quinta-feira, 31 de julho de 2008
DIÁRIO
Fui à Motina ler a "República" de Platão. O bêbado apareceu e a empregada sorriu. Depois passei pelo "Vip" e bebi uma cerveja. Voltei para casa. Ouvi o comunicado do Cavaco e pus-me a ler o "Viriato" de Teófilo Braga e a reler as "Memórias de um Alcoólico" de Jack London. Amanhã conto estar com a Gotucha em Braga. De livro em livro. Assim vai a minha vida.
VIP
PLATÃO
Leio Platão
e o bêbado bebe diante de mim
ontem no Púcaros saí em triunfo
mas, desta vez, a depressão não passou.
e o bêbado bebe diante de mim
ontem no Púcaros saí em triunfo
mas, desta vez, a depressão não passou.
LIVROS USADOS
terça-feira, 29 de julho de 2008
O BÊBADO
Está sol lá fora
e o dia está uma merda
melhor que ontem, apesar de tudo,
ontem passei a tarde na cama
o bêbado senta-se e bebe
antes estar bêbado e beber
a criança pede batatas fritas
e eu estou fodido dos cornos
o bêbado levanta-se e bebe
ao menos existe, move-se
e faz-me escrever
não fosse isso
seria a modorra total
sim, porque as conversas das empregadas
e dos clientes nada me dizem
estão todos fodidos
como o Arlindo do "Nova Europa"
antes andar bêbado...
DIÁRIO
domingo, 27 de julho de 2008
MANIFESTO DA MADRUGADA
Deixei de acreditar nos amanhãs que cantam
os situacionistas ainda depositam esperança nos Conselhos Operários
mas eu sinceramente não estou a ver uma união dos operários nem dos proletários em geral na sua versão abrangente
aliás, começo a estar descrente em qualquer tipo de união
tornei-me céptico e egocêntrico
de ego inflamado, dizem alguns
no partido já diziam que eu não me adequava ao trabalho colectivo
quase sempre privilegiei o individual em detrimento do colectivo
quando muito admito a união em pequenos grupos de três ou quatro individuos
Lautréamont escreveu que a poesia deveria ser feita por todos
eu acredito no individuo enquanto criador
acredito que a revolução está dentro da cabeça
acredito no poeta enquanto espírito livre no sentido nietzscheano
acredito no poder da imaginação
acredito na liberdade da criação
acredito no terrorismo poético
acredito no xamã.
MAR
Estou junto ao mar
e é de madrugada
as ondas lambem a praia
e eu sinto-me um rei
sentado na areia
era bom que fosse sempre assim
um mundo sem dinheiro
sem espectáculo e sem mercadorias
só as ondas a bater nas rochas
e a natureza tal como ela é
e eu a escrever sentado na areia
a música disto tudo
a redenção
estou curado
o mar curou-me
só me falta uma sereia.
A DANÇAR NO CACAU
Quanto mais leio mais chego à conclusão de que isto é uma merda
o que vale é que a Filó me contou a estória do Gato das Botas
para me animar
e eu não sei contar estórias
lembro-me da fada Morgana e do mago Merlin
agora estou na Praça José Régio
no meio da juventude hedonista
a noite prossegue
e eu só tenho dinheiro para um copo
tremo das mãos e das pernas
é a indústria do lazer em pleno esplendor
falas consomes palavras
consomes e és consumido
hoje não vim cuspir palavras
espectador faço análises sociológicas
falta aqui o Rocha
espectador na sociedade do espectáculo
observo os outros a consumir o espectáculo
e a serem consumidas por ele
e a minha cerveja está a dar as últimas
talvez o Guy Debord me achasse piada
escrevo à gota
quantas mais gotas consumir mais escrevo
é isto mesmo, pá
a verdade nua e crua
não dá para mais lirismos
nem intelectualices
pelo menos escrevo
enquanto estiver a escrever afasto o tédio
já não sei se daqui a pouco irei ao mar
há tanto tempo que não vou até ao mar
há tanto tempo que não danço
dançar à beira-mar
com Dionisos e a fada Morgana
com o Jacinto e com a Joana
escrevo à gota
resta-me decidir a quem cravar a próxima cerveja
quero escrever cada vez mais e melhor
quero escrever a estória do poeta sem abrigo
e deixar-me levar até ao mar
aqui a música é melhor
qualquer coisa marada e speedada
o DJ usa chapéu
qualquer coisa marada e speedada
que nos leva até ao céu
e as gajas ensaiam a dança
e os gajos aproximam-se e cumprimentam-me
hoje já produzi por duas eternidades
só faltam cá os deuses
mas ainda é cedo para dançar
Dionisos ainda não vestiu a pele
bebe-se e dança-se
aceitas-me no teu grupo fechado
ou vais fazer queixa ao teu namorado?
Não quero saber do teu grupo fechado
nem do teu namorado
passo outra vez pelo Régio
e vejo o Régio rodeado de cervejas
a juventude hedonista vai-se dispersando
vou até ao mar
finalmente
estive a dançar no "Cacau" até agora
literalmente no "Cacau".
NO PÁTIO (SEM TRIUNFO)
Para a Filó
Venho ao Pátio
e não sou recebido em triunfo
esperava abraços, palmas, ovações,
foguetes, honrarias
a celebrar o meu regresso
Mas nada
aqui sou apenas mais um
um cidadão comum
um viajante solitário
que vem beber uma cerveja
e se senta ao balcão
além de não haver aplausos
está o tédio instalado
e não conheço quase ninguém
não sei como vou permanecer
aqui toda a noite
se ainda, ao menos, tivesse
dinheiro para a borracheira
até a música repetitiva me irrita
desabituei-me dos bares
antes fazia a sua apologia
não sei como vou aguentar a noite
peço mais uma cerveja
talvez vá até ao mar
talvez me deite à beira-mar
-e entra um gajo sorridente-
bem sei que esta merda pode ser
um exercício poético magnífico
mas se não vierem os meus amigos
eu não vou aguentar
já é pouca a ligação com esta cidade
com este bar
o que me safa é que estou
com algum espírito aventureiro
não há ninguém para cravar uma cerveja
ainda se vêem umas caras bonitas
vou aguentar aqui até às tantas
poderia apanhar o metro
e ir para casa dormir
mas também não me apetece
ir para casa
ontem passei a tarde na cama
fico pior quando faço essa merda
e a cerveja está a acabar
os amigos não vêm
nem estão lá fora
- e entra o artista
que apareceu no jornal-
até há uns gajos que vêm aí
que escreveram umas coisas sobre mim
mas eu não os conheço
A Filó viu-me só e ofereceu-me
uma cerveja
as coisas estão a melhorar
e o outro camarada agarrado às notas
e o mundo inteiro agarrado às notas
é quase meia-noite
os amigos não vêm
e o álcool circula
e o anarco-registador não está
nem o anarco-moralista
e o "Poeta a Mijar" já não está exposto
talvez se tenha vendido
ainda se vendem os meus livros
Dizem que isto é um espaço alternativo
mas eu estou cheio de tédio
desabituei-me dos bares
só vou ao Púcaros às quartas-feiras
mas aí é porque descarrego poesia
mas aí é porque faço terrorismo poético
e passo mensagens subversivas
podia falar com a Filó
mas ela anda a tirar cervejas
e também não sei o que lhe iria dizer
coisas banais, talvez
também há uma antiga colega minha
que escreve para o jornal que está
à minha frente- a Teresa
nunca mais serei jornalista
na verdade, tenho algumas saudades
tinha dinheiro para os copos
apanhava borracheiras
não ia trabalhar de manhã
Ai! A Teresa loirinha
tão linda que era
casou com um jogador de futebol
teve filhos
divorciou-se, enfim,
o Pátio não me atrai
e os amigos nunca mais vêm
estou a escrever mais um texto genial
e de merda para ler no Púcaros
e para colocar no blog que 3 ou 4 gajos lêem
-entra o John Lennon com a família-
uma gaja pede um porto
grande exercício poético
mas tudo o resto é tédio
excepto a Filó
vou mesmo dormir à praia
a cerveja circula mas não para mim
todos têm dinheiro excepto eu
e começo a empancar
às vezes parece que funciono a cerveja
deveria ter ido para casa
os livros estão cá mas o livreiro não
de qualquer maneira, já escrevi
como o caralho
já não sou o cidadão comum
a verdade é que não consigo ficar alegre
sorrir para toda a gente
nem tenho sempre aquela observação a propósito
nem a piadinha do momento
vim ao Pátio escrever um poema épico
não tenho aplausos, ovações, honrarias
não saio daqui em ombros
isto é o que consigo escrever agora
qualquer coisa entre a merda e o sublime
qualquer coisa de imparável
qualquer coisa que levante a nação.
Pátio, Vila do Conde, 26/27 Julho 2008.
sábado, 26 de julho de 2008
Pronto, estou outra vez em baixo. Não consigo estar sempre alegre nem a falar sempre alegremente com toda a gente como os outros imbecis. Passei a tarde na cama porque a vida não me chama. Nem sequer estou com o pedal de há dias quando escrevia longos textos de um jorro. Sei que a sociedade espectacular mercantil nos reduz à condição de espectadores e de mercadorias. Não quero ser espectador! Não quero ser mercadoria! Não quero morrer de tédio! Quero criar, dançar, vomitar poemas. Quero sentir o cérebro a correr, a fervilhar de ideias.
