quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Todos me falam como se estivéssemos
numa sessão de terapia de grupo
todos me falam de esgotamentos,
de altos e baixos
todos sofrem de doença bipolar
e a loira, ao fundo, ri
e o homem de verde escreve
não sou o único
e os poemas longos afinal
não são os melhores
para quê gastar tantas energias
a escrevê-los se depois
não são seleccionados?
Para quê escrever
se isso não me traz rendimentos?
Para quê passar a tarde no "Piolho"
à espera de quem não vem?
Para quê beber cerveja
se o efeito é passageiro?
Para quê beber mais cerveja
se o efeito continua a ser passageiro?
Para quê ficar e não partir?
Para quê partir e não ficar?
Para quê ser doido entre normais?
Para quê viver?
Para quê acreditar?
Porto, Piolho, 29.1.2008
A ALMA AO GOVERNO
UM POETA A MIJAR NO PÚCAROS
"UM POETA A MIJAR" NO PÚCAROS
O livro "Um Poeta a Mijar" (Corpos Editora) de A. Pedro Ribeiro vai ser apresentado no próximo dia 6 de Fevereiro, quarta, pelas 23,30 horas no bar Púcaros no Porto. O evento conta com a presença do autor, dos diseurs Luis Carvalho e Isaque Ferreira, do crítico Rui Manuel Amaral e do editor Ricardo de Pinho Teixeira.
"Um Poeta a Mijar" sucede a "Saloon" (Edições Mortas, Março de 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Pirata), "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001) e "Gritos. Murmúrios" (com Rui Soares, Grémio Lusíada, Braga, 1988). "Um Poeta a Mijar" situa-se entre o Dada, o surrealismo e o beatnick, entre o místico e o maldito, entre a solidão e o quotidiano, entre o sexo e a noite, entre o palco e a loucura. "Um Poeta a Mijar" é o poeta, algo punk, algo niilista, que mija nas instituições e no estabelecido, na Igreja e no Estado, que já deixou de acreditar nos faróis, nas sociedades ideais e alternativas, nos partidos, na moral. É também o rocker que deambula pela cidade, pelos bares, pelos cafés e que sobe ao palco em busca do Graal, de Jim Morrison, de Dionisos, de Nietzsche, do Espírito Livre. Inclui poemas como "Futebol-Dada", "Borboletas", "Mamas 2", "A Ilíada no Velvet", "A Loucura", "Dá-me Uma Mulher", "Lúcifer", "Ode a Jim Morrison", "Dyonisos The King", "The King is Not Dead", "Satã Comeu a Cortesã", "Papa-Dada", "Entre a Merda e o Ouro", "Maldoror, Meu Amor", "Prior de Sion" e "Sapataria Tony".
A. Pedro Ribeiro ou António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968. Viveu em Braga, Trofa e Porto e actualmente reside em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). É fundador da revista literária "Aguasfurtadas" e vocalista das bandas Mana Calórica e Las Tequillas. Diz regularmente poesia há 20 anos, tendo actuado em Agosto de 2006 no Festival de Paredes de Coura ao lado de Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta) e em Setembro de 2007 no Festival de Poesia do Condado em Salvaterra do Minho. Em 2004 e 2005 alguns orgãos de comunicação social noticiaram uma candidatura sua à Presidência da República pela Frente Guevarista Libertária e pelo Partido Surrealista Situacionista Libertário.
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
MANUEL A. DOMINGOS
Gosto
de líricos, estruturalistas,
formalistas, coxos, pós-modernistas,
niilistas, anarquistas, avarentos, matemáticos,
pugilistas, analfabetos, analfabrutos,
pássaros, minhocas, libertinos, idiotas,
surrealistas, neo-realistas, poetas, putas,
punhetas, bufos, bufas, pessimistas, terroristas,
ex-pides, ex-mulheres, ex-gestores de empresas
públicas reformados compulsivamente,
pedófilos, pediatras, todo o tipo de canalha,
chulos, drogados, assassinos, assassinados, suicidas,
suicidados, Artaud, Baudelaire, Céline, Rimbaud,
Bukowski, Camus, Kafka, mulheres-a-dias,
mulheres descomprometidas, comprometidas,
casadas, solteiras, viúvas, carros, motas, bicicletas,
triciclos, virgens, depravadas, assexuadas,
ópera, fado, fumar um cigarro às escondidas,
chamar alguém de parvo e virar-lhe as costas,
dar um mergulho no mar, beijar na boca, acordar
ao meio da noite e ter sede, rock, punk,
Mozart, Bártok, Bach, reformados que passam
o dia a jogar cartas e a cuspir para o chão,
bonecas insufláveis, hambúrgueres no MacDonald’s,
levantar tarde, peidar-me no escuro, cagar,
tomar um duche de água bem quente,
café, chá, silêncio, uma cama feita
de lavado, apanhar um escaldão,
rir até faltar-me o ar,
cerveja, vinho,
gin tónico,
mamas
manuel a. domingos
in http://meianoitetododia.blogspot.com
CENTÉSIMA PÁGINA
Apresentação do livro Um Poeta a Mijar de A. Pedro Ribeiro
15/Fev., Sex
Sessão de Autógrafos e apresentação do livro Um Poeta a Mijar, de A. Pedro Ribeiro, da Corpos Editora, pelas 18.30 horas.
"Um Poeta a Mijar" combina poemas dada e surrealistas com textos beatnick, viagens pela cidade à noite com as subidas ao palco do espírito livre, a atmosfera dos cafés e dos bares com o misticismo e a loucura.
A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968. Licenciou-se em Sociologia pela Faculdade de Letras do Porto e reside actualmente em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde)."
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
BUKOVSKI
encolhendo-me debaixo dos lençóis –/para encarar a luz do sol de novo,/dá nitidamente aflição.//gosto mais da cidade quando as/luzes de néon estão indo e/as mulheres dançam nuas no alto do/bar/a maltratada música.//estou debaixo do lençol/pensando./meus nervos estão travados por/história –/a mais memorável com respeito à humanidade/é da coragem que ela toma/pra olhar a luz do sol de novo.//amor começa pelo encontro de dois estranhos./amor pelo mundo é/impossível. prefiro ficar na cama/e dormir.//atordoado pelos dias e as ruas e os anos/eu puxo os lençóis até o pescoço./viro a b(*)da pra parede./odeio as manhãs mais do que qualquer homem.
domingo, 27 de janeiro de 2008
DIONISOS
Dionisos passeia-se discretamente
pelos cafés da aldeia
Dionisos bebe discretamente
nos cafés da aldeia
as bacantes estão murchas adormecidas
o mundo é triste
os velhos falam de bola
Dionisos desce ao café para ler
o poeta ébrio entedia-se
o mundo não lhe agrada
Dionisos está no Uno Primordial
ninguém o reconhece
poucos o atingem
poucos dançam em redor da fogueira
Dionisos cortou as barbas
faz-se passar por um cidadão sério e respeitável
o mundo é triste
os velhos falam de bola.
pelos cafés da aldeia
Dionisos bebe discretamente
nos cafés da aldeia
as bacantes estão murchas adormecidas
o mundo é triste
os velhos falam de bola
Dionisos desce ao café para ler
o poeta ébrio entedia-se
o mundo não lhe agrada
Dionisos está no Uno Primordial
ninguém o reconhece
poucos o atingem
poucos dançam em redor da fogueira
Dionisos cortou as barbas
faz-se passar por um cidadão sério e respeitável
o mundo é triste
os velhos falam de bola.
