económica", ironiza o investigador.
Mas que diferença fazem dois graus? Na quinta-feira passada, em Lisboa, estavam 13 graus de manhã e 15 à hora do almoço, e nada aconteceu. Na maior parte dos dias, a variação é muito maior, sem nenhuma consequência. Ao longo dos meses, passamos de temperaturas baixas no Inverno para mais de 30 graus no Verão e tudo o que fazemos é mudar de roupa ou regular a temperatura dentro de casa.
Porquê tanto barulho em torno de apenas dois graus? O principal argumento é o de que, numa escala de décadas ou mesmo séculos, dois graus farão uma grande diferença. As variações dia a dia, mês a mês, ano a ano, continuarão a existir, mas partirão de uma base diferente onde a temperatura média global seria de 15,5 graus. As temperaturas altas serão mais altas. As baixas serão menos baixas.
A alteração será perene, e não temporária. Provocará mudanças na paisagem. Derreterá glaciares e reduzirá as calotas polares. Tornará mais frequentes os extremos climáticos. Obrigará os seres vivos a adaptarem-se.
Por trás de qualquer imagem simplista, há sempre uma dose de incerteza. E este caso não foge à regra. Nem os dois graus são uma meta definitivamente segura, nem se sabe bem se é possível conter o aumento da temperatura àquele nível.
Origem política
A ideia dos dois graus surgiu há 13 anos, num contexto político. No dia 25 de Junho de 1996, os ministros do Ambiente da União Europeia reuniram-se no Luxemburgo e decidiram que seria aceitável viver num mundo com dois pontos acima no termómetro. "O Conselho acredita que a temperatura média global não deve exceder os dois graus além do nível pré-Revolução Industrial", concluíram os ministros.
A decisão baseou-se sobretudo nos trabalhos iniciais do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), criado pela Organização das Nações Unidas. No ano anterior, o IPCC divulgara a sua segunda avaliação sobre as alterações climáticas, concluindo que a temperatura média da Terra já tinha subido de 0,3 a 0,6 graus Celsius desde o fim do século XIX. E subiria mais um a 3,5 graus até 2100, segundo diferentes cenários. A projecção média era de dois graus.
Embora difíceis de quantificar, o relatório do IPCC trazia uma lista de possíveis impactos - na biodiversidade, nos ecossistemas, na saúde, na alimentação. Alguns efeitos seriam positivos, mas o lado negativo era mais assustador.
"A ideia dos dois graus nasceu dentro da UE, a partir da leitura que foi feita dos relatórios do IPCC", confirma o consultor Gonçalo Cavalheiro, da empresa Ecoprogresso e que durante anos integrou a delegação portuguesa nas negociações climáticas internacionais.
Fixar um limite era - e continua a ser - um imperativo. Desde 1992, a comunidade internacional procura uma resposta a uma questão levantada pela Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, assinada naquele ano. O objectivo da convenção é estabilizar a quantidade de gases com efeito de estufa na atmosfera "a um nível que evite uma interferência antropogénica perigosa sobre o sistema climático". Mas até hoje ninguém soube apontar com precisão científica a partir de onde é que a influência humana passa a ser "perigosa".
Ao sugerir os dois graus como meta, a União Europeia deu a sua resposta. E fez escola. Até meados de 2008, mais de uma centena de países tinha adoptado a ideia. Ainda na semana passada, os 22 líderes que participaram na XIX Cimeira Ibero-Americana, no Estoril, referiram o mesmo objectivo. O limite de dois graus pode vir, agora, a integrar o acordo global que se espera da cimeira climática de Copenhaga, que começa amanhã.
Subida do mar
Hoje, a ciência traça um quadro bem mais detalhado das possíveis alterações no planeta à medida que a temperatura global aumenta. Vários estudos fornecem pistas para se compreender o que pode acontecer, se o limite médio de dois graus for ultrapassado.
Um cenário tido como preocupante - embora num futuro longínquo - é o do degelo parcial da Gronelândia e da Antárctida, possível a partir de um aumento de 1,5-2,5 graus na temperatura global (que hoje está nos 14,3). Será um processo lento, mas que pode fazer o nível do mar subir quatro a seis metros, no espaço de séculos ou milénios. Com três graus a mais, a subida estimada é de 2,5 a 5,1 metros bem mais cedo, em 2300.
Muitos outros efeitos ocorrem em magnitude inquietante acima de um determinado nível de aquecimento. A camada de gelo do Árctico pode desaparecer completamente no Verão, se o termómetro mundial subir mais de três graus, segundo cenários do último relatório do IPCC.
Acima dos dois graus, a produção de alimentos pode sofrer um acentuado declínio, mesmo que nalgumas regiões possa haver um incremento. Haverá mais pessoas sujeitas à escassez de água e a cheias. A fome e determinadas doenças terão um peso maior.
Novamente, todos estes cenários estão envoltos em incertezas. Muito citado é o risco acrescido de extinção de 20 a 30 por cento das espécies sobre a Terra. É um número que resulta sobretudo de um trabalho científico em particular, que analisou apenas cerca de 1200 espécies terrestres. "Ainda não há nenhuma análise global", diz o biólogo Miguel Araújo, da Universidade de Évora e do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid, e que participou na elaboração do último relatório do IPCC. "É um argumento que devia ser utilizado com mais cautela do que tem sido", completa Araújo, para quem o limite de dois graus "é uma meta política".
Efeitos complementares
O limite de que se fala agora também não é visto como completamente seguro. Ecossistemas como os recifes de corais, por exemplo, podem ser severamente afectados mesmo com aumentos da temperatura global inferiores a dois graus. O mesmo vale para o incremento na ocorrência de eventos extremos, como ondas de calor, fogos florestais e cheias.
Além disso, a manutenção sustentada do aquecimento a dois graus pode provocar alterações que alimentarão ainda mais o efeito de estufa, como a libertação de metano de solos permanentemente gelados ou a redução das superfícies geladas, que reflectem a radiação solar. "Dois graus já é perigoso", afirma Ricardo Trigo, climatologista da Universidade de Lisboa. "Pode ser razoável para 2100, mas não é razoável para umas centenas de anos", completa.
Os custos também são outro factor importante. Os prejuízos são crescentes com o aumento progressivo da temperatura e a factura pode ir de 5 a 25 por cento do produto interno bruto mundial, segundo estimativas citadas pela União Europeia. Manter o aumento da temperatura nos dois graus Celsius, por seu lado, custaria 2,5 por cento do PIB.
O que não se sabe ao certo é o que é preciso para conter, numa medida exacta, a subida do termómetro. Há um número corrente, que vem sendo sempre mencionado: a concentração de dióxido de carbono na atmosfera teria de estabilizar em 450 partes por milhão (ppm) - quando hoje é de 384 ppm. Mas isto não nos dá senão uma ténue segurança probabilística: com esse nível de CO2 na atmosfera, há 50 por cento de hipóteses de o aumento da temperatura ficar abaixo dos dois graus. É como atirar uma moeda ao ar e torcer para que caia do lado certo.
O climatologista norte-americano James Hansen, que lançou um alerta pioneiro sobre o aquecimento global em 1988, está convencido de que não é suficiente. O planeta está a reagir de forma diferente à prevista pelos modelos climáticos. O Árctico, por exemplo, está a encolher mais rapidamente. Hansen defende, por isso, que a concentração segura deveria ser de 350 ppm, e não de 450. Uma campanha internacional neste sentido foi lançada este ano (www.350.org).
Mesmo que se opte pelos 450 ppm, será preciso um esforço brutal para não ultrapassar a meta. As emissões globais de gases com efeito de estufa poderiam ainda subir até 2020, mas depois deveriam cair para a metade do que eram em 1990, até 2050.
"Não faz sentido"
Para João Corte-Real, climatologista da Universidade de Évora, é um erro insistir na tecla das emissões. Corte-Real não comunga da tese de que as alterações climáticas têm uma forte componente humana e diz que as variações na concentração de CO2 na atmosfera não têm uma relação linear com as variações na temperatura. "Pretender controlar valores da temperatura controlando emissões não é viável", diz. A meta dos dois graus, segundo Corte-Real, "não faz sentido".