Sei que a sociedade espectacular mercantil conduz à depressão. Outros singram sob o capitalismo, levam uma vida estável, “útil”, de dinheiro, trabalho e tédio. Há anos que compreendi que não fui feito para isso. Há anos que compreendi que a vida não se pode resumir a uma fórmula única e irreversível. Aprendi com os situacionistas que a verdadeira vida está para lá da economia. Frequentei uma Faculdade de Economia e tripei. Passei a odiar os gráficos e as contas. Era bom aluno a Matemática e não pude mais ver números à minha frente.
Sinto-me melhor quando bebo cerveja e digo poemas. Não sei explicar. Recupero a chama. Mas isso não me impede de detestar certos intelectuais direitinhos. Não estou sempre alegre mas tenho o sentido do gozo, da volúpia, da celebração, da festa. Venho dos rituais xamãnicos, de Dionisos. Não suporto a racionalidade nem os intelectuais racionais. A morte mata-me.
A maior parte das conversas quotidianas entediam-me. A maior parte das pessoas levam uma vida estúpida. Não quero uma vida estúpida! Não quero anjos e santos! Não quero apodrecer de tédio na aldeia!
sexta-feira, 25 de julho de 2008
ULTRA-SOCIÁVEIS
Ultra-Sociáveis
Sempre odiei os ultra-sociáveis
os que se dão com toda a gente
como se toda a gente fosse igual
e o mundo fosse uma irmandade.
Sempre odiei os ultra-sociáveis
os que se dão com toda a gente
como se toda a gente fosse igual
e o mundo fosse uma irmandade.
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Escrevo para um blog que quase ninguém lê
publico livros que quase ninguém lê
envio artigos para jornal que não são publicados
recito poemas para meia-dúzia de gatos pingados
apesar de tudo mantenho a raiva
apesar de tudo mantenho a pose
estou-me a cagar para aqueles que não me batem palmas
estou-me a cagar para aqueles que não reagem
estou-me a cagar para os gajos que não gostam de mim
não quero saber se a minha poesia é ou não poética
não quero saber da lua, do sol e das estrelas
não quero saber de versos muito perfeitinhos
desde que mantenha a raiva
desde que mantenha a pose
terça-feira, 22 de julho de 2008
NESTA CIDADE
E vem outra vez a depressão
a dificuldade em estar à vontade
com as pessoas
a perda da verbe
as palavras que não fluem
a náusea
e vem outra vez a depressão
e vai-se a escrita automática
e o speed converte-se em lentidão
vá lá que, ao menos, consigo escrever
com a ajuda da cerveja
não me deixo arrasar totalmente
e os veraneantes passam em frente
ao "Guarda-Sol" na Póvoa de Varzim
e a cerveja bate
e a vida prossegue
há quem não goste de mim nesta cidade
há quem me queira pôr em Tribunal nesta cidade
mas há também quem me cumprimente
entusiasticamente nesta cidade
há também quem me respeite nesta cidade
sim, sou respeitável
mas quando me solto fico completamente fora
e a merda da cerveja altera-me
já estou outra vez a caminho do cume
já estou pronto para enfrentar os meus rivais
e a atleta olímpica é bonita
e as atletas saltam na televisão
Póvoa de Varzim, Julho de 2008
estou entre a sanidade e a loucura
tenho pesadelos alucinados
pensamentos condenáveis
glórias efémeras
enjoos frequentes
mas depois os dias passam
e volto ao estado de timidez
volto a ter medo das pessoas
também é de passar uns dias sem beber
também é de estares longe
e já estou outra vez a expôr-me.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
DEBORD
PROLETARIADO- Todos os que perderam por completo o poder sobre o emprego da sua vida e o sabem.
domingo, 20 de julho de 2008
Estou com pesadelos não consigo dormir estórias de santas que se tornam putas de putas que se tornam santas a cabeça à roda serão alucinações provocadas pelo sol? Agora apetece-me rir loucamente “gritar para além da loucura terrestre” como escreveu Herberto Hélder dar um abraço aos poetas não foi de propósito o amor venceu o ódio e o outro que diz poemas como se estivesse a cagar como se se estivesse a cagar para esta merda toda enlouqueci de vez vou ser internado a testa escorre àgua vomito pela retrete fora perdi o controle como a gaja do Curtis a loucura é uma coisa batida em mim vem ter comigo periodicamente sou o maior poeta desta merda toda deixa-me lá ficar com o ego inflamado sempre é melhor do que andar na merda e a Carlinha à minha espera em Amarante atravessa a ponte rumo ao parque florestal a charrar a ter vibrações e a Gotinha com a vozinha a xonar na Madeira tenho amigas para lá do sexo e sexo para lá das amigas as minhas amigas maradas que me acham piada ando a defender gajos que não merecem ando-me a expor numa época em que ninguém se expõe isso faz-me regressar à infância ando aos berros pelas ruas Gotucha Gotucha estou a enlouquecer de vez nada a fazer não consigo voltar para a cama apesar do comprimido tenho a cabeça fodida por causa dos comprimidos
sábado, 19 de julho de 2008
O MEU VOTO
O MEU VOTO
António Pedro Ribeiro
Os meus amigos anarquistas e situacionistas defendem a abstenção nas eleições por entenderem que ao irmos votar estamos a legitimar a democracia burguesa. Compreendo perfeitamente essa posição. Mas penso que nas próximas eleições legislativas é importante votar para derrotar José Sócrates. José Sócrates representa o capitalismo no estado bruto com tiques repressivos e robóticos. José Sócrates governa contra os trabalhadores, contra os professores, contra os desempregados, contra a Função Pública. José Sócrates é um inimigo da vida, um ser que tresanda a morte. Importa derrotá-lo.
António Pedro Ribeiro
Os meus amigos anarquistas e situacionistas defendem a abstenção nas eleições por entenderem que ao irmos votar estamos a legitimar a democracia burguesa. Compreendo perfeitamente essa posição. Mas penso que nas próximas eleições legislativas é importante votar para derrotar José Sócrates. José Sócrates representa o capitalismo no estado bruto com tiques repressivos e robóticos. José Sócrates governa contra os trabalhadores, contra os professores, contra os desempregados, contra a Função Pública. José Sócrates é um inimigo da vida, um ser que tresanda a morte. Importa derrotá-lo.
SE ME PAGARES UMA CERVEJA ESTÁS A FINANCIAR A REVOLUÇÃO
O Arlindo dá-te os bons dias
o Rocha ficou, uma vez mais, a xonar
é Sábado de manhã
e eu estou outra vez cheio de speed
queria ir a Lisboa ver o Lou Reed
queria ir a Paredes de Coura ver os Sex Pistols
mas fico aqui nesta cidade
não fui feito para andar atrás do dinheiro
não fui feito para andar atrás do trabalho
nem tenho uma mentalidade produtivista
o Sócrates que vá trabalhar!
Mulher que me encantas quando soltas a anarquia
pela noite dentro
quando falas do broche de Deus
em jantares de família
apetece-me beijar-te em frente a toda a gente
apesar de estares comprometida
continua com esse pedal, miúda,
continua a pagar-me cervejas
estás a financiar a anarquia
passei meses junto dos livros
e agora volto à cidade
à assembleia ateniense
a palavra flui
troco retórica com os outros cidadãos
e os media vem ter comigo ao "Vip"
há quem diga que me descuidado no trabalho
de depuração dos versos e com razão
ah! No TRABALHO de depuração dos versos
afinal sempre é trabalho
pena que não seja remunerado
pago à letra
uma cerveja por um poema!
olha que se me pagares uma cerveja
estás a financiar a revolução
olha que Deus anda a fazer-me broches
olha que as mulheres gostam de mim
apesar de muitas não compreenderem onde quero chegar
olha que hoje me sinto absolutamente livre
olha que posso ter discussões violentas
olha que se me pagares uma cerveja
estás a financiar a revolução
olha que eu quero ser remunerado ao copo
olha que quando sou levado pela loucura
não tenho limites
olha que cheguei à conclusão que não posso ser político
se fosse eleito deputado era apanhado com brutas bebedeiras
em cenas non-sense e altamente maradas
olha que não atino com direcções
nem com comités centrais
olha que gosto de mandar uns berros
olha que não suporto presidentes de Câmara
nem de Junta
olha que gosto de ser provocatório
olha que tenho a escola da rua
olha que me tornei um punk
olha que não me importo de viver à custa da Segurança Social
ou do caralho que seja
olha que estou, de novo, na estrada do excesso
olha que se me pagares uma cerveja
estás a financiar a revolução
olha que até tenho a retórica
olha que rompi com o Bloco de Esquerda
porque não sou social-democrata
olha que já andei a incendiar carros
olha que simpatizo com os situacionistas,
com os surrealistas e com os dadaístas
olha que deixei de andar deprimido
olha que gosto de gozar com o quotidiano
e com o proletariado
olha que sou considerado perigoso
e tenho ficha na Judiciária
olha que há dias em que ando sem limites
olha que acho imbecil essa merda do casamento,
do estatuto e da carreira
apesar de ter estudado Sociologia
olha que Deus me anda a fazer broches
olha que se me pagares uma cerveja
estás a financiar a revolução.