MARGEM D' ARTE
Imaginem o que escrevo
Como sempre comparável
A uma sanita alemã último modelo
Com a pequena base de loiça
A servir de praia à beira-mar
(Em tudo diferentes do modelo americano
Com grandes lagos e nada de praias)
De modo a poder contemplar
A minha própria merda
Antes que se parta
Com as ondas
Mário Lisboa Duarte
http://margemdarte.blogspot.com
Como sempre comparável
A uma sanita alemã último modelo
Com a pequena base de loiça
A servir de praia à beira-mar
(Em tudo diferentes do modelo americano
Com grandes lagos e nada de praias)
De modo a poder contemplar
A minha própria merda
Antes que se parta
Com as ondas
Mário Lisboa Duarte
http://margemdarte.blogspot.com
DEUS E O CAPITALISMO
Não, não acredito em Deus. Deus é um produto do medo, do sofrimento, da ignorância. Já o dizia o marquês de Sade. Esse sim, divino. O sofrimento, a doença, a proximidade da morte fazem o homem aproximar-se dessa fantasia chamada Deus. Mas isso só acontece porque a "vida" capitalista pouco mais tem a oferecer senão sofrimento, trabalho, tristeza, tédio, depressão. A "vida" capitalista transforma o homem em mercadoria que se compra e vende no mercado global. E o homem procura Deus como um escape. Mas Deus não é apenas a entidade abstracta, Deus pressupõe religiões, códigos de conduta, preceitos morais. As religiões, sob o manto de um pretenso "humanismo", contrariam a natureza humana: a alegria, a festa, o sexo, a vida. As religiões e o capitalismo são inimigos da vida, promovem os profetas da morte- polícias como Bush ou Sócrates- e um ser inexistente- Deus.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
PADEIRINHA
ALMOÇO NO CEUTA
ALMOÇO NO CEUTA
4 poetas e 1 guitarrista almoçaram juntos no Ceuta
1 vocalista, 2 guitarristas, 1 baixista e 1 baterista
Almoçaram juntos no Ceuta
3 desempregados, 1 professor e 1 publicitário
Almoçaram juntos no Ceuta
4 poetas, 3 guitarristas, 1 vocalista, 1 baixista, 1 baterista,
3 desempregados, 1 professor e 1 publicitário
Almoçaram juntos no Ceuta
40 poetas, 30 guitarristas, 10 vocalistas, 10 baixistas,
10 bateristas, 30 desempregados, 15 professores,
12 publicitários, 5 contabilistas, 3 futebolistas, 2 chulos
E 1 vendedor de vassouras almoçaram juntos no Ceuta
400 poetas, 321 guitarristas, 105 vocalistas, 97 baixistas,
120 bateristas, 314 desempregados, 137 professores,
117 publicitários, 17 contabilistas, 7 futebolistas, 5 chulos,
3 putas, 2 lixeiros e 1 vendedor de vassouras
Almoçaram juntos no Ceuta
4327 poetas, 3221 guitarristas, 1014 vocalistas,
999 baixistas, 1255 bateristas, 3417 desempregados,
1527 professores, 1884 publicitários, 115 contabilistas,
98 futebolistas, 54 chulos, 37 putas, 16 toxicodependentes,
9 homossexuais, 7 lixeiros e 1 vendedor de vassouras
Almoçaram juntos no Ceuta
40211 poetas, 30007 guitarristas, 11014 vocalistas,
11917 baixistas, 12323 bateristas, 31223 desempregados,
15616 professores, 18114 publicitários, 15007 cineastas,
8047 ginastas, 1015 contabilistas, 887 futebolistas,
535 empregados de mesa, 429 chulos, 357 putas,
127 toxicodependentes, 91 homossexuais, 73 lixeiros
E 1 vendedor de vassouras
Almoçaram juntos no Ceuta
O Ceuta rebentou.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
DEUS EM BRAGA
DEUS EM BRAGA
Eu vi Deus
em Braga
sentou-se à minha mesa
bebeu um copo comigo
lamentou-se do mundo
falou de política e futebol
Eu vi Deus
em Braga
como das outras vezes
ouvi vozes
fiquei em delírio
Deus é um rocker
vestido de mendigo
Eu vi Deus em Braga
não estou louco
acredita no que te digo
Eu vi Deus
e Ele segredou-me ao ouvido:
Detesto o Natal e os padrecas
e essa história do Cristo
é uma grande treta.
posted by apedroribeiro @ 6:16 AM 0 comments
DEUS
Deus caminha em mim na cidade de Braga
ao final da tarde
Deus observa as adolescentes
num café de Braga ao final da tarde
Deus olha para a TV num café de Braga
ao final da tarde
Deus, que é Dionisos, ama Braga,
apesar do Mesquita e dos padrecas
Deus bebe cerveja
e pensa na Katiucha
Deus não entra nas igrejas
Deus quer bacanais, festas
Deus ama-te
Deus sou eu
Deus é Dionisos
Deus olha para as mulheres
e deseja-as
Deus quer filhos
Deus quer descendência
Deus não quer sacrifícios
Deus não quer missas
Deus não grama o Papa
Deus manda foder as religiões
Deus é doido
Deus quer diversão
Deus tem coração
Deus cai quando é rejeitado
Deus tem poder mas não pode tudo
Deus gosta de futebol
Deus curte rock n' roll
Deus está vivo e é o homem superior,
o espírito livre de Nietzsche
Deus é um criador
Deus adoece
Deus enlouquece
Deus canta e dança
Deus é irmão de Satã
Deus é um poeta
Deus está farto de patetas
e de versejadores da corte
Deus quer incendiar o mercado
Deus não pode com capitalistas
Deus caga nos moralistas
Deus sou eu
Deus podes ser tu
Deus não come dinheiro
Deus não é merceeiro
Deus entra nas vossas cabeças
Deus põe as gajas possessas
Deus sobe ao palco
Deus é humano
Deus vai do Céu ao Inferno
Deus vem se tu o chamares
Deus está em todos os lugares
Deus é o vinho
Deus é o caminho
Deus é Amor
Deus esmaga o mercador
Deus é tudo o que quero
Deus é Nero
Deus é cruel
Deus é mel
Deus é o poema divino
Deus não grama cretinos
Deus és tu
Deus sou eu.