Mesmo que faça, podemos já estar muito atrasados. O termómetro global já subiu 0,8 graus desde meados do século XIX - hoje está nos 14,3 graus. O oceano, que tem uma inércia térmica maior, ainda vai aquecer mais, mesmo que a concentração de CO2 se mantenha estável. A margem que sobra é muito pequena. "Estou convencido de que não será possível limitar o aumento da temperatura a dois graus", acrescenta o físico Filipe Duarte Santos, coordenador de alguns dos principais estudos sobre o impacto das alterações climáticas em Portugal.
O gigantesco esforço necessário para se atingir a meta é o que estará em discussão na cimeira de Copenhaga, a partir de amanhã. É certo que as emissões globais de carbono caíram três por cento este ano, fruto da recessão mundial. Mas, segundo Filipe Duarte Santos, sem um envolvimento sério dos Estados Unidos e da China, os maiores emissores mundiais de CO2, não haverá hipótese de se conseguir conter o aquecimento global sob o tecto que se deseja. "A menos que continue a crise económica", ironiza o investigador.
sábado, 5 de dezembro de 2009
NA ESTRADA DO EXCESSO
Estás, de novo, na estrada do excesso
mais tarde ou mais cedo
teria de acontecer
olhas para a menina
e a menina olha para ti
talvez resultasse
e lhe oferecesses o poema
a menina é bonita
o que é preciso
é que as meninas sejam bonitas
o mundo fica mais belo
estás, de novo, speedado
até mandaste o Miguel Portas
para o caralho no facebook
estavas bêbado
finalmente bêbado
já não te controlavas
até houve um gajo
que te ligou á uma da manhã
e tu mal te lembras
do que disseste
bebes 10, 15 cervejas
com umas àguas das pedras
pelo meio
e uns cariocas
os comerciantes acham piada
e agradecem o teu cacau
por enquanto ainda o tens
não és comerciante
não vives no mundo
da compra e da venda
o teu mundo é outro
o mundo da liberdade
vais para o palco
danças
és o maior
e agora olhas para a menina
não páras de olhar
é a ela que queres
às vezes até te esqueces
das mulheres
enches-te de tédio
e passas a tarde a beber cervejas
vá lá que apareceu a menina
apetece-te dar-lhe beijos
fazer-lhe festas
sair do rock n' roll
e depois regressas
ao padre Mário.
"Motina", 5.12.2009
DO TEMPO
O TEMPO
António Pedro Ribeiro
Para além da fome e da guerra, o problema é que fizeram deste mundo uma seca. Um tédio permanente. É esse o grande problema. Se não morremos de fome morremos de tédio. Já diziam os situacionistas. O principal problema da vida é passar o tempo. Preencher o tempo. E os capitalistas, os merceeiros do templo tiraram-nos isso. É esse o principal problema. Eles roubaram-nos o tempo. O tempo para viver, o tempo para gozar, o tempo para curtir o dia e a noite. Os Sócrates e, mesmo que disfarçados de cordeiros, os Obamas trouxeram-nos a morte. O que há a recuperar é o tempo. Não o dinheiro, o tempo. Vamos a tempo por causa do tempo. E finalmente dizemos algo de novo. E já não há mais nada a dizer. Acabou o tempo.
António Pedro Ribeiro
Para além da fome e da guerra, o problema é que fizeram deste mundo uma seca. Um tédio permanente. É esse o grande problema. Se não morremos de fome morremos de tédio. Já diziam os situacionistas. O principal problema da vida é passar o tempo. Preencher o tempo. E os capitalistas, os merceeiros do templo tiraram-nos isso. É esse o principal problema. Eles roubaram-nos o tempo. O tempo para viver, o tempo para gozar, o tempo para curtir o dia e a noite. Os Sócrates e, mesmo que disfarçados de cordeiros, os Obamas trouxeram-nos a morte. O que há a recuperar é o tempo. Não o dinheiro, o tempo. Vamos a tempo por causa do tempo. E finalmente dizemos algo de novo. E já não há mais nada a dizer. Acabou o tempo.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
MANUEL ALEGRE EM BRAGA
Manuel Alegre não se quer comprometer para já com uma nova corrida presidencial. “Não abro nem fecho portas”, afirmou hoje à noite em Braga, num jantar com apoiantes da sua candidatura de 2006. O histórico socialista deixa, no entanto, a garantia que a sua decisão não será condicionada por ninguém.Nuno Ferreira Santos
O ex-vice-presidente da Assembleia da República recordou o “momento histórico” que foi a candidatura de 2006
“Não posso, por ora, responder às vossas palavras”, afirmou Alegre, dirigindo-se à meia centena de apoiantes com quem jantou em Braga. Na sessão, tida como o pontapé de saída para uma nova candidatura, o ex-deputado do PS deixou a garantia de que ainda não encontrou a reposta, mas que essa será uma decisão exclusivamente pessoal. “Não estou à espera de qualquer decisão alheia. Não sou refém de nada nem de ninguém”, sublinhou. O ex-deputado socialista finalizou o discurso citando uma das frases mais marcantes do lançamento da sua primeira candidatura: “Há um poder dos cidadãos. A democracia é de todos e a República não tem dono”.
O ex-vice-presidente da Assembleia da República recordou o “momento histórico” que foi a candidatura de 2006 e que os resultados mostram que era o candidato melhor colocado para defrontar Cavaco Silva. “Houve quem tivesse compreendido o que se passou nessa altura, mas há quem não consiga fazê-lo ainda”, lamenta Alegre.
Num discurso escrito, contra o habitual, o poeta fez uma intervenção ideologicamente vincada. “A crise actual não se resolve com as receitas ideológicas que estiveram na sua origem”, considera, criticando os “mitos” do neo-liberalismo e do Estado mínimo. “Foi esse caldo ideológico que gerou a corrupção e o colapso financeiro mundial”, sustenta.
Críticas a Cavaco
Apesar de Manuel Alegre não se ter comprometido com uma candidatura, as palavras do ex-candidato à presidência da República agradaram aos seus apoiantes. Jorge Cruz, histórico militante socialista de Braga e um dos organizadores do encontro, diz-se esperançado. “Conhecendo Manuel Alegre, acredito que não será agora que fugirá à luta, deixando politicamente órfãos os homens e mulheres de esquerda”, afirmou.
Cruz foi ainda um dos porta-vozes das críticas dirigidas a Cavaco Silva. O antigo dirigente do PS bracarense diz não querer “que a presidência da República seja ocupada por uma pessoa sem memória, incapaz de homenagear uma figura como Melo Antunes”.
Também o presidente da Associação Portuguesa de Escritores, José Manuel Mendes, deixou reparos à postura de Cavaco nos quase quatro anos que leva de mandato. “Temos o direito e o dever de querer no futuro outro presidente”, sublinhou o professor universitário.
Jantares vão suceder-se
O jantar de Braga foi apenas o primeiro de um conjunto de sessões de apoio à candidatura de Manuel Alegre às presidenciais de 2011. Évora e Lisboa deverão ser as próximas cidades a receber iniciativas semelhantes, ainda sem data marcada, mas que devem acontecer até ao final do ano. No início de 2010, outros núcleos distritais de ex-apoiantes de Alegre vão promover outras iniciativas de apoio a nova corrida a Belém
O ex-vice-presidente da Assembleia da República recordou o “momento histórico” que foi a candidatura de 2006
“Não posso, por ora, responder às vossas palavras”, afirmou Alegre, dirigindo-se à meia centena de apoiantes com quem jantou em Braga. Na sessão, tida como o pontapé de saída para uma nova candidatura, o ex-deputado do PS deixou a garantia de que ainda não encontrou a reposta, mas que essa será uma decisão exclusivamente pessoal. “Não estou à espera de qualquer decisão alheia. Não sou refém de nada nem de ninguém”, sublinhou. O ex-deputado socialista finalizou o discurso citando uma das frases mais marcantes do lançamento da sua primeira candidatura: “Há um poder dos cidadãos. A democracia é de todos e a República não tem dono”.
O ex-vice-presidente da Assembleia da República recordou o “momento histórico” que foi a candidatura de 2006 e que os resultados mostram que era o candidato melhor colocado para defrontar Cavaco Silva. “Houve quem tivesse compreendido o que se passou nessa altura, mas há quem não consiga fazê-lo ainda”, lamenta Alegre.
Num discurso escrito, contra o habitual, o poeta fez uma intervenção ideologicamente vincada. “A crise actual não se resolve com as receitas ideológicas que estiveram na sua origem”, considera, criticando os “mitos” do neo-liberalismo e do Estado mínimo. “Foi esse caldo ideológico que gerou a corrupção e o colapso financeiro mundial”, sustenta.