sexta-feira, 18 de julho de 2008
FORA DA LEI
Começas a ficar outra vez farto de ter os controleiros em cima
foi por isso que saiste do partido
começas a não ter pachorra para a poesia lírica
tornaste-te punk mas não usas crista
o cidadão comum irrita-te
dizes poemas como se estivesses num combate de boxe
vomitas poemas
sabes que a loucura vem ter contigo
e deixas-te levar
portas-te mal
partes os vidros dos carros
ocupas hipermercados
derrubas estátuas
nunca te adaptaste aos empregos
nunca gostaste de ter chefes
cospes nos chefes e nos capitalistas
a humanidade leva uma vida imbecil
só ris quando gozas
tudo o resto te dá uma raiva imensa
compreendeste que na escola não eras uma nota
e deixaste de estudar
deixaste também de te levantar de manhã
leste Nietzsche e ouviste o Jim Morrison
e isso deu-te a volta à cabeça
as miúdas direitinhas não te compreendem
e as depressões fodem-te a cabeça
tornaste-te punk
e quando estás no palco só te apetece berrar
para desespero dos controleiros
és um animal de palco
e estás para lá
nada a fazer
nunca gostaste de polícias
nem que te andem a foder a cabeça
tiveste uma boa educação
mas aprendeste a linguagem da rua
há quem te chame desordeiro, arruaceiro
de vez em quando metes-te em confusões
até já apanhaste porrada
quando vais dançar a tua música
passas-te dos cornos
tornaste-te um punk
tornaste-te um roto
nunca tens dinheiro
nem te esforças por ter um trabalho
mandas tudo para o caralho
sentes-te irmão dos bêbados e dos drogados
és um poeta alucinado
um fora da lei
um iluminado
quinta-feira, 17 de julho de 2008
VÊ NO QUE TE TORNASTE
Homem,
vê no que te tornaste
numa mercadoria que se compra e vende
vendes a mercadoria que é a tua força de trabalho
troca-la por outra mercadoria, a pior de todas,
o dinheiro
compras a mercadoria que é o lazer
estás à venda no mercado
tal como as batatas, os detergentes, as melancias
espectador, limitas-te a contemplar o espectáculo
és sempre comandado por outros
alienado
consomes
e se não consegues consumir
ficas na mesma na merda
Homem,
vê no que te tornaste,
num farrapo.
CAMINHOS
Andaste metido em caminhos
não és um homem sério
não és um bom pai de família
não és um bom profissional
andaste metido em caminhos
portavas-te bem na infância e na adolescência
bem demais
depois descambaste
leste livros a mais
nunca mais serás um homem sério
um bom pai de família
um bom profissional
andaste metido em caminhos
desobedeceste ao comité central
quando andas mole até parece
que te convertes
mas depois volta essa onda dionisíaca
esse jeito de gingar
não és um homem sério
um bom pai de família
um bom profissional
andas metido em caminhos
cospes nas conveniências
desprezas a troca e os valores materiais
e gostas de andar à solta
nunca serás um homem sério
um bom pai de família
um bom profissional.
FARTO
Estou farto de velhos
estou farto de controleiros
apetece-me berrar loucamente
estou farto de ver os capitalistas empochar
estou farto de ver a vida imbecil que estamos a levar
estou farto de ver a cara dos políticos na televisão
estou farto das piadinhas dos humoristas
estou farto de boas maneiras
estou farto de coisas porreiras
estou farto de ouvir sempre as mesmas conversas
estou farto de pessoas néscias
estou farto das notícias do Telejornal
estou farto do comité central
de todos os comités centrais
estou farto dos gajos do futebol
só não me farto do rock n' roll
estou farto das conversas imbecis das velhas
estou farto do sorriso imbecil da empregada
estou farto de ver toda a gente atrás do dinheiro
estou farto de ser espectador
estou farto da sociedade espectáculo
estou farto de ver toda a gente alienada o dia inteiro
só não me farto dos bêbados
estou farto da União Europeia
estou farto da democracia burguesa
estou farto dos turistas e do Verão
e o Sócrates é um grande cabrão
estou farto desta gente que não se revolta
estou farto de andar às voltas
estou farto, farto, absolutamente farto
estou farto dos gajos do futebol
só não me farto do rock n' roll.
DIÓGENES, O CÍNICO
Diógenes, "o Cínico"
15.09.2003
Porque serão as pessoas de Atenas tão pouco generosas? Estão fartas, quase todas, deste excêntrico que dorme em qualquer parte, sob o pretexto de que a terra inteira é a sua casa. Que nunca se deixa impressionar pelos ricos nem pelos poderosos, nem sequer pelos deuses. Que vive com o seu casaco de lã grossa dobrado em dois, sempre o mesmo, tanto no Verão como no Inverno, e o seu alforge, onde enfia toda a comida que apanha. “O Cão”, como lhe chamam, há muito que irrita toda a gente. Os atenienses habituaram-se a vê-lo deambular por todo o lado, sempre descalço, qualquer que seja a estação do ano. Viram-no rolar na areia escaldante nos dias de canícula e, por vezes, no Inverno, espojar-se na neve, para enrijar, “exercitar-se”, como ele diz. As pessoas não sabem exactamente em que se exercita, mas não se habituam muito bem à ideia de dar com ele a urinar em qualquer sítio, e ainda menos a masturbar-se na rua, dizendo que seria bom que a fome também desaparecesse assim tão facilmente.
Será que este solitário hirsuto pretende trazê-los à realidade? A maioria dos atenienses encolhem os ombros. Pensam que Diógenes é um exaltado. Quem ouviu Platão dizer que este excêntrico é um “Sócrates que ficou louco” desconfia das suas extravagâncias. Mesmo assim, há muito que o admiram em segredo. Quando Diógenes se instalou na famosa pipa no Metroôn, muitos pensaram que não sobreviveria. Mas Diógenes sobrevive. Persiste, ano após ano. Ele obriga-se a viver duramente. E, para isso, é preciso coragem! Quando um vadio destruiu a pipa, alguns cidadãos perseguiram o culpado e castigaram-no. Reconstruiu-se, para o asceta tonitruante, um abrigo idêntico, que para ele era suficiente.
O que obriga a respeitá-lo é que Diógenes vive como pensa. Não finge. Eis alguém que é coerente nos gestos e frases. Um filósofo nas acções, não só no discurso. E muito menos um belo espírito que faz sempre o contrário do que diz. No entanto, Diógenes escreveu muito, e sobre temas muito diversos, desde tratados políticos a livros de moral. Mas a sua vida quotidiana fala pelas suas ideias. Quase ninguém leu as suas obras. Mas todos vêem o seu comportamento. Ele ensina pelas acções e pelo exemplo.
É verdade que, frequentemente, choca as pessoas. Porque é o primeiro a praticar este modo de vida denominado “cínico”, justamente por causa dos cães (“kunos”, em grego antigo, significa “cão”). Sem querer imitá-lo, aqueles que se cruzam com ele não estão longe, por vezes, de lhe dar razão. Quando Diógenes se refere a Platão como “falador inexaurível”, muitos atenienses partilham a sua opinião. E, quando ele se proclama a si próprio campeão olímpico na “categoria homens”, há quem concorde em segredo.
Mas os atletas, mesmo os virtuosos, têm de se alimentar. É por isso que Diógenes já se instalou, muito tempo antes do nascer do sol, precisamente no ponto de convergência de duas ruas. É o melhor local para mendigar. Dali, encostado à casa que faz esquina, a sua vista alcança toda a praça do mercado. Todos os atenienses que passam conseguem ouvir a sua voz. E ouvem-no, como de costume. Quer se chamem Platão, quer sejam menos famosos, quer sejam comerciantes, guerreiros, camponeses, escravos, homens ou mulheres, jovens ou velhos. Diógenes, como sempre, está decidido a não poupar os que passam por si. Mendigo sim, adulador não.
Maltrata-os para os abanar, para os acordar. Porque acha que são moles, ou estão atordoados, preocupados com os seus prazeres imediatos, incapazes de verem o essencial: serem homens, viverem livres, alcançarem a felicidade. Sim, é verdade que é um mendigo, ele, filho de um banqueiro, o antigo falsário exilado, o homem vindo de Sinope há já vários anos e que hoje vive nas ruas, como um cão, voluntariamente. Ele pede quando tem, de facto, muita fome e não tem nada para comer. Não tem a menor vergonha. Para ele, tudo é de todos. Quando lhe dão esmola, não lhe dão nada — entregam-lhe o que tanto é dele, como dos outros. É por isso que, para obter comida, Diógenes não se rebaixa perante ninguém. Pelo contrário, insulta os transeuntes o mais que pode.
“Ei tu, sim, tu, o gordo, estás-me a ouvir? Dás-me alguma coisa para comer? Em vez de encheres o bandulho, farias melhor dares-me alguma comida! Olha que tenho fome! E proíbo-te de me deixares assim! Estás a ouvir?” O outro continua o seu caminho sem voltar a cabeça. Então Diógenes reconhece, no meio da multidão, um avarento, que já lhe prometeu algumas moedas várias vezes, sempre para o dia seguinte, e começa a gritar: “Ó meu amigo, é para comer que eu quero o teu dinheiro e não para a minha sepultura! Se demoras tempo de mais, as tuas moedas servirão para me enterrar!” Alguns transeuntes riem-se. Ninguém dá nada. As horas passam. Ninguém atira a Diógenes um só cêntimo. Nem sequer uma côdea de pão ou algumas azeitonas. Fica sozinho, faminto, de mão estendida e com o seu discurso injurioso.
O sol já vai alto e ainda ninguém lhe deu nada. Diógenes não arreda pé. Continua a insultar as pessoas. O filho de uma prostituta atira- lhe uma pedra e ele gritalhe: “Atenção, meu rapaz, podias ter atingido o teu pai!” Um careca é injurioso e ele responde: “Felicito os teus cabelos por terem abandonado essa tua cabeça porca.” Um mercador ameaça-o de punho cerrado, Diógenes replica: “Enganas-te! Quando se estende a mão aos amigos, não se cerram os punhos!”