Braga, 29.12.2007
VINDE BEBER COMIGO
VINDE BEBER COMIGO
Vinde beber comigo poetas ébrios
juntai-vos a mim neste café
cheio de gente
onde venho exibir
a literatura e a solidão
Vinde beber comigo poetas de génio
dai-me o talento e a loucura
enquanto o meu amigo dança
em redor das mesas e canta
Vinde beber comigo Nietzsche, Blake, Rimbaud
que a minha canção chegue até vós
há tanto tempo que não faço asneiras
há tanto tempo que me sinto tão só
Vinde beber comigo poetas malditos
façamos um festim em honra de vós
abramos garrafas de champanhe
que a voz dos deuses ilumine a minha voz
POESIA NO PÚCAROS
Hoje, quarta, 23, há poesia no Púcaros. Lá estaremos.
www.myspace.com/manacalorica
www.myspace.com/manacalorica1
www.myspace.com/manacalorica
www.myspace.com/manacalorica1
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
NO BAR DA POESIA
Fiquei no bar da poesia
à espera de ti
mas tu não vieste
deixaste-me sem poesia
agarrado ao Rocha
a curtir a amargura
Fui ao bar da poesia dizer poesia
mas tu não vieste
e deixaste-me sem lábia
a curtir a amargura
e a glória falhada
agarrado ao Rocha
que me fala da bola
Fui ao bar da poesia dizer poesia
e fiquei sem poesia
petrificado à mesa
a contar os minutos
a ver se vinhas
mas tu não vieste
Fui ao bar da poesia
e tu não estavas
nem os teus olhos
nem a tua ternura
Fui ao bar da poesia
e tu não estavas.
domingo, 20 de janeiro de 2008
SÓCRATES CINZENTÃO
SÓCRATES É CINZENTO
António Pedro Ribeiro
O velho Luiz Pacheco é que tinha razão. Esta sociedade mercantilista, moralista, moedeira só merece o nosso riso, só merece o nosso desprezo. Um primeiro-ministro que trata os cidadãos como crianças mal comportadas, que nos vem puxar as orelhas, que nos vem dar umas palmadas se nos portarmos mal só merece o nosso riso, só merece o nosso desprezo. Sócrates personifica tudo quanto é castração do desejo, autoritarismo, negação da vida. Sócrates encarna todos os valores do capitalismo castrador. Luiz Pacheco é que tinha razão. A subversão só pode ser libertina e libertária. A subversão nada quer com cálculos, percentagens, ponderações. A subversão nada quer com a vidinha, com o quotidiano dos Sócrates feito de rotina, cinzentismo, tédio, obrigações. A subversão é o espírito livre e criador.
TORREÕES-2008
Já estive em transe na esplanada deste café
já senti o mundo cair em cima de mim
na esplanada deste café
agora bebo croft e tomo café
na esplanada deste café
agora olho para as miúdas
na esplanada deste café
agora sou rei e senhor
na esplanada deste café
agora ouço as conversas
na esplanada deste café
agora renasço
na esplanada deste café.
Póvoa, 19.1.2008
LIKE A ROLLING STONE
"Like a Rolling Stone" [08 Feb 2004|03:53pm]
[ music | Pedro Abrunhosa [a musica portuguesa tb merece] ]
"Controlada
Abandonada à beira rádio
Perdes o controle e falas
Perdes o controle e calas
E o mundo vira lá fora
E o amigo é inimigo
E já não somos crianças
E meio mundo fode outro meio
E já não há pontos de apoio
E já não há palavras fáceis
E nenhuma das fórmulas gastas serve
E tu corres gemes choras
E eu observo
E amo-te
Quando tudo desaba
E o cigarro morre na boca."
António Pedro Ribeiro - Biblia nr. 17
"Saloon".
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
TRISTE
ENTREVISTA A A. PEDRO RIBEIRO EM "A VOZ DA PÓVOA"
www.vozdapovoa.com/noticia.asp?idEdicao=111&id=4968&idSeccao=1029&Action=noticia
RIBEIRO NA VOZ DA PÓVOA
SECÇÃO: Cultura
Entrevista a António Pedro Ribeiro
A Surrealizar Por Aí
António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 68. Vive em Vilar do Pinheiro. É Licenciado em Sociologia. Com Rui Soares, publicou o livro de poesia, “Gritos. Murmúrios” (Grémio Lusíada, 1988), seguiu-se “à mesa do homem só”, (Silêncio da Gaveta, 2001); sexo noitadas e rock n’roll, (Edição de Autor, 2004); Declaração de Amor ao Primeiro Ministro, (Objecto Cardíaco, 2006); Sallon, (Edições Mortas, 2007) e recentemente, Um poeta a Mijar, (Corpos Editora, 2007).
Voz da Póvoa – Um Poeta a Mijar, continua a fazer declarações de amor ao primeiro ministro?
António Pedro Ribeiro – O surrealismo e o dadá continuam presentes e até a linha Beatnick. O poeta a mijar é no fundo um poeta que observa, está no mundo mas está deslocado do mundo de uma forma muito critica. Por um lado está a mijar e está-se a cagar, mas por outro está preocupado com um mundo que é feito de economicismos, materialismos e de castrações. O poeta coloca-se um pouco à margem, na posição de um certo voyeur, mas é aí que observa.
V.P. – Este livro continua a assumir o lado crítico na linha dos anteriores?
A.P.R. – O livro, Declaração de Amor ao Primeiro Ministro, tinha mais poder e era mais directo, mas penso que este é mais abrangente, porque vai buscar coisas que não estavam nos outros livros. Não sendo tão directamente politizado, acaba por ser mais critico porque vai buscar a fundo o que está mal na sociedade e até o amor continua presente, talvez menos por uma mulher como no Sallon, já o lado místico, como lúcifer, deus, o céu, continua muito presente.
V.P. – Nos livros aparecem sempre poemas que hibernavam nas gavetas?
A.P.R. – A escrita tem destas coisas, por vezes passo por certos períodos de espera e de silêncio e depois há outros em que escrevo bastante. Há também poemas que vão esperando por um livro que os acolha, mas nem sempre é assim, por vezes ficam esquecidos ou perdidos num qualquer sítio e depois por obra do acaso vão sendo recuperados à luz do dia que são os livros por onde passam a morar.
V.P. – O poeta volta a ser candidato, desta vez à Câmara do Porto...
A.P.R. – É uma forma de bombardear o sistema, é puro terrorismo poético. Não há qualquer inocência nesta candidatura, nem a intenção é provocar por provocar, é o tal lado surrealista que exige uma postura radical, que se tem mantido na minha escrita e que é coerente com a minha pratica. Depois a velha ganga marxista já não se aplica à sociedade de hoje, é preciso procurar outros caminhos, como o sentido de humor por exemplo.
V.P. – Pensa que este é um momento em que se exige uma viragem na sociedade?
A.P.R. – Já fui comunista, marxista-leninista e só marxista. Agora já não tenho a propor um modelo de sociedade, tenho é a certeza que este modelo não serve e portanto devo tentar ridiculariza-lo ao máximo. Neste momento estou afastado dos partidos e não acredito neles nem nos seus projectos. Não tenho uma solução para o problema, mas sei que isto não serve e o que posso fazer é escrever sobre isto e dizer que nada disto vai ao encontro da felicidade do homem.
V.P. – O poeta era capaz de escrever um livro em oposição a tudo o que escreveu?
