sexta-feira, 18 de julho de 2008

FORA DA LEI


Começas a ficar outra vez farto de ter os controleiros em cima
foi por isso que saiste do partido
começas a não ter pachorra para a poesia lírica
tornaste-te punk mas não usas crista
o cidadão comum irrita-te
dizes poemas como se estivesses num combate de boxe
vomitas poemas
sabes que a loucura vem ter contigo
e deixas-te levar
portas-te mal
partes os vidros dos carros
ocupas hipermercados
derrubas estátuas
nunca te adaptaste aos empregos
nunca gostaste de ter chefes
cospes nos chefes e nos capitalistas
a humanidade leva uma vida imbecil
só ris quando gozas
tudo o resto te dá uma raiva imensa

compreendeste que na escola não eras uma nota
e deixaste de estudar
deixaste também de te levantar de manhã
leste Nietzsche e ouviste o Jim Morrison
e isso deu-te a volta à cabeça
as miúdas direitinhas não te compreendem
e as depressões fodem-te a cabeça
tornaste-te punk
e quando estás no palco só te apetece berrar
para desespero dos controleiros
és um animal de palco
e estás para lá
nada a fazer
nunca gostaste de polícias
nem que te andem a foder a cabeça
tiveste uma boa educação
mas aprendeste a linguagem da rua
há quem te chame desordeiro, arruaceiro
de vez em quando metes-te em confusões
até já apanhaste porrada
quando vais dançar a tua música
passas-te dos cornos
tornaste-te um punk
tornaste-te um roto
nunca tens dinheiro
nem te esforças por ter um trabalho
mandas tudo para o caralho
sentes-te irmão dos bêbados e dos drogados
és um poeta alucinado
um fora da lei
um iluminado

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