Provocar Diógenes é quase um passatempo para alguns transeuntes. Sob a violência aparente, procuram réplicas profundas. Um estrangeiro de passagem avança e interpela-o: “Ei, filósofo, sabes o que envelhece mais rapidamente nos humanos?” “A benevolência”, responde Diógenes. “E o que há de mais belo no mundo?” “Falar francamente! E tu és um chato”, acrescenta o cínico, antes de pedir, pela centésima vez, alguma coisa para comer. Um outro jovem toma a palavra. “É verdade, Cão, que vives aqui no exílio? “Estou muito feliz por estar exilado. Foi graças a isso que comecei a filosofar!” “E o que ganhas com a filosofia?” “Pelo menos o seguinte: estar pronto para qualquer eventualidade.” “Disseram-me também que tiveste de sair da tua terra porque tinhas falsificado dinheiro...” “É totalmente verdade”, diz Diógenes. “E também é verdade que, quando eu era muito mais novo, fazia chichi na cama, e agora já não faço.”
“Falsificar moeda” é a frase-chave da vida de Diógenes de Sinope, aliás, o “Cão”, ou ainda o “Cão real”. Ele próprio, ou o pai, ou ambos, passaram por traficantes de dinheiro, em Sinope, a sua cidade natal, e viram-se obrigados a exilar-se, quando o subterfúgio foi descoberto. Porém, Diógenes pensava ter agido bem. Em tempos, consultara o oráculo de Apólo sobre o seu destino. Resposta: falsificar moeda. Ora, o oráculo de Apólo não se iria enganar, todos sabem disso, mesmo aqueles que, como Diógenes, têm uma relação distante com os deuses. Então, onde estaria o erro?
Mais tarde, depois de se tornar filósofo, Diógenes compreendeu. A moeda que tinha de falsificar não era dinheiro! Mas as convenções sociais, os valores, o conjunto das relações sociais. Honras, poderes, riquezas, sabedoria, até mesmo os prazeres, todas as coisas de que os humanos tanto gostam e onde o sábio vê a falsidade que nelas existe, cabendo-lhe a ele fazer ver aos outros essa mesma falsidade. Tudo o que agita a humanidade: desejo, orgulho, receio, infelicidade, alegria — ele dá-se conta que tudo isso são pedras de imitação, peças sem valor, que circulam, passam por importantes, mobilizam e fazem sofrer, mas são apenas vento.
O segredo, o que contém e condiciona tudo o resto, é viver “segundo a natureza”. O ser humano que consegue encontrá-la encontrá- la e segui-la viverá feliz, despojado dos artifícios e dos males que a civilização engendra. Assim, Diógenes exercita- se, sistematicamente, a desfazer-se das convenções da vida social. A seus olhos, não são só engodos ou incómodos. São ciladas. Amizades que se tornam nefastas. Começou a compreendê-lo ao observar um rato. Certa manhã, pouco tempo depois de ter chegado a Atenas, quando dormia numa quinta, interrogava- se como iria viver. Começou a observar um rato e constatou que este animal não se preocupava em ter um tecto nem um trabalho. Era livre de comer o que encontrava no seu caminho e de dormir em qualquer parte e em qualquer altura. Eis o que é viver segundo a natureza: permanecer livre, bastarse a si próprio, não ceder a nenhuma das convenções da civilização.
Para conseguir isto, Diógenes decidiu, de repente, que tinha de seguir uma via abrupta, um caminho escarpado. Nada de meias medidas. Radicalmente. É indispensável desfazer-se das coisas inúteis. E há sempre coisas inúteis, mesmo quando julgamos termo-nos despojado de tudo — por exemplo, Diógenes apenas guardou uma tigela, um pequeno recipiente para beber. No dia em que viu uma criança, na fonte, a beber com as mãos, partiu este último utensílio. Não passava de uma espécie de moeda sem valor, uma falsa utilidade.
Nesta falsificação dos valores comuns, Diógenes vai muito longe. Não se limita à rejeição das honras e ao desprezo do poder. Dirige-se directamente às leis, na Cidade, a qualquer incarnação da autoridade. Desprezando Alexandre, o filósofo proclama-se, sem dúvida pela primeira vez na história, “cidadão do mundo”. Não poupa a religião. Chega a pilhar, nos templos, as oferendas destinadas aos deuses. E, quando uma mulher se prostra para rezar, olhando de soslaio o seu traseiro assim oferecido, o sábio agitado pergunta se ela não tem medo que um deus venha por trás, uma vez que eles estão em toda a parte...
E isto não é tudo. A instrução é posta de lado. A virtude só é apropriada para o sábio. Portanto, não há nada a fazer nem nas artes, nem nas ciências. É inútil até aprender a ler. Inútil casar-se. Inútil ter amigos. Inútil esconder-se para copular. Diógenes não é um homem de compromissos. Nenhuma combinação, nem qualquer aproximação. É um extremista da virtude, um hércules da coerência. Se queremos viver segundo a natureza, é com os animais que temos de aprender. Diógenes preconiza que as mulheres pertencem a todos, que as crianças são de todos, que não se preocupem com o incesto.
Diógenes não está sozinho simplesmente porque o rejeitam, o caluniam ou o condenam. Foi ele quem escolheu o refúgio, a grande solidão da liberdade total. Um dia, à saída do teatro, na altura em que a multidão deixava o hemiciclo, Diógenes pôs-se a caminho para entrar. “Que estás a fazer?” “Aquilo que fiz toda a minha vida!” Diógenes simboliza a existência contra a corrente, tanto com a sua grandeza, como com os seus limites. O seu desprezo pela carneirada, a sua exigência de coerência podem suscitar admiração. Podemos também pensar que tanta ostentação na simplicidade é sinal de um imenso orgulho.
O homem da pipa inventou o refúgio ante a civilização. Esta atitude acompanhará sempre, depois dele, a História ocidental de formas muito diversas, desde os ascetas do princípio do cristianismo até à “beat generation”. Com vantagens: denúncias da hipocrisia, coragem da virtude. E também com perigos: recusa da lei que desumaniza, o sonho da animalidade que desemboca na barbárie. Podemos também retirar daqui apenas a resistência face à adversidade, o desejo tenaz de nunca ser apanhado desprevenido pelo pior. É isto que testemunha o fim da história. Ei-la.
Diógenes encontra-se sempre na rua, de mão estendida. O sol baixa, e a sua mão continua vazia. Mas ele mudou de sítio. No início da tarde, instalou-se em frente a uma estátua, sempre de mão estendida. Permanece à frente da estátua, imóvel, mendigando sempre. “Ei, Diógenes, o que fazes aí?” “Exercito-me a receber recusas.”
DIÓGENES
DIÓGENES DE SÍNOPE
Summary rating: 5 stars
17 Avaliações
Autor : WIKIPÉDIA / MAGNUS AMARAL CAMPOS
Resumo escrito por : MAGNUSAMARALCAMPOS
Visitas : 327 palavras: 900 Publicado em: julho 31, 2007
Diógenes de Sínope Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Ir para: navegação, pesquisa A Wikipédia possui o
Portal de filosofia Diógenes de Sínope Diógenes de Sínope (c. 413 a.C., Sinop, hoje na Turquia – c. 323 a.C., Corinto) foi um filósofo grego e o maior representante do Cinismo. Essa escola filosófica foi fundada por Antístenes de Atenas, que fora discípulo de Sócrates e mestre de Diógenes. Segundo Diógenes Laércio, a morte de Diógenes ocorreu no mesmo dia em que Alexandre, o Grande, morreu na Babilônia. Outra lenda conta que Sócrates morreu no dia em que Diógenes nasceu. Segundo a tradição, Diógenes vivia a perambular pelas ruas na mais completa miséria até que um dia foi aprisionado por piratas para, posteriormente, ser vendido como escravo. Um homem com boa educação chamado Xeníades o comprou. Logo ele pôde constatar a inteligência de seu novo escravo e lhe confiou tanto a gerência de seus bens quanto a educação de seus filhos. Diógenes levou ao extremo os preceitos cínicos de seu mestre Antístenes. Foi o exemplo vivo que perpetuou a indiferença cínica perante o mundo. Desprezava a opinião pública e parece ter vivido em uma pipa ou barril. Seus únicos bens eram um alforje, um bastão e uma tigela (que simbolizavam o desapego e auto-suficiência perante o mundo), sendo ele conhecido como o filósofo que vivia como um cão. A felicidade - entendida como autodomínio e liberdade espiritual - era a verdadeira realização de uma vida. Sua filosofia combatia o prazer, o desejo e a luxúria pois isto impedia a auto-suficiência. A virtude - como em Aristóteles - deveria ser praticada e isto era mais importante que teorias sobre a virtude. Diógenes é tido como o primeiro homem a afirmar, "Sou uma criatura do mundo (cosmos), e não de um estado ou uma cidade (polis) particular", manifestando assim um cosmopolitismo relativamente raro em seu tempo. Diógenes parece ter escrito tragédias ilustrativas da condição humana e também uma República que teria influênciado Zenão de Cítio, fundador do estoicismo. De fato, a influência cínica sobre o estoicismo é bastante saliente. Provavelmente, Diógenes foi o mais folclórico dos filósofos. São inúmeras as histórias que se contavam sobre ele já na Antigüidade. É famosa, por exemplo, a história de que ele saía em plena luz do dia com uma lanterna acesa procurando por homens verdadeiros (ou seja , o ANIMAL SER HUMANO , aquele que não se importa em delimitação de terras, em manter família ou propriedade, aquele que come apenas quando tem fome, aquele que não se importa em manter um status social , diferentemente do SER HUMANO SOCIAL que se importa com tudo isso e que fez co que o animal ser humano desaparecesse, o que levou AUDOUS HUXLEY a perguntar se existe ainda algum lugar na Terra onde poder-se-ia ter férias, ou trirar férias ) . Igualmente famosa é sua história com Alexandre, o Grande, que, ao encontrá-lo, ter-lhe-ia perguntado o que poderia fazer por ele. Acontece que devido à posição em que se encontrava, Alexandre fazia-lhe sombra. Diógenes, então, olhando para o Sol, disse: "Não me tires o que não me podes dar!". Essa resposta impressionou vivamente Alexandre, que, na volta, ouvindo seus oficiais zombarem de Diógenes, disse: "Se eu não fosse Alexandre, queria ser Diógenes." Outra história famosa é a de que, tendo sido repreendido por estar se masturbando em público, simplesmente exclamou: "Oh! Mas que pena que não se possa viver apenas esfregando a barriga!".