A.P.R. – Se fizesse uma selecção de poemas de amor que nunca publiquei, alguns mesmo antigos, era capaz de ser diferente, não completamente porque o amor acaba por estar sempre presente em todos os meus livros. Este fala muito do palco, ou tudo o que se vive enquanto lá está, o declamador de poesia, o cantor ou o performer. Um palco onde Jim Morrison ou Ian Curtis eram feiticeiros que conseguiam transportar o publico para outra dimensão, é esta a minha homenagem.
www.vozdapovoa.com
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
POESIA E RIBEIRO À CÂMARA
Hoje, quarta, dia 16, há poesia no Púcaros, a partir das 23,30 horas. O evento inclui a apresentação da candidatura do poeta António Pedro Ribeiro à Câmara do Porto pelo Partido Surrealista Situacionista Libertário, que aceita, desde já inscrições, com vista à legalização.
Ontem também houve poesia no "Café Café" em Famalicão e valeu a pena.
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
O REI ANARQUISTA
Um rei anarquista
que venha iluminado alucinado
desde o Uno Primordial
Um rei
que canta e dança
que desafia Deus
que está para lá da moral
um rei autêntico
um rei poderoso
às portas do Céu
um rei que ri
na cara do tédio, do quotidiano,
do senso comum
um rei marado
um rei flipado
um rei doido para lá dos tempos
um rei que ri
na cara do capital, do mercado,
do racionalismo económico
um rei libertário
um rei mago
um rei possesso
que vem do Uno Primordial.
Vilar do Pinheiro, "Motina", 15.1.2008
DAQUI A 10 ANOS
Estou-me a ver
daqui a dez anos
alcoólico
a regatear os trocos
com umas poesias
com umas filosofias a mais
a ser repreendido
a ser motivo de risota
Alcoólico
a insultar os deuses
a maldizer o mundo
eis-me daqui a dez anos.
daqui a dez anos
alcoólico
a regatear os trocos
com umas poesias
com umas filosofias a mais
a ser repreendido
a ser motivo de risota
Alcoólico
a insultar os deuses
a maldizer o mundo
eis-me daqui a dez anos.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
MY KING
A TV envenena
a TV destrói
a cerveja envenena
a cerveja mói
Não há mulheres para ti
meu rei, meu único rei
my king, my only king
Vives na época errada
de vez em quando
aparece-te uma gaja marada
que te acende
de vez em quando a luz
de vez em quando a vida
de vez em quando
my king, my only king
de vez em quando
és quem queres
de vez em quando
és Deus
A cerveja mói
faz-te escrever
Há quem te saúde e grite o teu nome
há quem te ponha no trono
há quem te veja como o mago que és
de Nietzsche de Rimbaud
da Idade do Ouro
do Uno Primordial
de vez em quando
my king, my only king
Mas isto dói, dói tanto
que nem sei se vale a pena estar aqui
e o velho pega nas muletas
e tu tens de rir
enfrentar a fera
tens de rir de desprezo
na cara da angústia
tens de rir
até ao fim da noite
tens de rir
mais alto do que eles
demoradamente entusiasticamente
tens de rir
até cair
my king, my only king
meu mago doido, meu poeta.
SÓ
domingo, 13 de janeiro de 2008
.......... criei uma dimensao do fogo ! fazer evadir os momentos lun'aticos, marados que sentem a embriagu{es dos magos profundos da humanidade, a procura do elixir da imortalidade que vai para al'em da ilusao ... um segundo sagrado Imortalidade ! em mim que amo o eterno, que afago a cor dos teus cabelos ... e curto o teu som o teu universo marado, de que gal'axia vens chabalo? pois, fiquei passada e deu me um vip de repente . EXPRESSAO LUZ INVASAO DE SENTIMENTO PALCO FLASH um choque cerebral electromagn'etico ! E procuro no labirinto dos espelhos e encontro o fundo de uma alma surreal bizarra altamente diferente o jogo da democracia em mim que nao conheco o odor do medo porque deambulo vadio por ruelas sem sol ... hoje o dia esteve fant'astico !!!!! choveu invisivelmente e senti saudades naufragadas ... body expression hoje tenho musica ... santana mike oldfield bryan ferry com uma das baladas mais lindas que eu conheci @ silence me you cross my heart i want you to be my baby @ cranberries saquem o loin de moi de monsieur jiggy altamente fantastica what is that sound ? acho que ele a passava bu'es no alcantara ... nao tenho imaginarium para o dancefloor ... djs e musiciens uma abstrac\ao do momento para mim ... ilusao ! sinto falta da minha danca cosmica ha uns dias dancei true blue da madonna no quarto ja nao ouvia ha anos 'e uma musica gira true blue baby i love you ! dan\a cosmica in the middle of tha crowD !so deep ! tenho saudades dos meus moshes eh ehh eh @I AM DIE WONDERGROUND INTO THE FUCKING UNDERGROUND @ ofere\o o vocal ao frank maurel ) merci monsieur, uma discipula sua em depressao vous etes sacr'e pour moi .... eu gosto de distorcer o som ? vous aimez le bass ? levar os graves ao maximo e depois cortar e dar cabo das colunas do meu irmao signed: to eternity a girl that comes from berlin, mixage correptione *porque eu corrijo os meus proprios erros@ eu deixei de assinar, so escrevo !! pois a desconstru\ao com blue feeling do mundo 'e minha so on so on white castles with dream makers. acho que deviamos criar uma universidade na estrada que vai para moncao. SONHEI! a serio. O Morrice era prof de alquimia ou de som e o !fofinho! do antonio rafael ia as aulas comigo, se calhar partilhavamos a mesma carteira. Havia bungalows e flores gigantes com petalas de todas as cores ... ja o disse a um dj que 'e muy spezial para mim que deviamos criar aldeias artisticas em aldeias em vias de desertifica\ao ... com academias de coracoes goticas exoticas e um sitio onde pudesse haver um intercambio de ideias ... IDEIAS IDEIAS ABSTRACT PICTURES IN MY MIND
! we are the awake. Peace warriors, dream makers, die undergorun... body controll, fake democracy eye contact Utopia in a crawl Illusion @ fur monsieur MOrrice fur du techno
com muitos beijinhos terroristas
@waving in tha frequency body explosion What? a deep spiral controlling tha illusion The realite is been manipulated by sensualit'E @ para maitre de MOI T'o Pereira
de resto tudo benne ! continuo em terras de cervantes e safo me ... sou uma artista ...
EU TENHO UMA CADELA CHAMADA LAICA QUEM SE METER COMIGO VAI TER A JAMAICA
EU SOU ARTISTA MAS MUITO MAIS VIGARISTA
eh hehh de uma amiga minha chamada ad'elia preta STRASSE ART
AKA a girl from Berlin
Carla Bento
AS MULHERES QUE QUERO
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
RIO AO RIO DOURO!
RIO AO RIO DOURO!
O PARTIDO SURREALISTA SITUACIONISTA LIBERTÁRIO (PSSL) lançou o poeta António Pedro Ribeiro como seu candidato à Presidência da Câmara do Porto e apresentou os manifestos anti-Rio, anti-Trabalho e anti-Teles no Bar Púcaros no Porto.