Críticas a Cavaco
Apesar de Manuel Alegre não se ter comprometido com uma candidatura, as palavras do ex-candidato à presidência da República agradaram aos seus apoiantes. Jorge Cruz, histórico militante socialista de Braga e um dos organizadores do encontro, diz-se esperançado. “Conhecendo Manuel Alegre, acredito que não será agora que fugirá à luta, deixando politicamente órfãos os homens e mulheres de esquerda”, afirmou.
Cruz foi ainda um dos porta-vozes das críticas dirigidas a Cavaco Silva. O antigo dirigente do PS bracarense diz não querer “que a presidência da República seja ocupada por uma pessoa sem memória, incapaz de homenagear uma figura como Melo Antunes”.
Também o presidente da Associação Portuguesa de Escritores, José Manuel Mendes, deixou reparos à postura de Cavaco nos quase quatro anos que leva de mandato. “Temos o direito e o dever de querer no futuro outro presidente”, sublinhou o professor universitário.
Jantares vão suceder-se
O jantar de Braga foi apenas o primeiro de um conjunto de sessões de apoio à candidatura de Manuel Alegre às presidenciais de 2011. Évora e Lisboa deverão ser as próximas cidades a receber iniciativas semelhantes, ainda sem data marcada, mas que devem acontecer até ao final do ano. No início de 2010, outros núcleos distritais de ex-apoiantes de Alegre vão promover outras iniciativas de apoio a nova corrida a Belém
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
GREENPEACE
Greenpeace provoca líderes mundiais com um eventual falhanço em Copenhaga
03.12.2009
PÚBLICO
Barack Obama, Lula da Silva, José Luis Rodríguez Zapatero, Angela Merkel, Nicolas Sarkozy, Gordon Brown... Estes são alguns dos líderes mundiais representados pela Greenpeace de forma futurista, com mais dez anos de idade, com rugas e cabelos brancos. Ao lado das fotografias manipuladas, vem o pedido de desculpa em registo mea culpa: “Peço desculpa. Podíamos ter impedido uma mudança climática catastrófica... não o fizemos”.
A associação ambientalista quer com estes cartazes prever um futuro que espera que nunca se venha a realizar, em jeito de alerta global, nas vésperas do início da Cimeira de Copenhaga (de 7 a 18 de Dezembro), onde os principais líderes mundiais se irão reunir para debater as alterações climáticas.
“Age agora. Muda o Futuro” e “O que dirás aos teus filhos?” são outras das frases que constam dos cartazes, que apelam à mudança e a um acordo global de entendimento em prol da Terra.
“A nossa receita para que os líderes mundiais evitem os pedidos de desculpa [no futuro] é simples: cheguem a um acordo justo, ambicioso e com força legal para salvar o clima”, escreve a Greenpeace na sua página, onde divulga os diversos cartazes que foram divulgados em várias cidades. Inúmeros cartazes serão espalhados pelo aeroporto de Copenhaga, fez saber a Greenpeace.
03.12.2009
PÚBLICO
Barack Obama, Lula da Silva, José Luis Rodríguez Zapatero, Angela Merkel, Nicolas Sarkozy, Gordon Brown... Estes são alguns dos líderes mundiais representados pela Greenpeace de forma futurista, com mais dez anos de idade, com rugas e cabelos brancos. Ao lado das fotografias manipuladas, vem o pedido de desculpa em registo mea culpa: “Peço desculpa. Podíamos ter impedido uma mudança climática catastrófica... não o fizemos”.
A associação ambientalista quer com estes cartazes prever um futuro que espera que nunca se venha a realizar, em jeito de alerta global, nas vésperas do início da Cimeira de Copenhaga (de 7 a 18 de Dezembro), onde os principais líderes mundiais se irão reunir para debater as alterações climáticas.
“Age agora. Muda o Futuro” e “O que dirás aos teus filhos?” são outras das frases que constam dos cartazes, que apelam à mudança e a um acordo global de entendimento em prol da Terra.
“A nossa receita para que os líderes mundiais evitem os pedidos de desculpa [no futuro] é simples: cheguem a um acordo justo, ambicioso e com força legal para salvar o clima”, escreve a Greenpeace na sua página, onde divulga os diversos cartazes que foram divulgados em várias cidades. Inúmeros cartazes serão espalhados pelo aeroporto de Copenhaga, fez saber a Greenpeace.
O PLANETA EM JOGO
Considera ser o desafio moral do século: a luta contra as alterações climáticas.
James Hansen, um dos mais eminentes estudiosos do clima, o homem que alertou para os perigos das alterações climáticas muitos anos antes de Al Gore abrir os olhos ao mundo com o seu documentário “Uma Verdade Inconveniente”, falou ao “The Guardian” nas vésperas da cimeira de Copenhaga. E o que tem a dizer não é agradável. Hansen diz que é preferível que a cimeira redunde em fracasso, dado que o ponto de partida é profundamente defeituoso. Mais valia começar tudo do zero, argumenta.Peter Andrews/Reuters
Hansen opõe-se veementemente aos esquemas de compra e venda de emissões de CO2 para a atmosfera entre nações
“Preferia que não acontecesse [um acordo em Copenhaga], se as pessoas aceitarem a cimeira como sendo a ‘via certa’, em vez de a ‘via do desastre’”, indicou Hansen, que dirige o Instituto Goddard para os Estudos Espaciais, da NASA, em Nova Iorque.
O cientista que convenceu o mundo a prestar atenção ao perigo crescente do aquecimento global é muito claro quando diz ao “The Guardian” que seria melhor para o Planeta e para as futuras gerações que a cimeira de Copenhaga acabasse num desastre. James Hansen considera que qualquer acordo que venha a emergir das negociações será tão profundamente defeituoso que mais valia começar tudo de novo a partir do zero.
“Toda a abordagem é tão profundamente errada que é melhor reavaliar a situação. Se isto for uma coisa ao estilo Quioto, então as pessoas irão demorar anos a tentar determinar o que é que aquilo quer dizer exactamente”, criticou Hansen.
Hansen começou a apresentar-se diante do Congresso americano em 1989, alertando para as consequências do aquecimento global, e fez mais do que qualquer outro cientista na educação dos políticos norte-americanos acerca das mudanças climáticas e das suas consequências.
Apesar de se considerar um relutante orador, diz que foi forçado a entrar na esfera pública depois de as catástrofes naturais se terem começado a multiplicar.
Esta entrevista ao “The Guardian” acontece numa altura em que se registaram alguns progressos na cimeira de Copenhaga, com a Índia a anunciar um limite à emissão de CO2 para a atmosfera. Os quatro maiores produtores de gases com efeito de estufa - EUA, China, UE e Índia - já se comprometeram com limites para as emissões, mas ainda há muito a fazer e muitos obstáculos a serem ultrapassados.
Hansen opõe-se veementemente aos esquemas de compra e venda de emissões de CO2 para a atmosfera entre nações. Compara este sistema às indulgências vendidas pelo Clero na Idade Média, quando os fiéis compravam a redenção das suas almas dando dinheiro aos padres. Neste caso os países ricos dão dinheiro aos países pobres em troca de emissões de carbono.
Hansen é igualmente muito crítico das actuações de Barack Obama e de Al Gore, afirmando que estes líderes mundiais falharam aquele que é considerado hoje o desafio moral da nossa era. Porque o problema do corte das emissões de CO2 para a atmosfera não se pode ajustar aos interesses políticos e económicos internacionais. “Neste tipo de assuntos não pode haver compromissos”, avalia. “Não temos um líder que seja capaz de entender o que se passa e que diga o que realmente importa dizer. Em vez disso, estamos todos a tentar continuar com os negócios de sempre”.
Apesar de tudo, Hansen permanece optimista: “Podemos já nos ter comprometido com um aumento do nível do mar em pelo menos um metro - ou mais - mas isso não quer dizer que desistamos. Porque se desistirmos, em vez de um poderemos ter de lidar com dezenas de metros. Por isso acho contraproducente as pessoas dizerem que atingimos um ponto de não retorno e que é demasiado tarde. Nesse caso, em que é que estamos a pensar: vamos abandonar o Planeta? Devemos minimizar os estragos”, vaticinou.