Assina - Magnus Amaral Campos - CREMESP - formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - curso Tradicional - em 1.979 - 62@ turma e que vai disputar, com a anuência de Deus, as próximas eleições ao Egrégio Órgão de Classe , ano que vem , em 2.008.
MANIFESTO ANTI-PRAXE
Manifesto anti-praxe
Porque vemos na praxe uma prática que atenta contra os mais elementares direitos humanos, nomeadamente a liberdade, a igualdade, a integridade física e psicológica e a livre expressão da individualidade, ao mesmo tempo que exalta os valores mais reaccionários da nossa sociedade.
Porque não vemos qualquer motivo para a existência de hierarquias entre estudantes, tendo em conta que todos devem ser tratados por igual nas relações interpessoais.
Porque acreditamos que a tradição nunca poderá ser um entrave à mudança, muito menos, poderá alguma vez legitimar um comportamento inaceitável emqualquer sociedade.
Porque não aceitamos o poder auto-instituído e nada democrático dos organismos da praxe, que se constituem em estruturas paralelas com regras próprias.
Defendemos que a recepção aos novos alunos, sempre que se justifique a sua existência, se deve basear em relações de igualdade.
Nesta iniciativa, os estudantes olhar-se-ão nos olhos e tratar-se-ão por "tu", construindo um conjunto de redes de solidariedade e de camaradagem não exclusivas.
Todos se divertirão por igual, deixando a diversão de uns de ser a humilhação de outros.
Desta forma, incentivar-se-á o verdadeiro altruísmo que consiste em ajudar osoutros sem exigir qualquer contrapartida. Defendemos igualmente que a faculdade deve ser uma instituição aberta ao mundo que a rodeia, transformando-o e sendo por ele transformada.
Uma instituição quedeve proporcionar a livre intervenção e fomentar a criatividade, não impondo códigos de conduta nem promovendo a segregação. Mas este ideal nunca será concretizável enquanto o espírito da praxe reinar na faculdade. Exigimos ainda que as instituições de Ensino Superior tomem sobre si a responsabilidade de prestar todas as informações e aconselhamento necessáriosaos estudantes, quebrando assim com o princípio paternalista do "apadrinhamento" que compromete e fragiliza a autonomia dos recém-chegados.
Exercemos desta forma o nosso direito à indignação. Como parte da sociedade civil pensamos que o que se passa no interior das faculdades diz respeito a todos. Logo, jamais poderemos fechar os olhos à triste realidade das "tradições académicas". E juntamos a nossa voz à voz de todos os que lutam diariamente contra o cinzentismo da praxe e se batem por uma faculdade crítica, aberta e democrática!
Elaborado pelos Antipodas, MATA, República das Marias
Subscrito pela República Prá-kys-tão, e algumas dezenas de intelectuais e músicos portugueses como Sérgio Godinho, Prado Coelho, Luís Afonso, e mais uns quantos que a memória não recorda...
terça-feira, 15 de julho de 2008
segunda-feira, 14 de julho de 2008
sábado, 12 de julho de 2008
A BALADA DO SÓCRATES
SÓCRATES É UMA SECA
António Pedro Ribeiro
José Sócrates é um profeta da morte. Sócrates representa tudo aquilo que é contrário à vida autêntica. Sócrates é repressão, Sócrates é estatística, Sócrates é tecnológico, Sócrates é programado, Sócrates não tem coração. Sócrates é cinzento, Sócrates é polícia, Sócrates não teve infância, Sócrates nunca cometeu uma loucura, Sócrates é uma seca. Sócrates não tem emoção, Sócrates é gelo, Sócrates nunca deu a mão, Sócrates é um cabrão. Sócrates anda sempre perturbado, Sócrates faz amor com o mercado, Sócrates é um quadrado. Sócrates dá cada cambalhota, Sócrates só gosta da nota, Sócrates é uma anedota. É preciso derrotar o Sócrates, custe o que custar.
A ODISSEIA NO NOVA EUROPA
Acordo de manhã e sinto-me um conquistador. A saúde esplêndida. Sou o rei punk que regressa enquanto o Rocha hiberna. Bues de fixe altamente como a Carlinha. A cidade onde nasci é bela e cinzenta. A gaja do café limpa os vidros. O Manuel controla. Até me apetecia beber uma cerveja. Mas não o vou fazer. Não preciso. Sou o rei punk que regressa. No alto da barca. A vida sorri como nos anúncios. Mas sei que se escapa aos bocados. Aos poucos, não sobra nada. Sobras tu amor perdido na aldeia. Amor perdido em Braga. Coxas, voz doce, bandeja, "Astória". Era em Braga que deveria estar. Uma vez mais. Rei punk na tua imagem. Cinto desapertado, cowboy que chicoteia. Quanto te vir quero um beijo, um beijo louco na boca. E o Rocha que hiberna. E tu, loirinha, no "Púcaros". E tu no filme da poesia. No concerto cancelado da banda. "Loirinha". Sabes que temos uma canção chamada "Loirinha"? E o teu poema é o "Trip na Arcada". Sim, deveria estar em Braga à tua procura. Menina que vens do Gerês e entras na cama. Que me dás o amor e a vida.
Agora sim, estou possesso. Li dois livros de madrugada. Um sobre os Clash e outro de Eduardo Lourenço. Rei punk. Punk aristocrata. Eis a súmula. E o Manuel carrega as águas. E o Rocha que não sai da cama. 11:20. Nova Europa. Estou só e não preciso de ninguém. O pasteleiro carrega os bolos. Falta o Rocha para analisar os golos. Estou speedado demais para este pessoal. Estou noutro comprimento de onda. E o Aires e o Macedo que se cuidem. Rei punk. Poeta punk. Com o António Variações no ar. Estou com um speed do caralhão. Até me apetece discursar acerca do Estado da Nação. Anda apanhar-me agora, ó bardo da corte. Podes vir de fato e gravata e pastinha na mão. Anda apanhar-me que eu estou para lá. E tu, musa do Velvet, nunca mais te vi. Poeta punk. Vomito poemas ao som dos Clash. Sandinista! Combat Rock, London Calling. E os engravatados abandonam o café apavorados. Coitados, fogem de mim. Estou cheio de pedal. Até apareço no Telejornal. E o Rocha sempre a xonar. Eu produzo e os outros xonam. Como tu, Xoninhas, no Funchal. E tu, na rádio, a gozar. Sinto-me uma estrela. Ah!Ah! De novo, a estrela. Rei punk. Poeta punk. Há tanto tempo que não danço. Nietzsche deve andar satisfeito comigo, o Jim também. Não, não fui feito para linhas rectas nem para quadrados, nem para a razão. Sou do outro lado. Do lado louco, do lado subversivo, do lado punk. Rei punk. Um punk com maneiras. Um punk à maneira. É este o manifesto que fica. Até o Manuel já sorri. Sou doido. Absolutamente doido. Estou-me a despir perante vós. Não importa. Já passei por muita merda. E o Rocha permanece na cama. E se tu me desses um beijo? Quem vem amar-me ao palco? Hoje estou na companhia do divino marquês. Não há limites. O mundo começa hoje. Rei doido. Rei punk. Rei anarquista aos papéis em Paredes de Coura. Ouço vozes. Delírios. Alucinações.
Odisseia no "Nova Europa". Idade do ouro. E o Quim pede um queque. E o Rocha a dormir. E a gaja agarrada à loiça. Estou aqui a expôr-me. E daí? São 11:35. Estou no "Nova Europa". O destino da Humanidade passa por aqui. O padre renegado trata-me por rapaz. E eu rejuvesneço 20 anos. Ou talvez 2500. Volto à Idade do Ouro. À maravilha da criação. Zaratustra dança comigo e com as Bacantes. Dionisos punk. Quem vem amar-me? Hey! Isto é um happening. Dança! Sou o rei punk. Sou absolutamente sem limites.
COXAS
quarta-feira, 9 de julho de 2008
TRIP NO EXPRESSO
13:01 | Segunda-feira, 30 de Jun de 2008
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Biberta/morguefile
Os grandes temas da próxima edição impressa do Expresso são comentados nos blogues
Nunca tinha acontecido em Portugal: um tribunal mandou fechar um blogue. Em causa estão os posts do Povoa Online, onde eram criticados os autarcas da Póvoa de Varzim.