A. Pedro Ribeiro ou António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 68 (não por acaso…). Andou vários anos por Braga, onde frequentou os liceus Sá de Miranda e Alberto Sampaio e outras capelas diurnas e nocturnas, pela Trofa, pelo Porto, pela Póvoa de Varzim e por Vila do Conde e reside actualmente em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde).
António Pedro Ribeiro foi mandatário distrital em Braga pelo PSR nas eleições legislativas de 1995 e candidato às Juntas de Freguesia da Póvoa (onde ficou a dois votos de ser eleito para a Assembleia de freguesia) e de Vila do Conde em 2005 e 2001 pelo Bloco de Esquerda, partido de que se afastou. Em 2005 a RTP e o DIÁRIO DIGITAL (Outubro) e o PÚBLICO (Novembro de 2004) noticiaram uma candidatura sua à Presidência da República pela Frente Guevarista Libertária.
É autor dos livros de poesia"Um Poeta a Mijar" (Corpos Editora, Dezembro de 2007), "Saloon" (Edições Mortas, Março 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro. Manifestos do Partido Surrealista Situacionista Libertário" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Pirata, 2004), "À Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001) e "Gritos. Murmúrios" (Grémio Lusíada, 1988). É licenciado em Sociologia pela Faculdade de Letras do Porto, onde foi membro da Assembleia de Representantes e diversas vezes candidato à Presidência da Associação de Estudantes pela lista R. Ocupou diversos cargos no Jornal Universitário do Porto, tendo sido Presidente da Mesa da Assembleia Geral entre 1998 e 1999. Foi fundador e é colaborador da revista literária Aguasfurtadas e diz regularmente poesia há 20 anos em diversos espaços como o Púcaros e o Pinguim no Porto, o Pátio em Vila do Conde, o Deslize e o ex-Tuaregue em Braga, tendo em 2006 actuado no Festival de Paredes de Coura, ao lado de Adolfo Luxúria Canibal, e em 2007 actuado no Festival de Poesia no Condado em Salvaterra do Minho em Espanha.
Em 1990 foi acusado de tentar ocupar o Hipermercado Feira Nova em Braga por motivos anti-consumistas e em 2003 foi, em conjunto com a Frente Guevarista Libertária, acusado de derrubar a estátua do fascista Major Mota na Póvoa de Varzim. É vocalista das bandas Las Tequillas e Mana Calórica www.myspace.com/manacalorica.
Pelo PSSL
Pela Frente Guevarista Libertária,
António Pedro Ribeiro
Silvia Lopes
Jorge Barros
Celorico D' Almeida
Maria Joana Campos
tel. 229270069
http://partido-surrealista.blogspot.com
http://tripnaarcada.blogspot.com
http://xamachama.blogspot.com
AS NOVAS MIÚDAS
As novas miúdas
que vêm ao "Pátio"
e eu fico a olhar
encantado
Só as novas miúdas
me encantam
o resto é absurdo
as bandas não tocam
nem sequer ensaiam
e eu entregue à solidão
e eu entregue aos meus versos
a ver se os versos me salvam
a olhar para a tua cara bonita
já não és para mim
estou a ficar velho
demasiado velho para estas miúdas.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
DULCINEIA
CANDIDATURA PSSL
O Partido Surrealista Situacionista Libertário (PSSL) apresentou a candidatura do camarada António Pedro Ribeiro à Câmara do Porto, bem como os Manifestos Anti-Rio, Anti-Trabalho e Anti-Teles no Bar Púcaros, no Porto.
Mais informações em http://partido-surrealista.blogspot.com
Rio ao Rio Douro!
Aceitam-se apoiantes.
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
LUIZ PACHECO
A LUIZ PACHECO
A. Pedro Ribeiro
Evocar Luiz Pacheco é dizer não à vidinha deprimente de todos os dias que faz vencidos, vendidos e convertidos ao império do tédio, do dinheiro, do consumo e do mercado. Evocar Luiz Pacheco é denunciar as capelinhas e as honrarias literárias. É celebrar a liberdade, o espírito livre, que se coloca à margem, que caga nos políticos postiços, nos moralistas de esquerda e de direita. É dizer que é possível dizer não à norma e às convenções, à merda instituída através da via libertina e libertária de Sade ou de Henry Miller. É acreditar que a provocação e a subversão constantes revelam o homem autêntico, generoso, puro. É celebrar o grande escritor, a literatura que se confunde com a vida. É dizer que a vida não é a vidinha, que há um espaço dentro do homem onde a liberdade é livre.
domingo, 6 de janeiro de 2008
AS MENINAS E OS POEMAS
Voltei a oferecer poemas
às meninas dos cafés
as meninas bonitas
merecem poemas
mesmo que só te agradeçam
e a coisa não dê em mais nada
Não tenho de me armar
em poeta consagrado
autor de seis livros
distante, inacessível
Até porque o gesto
de oferecer poemas
dá origem a outros poemas
É certo que já tenho 39 anos
e estou cheio de cabelos brancos
mas ainda não estou velho
Vou continuar a oferecer poemas
às meninas bonitas
nos cafés.
Padeirinha, 6.1.2008
LUIZ PACHECO
Reacções à morte do escritor
Espírito crítico e irreverência de Luiz Pacheco elogiados
06.01.2008 - 13h45 Lusa, PUBLICO.PT
Irreverência, liberdade crítica e capacidade de “destruir corrosivamente as convenções” foram três aspectos destacados em Luiz Pacheco pelo investigador de literatura Vítor Aguiar e Silva em declarações à Lusa, hoje, a propósito da morte do escritor.
A morte do escritor e crítico literário Luiz Pacheco está a suscitar reacções de consternação e elogio à irreverência e ousadia da sua obra literária. Aos 82 anos, faleceu ontem à noite, tendo dado entrada já sem vida no Hospital do Montijo.
“Sempre admirei muito em Luiz Pacheco, o seu espírito de irreverência, a liberdade crítica, a capacidade de destruir corrosivamente as convenções, quase sempre mortas já”, disse ainda Vítor Aguiar e Silva.
Era “um espírito que, naquela atmosfera passiva, adormecida, dos anos 50, 60 e ainda 70, trouxe, por vezes com excessos de linguagem, uma lufada de ar novo. Era dos espíritos mais irreverentes deste país”, acrescentou.
Sobre o facto de a obra do falecido escritor ser fragmentada, observou que ele “tinha de ganhar dinheiro aqui e ali – e, porventura, porque a censura não lhe permitiria escrever essa grande obra satírica. Ele é, no fundo, um grande satirista”.
Fusão da literatura com a vida
O professor universitário e ensaísta Manuel Gusmão também lamentou a morte de Luiz Pacheco, considerando a sua obra “escassa, mas bastante interessante”, com destaque para “Comunidade” e “O Libertino Passeia por Braga, a Idolátrica, o Seu Esplendor”.
Luiz Pacheco praticou “uma fusão entre a literatura e a vida, o que significa uma espécie de projecto de linhagem romântica, mas de cariz surrealista”, considera Manuel Gusmão, para quem tudo que “tudo o que [o escritor] fez foi marcado, entretanto, por um riso ao mesmo tempo satírico, irónico e auto-irónico”.