James Hansen, um dos mais eminentes estudiosos do clima, o homem que alertou para os perigos das alterações climáticas muitos anos antes de Al Gore abrir os olhos ao mundo com o seu documentário “Uma Verdade Inconveniente”, falou ao “The Guardian” nas vésperas da cimeira de Copenhaga. E o que tem a dizer não é agradável. Hansen diz que é preferível que a cimeira redunde em fracasso, dado que o ponto de partida é profundamente defeituoso. Mais valia começar tudo do zero, argumenta.Peter Andrews/Reuters
Hansen opõe-se veementemente aos esquemas de compra e venda de emissões de CO2 para a atmosfera entre nações
“Preferia que não acontecesse [um acordo em Copenhaga], se as pessoas aceitarem a cimeira como sendo a ‘via certa’, em vez de a ‘via do desastre’”, indicou Hansen, que dirige o Instituto Goddard para os Estudos Espaciais, da NASA, em Nova Iorque.
O cientista que convenceu o mundo a prestar atenção ao perigo crescente do aquecimento global é muito claro quando diz ao “The Guardian” que seria melhor para o Planeta e para as futuras gerações que a cimeira de Copenhaga acabasse num desastre. James Hansen considera que qualquer acordo que venha a emergir das negociações será tão profundamente defeituoso que mais valia começar tudo de novo a partir do zero.
“Toda a abordagem é tão profundamente errada que é melhor reavaliar a situação. Se isto for uma coisa ao estilo Quioto, então as pessoas irão demorar anos a tentar determinar o que é que aquilo quer dizer exactamente”, criticou Hansen.
Hansen começou a apresentar-se diante do Congresso americano em 1989, alertando para as consequências do aquecimento global, e fez mais do que qualquer outro cientista na educação dos políticos norte-americanos acerca das mudanças climáticas e das suas consequências.
Apesar de se considerar um relutante orador, diz que foi forçado a entrar na esfera pública depois de as catástrofes naturais se terem começado a multiplicar.
Esta entrevista ao “The Guardian” acontece numa altura em que se registaram alguns progressos na cimeira de Copenhaga, com a Índia a anunciar um limite à emissão de CO2 para a atmosfera. Os quatro maiores produtores de gases com efeito de estufa - EUA, China, UE e Índia - já se comprometeram com limites para as emissões, mas ainda há muito a fazer e muitos obstáculos a serem ultrapassados.
Hansen opõe-se veementemente aos esquemas de compra e venda de emissões de CO2 para a atmosfera entre nações. Compara este sistema às indulgências vendidas pelo Clero na Idade Média, quando os fiéis compravam a redenção das suas almas dando dinheiro aos padres. Neste caso os países ricos dão dinheiro aos países pobres em troca de emissões de carbono.
Hansen é igualmente muito crítico das actuações de Barack Obama e de Al Gore, afirmando que estes líderes mundiais falharam aquele que é considerado hoje o desafio moral da nossa era. Porque o problema do corte das emissões de CO2 para a atmosfera não se pode ajustar aos interesses políticos e económicos internacionais. “Neste tipo de assuntos não pode haver compromissos”, avalia. “Não temos um líder que seja capaz de entender o que se passa e que diga o que realmente importa dizer. Em vez disso, estamos todos a tentar continuar com os negócios de sempre”.
Apesar de tudo, Hansen permanece optimista: “Podemos já nos ter comprometido com um aumento do nível do mar em pelo menos um metro - ou mais - mas isso não quer dizer que desistamos. Porque se desistirmos, em vez de um poderemos ter de lidar com dezenas de metros. Por isso acho contraproducente as pessoas dizerem que atingimos um ponto de não retorno e que é demasiado tarde. Nesse caso, em que é que estamos a pensar: vamos abandonar o Planeta? Devemos minimizar os estragos”, vaticinou.
AI SÓCRATES, SÓCRATES!
Armando Vara terá recebido uma carta anónima no seu escritório no Millennium BCP, em Lisboa, onde o avisavam que o primeiro-ministro, José Sócrates, estava sob escuta telefónica, noticia a revista “Sábado” na sua edição de hoje.Adriano Miranda (arquivo)
O auto-suspenso vice-presidente do BCP está proibido de contactar alguns dos outros arguidos
A carta terá sido enviada meses antes e só foi encontrada pela Polícia Judiciária a 28 de Outubro, altura em que fez buscas à sede do banco no âmbito do caso Face Oculta. A revista garante também que quando os investigadores do processo leram a missiva reforçaram a convicção de que alguém tinha dito a Armando Vara para avisar José Sócrates de que as suas conversas estariam a ser gravadas, quebrando o sigilo numa das fases mais importantes do caso.
A quebra do segredo por parte de alguns intervenientes está já a ser investigada pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP), assim como a suposta mudança de telemóvel ou de cartão por parte de algumas das pessoas que estariam a ser escutadas. O DIAP de Coimbra vai mesmo acusar um dos arguidos do processo do crime de violação do segredo de justiça por ter disponibilizado um despacho do Ministério Público a um canal de televisão, informou a Procuradoria-Geral da República, em comunicado.
Contudo, apenas o administrador suspenso do BCP terá estado sob escuta, pelo menos entre Março e Outubro deste ano, altura em que foram gravadas conversas entre o entretanto constituído arguido no âmbito do caso Face Oculta e José Sócrates.
As certidões foram, no entanto, arquivadas pela Procuradoria-Geral da República e já tinham antes sido retiradas do processo por ter sido colocada em causa a sua legalidade. Sobre as conversas entre Vara e Sócrates colocarem alegadamente em causa o Estado de Direito e referirem intervenções do primeiro-ministro no sector da comunicação social, Pinto Monteiro nada disse, limitando-se a afirmar que nada justificava a abertura de um processo. A “Sábado” escreve, ainda, que cartas semelhantes podem ter sido enviadas a outros suspeitos do Face Oculta.
Caução de 25 mil euros
Ontem o juiz de instrução do processo Face Oculta fixou uma caução de 25 mil euros para o auto-suspenso vice-presidente do Millennium BCP e proibiu-o de contactar alguns outros arguidos. O antigo ministro ficou indiciado por um crime de tráfico de influência, menos um do que o que era pedido pelo Ministério Público.
O arguido escusou-se ao “papel de comentador,” quando lhe foi perguntado se concordava com as declarações do ministro Vieira da Silva sobre alegada “espionagem política” relativamente ao processo Face Oculta. Também questionado sobre se abordaria esta questão com o primeiro-ministro, José Sócrates, com quem manteve conversas escutadas e não validadas pelo Supremo Tribunal de Justiça, declarou: “Não tenho falado com ele, não sei se vou falar com ele, nem esse é assunto que lhe diga respeito”.
O processo Face Oculta investiga alegados casos de corrupção e outros crimes económicos relacionados com empresas do sector empresarial do Estado e empresas privadas. São conhecidos 18 arguidos, acusados de mais de 60 crimes, como corrupção, tráfico de influências, associação criminosa, furto, burla e receptação.
A PJ desencadeou a 28 de Outubro a operação Face Oculta em vários pontos do país, no âmbito de uma investigação relacionada com alegados crimes económicos de um grupo empresarial de Ovar que integra a O2-Tratamento e Limpezas Ambientais, a que está ligado Manuel José Godinho, que se encontra em prisão preventiva.
No decurso da operação foram efectuadas cerca de 30 buscas, domiciliárias e a postos de trabalho, e pelo menos 18 pessoas foram constituídas arguidas, incluindo Armando Vara, ex-ministro socialista e vice-presidente do BCP, que suspendeu funções, José Penedos, presidente da REN-Redes Eléctricas Nacionais, e o seu filho Paulo Penedos, advogado da empresa SCI-Sociedade Comercial e Industrial de Metalomecânica SA, de Manuel José Godinho.
O auto-suspenso vice-presidente do BCP está proibido de contactar alguns dos outros arguidos
A carta terá sido enviada meses antes e só foi encontrada pela Polícia Judiciária a 28 de Outubro, altura em que fez buscas à sede do banco no âmbito do caso Face Oculta. A revista garante também que quando os investigadores do processo leram a missiva reforçaram a convicção de que alguém tinha dito a Armando Vara para avisar José Sócrates de que as suas conversas estariam a ser gravadas, quebrando o sigilo numa das fases mais importantes do caso.
A quebra do segredo por parte de alguns intervenientes está já a ser investigada pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP), assim como a suposta mudança de telemóvel ou de cartão por parte de algumas das pessoas que estariam a ser escutadas. O DIAP de Coimbra vai mesmo acusar um dos arguidos do processo do crime de violação do segredo de justiça por ter disponibilizado um despacho do Ministério Público a um canal de televisão, informou a Procuradoria-Geral da República, em comunicado.