"Actualmente (a Póvoa de Varzim) apenas oferece lixo, areia da praia contaminada e um mar poluído, tudo supervisionado por autarcas agarrados ao poder e sustentados por uma teia de corrupção que corrói toda a gestão municipal. Vingou a lei do cimento". São frases como esta que levaram o presidente do município, Macedo Vieira, e o vice-presidente, Aires Pereira, a pedir aos tribunais o encerramento do blogue.
Decidiu a Justiça que os autores do Póvoa online difamavam os autarcas. Decidiram os outros "camaradas" blogues comentar o assunto.
"Era como se José Sócrates agora decidisse censurar o Trip na Arcada ou o nosso livro "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro", escreve o Trip na Arcada.
A liberdade de expressão é posta em causa e a palavra censura vem à baila em alguns posts. "Porque acredito na liberdade de expressão e não admito as novas "comissões de censura", porque acredito que o poder corrompe, porque acredito que a aberração urbanística (entre outras matérias pardas) da Póvoa de Varzim só é possível por imbecilidade ou corrupção da autarquia e porque não acredito na justiça que é praticada no rectângulo, que se permite fechar um blog que incomoda e ao fazê-lo abre caminho a mais acções semelhantes, manifesto desta forma a minha solidariedade com o póvoa online e o meu mais profundo desprezo pelos sensíveis autarcas e pela justiça que lhes dá cobertura e protecção!", lê-se no blogue Apanha Moscas.
O caso é mesmo apelidado de escândalo. "Nem na Internet estamos seguros. Mais um caso de escândalo e abuso de poder das autoridades Portuguesas", escreve o blogue ruicruz.forunsbb.com.
EXPRESSO
OS POETAS
5 poetas leram poesia durante 55 horas consecutivas
e entraram no "Guiness"
55 poetas vomitaram durante 555 dias consecutivos
e entraram no "Guiness"
555 poetas cagaram durante 5555 dias consecutivos
e entraram no "Guiness"
5555 poetas bateram 55555 píveas consecutivas
e entraram no "Guiness"
55555 poetas foram ao cu a outros tantos poetas
e entrram no "Guiness"
ODE A FERNANDO PESSOA
Ode a Fernando Pessoa
Roberto Piva (1962)
O rádio toca Stravinsky para homens surdos e eu recomponho na minha imaginação
a tua vida triste passada em Lisboa.
Ó Mestre da plenitude da Vida cavalgada em Emoções,
Eu e meus amigos te saudamos!
Onde estarás sentindo agora?
Eu te chamo do meio da multidão com minha voz arrebatada,
A ti, que és também Caeiro, Reis, Tu-mesmo, mas é como Campos que vou
saudar-te, e sei que não ficarás sentido por isso.
Quero oferecer-te o palpitar dos meus dias e noites,
A ti, que escutaste tudo quanto se passou no universo,
Grande Aventureiro do Desconhecido, o canto que me ensinaste foi de libertação.
Quando leio teus poemas, alastra-se pela minh'alma dentro um comichão de
saudade da Grande Vida,
Da Grande Vida batida de sol dos trópicos,
Da Grande Vida de aventuras marítimas salpicada de crimes,
Da grande vida dos piratas, Césares do Mar Antigo.
Teus poemas são gritos alegras de Posse,
Vibração nascida com o Mundo, diálogos contínuos com a Morte,
Amor feito a força com toda Terra.
Sempre levo teus poemas na alma e todos os meus amigos fazem o mesmo.
Sei que não sofres fisicamente pelos que estão doentes de Saudade, mas de
Madrugada; quando exaustos nos sentamos nas praças, Tu estás conosco, eu
sei disso, e te respiramos na brisa.
Quero que venhas compartilhar conosco as orgias da meia-noite, queremos ser
para ti mais do que para o resto do mundo.
Fernando Pessoa, Grande Mestre, em que direção aponta tua loucura esta noite?
Que paisagens são estas?
Quem são estes descabelados com gestos de bailarinos?
Vamos, o subúrbio da cidade espera nossa aventura,
As meninas já abandonaram o sono das famílias,
Adolescentes iletrados nos esperam nos parques.
Vamos com o vento nas folhagens, pelos planetas, cavalgando vaga-lumes cegos até o Infinito.
Nós, tenebrosos vagabundos de São Paulo, te ofertamos em turíbulo para uma
bacanal em espuma e fúria.
Quero violar todas as superfícies e todos os homens da superfície, Vamos viver para além da burguesia triste que domina meu país alegremente
Antropófago.
Todos os desconhecidos se aproximam de nós.
Ah, vamos girar juntos pela cidade, não importa o que faças ou quem sejas, eu te
abraço, vamos!
Alimentar o resto da vida com uma hora de loucura, mandar à merda todos os deveres, chutar os padres quando passarmos por eles nas ruas, amar os
pederastas pelo simples prazer de traí-los depois,
Amar livremente mulheres, adolescentes, desobedecer integralmente uma ordem
por cumprir, numa orgia insaciável e insaciada de todos os propósitos-
Sombra.
Em mim e em Ti todos os ritmos da alma humana, todos os risos, todos os olhares,
todos os passos, os crimes, as fugas, Todos os êxtases sentidos de uma vez,
Todas as vidas vividas num minuto Completo e Eterno,
Eu e Tu, Toda a Vida!
Fernando, vamos ler Kierkegaard e Nietzsche no Jardim Trianon pela manhã,
enquanto as crianças brincam na gangorra ao lado.
Vamos percorrer as vielas do centro aos domingos quando toda a gente decente
dorme, e só adolescentes bêbados e putas encontram-se na noite.
Tu, todas as crianças vivazes e sonolentas,
Carícia obscena que o rapazito de olheiras fez ao companheiro de classe e o
professor não vê;
Tu, o Ampliado, latitude-longitude, Portugal África Brasil Angola Lisboa São
Paulo e o resto do mundo,
Abraçado com Sá-Carneiro pela Rua do Ouro acima, de mãos dadas com Mário de Andrade no Largo do Arouche.
Tu, o rumor dos planaltos, tumulto do tráfego na hora do ¿rush¿, repique dos
sinos de São Bento, hora tristonha do entardecer visto do Viaduto do Chá,
Digo em sussurro teus poemas ao ouvido do Brasil, adolescente moreno empinando papagaios na América.
Vamos ver a luz da Aurora chispando nas janelas dos edifícios, escorrendo pelas
águas do Amazonas, batendo em chapa na caatinga nordestina, debruçando
no Corcovado,
Ouçamos a bossa-nova deitados na palma da mão do Cristo e a batucada vinda
diretamente do coração do morro.
Tu, a selvagem inocência nos beijos dos que se amam,
Tu o desengajado, o repentino, o livre.
Agora, vem comigo ao Bar, e beberemos de tudo nunca passando pela caixa,
Vamos ao Brás beber vinho e comer pizza no Lucas, para depois vomitarmos
tudo de cima da ponte,
Vem comigo, eu te mostrarei tudo: o Largo do Arouche à tarde, o Jardim da Luz
pela manhã, veremos os bondes gingando nos trilhos da Avenida, assaltaremos o Fasano, iremos ver ¿as luzes do Cambuci pelas noites de crime¿,
onde está a menina-moça violada por nós num dia de Chuva e Tédio,
Não te levarei ao Paissandu para não acordarmos o sexo do Mário de Andrade
(ai de nós se ele desperta!),
Mas vamos respirar a Noite do alto da Serra do Mar: quero ver as estrelas refletidas
em teus olhos.
Sobre as crianças que dormem, tuas palavras dormem; eu deles me aproximo e
dou-lhes um beijo familiar na face direita.
Teu canto para mim foi música de redenção,
Para tudo e todos a recíproca atração de Alma e Corpo.
Doce intermediário entre nós e a minha maneira predileta de pecar.
Descartes tomando banho-maria, penso, logo minto, na cidade futura, industrial
e inútil.
Mundo, fruto amadurecido em meus braços arqueados de te embalar,
Resumirei para Ti a minha história:
Venho aos trambolhões pelos séculos,
Encarno todos os fora da lei e todos os desajustados,
Não existe um gangster juvenil preso por roubo e nenhum louco sexual que eu
não acompanhe para ser julgado e condenado;
Desconheço exame de consciência, nunca tive remorsos, sou como um lobo
dissonante nas lonjuras de Deus.
Os que me amam dançam nas sepulturas.
Da vidraça aberta olho as estrelas disseminadas no céu; onde estás, Mestre Fernando?
Foste levar a desobediência aos aplicados meninos do Jardim América?
Dás um lírio para quem fugir de casa?
Grande indisciplinador, é verdade?
Vamos ao norte amar as coisas divinamente rudes.
Vamos lá, Fernando, dançar maxixe na Bahia e beber cerveja até cair com um
baque surdo no centro da Cidade Baixa.
Sabes que há mais vida num beco da Bahia ou num morro carioca do que em
toda São Paulo?
São Paulo, cidade minha, até quando serás o convento do Brasil?
Até teus comunistas são mais puritanos do que padres.
Pardos burocratas de São Paulo, vamos fugir para as praias?
Ó cidade das sempiternas mesmices, quando te racharás ao meio?
Quero cuspir no olho do teu Governador e queimar os troncos medrosos da floresta
humana.
Ó Faculdade de Direito, antro de cavalgaduras eloqüentes da masturbação transferida!
Ó mocidade sufocada nas Igrejas, vamos ao ar puro das manhãs de setembro!
Ó maior parque industrial do Brasil, quando limparei minha bunda em ti?
Fornalha do meu Tédio transbordando até o Espasmo.
