Manuel Alegre não se quer comprometer para já com uma nova corrida presidencial. “Não abro nem fecho portas”, afirmou hoje à noite em Braga, num jantar com apoiantes da sua candidatura de 2006. O histórico socialista deixa, no entanto, a garantia que a sua decisão não será condicionada por ninguém.Nuno Ferreira Santos
O ex-vice-presidente da Assembleia da República recordou o “momento histórico” que foi a candidatura de 2006
“Não posso, por ora, responder às vossas palavras”, afirmou Alegre, dirigindo-se à meia centena de apoiantes com quem jantou em Braga. Na sessão, tida como o pontapé de saída para uma nova candidatura, o ex-deputado do PS deixou a garantia de que ainda não encontrou a reposta, mas que essa será uma decisão exclusivamente pessoal. “Não estou à espera de qualquer decisão alheia. Não sou refém de nada nem de ninguém”, sublinhou. O ex-deputado socialista finalizou o discurso citando uma das frases mais marcantes do lançamento da sua primeira candidatura: “Há um poder dos cidadãos. A democracia é de todos e a República não tem dono”.
O ex-vice-presidente da Assembleia da República recordou o “momento histórico” que foi a candidatura de 2006 e que os resultados mostram que era o candidato melhor colocado para defrontar Cavaco Silva. “Houve quem tivesse compreendido o que se passou nessa altura, mas há quem não consiga fazê-lo ainda”, lamenta Alegre.
Num discurso escrito, contra o habitual, o poeta fez uma intervenção ideologicamente vincada. “A crise actual não se resolve com as receitas ideológicas que estiveram na sua origem”, considera, criticando os “mitos” do neo-liberalismo e do Estado mínimo. “Foi esse caldo ideológico que gerou a corrupção e o colapso financeiro mundial”, sustenta.
Críticas a Cavaco
Apesar de Manuel Alegre não se ter comprometido com uma candidatura, as palavras do ex-candidato à presidência da República agradaram aos seus apoiantes. Jorge Cruz, histórico militante socialista de Braga e um dos organizadores do encontro, diz-se esperançado. “Conhecendo Manuel Alegre, acredito que não será agora que fugirá à luta, deixando politicamente órfãos os homens e mulheres de esquerda”, afirmou.
Cruz foi ainda um dos porta-vozes das críticas dirigidas a Cavaco Silva. O antigo dirigente do PS bracarense diz não querer “que a presidência da República seja ocupada por uma pessoa sem memória, incapaz de homenagear uma figura como Melo Antunes”.
Também o presidente da Associação Portuguesa de Escritores, José Manuel Mendes, deixou reparos à postura de Cavaco nos quase quatro anos que leva de mandato. “Temos o direito e o dever de querer no futuro outro presidente”, sublinhou o professor universitário.
Jantares vão suceder-se
O jantar de Braga foi apenas o primeiro de um conjunto de sessões de apoio à candidatura de Manuel Alegre às presidenciais de 2011. Évora e Lisboa deverão ser as próximas cidades a receber iniciativas semelhantes, ainda sem data marcada, mas que devem acontecer até ao final do ano. No início de 2010, outros núcleos distritais de ex-apoiantes de Alegre vão promover outras iniciativas de apoio a nova corrida a Belém
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
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