Contudo, apenas o administrador suspenso do BCP terá estado sob escuta, pelo menos entre Março e Outubro deste ano, altura em que foram gravadas conversas entre o entretanto constituído arguido no âmbito do caso Face Oculta e José Sócrates.
As certidões foram, no entanto, arquivadas pela Procuradoria-Geral da República e já tinham antes sido retiradas do processo por ter sido colocada em causa a sua legalidade. Sobre as conversas entre Vara e Sócrates colocarem alegadamente em causa o Estado de Direito e referirem intervenções do primeiro-ministro no sector da comunicação social, Pinto Monteiro nada disse, limitando-se a afirmar que nada justificava a abertura de um processo. A “Sábado” escreve, ainda, que cartas semelhantes podem ter sido enviadas a outros suspeitos do Face Oculta.
Caução de 25 mil euros
Ontem o juiz de instrução do processo Face Oculta fixou uma caução de 25 mil euros para o auto-suspenso vice-presidente do Millennium BCP e proibiu-o de contactar alguns outros arguidos. O antigo ministro ficou indiciado por um crime de tráfico de influência, menos um do que o que era pedido pelo Ministério Público.
O arguido escusou-se ao “papel de comentador,” quando lhe foi perguntado se concordava com as declarações do ministro Vieira da Silva sobre alegada “espionagem política” relativamente ao processo Face Oculta. Também questionado sobre se abordaria esta questão com o primeiro-ministro, José Sócrates, com quem manteve conversas escutadas e não validadas pelo Supremo Tribunal de Justiça, declarou: “Não tenho falado com ele, não sei se vou falar com ele, nem esse é assunto que lhe diga respeito”.
O processo Face Oculta investiga alegados casos de corrupção e outros crimes económicos relacionados com empresas do sector empresarial do Estado e empresas privadas. São conhecidos 18 arguidos, acusados de mais de 60 crimes, como corrupção, tráfico de influências, associação criminosa, furto, burla e receptação.
A PJ desencadeou a 28 de Outubro a operação Face Oculta em vários pontos do país, no âmbito de uma investigação relacionada com alegados crimes económicos de um grupo empresarial de Ovar que integra a O2-Tratamento e Limpezas Ambientais, a que está ligado Manuel José Godinho, que se encontra em prisão preventiva.
No decurso da operação foram efectuadas cerca de 30 buscas, domiciliárias e a postos de trabalho, e pelo menos 18 pessoas foram constituídas arguidas, incluindo Armando Vara, ex-ministro socialista e vice-presidente do BCP, que suspendeu funções, José Penedos, presidente da REN-Redes Eléctricas Nacionais, e o seu filho Paulo Penedos, advogado da empresa SCI-Sociedade Comercial e Industrial de Metalomecânica SA, de Manuel José Godinho.
SOCIAL-DEMOCRATA DE MERDA!
O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assumiu ontem a responsabilidade política pela guerra do Afeganistão, redefinindo por completo o envolvimento norte-americano no conflito e anunciando o prazo e as condições para uma retirada militar, já a partir de Julho de 2011.Jim Young/Reuters
Obama falou perante os cadetes em West Point
Numa comunicação ao país perante os cadetes da Academia Militar de West Point, o Presidente informou que mais 30 mil soldados americanos, que serão enviados para o teatro de guerra, “de forma acelerada e o mais rapidamente possível” ao longo dos próximos seis meses.
A sua missão, explicou, terá três objectivos: eliminar a ameaça taliban, garantir a segurança da população e treinar as forças afegãs, para quem será progressivamente transferida a responsabilidade de supervisão das diversas regiões. No total, os Estados Unidos ficarão com cerca de 100 mil tropas no Afeganistão. “Estes são os recursos necessários para recuperarmos a iniciativa e construir a capacidade do Afeganistão para permitir uma transição responsável e a saída das nossas tropas”, disse Obama.
Os custos do reforço
A escalada da guerra, continuou, terá um custo estimado de 30 mil milhões de dólares por ano, que terão de ser financiados por mais dívida pública. O novo plano prevê um idêntico reforço do contingente civil, para tarefas de apoio ao desenvolvimento, e um extenso trabalho diplomático, particularmente no Paquistão, para combater os grupos extremistas e redes terroristas neste país.
Os secretários da Defesa, Robert Gates, e a secretária de Estado, Hillary Clinton, estiveram no Congresso para reforçar perante os legisladores as razões apresentadas pelo Presidente sobre a “importância vital” da operação no Afeganistão para a segurança interna dos Estados Unidos — e também dos seus aliados.
Esse é um argumento que todos os republicanos aceitam (a bancada da oposição saudou a decisão, criticando apenas o seu calendário para a saída das tropas), mas que não colhe junto de muitos democratas. A maioria alega que a Al-Qaeda foi desmembrada no Afeganistão e que os EUA não podem confiar no Governo de Hamid Karzai, vencedor de eleições indiscutivelmente fraudulentas.
A partir de Kandahar, o centro nevrálgico dos taliban no Afeganistão, o comandante das tropas americanas e responsável pela operação da NATO, general Stanley McChrystal, elogiou a decisão do Presidente Obama e saudou a “clarificação da missão”, que “garante aos parceiros afegãos o tempo, espaço e capacidade para defender o seu país”.
O general confirmou que uma parte dos recursos será usada para “romper, desmantelar e derrotar a Al-Qaeda”, impedindo a sua reorganização no Afeganistão e no Paquistão.
Mas o foco da operação, como já su- blinhara Obama, tem a ver com a estabilização da segurança das populações e o treino e formação das forças afegãs, que poderão crescer dos actuais 190 mil efectivos para cerca de 400 mil em quatro anos.
Obama deu às chefias militares exac- tamente aquilo que elas pediram — e até mais depressa do que elas imaginariam. Esta quarta-feira, já alguns especialistas se questionavam sobre a capacidade do Exército para responder tão depressa às ordens do Presidente. O chefe do Pentágono garantiu, porém, que a primeira unidade de fuzileiros está pronta a avançar já nas próximas duas ou três semanas.
O Presidente tornou claro que os EUA não avançarão para o capítulo do nation-building, que, frisou, é responsabilidade exclusiva do Governo, instituições e sociedade afegã. “A única nação que estou interessado em construir é a minha”, declarou.
A pressão do prazo
Mas, mais significativamente, Obama deu aos militares um prazo de 18 meses para serem bem sucedidos na sua missão. O Presidente não anunciou a retirada total das tropas a partir de Julho de 2011; disse que nessa altura seriam reavaliadas as opções dos Estados Unidos. Presume-se que o Presidente decidirá, então, se vale a pena continuar no Afeganistão.
Como muitos analistas assinalavam, o ponto fulcral da nova estratégia de Obama tem a ver com a sua “transparência”, não só em termos do âmbito da missão como da sua responsabilidade política. Ao estabelecer datas, o Presidente americano pressiona o seu Exército, os seus aliados da NATO e os governos do Afeganistão e do Paquistão para agir e obter resultados. Mas assume pessoalmente o maior risco: a revisão da estratégia cai em cima da data da sua (previsível) campanha para a reeleição.
E, para contrariar os seus críticos, o Presidente ousou mesmo fazer uma comparação com a guerra do Vietname, uma ferida ainda aberta na sociedade americana. “Ao contrário do Vietname, operamos no âmbito de uma coligação de 43 países que reconhecem a legitimidade da nossa acção. E mais importante, ao contrário do Vietname, o povo americano foi traiçoeiramente atacado a partir do Afeganistão, e continua a ser um alvo para os extremistas que operam ao longo da sua fronteira”, sublinhou
Obama falou perante os cadetes em West Point
Numa comunicação ao país perante os cadetes da Academia Militar de West Point, o Presidente informou que mais 30 mil soldados americanos, que serão enviados para o teatro de guerra, “de forma acelerada e o mais rapidamente possível” ao longo dos próximos seis meses.
A sua missão, explicou, terá três objectivos: eliminar a ameaça taliban, garantir a segurança da população e treinar as forças afegãs, para quem será progressivamente transferida a responsabilidade de supervisão das diversas regiões. No total, os Estados Unidos ficarão com cerca de 100 mil tropas no Afeganistão. “Estes são os recursos necessários para recuperarmos a iniciativa e construir a capacidade do Afeganistão para permitir uma transição responsável e a saída das nossas tropas”, disse Obama.