Por seu lado, Vítor Silva Tavares, editor que acompanhou durante mais de 40 anos o percurso de vida e literário de Pacheco, realçou o “fulgor anímico, estilístico e estético que marcam o grande escritor que é”.
Silva Tavares foi, então na Ulisseia, o primeiro a editar em livro textos de Pacheco, “Crítica de Circunstância”, que reunia “os estilhaços que estavam dispersos em papelinhos, opúsculos só conhecidos de meia dúzia de pessoas que o admiravam”. E recordou: “Esse livrinho foi de imediato apreendido pela PIDE, o que marca o poder interventivo de Pacheco. Era tudo menos um livro inofensivo”.
Ria-se da morte
O escritor Pedro Paixão, que dedicou um livro a Luiz Pacheco, chama-lhe “mestre querido”, cuja “inteligência era um raio nas trevas deste país adormecido”. Pedro Paixão, que num comentário deixado no site do PÚBLICO, diz ainda que Pacheco se “ria da morte”.
Rui Zink disse, por sua vez, que iorá recordar Luiz Pacheco como "um dos escritores mais importantes do século XX português, um dos grandes estilistas da literatura portuguesa". "Ele é o nosso Jorge Luís Borges, porque, não tendo nada a ver, à partida, com o escritor argentino, escrevendo também sempre textos curtos, escrevendo prosa normalmente com não mais de cinco páginas, dez páginas, marcou as nossas letras", sustentou o escritor.
Leitor de Pacheco desde os "14 ou 15 anos", Zink confessa ter ficado logo então "espantado com o quase-jazz daqueles textos, textos sem fio condutor, com uma espécie de preguiça livre, textos que davam a impressao de serem escritos num jacto". "Não conheço autor português que tenha usado tão bem a informação não partilhada como factor de prazer do leitor", acrescentou.
Luiz Pacheco publicou dezenas de artigos em vários jornais e revistas, incluindo o antigo “Diário Popular” e a “Seara Nova”, e acabou por fundar a editora Contraponto em 1950, onde publicou obras de escritores como Raul Leal, Mário Cesariny, Natália Correia, António Maria Lisboa, Herberto Hélder e Vergílio Ferreira.
Com uma vida atribulada, por vezes sem meios de subsistência para sustentar a família, Luiz Pacheco chegou a viver situações de miséria que ia ultrapassando à custa de esmolas e donativos, hospedando-se em quartos alugados e albergues. Foi nesse período difícil da sua vida que se terá inspirado para escrever o conto “Comunidade” (1964), que muitos consideram ser a sua obra-prima.
Espírito crítico e irreverência de Luiz Pacheco elogiados
06.01.2008 - 13h45 Lusa, PUBLICO.PT
Irreverência, liberdade crítica e capacidade de “destruir corrosivamente as convenções” foram três aspectos destacados em Luiz Pacheco pelo investigador de literatura Vítor Aguiar e Silva em declarações à Lusa, hoje, a propósito da morte do escritor.
A morte do escritor e crítico literário Luiz Pacheco está a suscitar reacções de consternação e elogio à irreverência e ousadia da sua obra literária. Aos 82 anos, faleceu ontem à noite, tendo dado entrada já sem vida no Hospital do Montijo.
“Sempre admirei muito em Luiz Pacheco, o seu espírito de irreverência, a liberdade crítica, a capacidade de destruir corrosivamente as convenções, quase sempre mortas já”, disse ainda Vítor Aguiar e Silva.
Era “um espírito que, naquela atmosfera passiva, adormecida, dos anos 50, 60 e ainda 70, trouxe, por vezes com excessos de linguagem, uma lufada de ar novo. Era dos espíritos mais irreverentes deste país”, acrescentou.
Sobre o facto de a obra do falecido escritor ser fragmentada, observou que ele “tinha de ganhar dinheiro aqui e ali – e, porventura, porque a censura não lhe permitiria escrever essa grande obra satírica. Ele é, no fundo, um grande satirista”.
Fusão da literatura com a vida
O professor universitário e ensaísta Manuel Gusmão também lamentou a morte de Luiz Pacheco, considerando a sua obra “escassa, mas bastante interessante”, com destaque para “Comunidade” e “O Libertino Passeia por Braga, a Idolátrica, o Seu Esplendor”.
Luiz Pacheco praticou “uma fusão entre a literatura e a vida, o que significa uma espécie de projecto de linhagem romântica, mas de cariz surrealista”, considera Manuel Gusmão, para quem tudo que “tudo o que [o escritor] fez foi marcado, entretanto, por um riso ao mesmo tempo satírico, irónico e auto-irónico”.
Por seu lado, Vítor Silva Tavares, editor que acompanhou durante mais de 40 anos o percurso de vida e literário de Pacheco, realçou o “fulgor anímico, estilístico e estético que marcam o grande escritor que é”.
Silva Tavares foi, então na Ulisseia, o primeiro a editar em livro textos de Pacheco, “Crítica de Circunstância”, que reunia “os estilhaços que estavam dispersos em papelinhos, opúsculos só conhecidos de meia dúzia de pessoas que o admiravam”. E recordou: “Esse livrinho foi de imediato apreendido pela PIDE, o que marca o poder interventivo de Pacheco. Era tudo menos um livro inofensivo”.
Ria-se da morte
O escritor Pedro Paixão, que dedicou um livro a Luiz Pacheco, chama-lhe “mestre querido”, cuja “inteligência era um raio nas trevas deste país adormecido”. Pedro Paixão, que num comentário deixado no site do PÚBLICO, diz ainda que Pacheco se “ria da morte”.
Rui Zink disse, por sua vez, que iorá recordar Luiz Pacheco como "um dos escritores mais importantes do século XX português, um dos grandes estilistas da literatura portuguesa". "Ele é o nosso Jorge Luís Borges, porque, não tendo nada a ver, à partida, com o escritor argentino, escrevendo também sempre textos curtos, escrevendo prosa normalmente com não mais de cinco páginas, dez páginas, marcou as nossas letras", sustentou o escritor.
Leitor de Pacheco desde os "14 ou 15 anos", Zink confessa ter ficado logo então "espantado com o quase-jazz daqueles textos, textos sem fio condutor, com uma espécie de preguiça livre, textos que davam a impressao de serem escritos num jacto". "Não conheço autor português que tenha usado tão bem a informação não partilhada como factor de prazer do leitor", acrescentou.
Luiz Pacheco publicou dezenas de artigos em vários jornais e revistas, incluindo o antigo “Diário Popular” e a “Seara Nova”, e acabou por fundar a editora Contraponto em 1950, onde publicou obras de escritores como Raul Leal, Mário Cesariny, Natália Correia, António Maria Lisboa, Herberto Hélder e Vergílio Ferreira.
Com uma vida atribulada, por vezes sem meios de subsistência para sustentar a família, Luiz Pacheco chegou a viver situações de miséria que ia ultrapassando à custa de esmolas e donativos, hospedando-se em quartos alugados e albergues. Foi nesse período difícil da sua vida que se terá inspirado para escrever o conto “Comunidade” (1964), que muitos consideram ser a sua obra-prima.