Horda de bugres galopando a minha raiva!
Sei que não há horizontes para a minha inquietação sem nexo,
Não me limitem, mercadores!
Quero estar livre no meio do Dilúvio!
Quero beber todos os delírios e todas as loucuras, mais profundamente que
qualquer Deus!
Põe-te daqui para fora, policiamento familiar da alma dos fortes: eu quero ser
como um raio para vós!
Violência sincopada de todos os "boxeurs"!
Brasileira do Chiado em dias de porre de absinto.
Arcabouço de todas as náuseas da vida levada em carícias de Infinito.
Tudo dói na tua alma, Nando, tudo te penetra, e eu sinto contigo o íntimo tédio
de tudo.
Realizarei todos os teus poemas, imaginando como eu seria feliz se pudesse estar
contigo e ser tua Sombra.
PORNOSAMBA PARA O MARQUÊS DE SADE
PORNOSAMBA PARA O MARQUÊS DE SADE
esta homenagem coincide com a deterioração da
Bastilha Sul-Americana minada pela crise de corações
& balangandãs econômicos onde se mata de tédio o
poeta & de fome o camponês & sobre os pés femininos
se calça a bota de chumbo de várias cores gamadas
com Hitlers de plantão em cada esquina recoberta de
saúvas & amores escancarados como túmulos onde tuas
coxas Marquês, servem de amparo delicado para o
garoto que chupa teu pau enquanto uma mulher ruiva
te cavalga Assim, anotemos o nome da
vítima-orgasmo-blasfêmia antes que as araras entrem
na orgia com seus estimulantes bicos recurvos & um
estratagema de cipós afague os sóis da desolação
quotidiana em nível de Paraíso A noite é nossa Cidadão
Marquês, com esporas de gelatina e pastéis de esperma
& vinhos raros onde saberemos localizar o tremor a
sarabanda de cometas o suspiro da carne
Roberto Piva.
ENTREVISTA COM ALLEN GINSBERG
Entrevista com Allen Ginsberg
A Folha publicou entrevista inédita com o poeta beat norte-americano morto dois dias antes, aos 70, em Nova York.
Eduardo Simantob da Publifolha
A morte de Allen Ginsberg, ocorrida anteontem, não deixa lacunas. Durante meio século o escritor americano dedicou-se não só a uma extensa obra poética, como também ao ensino da literatura como ato de liberdade e militância político-ambiental. E a mensagem já está dada. Ginsberg escreveu bastante, falou mais ainda e participou combativamente das transformações da América do pós-Guerra. Lutou contra a censura, combateu a proibição do LSD (1966), protestou contra a guerra do Vietnã, contra as armas nucleares e militou pela preservação da natureza.
Em 1994, Ginsberg foi procurado pela Folha para falar sobre o escritor William Burroughs, que na época completava 80 anos de idade. A entrevista, inédita, acabou se estendendo à sua poesia, ativismo e ecologia. A seguir alguns trechos.
Folha - Como o senhor resumiria a importância de William Burroughs na literatura americana?
Allen Ginsberg - Burroughs tem uma influência na cultura dominante americana muito maior do que ele mesmo imagina. Devido ao processo contra seu livro ''Almoço Nu'', ele abriu as portas da censura para que novos autores escrevessem o que quisessem. Muitos dos seus temas continuam e continuarão importantes, como controle do pensamento, drogas, sexualidade gay, Estados policiais etc. Mesmo na cultura pop, bandas como Steely Dan e Soft Machine devem seus nomes a títulos de livros seus e, mais ainda, à técnica dos cut-ups (colagem de textos e imagens não tão ao acaso, desenvolvida por Burroughs e pelo pintor Brion Gysin nos anos 60).
Folha - E o senhor experimentou também os cut-ups?
Ginsberg - Só no começo, mas essa técnica foi incorporada por vários escritores, como Dennis Cooper e Hunter Thompson, sem falar dos músicos. Os garotos do U2 outro dia vieram me mostrar um videoclipe (da turnê ''Zootour'') influenciados pelo cut-up.
Folha - Mas o cut-up não é uma técnica original, os dadaístas e surrealistas do início do século...
Ginsberg - Sim, eles faziam algo que se chamava ''corpos estranhos''. Dois artistas trabalhavam numa mesma tela sem saber o que o outro fazia, depois juntavam tudo. Mas o cut-up não é um processo inconsciente, é uma forma de dar sentido a esse inconsciente.
Folha - O senhor trabalhava o cut-up na sua poesia?
Ginsberg - Não exatamente. Eu também fotografo e desenho. Nas fotos eu escrevia notas sobre as coisas que estavam acontecendo quando foram tiradas. Ao juntá-las tenho toda uma história contada de um modo não usual.
Folha - Hoje os ''beats'' estão virando moda na América, a mídia dando às suas obras um espaço até hoje inédito. Isso é uma surpresa?
Ginsberg - Não. Creio que a obra ''beat'' é tão forte que já pode ser tomada como referência literária. Nós tocamos em questões permanentes: o império americano, ecologia, revolução sexual, censura. Também há a questão do ''terceiro caminho'', nem comunismo nem capitalismo, que pregávamos enquanto os intelectuais procuravam extremos do marxismo ou do anticomunismo. Nossa preocupação é alterar estados de consciência e achar soluções ecológicas, não ideológicas.
Folha - Mas isso também pode levar a interpretações variadas do que se diz ou escreve, não?
Ginsberg - Meu negócio é poesia. Ao produzir não posso controlar o que as pessoas farão depois, dizer o que elas devem fazer com suas próprias mentes. E nem gostaria, eu seria um ditador. O melhor que posso fazer é propor alternativas e me abrir às pessoas que queiram aprender comigo.
Folha - E qual é sua principal preocupação hoje?
Ginsberg - O problema básico é o da hipertecnologia consumindo o planeta numa escala que destruirá as possibilidades humanas. Li hoje uma entrevista de Jacques Cousteau (oceanógrafo francês) em que ele diz: ''Estou agora lutando pela minha própria espécie, buscando conceitos para as gerações futuras''. Para ele, o divórcio entre a humanidade e a natureza é irreversível, mas o homem deve se lembrar que ainda depende da natureza. Mas, como eu, ele tem esperança no futuro.
Folha - E há futuro na literatura americana?
Ginsberg - Há um presente. Quem estiver escrevendo, em qualquer língua, está levando a literatura para frente, mas deve sempre se lembrar que a imortalidade só vem depois.
Sutra do Girassol
Caminhei nas margens do abandonado cais de lata onde outrora
descarregavam banana e fui sentar na sombra enorme de uma locomotiva lá perto
para olhar e chorar o sol morrendo em ladeiras sobre as casas todas iguais.
Jack amigo Kerouac sentou-se ao lado no ferro de um mastro roto partido
e a gente caiu na maior fossa do mundo, os dois ilhados, dois contidos
na rede das raízes de aço,
e eu e Jack pensando os mesmos pensamentos da alma.
No rio a correnteza de óleo refletia o céu rubro, o sol caía
pelas alturas finais de San Francisco, sem que houvesse
peixe nessas águas, sem que houvesse um ermitão nas montanhas, só a gente
com olhos de ressaca e remela, feito vagabundos, cheios de astúcia e cansaço.
Olha só um girassol, Jack então disse, e havia o vulto inerte e cinzento
seco, do tamanho de um homem, recostado
num monte milenar de serragem.
- Eu pulei de alegria e era o primeiro girassol de minha vida, eram memórias
de Blake - essas visões - o Harlem
e os rios do inferno-leste, sanduíches indigestos trotando
um ranger de pontes, carrinhos de bebê encalhados, esquecidos
pneus de bojo negro careca, penicos
& camisas-de-vênus, o poema da margem, canivetes, nada inox, só o mofo
o lixo de tantas coisas cortantes cujo fio passava
para o passado -
e o cinzento girassol se equilibrando ao sol-posto,
desmanchando-se abatido na invasão da fuligem, da fumaça, do pó
de velhas locomotivas no olho -
corola e também coroa com as pontas amassadas virando, com sementes
despencando do rosto, rompendo em breves dentes um dia
claro, raios de sol grudando em seu cabelo riscado
como uma exangue teia de aranha de arame;
caule com braços-folhas jogados, os gestos da raiz de serragem,
pedaços de reboco minando nos galinhos queimados
e uma mosca estagnada no ouvido,
você de fato era uma incrível coisa imprestável, ó meu girassol minha
alma, e como eu te amei então!
sujeira não era parte do homem, era a parte da morte e das locomotivas
humanas,
simples roupa empoeirada, o simples véu da pele férrea, a cara
da fumaça, as pálpebras da escura miséria, a mão
ou falo ou tumor mortiço do imundo motor moderno industrificial disso
tudo, o bafo da civilização poluindo
tua coroa muito louca de ouro -
esses turvos pensamentos de morte, a grande falta
de amor em fins e olhos tapados, raízes abafadas em areia
e serragem, os dólares raspantes elásticos, o couro das máquinas, as
tripas enroscadas de um carente carro que tosse, as solitárias
latas baratas com línguas rotas de fora, e o que mais seja, a cinza
que escorre pela boca na ereção de um charuto, a boceta
de um carrinho de mão, ou os seios acesos de viaturas lácteas, o rabo gasto
que as cadeiras expelem, o esfíncter dos dínamos - tudo
isso embolado nas raízes-múmias -
e você aí de pé na minha
na tarde da minha frente, a sua glória em sua forma!
beleza perfeita, um girassol! uma tranqüila e girassol existência
excelente e perfeita! um olho doce natural para a melancolia da lua
nova, desperto vivo excitado
sacando no crepúsculo sombra a brisa mensual de ouro aurora!
enquanto você lançava blasfêmias
para o céu da via férrea e sua própria floralma,
quantas moscas zumbiram na sua extrema imundície
sem ligar para nada?