Os custos do reforço
A escalada da guerra, continuou, terá um custo estimado de 30 mil milhões de dólares por ano, que terão de ser financiados por mais dívida pública. O novo plano prevê um idêntico reforço do contingente civil, para tarefas de apoio ao desenvolvimento, e um extenso trabalho diplomático, particularmente no Paquistão, para combater os grupos extremistas e redes terroristas neste país.
Os secretários da Defesa, Robert Gates, e a secretária de Estado, Hillary Clinton, estiveram no Congresso para reforçar perante os legisladores as razões apresentadas pelo Presidente sobre a “importância vital” da operação no Afeganistão para a segurança interna dos Estados Unidos — e também dos seus aliados.
Esse é um argumento que todos os republicanos aceitam (a bancada da oposição saudou a decisão, criticando apenas o seu calendário para a saída das tropas), mas que não colhe junto de muitos democratas. A maioria alega que a Al-Qaeda foi desmembrada no Afeganistão e que os EUA não podem confiar no Governo de Hamid Karzai, vencedor de eleições indiscutivelmente fraudulentas.
A partir de Kandahar, o centro nevrálgico dos taliban no Afeganistão, o comandante das tropas americanas e responsável pela operação da NATO, general Stanley McChrystal, elogiou a decisão do Presidente Obama e saudou a “clarificação da missão”, que “garante aos parceiros afegãos o tempo, espaço e capacidade para defender o seu país”.
O general confirmou que uma parte dos recursos será usada para “romper, desmantelar e derrotar a Al-Qaeda”, impedindo a sua reorganização no Afeganistão e no Paquistão.
Mas o foco da operação, como já su- blinhara Obama, tem a ver com a estabilização da segurança das populações e o treino e formação das forças afegãs, que poderão crescer dos actuais 190 mil efectivos para cerca de 400 mil em quatro anos.
Obama deu às chefias militares exac- tamente aquilo que elas pediram — e até mais depressa do que elas imaginariam. Esta quarta-feira, já alguns especialistas se questionavam sobre a capacidade do Exército para responder tão depressa às ordens do Presidente. O chefe do Pentágono garantiu, porém, que a primeira unidade de fuzileiros está pronta a avançar já nas próximas duas ou três semanas.
O Presidente tornou claro que os EUA não avançarão para o capítulo do nation-building, que, frisou, é responsabilidade exclusiva do Governo, instituições e sociedade afegã. “A única nação que estou interessado em construir é a minha”, declarou.
A pressão do prazo
Mas, mais significativamente, Obama deu aos militares um prazo de 18 meses para serem bem sucedidos na sua missão. O Presidente não anunciou a retirada total das tropas a partir de Julho de 2011; disse que nessa altura seriam reavaliadas as opções dos Estados Unidos. Presume-se que o Presidente decidirá, então, se vale a pena continuar no Afeganistão.
Como muitos analistas assinalavam, o ponto fulcral da nova estratégia de Obama tem a ver com a sua “transparência”, não só em termos do âmbito da missão como da sua responsabilidade política. Ao estabelecer datas, o Presidente americano pressiona o seu Exército, os seus aliados da NATO e os governos do Afeganistão e do Paquistão para agir e obter resultados. Mas assume pessoalmente o maior risco: a revisão da estratégia cai em cima da data da sua (previsível) campanha para a reeleição.
E, para contrariar os seus críticos, o Presidente ousou mesmo fazer uma comparação com a guerra do Vietname, uma ferida ainda aberta na sociedade americana. “Ao contrário do Vietname, operamos no âmbito de uma coligação de 43 países que reconhecem a legitimidade da nossa acção. E mais importante, ao contrário do Vietname, o povo americano foi traiçoeiramente atacado a partir do Afeganistão, e continua a ser um alvo para os extremistas que operam ao longo da sua fronteira”, sublinhou
BANDIDO! FILHO DA PUTA DE BANDIDO!
Armando Vara foi indiciado por um crime de tráfico de influências e saiu do DIAP de Aveiro sujeito ao pagamento de uma caução de 25 mil euros e proibido de entrar em contacto com quatro dos arguidos do processo Face Oculta.Adriano Miranda
Armando Vara
Os quatro arguidos com quem não poderá contactar são Manuel José Godinho (o principal arguido neste processo), Namércio Cunha, Maribel Rodrigues e João Godinho, respectivamente um dos colaboradores de Godinho, a sua secretária e seu filho.
Segundo o seu advogado, Armando Vara poderá ausentar-se do país.
Vara, que irá recorrer da decisão, afirmou-se "muito frustrado" com a aplicação destas medidas de coacção. "Há características muito estranhas na justiça portuguesa, como fazerem julgamentos na praça pública", afirmou.
O administrador suspenso do BCP reafirmou-se inocente e disse ter a certeza de que irá ser ilibado neste processo.
Armando Vara
Os quatro arguidos com quem não poderá contactar são Manuel José Godinho (o principal arguido neste processo), Namércio Cunha, Maribel Rodrigues e João Godinho, respectivamente um dos colaboradores de Godinho, a sua secretária e seu filho.
Segundo o seu advogado, Armando Vara poderá ausentar-se do país.
Vara, que irá recorrer da decisão, afirmou-se "muito frustrado" com a aplicação destas medidas de coacção. "Há características muito estranhas na justiça portuguesa, como fazerem julgamentos na praça pública", afirmou.
O administrador suspenso do BCP reafirmou-se inocente e disse ter a certeza de que irá ser ilibado neste processo.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
PRIMEIRO-MINISTRO NO YOUTUBE
A canção "Primeiro-Ministro" da Mana Calórica já está disponível no youtube em www.youtube.com/watch?v=Haxz5mOjrR8.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Hoje dormi a tarde toda
também andava a dormir pouco
ontem o "Pinguim" estava cheio
e tive uma boa recepção
já estou com as provas do livro
mais um para a colecção
o álcool dá-me problemas de enjoo
e o poema está uma merda
estou no café da senhora bonita
e o pessoal discute crimes
não apareci na TVI
e, por isso, não sou uma estrela
cada vez mais me comparam ao Joaquim
ontem no "Pinguim" foi assim
bebo e, por enquanto,
não há sintomas
vou bebendo até ficar fodido
não sou o Joaquim
mas sigo-lhe os passos
é o meu destino
é o meu fim
os outros dizem os meus poemas
e eu não arranjo namorada
a senhora fala do desperdício da vida
é muito simpática
apesar de dizer mal do Saramago
hoje poderia ter ido ao cinema
ver o "Capitalismo"
do Michael Moore
mas fico aqui a beber cervejas
vida de poeta
o que se há-de fazer?
Não sou daqueles
poetas bem comportadinhos
que vão às conferências
e se dão com os ministros
e com os presidentes de Cãmara
sou do outro lado
do lado do Jim
do lado do Joaquim
há mais de vinte anos
que é assim
nem sequer tenho tido
depressões
e o álcool voltou a bater
aqui no café
da senhora bonita
bebo cervejas
e não tenho de me
preocupar com as horas
dormi a tarde toda
e a manhã
hoje só tenho de rever
as provas do livro
já estão meias revistas
a TV dá futebol inglês
e dá gosto ver a bola entrar
gosto de futebol-espectáculo
não o posso negar
não tenho que ser anti-futebol
às vezes sou
mas isso faz parte
da roupagem do poeta maldito
como me chamaram na rádio
o àlcool bate
e eu continuo a beber
não é como ontem
que andava a chá
a saúde já não é famosa
uso uma máscara para dormir
ich bin ein dichter
ando a estudar alemão
mas não me esforço nada
o Rocha reapareceu
no "Orfeuzinho"
já sentia a falta dele
também entra no livro
"Um Poeta no Piolho"
como o Do Vale
estão convertidos ao estrelato
e um gajo bebe
se não dá a uns
dá a outros
só se fala de futebol
do preço dos jogadores
e um gajo bebe
nem sequer lê
só o jornal
e o poema chega ao fim
já chateava.
"Nova Onda", 1.12.2009
BRAGA CAMPEÃO
Um golo em cada uma das metades do jogo entre o Sp. Braga e a U. Leiria deu a vitória aos minhotos por 2-0, no jogo que encerrou a 11.ª jornada do campeonato.