TROFA
Sou poeta
escrevo versos
e o comboio
a caminho
da Trofa
terra da minha infância
sou poeta
escrevo versos
nos vidros, nas escadas
nas paredes, nas caras
em todo o lado.
3.1.2008
escrevo versos
e o comboio
a caminho
da Trofa
terra da minha infância
sou poeta
escrevo versos
nos vidros, nas escadas
nas paredes, nas caras
em todo o lado.
3.1.2008
BRASILEIRA
Venho à "Brasileira"
e tu não sais da cama
a cidade sai à rua
e tu não sais da cama
as pessoas saúdam-me
mas os meus amigos
já não estão
os casais reúnem-se
e os amigos já não estão
sou um poeta
nada mais do que um poeta
escrevo poemas
e comporto-me civilizadamente
Venho à "Brasileira"
e não se fuma
Braga é a mesma
mas os meus amigos já não estão
bebo cerveja
e tu nunca vens comigo
gostava de voltar a morar aqui
independentemente de ti
esta é a minha cidade
será sempre a minha cidade
a cidade que me inspira
a cidade que me faz sentir em casa
a cidade que sorri
mas tenho de voltar a ti
porque te amo
porque te preocupas comigo
porque ainda estás comigo
e vais deixar de estar amanhã
sou um poeta
definitivamente poeta
escrevo poemas
e vivo na corda-bamba.
Cai a noite
e volto para ti.
A LUIZ PACHECO, ESCRITOR MALDITO
Morte de Luiz Pacheco foi "perda irrecuperável", diz João Pedro George
06.01.2008 - 02h16 Lusa
A morte do escritor e crítico literário Luiz Pacheco constitui "uma perda irrecuperável", disse hoje à agência Lusa o professor universitário João Pedro George, que considerou o escritor um "tipo humano singular e irrepetível".
Em declarações à agência Lusa, João Pedro George - que está a fazer a tese de doutoramento sobre a biografia do escritor e crítico literário - disse lamentar "imenso" a morte de Luiz Pacheco, que considerava um "amigo pessoal", um "tipo humano singular e irrepetível" e não "um exemplar em série como acontece normalmente".
Luiz Pacheco, que chegou a ser conhecido como "um escritor maldito", fez da crítica a maneira de estar na literatura e da literatura o estar, referiu.
"Sinto a morte de Luiz Pacheco de uma forma muito profunda, já que o considerava um amigo pessoal e é quase como se o conhecesse intimamente", acrescentou João Pedro George.
A nível literário, João Pedro George considerou que com o desaparecimento de Luiz Pacheco "se perde um escritor como não voltará a existir outro".
Sublinhou ainda que o projecto literário de Luiz Pacheco foi "indissociável" da sua vida, razão por que é difícil perceber um sem que se entenda a outra.
"Era uma personalidade que poderíamos considerar excêntrica, que sempre que abria a boca nunca se sabia o que ia dizer, mas era um ser humano único", frisou.
João Pedro George acrescentou que há "vários anos" que estuda a vida e obra de Luiz Pacheco, pelo que a vida do escritor tem "estado quase diariamente presente" na sua vida nos últimos anos.
"O crocodilo que voa" é o título do livro de João Pedro George, que sairá ainda este mês pela Tinta da China e que reúne as últimas entrevistas dadas por Luiz Pacheco.
sábado, 5 de janeiro de 2008
MANIFESTOANTI-TELES
O Teles estuda com método
O Teles é um aluno aplicado
O Teles tem horas certas
para se levantar, para se deitar
e para estudar
O Teles é um caso de sucesso
Morra o Teles! Morra! Pim!
O Teles tem uma carreira
O TEles trabalha com método
O Teles não apanha bebedeiras
O Teles não sai dos trilhos
O Teles está nos antípodas
do Rocha e do Ribeiro
O Teles é um antílope
O Teles anda sempre controlado
O TEles é disciplinado
O Teles nunca falta ao trabalho
O Teles é um caso de sucesso
Morra o Teles! Morra! Pim!
O Teles está feito com o sistema
O Teles nunca tem um problema
O Teles é um dilema
O Teles está no poema
O Teles é uma borboleta
O TEles é uma marioneta
O TEles é uma avioneta
O Teles vai lá das canetas
O Teles é um maneta
O Teles bate uma punheta
O TEles é um esteta
O Teles é um personagem
de opereta
O Teles é um caso de sucesso
Morra o Teles! Morra! Pim!
O Teles é um burguês
O TEles é um gato maltês
O Teles anda sempre direitinho
O TEles está feito com o povinho
O TEles subiu a pulso
O TEles é eunuco
O TEles suou atrás do canudo
O TEles enganou meio mundo
O Teles nunca vai ao fundo
O TEles é politicamente correcto
O Teles nunca foi insurrecto
O Teles é um matreco
O Teles fala em dialecto
o Teles é o aluno predilecto
O TEles acende a tocha
O Teles nunca se deu com o Rocha
O TEles é o maior
O TEles não conhece a dor
O Teles foi ao cu ao professor
O TEles não escreve poemas
O Teles nunca esteve em Atenas
O TEles é um chato
O Teles é um pato
O TEles tem óptimas notas
O Teles anda de fatiota
O TEles não tem sexo
O TEles é um abcesso
O Teles é um sucesso
Morra o Teles! Morra! Pim!
O TEles não dança
O TEles não tem pança
O TEles nunca se cansa
O TEles é um carreirista
O TEles é um oportunista
O TEles dá-se bem com
os capitalistas
O TEles saúda-me
O TEles tem bom coração
O TEles é um cabrão
O TEles anda de pastinha na mão
O TEles obedece ao Estado
O Teles está em todo o lado
O TEles preenche-me o cérebro
O Teles não gosta dos Doors
O TEles torna o poema interminável
O Teles é reciclável
O Teles é um bom sacana
O Teles é um banana
O TEles nem imagina
o que escrevo acerca dele
O Teles desfila na passerelle
O TEles é um caso de mobilidade
e de ascensão social
o Teles não aparece no Telejornal
O Teles nunca vai às putas
O Teles não participa nas lutas
O Teles não tem depressões
O TEles está ao serviço
dos senhores dos milhões
O Teles é um pateta
Õ Teles não me sai da cabeça
O TEles não vai à bola
O TEles não fala da bola
O TEles é um estratega
O TEles é racional
O Teles tem moral
O Teles nunca se expõe
O Teles põe e dispõe
O Teles tem uma vida mesquinha
O teles come galinha
O Teles acredita no Pai Natal
O Teles nunca esteve num bacanal
O TEles vê o Telejornal
O Teles comenta o Telejornal
O TEles acredita nas notícias
O Teles nunca esteve no Jardim das DElícias
O Teles é o senso comum
O Teles faz pum
O Teles não nos deixa sair daqui hoje
O Teles ilumina-me
O Teles abençoa-me
O TEles não gosta de rock n' roll
O Teles só se envolve
quando lhe interessa
O Teles é uma peça
O TEles não tem pica
O Teles não tem piça
O Teles dá-me pica
O Teles é infinito
O Teles não vai ao pito
O Teles é adorado pelo Sócrates
O TEles está entre os deuses
O TEles é funcional
O TEles é capital cultural
O Teles nunca mais acaba
O TEles nunca se gaba
O Teles é comedido
O TEles nunca foi fodido
O Teles adora o Sócrates
O teles masca chiclete
O Teles vai à Rosete
O TEles é um cidadão empreendedor
O Teles é um cidadão cumpridor
e o poema nunca mais acaba
e o Teles nunca mais se enraba
talvez me ponha em Tribunal
talvez se queixe ao Comité Central
Que se foda!