Quando, flormortapobre, você esqueceu que é uma flor?
quando olhou sua pele e decidiu que era a velha
suja locomotiva impotente? o fantasma de uma
locomotiva? o espectro e sombra de uma já poderosa
locomotiva americana maluca?
não, girassol, você não foi locomotiva nunca, você foi sempre um girassol!
você, locomotiva, você é o motivo louco de sempre, a locomotiva!
pensando isso peguei o grosso girassol esqueleto e o finquei a meu lado
como um cetro
fiz o meu sermão à minha alma, e também à de Jack, e tambérn à de todos
que ainda queiram ouvir:
Não somos a sujeira da pele, não somos nossa locomotiva medonha triste
poeirenta com ausência de imagem, nós somos todos uns lindos girassóis
por dentro, somos sagrados por nossas próprias sementes &
peludos pelados dourados corpos de ação virando girassóis ao crepúsculo
loucos girassóis formais e negros que esses olhos espiam
na sombra da locomotiva maluca margem beira
San ladeiras Francisco
tarde de lata
sol-posto sentar-se vision.
Tradução de Leonardo Fróes
ALLEN GINSBERG- AMÉRICA
“América eu te dei tudo e agora não sou nada/ América dois dólares vinte e sete centavos 17 de janeiro de 1956/ América não aguënto mais minha própria mente/ América quando acabaremos com a guerra humana? Vá se foder com sua bomba atômica/ Não estou legal não me encha o saco/ Não escreverei meu poema enquanto não me sentir legal/ América quando é que você será angelical?/ Quando você tirará sua roupa?/ Quando você se olhará através do túmulo? Quando você merecerá seu milhão de trotskistas? América por que suas bibliotecas estão cheias de lágrimas: América quando você mandará seus ovos para a Índia/ Eu estou cheio de suas exigências malucas”.
terça-feira, 8 de julho de 2008
TRATADO DA IMBECILIDADE
O gordo imbecil tem a mania que tem piada
os imbecis lá fora confratenizam
o bigodes imbecil tosse
o poeta imbecil escreve
a vida imbecil prossegue
os concorrentes imbecis vão ao programa imbecil
as gajas boas e imbecis mostram-se
o poeta imbecil embebeda-se
os concorrentes imbecis vão ao concurso imbecil sacar o prémio imbecil
sempre atrás do prémio sempre atrás do caralho do dinheiro imbecil
puta de vida imbecil
imbecil como o apresentador gordo e imbecil
imbecil como o país imbecil que não avança
imbecil como o cidadão comum imbecil que não se revolta
imbecil como as relações imbecis entre as pessoas
imbecil como os presentes imbecis do presidente da Câmara
imbecil como o ferro de engomar imbecil do "Preço Certo"
imbecil como os fins de tarde imbecis em Vilar do Pinheiro
imbecil como a patroa imbecil que não se cala
imbecil como o poeta imbecil que se debruça para apanhar a caneta
imbecil como o telemóvel imbecil que não toca
imbecil como a criança imbecil que brinca
imbecil como o rock n' roll imbecil que não passa
imbecil como o cofre imbecil na televisão
imbecil como a cerveja imbecil que desliza
imbecil como o "Deslize" imbecil que foi à vida
imbecil como as cartas imbecis ao gordo imbecil
imbecil como o presidente da Câmara imbecil que processa
imbecil como a concorrente gorda e imbecil que tropeça nas escadas
imbecil como o mundo imbecil que não muda
imbecil como o cliente imbecil que não entra
imbecil como as mamas da concorrente imbecil que saem por fora
imbecil como o Pires imbecil que ganha um sofá
imbecil como o sofá imbecil onde se senta o Pires
imbecil como os carros imbecis que circulam na estrada
imbecil como esta lenga-lenga imbecil que não acaba
imbecil como as árvores imbecis que não saem do sítio
imbecil como a roda imbecil que anda à roda
imbecil como o sorriso imbecil do barbudo pateta
imbecil como a postura sóbria e imbecil do pivot do Telejornal
imbecil como as notícias imbecis das oito da noite
imbecil
tremendamente imbecil
absolutamente imbecil
e acaba.
PARTIDO SURREALISTA SITUACIONISTA LIBERTÁRIO
segunda-feira, 7 de julho de 2008
domingo, 6 de julho de 2008
ESTE PAÍS
O Ranço Salazarista
texto de Baptista Bastos publicado no Diário de Notícias
Cada vez mais nos afastamos uns dos outros. Trespassamo-nos sem nos ver. Caminhamos nas ruas com a apática indiferença de sequer sabermos quem somos. Nem interessados estamos em o saber. Os dias deixaram de ser a aventura do imprevisto e a magia do improviso para se transformarem na amarga rotina do viver português e do existir em Portugal.
Deixámos cair a cultura da revolta. Não falamos de nós. Enredamo-nos na futilidade das coisas inúteis, como se fossem o atordoamento ou o sedativo das nossas dores. E as nossas dores não são, apenas, d’alma: são, também, dores físicas.
Lemos os jornais e não acreditamos. Lemos, é como quem diz - os que lêem. As televisões são a vergonha do pensamento. Os comentadores tocam pela mesma pauta e sopram a mesma música. Há longos anos que a análise dos nossos problemas está entregue a pessoas que não suscitam inquietação em quem os ouve. Uma anestesia geral parece ter sido adicionada ao corpo da nação.
Um amigo meu, professor em Lille, envia-me um email. Há muitos anos, deixou Portugal. Esteve, agora, por aqui. Lança-me um apelo veemente e dorido: ‘Que se passa com a nossa terra? Parece um país morto. A garra portuguesa foi aparada ou cortada por uma clique, espalhada por todos os sectores da vida nacional e que de tudo tomou conta. Indignem-se em massa, como dizia o Soares.’
Nunca é de mais repetir o drama que se abateu sobre a maioria. Enquanto dois milhões de miúdos vivem na miséria, os bancos obtiveram lucros de 7,9 milhões por dia. Há qualquer coisa de podre e de inquietantemente injusto nestes números. Dir-se-á que não há relação de causa e efeito. Há, claro que há. Qualquer economista sério encontrará associações entre os abismos da pobreza e da fome e os cumes ostensivos das riquezas adquiridas muitas vezes não se sabe como.
Prepara-se (preparam os ’socialistas modernos’ de Sócrates) a privatização de quase tudo, especialmente da saúde, o mais rendível. E o primeiro-ministro, naquela despudorada ‘entrevista’ à SIC, declama que está a defender o SNS! O desemprego atinge picos elevadíssimos. Sócrates diz exactamente o contrário. A mentira constitui, hoje, um desporto particularmente requintado. É impossível ver qualquer membro deste Governo sem ser assaltado por uma repugnância visceral. O carácter desta gente é inexistente. Nenhum deles vai aos jornais, às Televisões e às Rádios falar verdade, contar a evidência. E a evidência é a fome, a miséria, a tristeza do nosso amargo viver; os nossos velhos a morrer nos jardins, com reformas de não chegam para comer quanto mais para adquirir remédios; os nossos jovens a tentar a sorte no estrangeiro, ou a desafiar a morte nas drogas; a iliteracia, a ignorância, o túnel negro sem fim.
Diz-se que, nas próximas eleições, este agrupamento voltará a ganhar. Diz-se que a alternativa é pior. Diz-se que estamos desgraçados. Diz um general que recebe pressões constantes para encabeçar um movimento de indignação. Diz-se que, um dia destes, rebenta uma explosão social com imprevisíveis consequências. Diz a SEDES, com alguns anos de atraso, como, aliás, é seu timbre, que a crise é muito má. Diz-se, diz-se.
Bem gostaríamos de saber o que dizem Mário Soares, António Arnaut, Manuel Alegre, Ana Gomes, Ferro Rodrigues (não sei quem mais, porque socialistas, socialistas, poucos há) acerca deste descalabro. Não é só dizer: é fazer, é agir. O facto, meramente circunstancial, de este PS ter conquistado a maioria absoluta não legitima as atrocidades governamentais, que sobem em escalada. O paliativo da substituição do sinistro Correia de Campos pela dr.ª Ana Jorge não passa de isso mesmo: paliativo. Apenas para toldar os olhos de quem ainda deseja ver, porque há outros que não vêem porque não querem.
A aceitação acrítica das decisões governamentais está coligada com a cumplicidade. Quando Vieira da Silva expõe um ar compungido, perante os relatórios internacionais sobre a miséria portuguesa, alguém lhe devia dizer para ter vergonha. Não se resolve este magno problema com a distribuição de umas migalhas, que possuem sempre o aspecto da caridadezinha fascista. Um socialista a sério jamais procedia daquele modo. E há soluções adequadas. O acréscimo do desemprego está na base deste atroz retrocesso.
Vivemos num país que já nada tem a ver com o País de Abril. Aliás, penso, seriamente, que pouco tem a ver com a democracia. O quero, posso e mando de José Sócrates, o estilo hirto e autoritário, moldado em Cavaco, significa que nem tudo foi extirpado do que de pior existe nos políticos portugueses. Há um ranço salazarista nesta gente. E, com a passagem dos dias, cada vez mais se me acentua a ideia de que a saída só reside na cultura da revolta.
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