Numa noite em que se pedia uma vitória para voltar a isolar-se no primeiro lugar, o Sporting de Braga não desperdiçou a oportunidade. Os homens do Minho mostraram que têm capacidade para superar qualquer tipo de pressão e que a candidatura ao título é mais que uma mera ilusão.
Lito Vidigal, que por castigo viu o jogo da bancada, até se pode dar por satisfeito. É que, pelo que se viu, principalmente na primeira parte, o resultado poderia ser bem mais amargo. Domingos Paciência tem todas as razões para sonhar.
A vitória foi ainda mais importante, porque a equipa vinha de uma derrota em Guimarães e este jogo com a U. Leiria servia para testar a capacidade de reacção dos minhotos, com a pressão suplementar de se poder isolar no primeiro lugar. Mas o Sp. Braga passou com distinção na prova e regressa ao topo com estilo e uma ponta de sorte, mas, acima de tudo, com um futebol de qualidade.
A forma como chegou ao primeiro golo é um exemplo claro do estado de graça que, além da qualidade, acompanha a formação de Domingos Paciência. Os bracarenses, que até tinham entrado mal na partida (estiveram mesmo perto de sofrer o golo aos 4’), conseguiram, no minuto seguinte, marcar um dos golos que por certo ficará como dos mais estranhos desta Liga: Paulo César sobre a esquerda tira um cruzamento inofensivo, Bruno Miguel e Hélder Gaúcho fazem que cortam, mas não tocam na bola e no meio de tanta hesitação o guarda-redes Duricic acabou por ficar fora do lance. Um golo caído do céu, sem que os bracarenses tivessem feito um único remate.
O golo teve a virtude de acordar a formação da casa, uma equipa que não está na liderança por acaso. É uma equipa com jogadores experientes, de qualidade e com capacidade de oferecerem uma intensidade muito forte ao futebol bracarense. A defesa parece de betão e conta à frente com um Vandinho irrepreensível. Tanto a defender, como na primeira fase de construção de jogo ofensivo. Depois, João Pereira e Alan constituem uma ala direita muito forte e Paulo César no flanco oposto também consegue dar largura ao jogo. Sobra ainda Mossoró que dá um toque de requinte ao jogo da equipa (menos na finalização). A supremacia foi tal que nem se deu pela ausência de Hugo Leal.
Ao intervalo, os bracarenses venciam apenas por um golo apenas graças ao desperdício de Alan e Mossoró. Um resultado demasiado curto para tanto volume de jogo. Mas, neste aspecto, diga-se, a exibição notável do guarda-redes leiriense, que até ficou mal no lance do primeiro golo, também ajudou. Duricic realizou várias excelentes defesas.
A U. Leiria foi sempre uma equipa inferior. Mesmo quando o Sp. Braga tirou o pé do acelerador na segunda metade. O bonito remate de Matheus, aos 69’, limitou-se a colocar alguma justiça no resultado.
POSITIVO
João Pereira, Alan e Mossoró
Um trio que transformou a vida num inferno à União de Leiria. O resultado foi magro demais para o futebol que estes três jogadores produziram. Mereciam muito mais, embora aos dois últimos custe a aceitar que tenham errado tanto no derradeiro remate.
Duricic
O guarda-redes sérvio teve culpas no primeiro golo, que foi no mínimo estranho. Mas no que restou do encontro, e foram mais de 85’, conseguiu evitar uma goleada ao realizar uma série de grandes defesas.
NEGATIVO
Bruno Miguel e Hélder Gaúcho
Foram a imagem de uma União de Leiria que não fez nada para ganhar e muito para perder. Ficaram os dois a olhar para o cruzamento de Paulo César e acabaram por confundir o seu guarda-redes, contribuindo para o primeiro golo da partida.
Ficha de jogo
Jogo no Estádio Axa, em Braga.
Assistência 8168 espectadores
Sp. Braga Eduardo 6, João Pereira 7, Moisés 6, Rodriguez 6, Evaldo 6, Vandinho 7, Madrid 6, Mossoró 7 (Osvaldo -, 88’), Alan 7, Paulo César 6 (Adriano -, 78’) e Meyong 5 (Matheus 7, 62’).
Treinador Domingos Paciência
U. Leiria Duricic 6, Hugo Gomes 5, Bruno Miguel 4, Diego Gaúcho 4, Paulo Vinicius 5, André Santos 5, Vítor Moreno 6 (Marco Soares -, 78’), Elias 5, Silas 5 (Cássio -, 84’), Carlão 6, Ouattara 5 (Tiago Luís 6, 46’).
Treinador Lito Vidigal
Árbitro João Ferreira 7, de Setúbal.
Amarelos João Pereira (7’), Ouattara (35’).
Golos 1-0, por Paulo César, aos 5’; 2-0, por Matheus, aos 69’.
notícia actualizada às 23h
Numa noite em que se pedia uma vitória para voltar a isolar-se no primeiro lugar, o Sporting de Braga não desperdiçou a oportunidade. Os homens do Minho mostraram que têm capacidade para superar qualquer tipo de pressão e que a candidatura ao título é mais que uma mera ilusão.
Lito Vidigal, que por castigo viu o jogo da bancada, até se pode dar por satisfeito. É que, pelo que se viu, principalmente na primeira parte, o resultado poderia ser bem mais amargo. Domingos Paciência tem todas as razões para sonhar.
A vitória foi ainda mais importante, porque a equipa vinha de uma derrota em Guimarães e este jogo com a U. Leiria servia para testar a capacidade de reacção dos minhotos, com a pressão suplementar de se poder isolar no primeiro lugar. Mas o Sp. Braga passou com distinção na prova e regressa ao topo com estilo e uma ponta de sorte, mas, acima de tudo, com um futebol de qualidade.
A forma como chegou ao primeiro golo é um exemplo claro do estado de graça que, além da qualidade, acompanha a formação de Domingos Paciência. Os bracarenses, que até tinham entrado mal na partida (estiveram mesmo perto de sofrer o golo aos 4’), conseguiram, no minuto seguinte, marcar um dos golos que por certo ficará como dos mais estranhos desta Liga: Paulo César sobre a esquerda tira um cruzamento inofensivo, Bruno Miguel e Hélder Gaúcho fazem que cortam, mas não tocam na bola e no meio de tanta hesitação o guarda-redes Duricic acabou por ficar fora do lance. Um golo caído do céu, sem que os bracarenses tivessem feito um único remate.
O golo teve a virtude de acordar a formação da casa, uma equipa que não está na liderança por acaso. É uma equipa com jogadores experientes, de qualidade e com capacidade de oferecerem uma intensidade muito forte ao futebol bracarense. A defesa parece de betão e conta à frente com um Vandinho irrepreensível. Tanto a defender, como na primeira fase de construção de jogo ofensivo. Depois, João Pereira e Alan constituem uma ala direita muito forte e Paulo César no flanco oposto também consegue dar largura ao jogo. Sobra ainda Mossoró que dá um toque de requinte ao jogo da equipa (menos na finalização). A supremacia foi tal que nem se deu pela ausência de Hugo Leal.
Ao intervalo, os bracarenses venciam apenas por um golo apenas graças ao desperdício de Alan e Mossoró. Um resultado demasiado curto para tanto volume de jogo. Mas, neste aspecto, diga-se, a exibição notável do guarda-redes leiriense, que até ficou mal no lance do primeiro golo, também ajudou. Duricic realizou várias excelentes defesas.
A U. Leiria foi sempre uma equipa inferior. Mesmo quando o Sp. Braga tirou o pé do acelerador na segunda metade. O bonito remate de Matheus, aos 69’, limitou-se a colocar alguma justiça no resultado.
POSITIVO
João Pereira, Alan e Mossoró
Um trio que transformou a vida num inferno à União de Leiria. O resultado foi magro demais para o futebol que estes três jogadores produziram. Mereciam muito mais, embora aos dois últimos custe a aceitar que tenham errado tanto no derradeiro remate.
Duricic
O guarda-redes sérvio teve culpas no primeiro golo, que foi no mínimo estranho. Mas no que restou do encontro, e foram mais de 85’, conseguiu evitar uma goleada ao realizar uma série de grandes defesas.
NEGATIVO
Bruno Miguel e Hélder Gaúcho
Foram a imagem de uma União de Leiria que não fez nada para ganhar e muito para perder. Ficaram os dois a olhar para o cruzamento de Paulo César e acabaram por confundir o seu guarda-redes, contribuindo para o primeiro golo da partida.