Afinal de contas, não tenho nada a perder
não sou o Teles
talvez seja também burguês,
aristocrata talvez
não tenho de me identificar
com os explorados
não tenho de ser marxista-leninista
nem anarquista-moralista
não tenho de andar a enaltecer o povo
nem o polvo
afinal de contas, é mais propaganda
para o PSSL
precisamos de 5000 filiados
Morra o Teles! Morra! Pim!
Vilar do Pinheiro, 27.12.2007
MANIFESTO ANTI-RIO
MANIFESTO ANTI-RIO
MANIFESTO DO PARTIDO SURREALISTA SITUACIONISTA LIBERTÁRIO PELA CANDIDATURA DE ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO À CÂMARA DO PORTO
UM POETA A MIJAR-3
O poeta mijou na àrvore de Natal do Rio
o poeta plantou uma árvore mais alta da Europa
em todas as esquinas da cidade do Rio
o Rio prostitui-se na esquina
O Rio e o La Féria ocuparam o Rivoli
o poeta vomitou, em fúria,
as peças do La Féria
O Rio engoliu o vomitado
e masturbou-se no túnel
o poeta mijou no Rio
o Pai Natal e as renas
enrabaram o La Féria
As renas voaram com o poeta
o Pai Natal comeu o BCP
o PCP mantém-se marxista-leninista
O espírito do Natal mantém-nos juntos
o espírito do Natal está nos bancos
o Rio é o Pai Natal
a àrvore mais alta da Europa
é patrocinada pelo BCP
o poeta mija na árvore, na Europa e no BCP
o PCP mantém-se marxista-leninista
o poeta mantém-se surrealista
o Rio faz uma pirueta
e cai ao rio Douro
o La Féria enforca-se
na árvore mais alta da Europa
O PSSL ocupa a Câmara.
Porto, 24. Dez.2007
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
A miúda do café saúda-me
a miúda do café é simpática
é pena não estar mais vezes
por estes lados
2007 está a chegar ao fim
2007 foi um ano para esquecer
o meu pai morreu
andei deprimido
as alucinações quase deram
cabo de min
salvaram-se os dois livros
A Katiucha finalmente saiu de casa
vamos festejar o ano novo
com vinho e aletria.
A VOZ DE BAGAÇO
A voz de bagaço mexe o café
a mulher regressa
a voz de bagaço graceja
a mulher volta a sair
as mamas da patroa sorriem ao poeta
a voz de bagaço dialoga
os bigodes dirigem-se para a porta
ninguém fuma com medo do Governo
e o poeta pondera voltar a fumar
o poeta e o fumo juntos vão derrubar o Govereno.
Braga, 1.1.2008
Bloco
O BLOCO DE ESQUERDA EM SALVATERRA
Esta tarde, no seu Blogue "Abrupto", o historiador José Pacheco Pereira fez uma reflexão sobre a crise política que estamos a viver em Portugal. Sobre o Bloco de Esquerda, este analista político fez uma radiografia fantástica:
- "O BE está em crise. Deixou-se enredar com o PS em Lisboa, o pior sítio para alguém se enredar com o PS. Deixou-se reduzir a Louçã e Louçã fixou-se num discurso cujo esgotamento irrita mais do que cansa. Para a contestação social o PCP é mais eficaz, e as causas "fracturantes" são na maioria dos casos ou inócuas, ou tão vanguardistas que ficam na marginalidade e no radical chic."
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
O PRIMEIRO-MINISTRO SÓCRATES
O primeiro-ministro Sócrates está omnipresente
o primeiro-ministro Sócrates altera o meu estado de espírito
o primeiro-ministro Sócrates vem dar-te duas palmadas
se não te portares bem
o primeiro-ministro Sócrates passa-te uma multa se fumares
o primeiro-ministro Sócrates tem agentes infiltrados
em todo o lado
o primeiro-ministro Sócrates faz cara de mau
o primeiro-ministro Sócrates controla
o primeiro-ministro Sócrates não descola
o primeiro-ministro Sócrates nunca desiste
o primeiro-ministro Sócrates é quadrado
o primeiro-ministro Sócrates é equilibrado
o primeiro-ministro Sócrates é uma seca
o primeiro-ministro Sócrates tem cara de alforreca
o primeiro-ministro Sócrates põe-te na ordem
o primeiro-ministro Sócrtates dá-te palmadas
se não te portares bem.
Braga, 2.1.2008.
O DONO DO CAFÉ E O GOVERNO
A proibição de fumar domina as conversas
O Governo dá palmadas aos cidadãos mal comportados
o Governo trata os cidadãos como crianças mal comportadas
o Governo deveria ser proibido como o tabaco
o Governo é prejudicial à saúde
o Governo é sério
o Governo nunca faz disparates
o Governo é um polícia
o Governo nunca dorme
o Governo está sempre vigilante
o Governo não bebe copos
o Governo está sempre a trabalhar
o Governo não mija
o Governo não caga
o Governo não fode
o Governo é uma seca
O governo é quadrado
o Governo saca impostos
o Governo é rigoroso
o Governo é disciplinado
o Governo é um general
O dono do café está contra o Governo
o dono do café quer organizar uma manifestação
o dono do café está contra a televisão
mas mantém-na ligada
o dono do café, o poeta e o fumo vão derrubar o Governo
mas a conversa do trabalho dá cabo da aliança
o dono do café quer pôr todos a trabalhar
o Governo aplaude
o dono do café e o Governo querem deixar o poeta
e todos os malandros que não querem trabalhar
a dormir na rua
lá se foi a revolta!
Lá se foi a revolução!
E lá vem a teoria económica
e o dólar e o euro
e os americanos e a China
e o 25 de Abril
e as empresas e o trabalho
o trabalhinho é que fode sempre tudo!
Vamos todos trabalhar!
Trabalhar até à morte!
Trabalhar 24 horas por dia!
Trabalhar para o Governo!
E o poeta e o fumo que fiquem na rua
a morrer de frio.
ODE AO QUIM
O Quim abandonou o café do Quim
os cafés de Braga estão sempre
a mudar de gerência
a Katiucha não sai da cama
Já estou com saudades do Quim
Braga não é a mesma sem o Quim
a Katiucha não sai da cama
O café do Quim não é o mesmo
sem o Quim
Braga não é a mesma sem a Katiucha
e eu leio Holderlin.
30.12.2007
os cafés de Braga estão sempre
a mudar de gerência
a Katiucha não sai da cama
Já estou com saudades do Quim
Braga não é a mesma sem o Quim
a Katiucha não sai da cama
O café do Quim não é o mesmo
sem o Quim
Braga não é a mesma sem a Katiucha
e eu leio Holderlin.
30.12.2007
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