Ficha de jogo
Jogo no Estádio Axa, em Braga.
Assistência 8168 espectadores
Sp. Braga Eduardo 6, João Pereira 7, Moisés 6, Rodriguez 6, Evaldo 6, Vandinho 7, Madrid 6, Mossoró 7 (Osvaldo -, 88’), Alan 7, Paulo César 6 (Adriano -, 78’) e Meyong 5 (Matheus 7, 62’).
Treinador Domingos Paciência
U. Leiria Duricic 6, Hugo Gomes 5, Bruno Miguel 4, Diego Gaúcho 4, Paulo Vinicius 5, André Santos 5, Vítor Moreno 6 (Marco Soares -, 78’), Elias 5, Silas 5 (Cássio -, 84’), Carlão 6, Ouattara 5 (Tiago Luís 6, 46’).
Treinador Lito Vidigal
Árbitro João Ferreira 7, de Setúbal.
Amarelos João Pereira (7’), Ouattara (35’).
Golos 1-0, por Paulo César, aos 5’; 2-0, por Matheus, aos 69’.
notícia actualizada às 23h
FIDEL NOBEL DA PAZ
Um grupo de cidadãos argentinos e de outros países lançou na internet uma recolha de assinaturas para se avançar com uma candidatura do antigo Presidente cubano Fidel Castro a Prémio Nobel da Paz de 2010, anunciou ontem na Havana o site oficial de informações Cubadebate.cu.
Os signatários estão a recolher propostas de movimentos sociais, culturais, universitários, de direitos humanos e políticos para que se formalize a candidatura, baseada nos progressos cubanos nos campos da saúde e da educação.
"Cuba, sob a presidência de Fidel Castro até Julho de 2006, não deixou de progredir tanto na saúde como numa indústria biotecnológica que se encontra no topo das semelhantes do Terceiro Mundo", lê-se no abaixo-assinado, que destaca o facto de tudo isso ter sido conseguido apesar de 47 anos de bloqueio norte-americano.
A Escola Latino-Americana de Medicina, com mais de 20.000 alunos de quase 100 países, e alfabetização de milhões de pessoas e um programa oftalmológico que já operou gratuitamente 1,6 milhões são apresentados como dados a favor de Fidel.
No entanto, segundo as regras do Comité Nobel, as candidaturas não podem ser propostas por grupos de cidadãos, mas sim por deputados, ministros, anteriores laureados e certos professores universitários, destaca a AFP.
Aos 83 anos, o antigo Presidente, que foi substituído por seu irmão Raul, continua a ser o primeiro secretário do Comité Central do Partido Comunista de Cuba e ainda há nove dias foi convidado pelo Chefe de Estado venezuelano, Hugo Chávez, para visitar Caracas num dos próximos meses.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
domingo, 29 de novembro de 2009
BEBES E ENVENENAS-TE
Bebes e envenenas-te
cumpres as horas
no café central
falta-te alguém
com quem falar
com quem manter
uma conversa
se tivesses ido ao Porto
ao café filosófico
não terias esse problema
mas não quiseste ir
não foste
não quiseste apanhar chuva
e agora eis-te aqui
sem ninguém com quem falar
só um ou dois conhecidos
nem o barbeiro nem a D. Rosa
e como tens dinheiro
envenenas-te
já fizeste as leituras de hoje
acabaste o Sade e o Ginsberg
interrompeste o padre Mário
não se passa nada
aqui no café central
nem te apetece ir para casa
o dia já vai longo
começou de manhã
e não há grande coisa a dizer
só tédio e televisão
bebes e envenenas-te
a barriga inchada
como nunca
a vida sem leitura
é uma seca
e não há gajas para micar.
ÀGUA DAS PEDRAS
Ando a àgua das pedras
tenho bebido muito
só ontem foram nove
antes do jantar
na sexta
até deitei cerveja fora
naquele intervalo
entre o metro das 0,30
e o das seis da manhã
são horas que tenho de preencher
queimei o dinheiro todo
das minis do "77"
à burguesia das galerias
com incursões ao "Piolho"
e ao "Pipa Velha"
e o grande final
no "Big Ben"
à conversa com um travesti
cheio de humanidade
ando a àgua das pedras
saí de casa de manhã
normalmente só saio de manhã
para ir ao médico
ou se rebentar uma revolução
ontem o "Púcaros" apareceu na TVI
e eu não estava lá
acabei agora mesmo de ler o marquês
que comprei no "Gato Vadio"
entre o vício e a virtude
a hipocrisia dos magistrados
dos senhores da lei e do poder
tenho de cortar na bebida
além do fígado
estou a ficar sem cacau
os enjoos são frequentes
um gajo perde o pedal
agora até durmo
com um aparelho
por causa da apneia
durmo melhor
por isso me levanto tão cedo
vejo os misseiros da manhã
aqui no "Natural"
não se está nada mal
o gerente também é daqueles
que se quer dar com toda a gente
parece um lacaio do Senhor
um adepto dessas seitas
que dizem que "Deus é Amor"
a mim saúda-me
porque não sabe
das minhas actividades subversivas
das minhas curvas
ultimamente nem tenho feito nada de mais
limito-me a beber e a olhar para os outros
a analisar in loco a sociedade consumista
até parece que voltámos à Idade Média
dou uma moeda de dois ao mendigo
e pressinto o Santo Graal
talvez esteja finalmente no meu tempo
na Era do Espírito
e eu sou um dos eleitos
um daqueles que fala
à multidão.
"Natural", 29.11.2009
XENOFOBIA NA SUIÇA
A Suíça aprovou hoje, por mais de 57 por cento, os apelos da extrema-direita a que seja proibida a construção de novos minaretes no país, indicam os resultados oficiais do referendo efectuado nos 26 cantões.Dario Bianchi/REUTERS
Há alguns dias, só 37 por cento das pessoas consultadas pela televisão DRS se diziam dispostas a apoiar a proibição
O maior partido nacional, o Partido do Povo da Suíça (SVP, segundo as iniciais em alemão), alega que os minaretes ou torres erguidos no topo dos templos muçulmanos são um símbolo do islão militante.
O SVP, que é contra a forte imigração existente neste país europeu de 7,6 milhões de habitantes, crê que as torres a partir das quais os crentes são normalmente chamados à oração, nos países muçulmanos, representam uma reivindicação político-religiosa de se alcançar mais poder.
No entanto, das 180 mesquitas existentes na Suíça, para servir uma comunidade de 400.000 muçulmanos, só quatro é que têm minaretes; e nenhum deles está a ser actualmente utilizado para o apelo à oração.
Alguns dias antes desta ida às urnas, apenas 37 por cento das pessoas consultadas pela televisão estatal DRS se diziam dispostas a apoiar a proibição dos minaretes.
Os primeiros resultados vão no sentido de que a votação favorável às pretensões da extrema-direita foi essencialmente nos cantões de língua alemã, enquanto nos de língua francesa se votou preferencialmente contra.
O Governo de Berna pedira à população que votasse contra a proposta apresentada, pois que isso causaria “incompreensão no estrangeiro e prejudicaria a imagem da Suíça”.
Há alguns dias, só 37 por cento das pessoas consultadas pela televisão DRS se diziam dispostas a apoiar a proibição
O maior partido nacional, o Partido do Povo da Suíça (SVP, segundo as iniciais em alemão), alega que os minaretes ou torres erguidos no topo dos templos muçulmanos são um símbolo do islão militante.
O SVP, que é contra a forte imigração existente neste país europeu de 7,6 milhões de habitantes, crê que as torres a partir das quais os crentes são normalmente chamados à oração, nos países muçulmanos, representam uma reivindicação político-religiosa de se alcançar mais poder.
No entanto, das 180 mesquitas existentes na Suíça, para servir uma comunidade de 400.000 muçulmanos, só quatro é que têm minaretes; e nenhum deles está a ser actualmente utilizado para o apelo à oração.
Alguns dias antes desta ida às urnas, apenas 37 por cento das pessoas consultadas pela televisão estatal DRS se diziam dispostas a apoiar a proibição dos minaretes.
Os primeiros resultados vão no sentido de que a votação favorável às pretensões da extrema-direita foi essencialmente nos cantões de língua alemã, enquanto nos de língua francesa se votou preferencialmente contra.
O Governo de Berna pedira à população que votasse contra a proposta apresentada, pois que isso causaria “incompreensão no estrangeiro e prejudicaria a imagem da Suíça”.
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