Karl Marx fala do amor. "Se uma pessoa ama sem inspirar amor, isto é, se não é capaz, ao manifestar-se uma pessoa amável, de tornar-se amada, então o amor dela é impotente e uma desgraça", escreve nos "Manuscritos Económicos e Filosóficos". Marx fala do amor pleno, do amor correspondido. E é do amor unido com a liberdade e com a inteligência que temos de falar. Quão pequenas e ridículas são as jogadas e piruetas para segurar o poder a qualquer custo de Paulo Portas e Passos Coelho. Quão absurdos são esses personagens de "reality-show". Procuramos, como Marx, a essência do homem. Procuramos o encontro do homem consigo próprio. Rejeitamos o homem frio e calculista, o homem do interesse e da mercearia, o homem conformista que absorve imagens. Somos de Quixote, dos grandes rasgos, das grandes ideias, do homem que grita e se liberta. Nada temos a ver com esses castradores, sejam eles domésticos ou sejam eles os cães especuladores dos mercados. Queremos o homem livre, que se constrói, que se completa, que se dá e não se vende.
sábado, 6 de julho de 2013
quinta-feira, 4 de julho de 2013
terça-feira, 25 de junho de 2013
UMA VIDA SEM DINHEIRO
Apesar das doenças e das ameaças de doença, posso dizer que me estou a encontrar. Realmente a mente abre-se. Olho de cima o mundo da intoxicação e da imbecilidade. Sou um homem. Não sou uma coisa. Não estou à venda no mercado global. Não sou um receptáculo dos computadores nem da TV. Vivo. Sou dono de mim. Não tenho de vos ouvir, ó vendilhões! Não me lavais o cérebro nem me atirais para o tédio e para a depressão. Aqui na velha "Padeirinha" atinjo as alturas. Todo eu sou dança, celebração. Abandonei a felicidade da maioria. Sigo a estrada larga de Whitman. Amo a vida autêntica, a vida que está no àlcool e em algumas mulheres. Não tenho que ser bem comportado, não tenho de andar ordenadinho. Não tenho que ser vosso, ó polícias. Vivo. Reino. Sou. Sou o poeta maldito. O grande doido. Não sou vosso, ó normais. Mesmo que às vezes pareça. Afastai-vos! Não me tenteis vender o vosso mundo! Recuso. Tenho convicções. Tenho ideias. Bebo, ainda bebo. Essa vida que vendeis não presta, ó coquetes televisivas. Afastai de mim os pimbas! Sou dos outros, sou dos grandes. Venho das estrelas. As palavras vêm como facas. Como é que pude aguentar esta merda tanto tempo? Como é que se pode ser conivente com a imbecilidade, com estes palhaços? O dinheiro, sempre o dinheiro a comandar a vida. Como é possível ser tão limitado? Quero uma vida sem dinheiro, uma vida sem amos, sem vendilhões, uma vida onde cada um desenvolva livremente as suas potencialidades, uma vida de criação. Não vos suporto mais, ó comentaristas.
sábado, 22 de junho de 2013
O HOMEM PARA LÁ DO HOMEM
E se a nossa mente explodisse, se elevasse ao máximo as suas potencialidades? O que seríamos capazes de criar? Muita coisa perderia o valor. Como a compra e venda, a relação comercial, o dinheiro. Seríamos deuses, seres de luz, efectivamente filhos das estrelas, da primeira luz. A ideia seria realmente soberana, seríamos capazes de tudo, de atingir o belo, o bem, o sublime. Poderíamos ser terríveis mas também infinitamente bons, capazes de dar amor a todo o momento. Ultrapassaríamos a política, a economia, tudo seria alma e céu. Sim, o que poderíamos ser se nos realizássemos aqui na Terra e além dela. Seríamos reis, rainhas, seres encantadores, extáticos, livres. Deixaríamos de andar ordenados, ao ritmo do relógio, sem tempo, sem limites, sem trabalho. O que seria o homem para lá do homem? Belo, soberbo, magnífico, um senhor sem escravos, ao seu ritmo, como no início dos tempos.
segunda-feira, 17 de junho de 2013
O ESCRITOR E AS PALMAS
Sou escritor. Assim o dizem. Devo escrever. Devo passar para o papel o que penso e sinto. Habituei-me a beber e será muito díficil deixar. A bebida ajuda-me a enfrentar os dias de tédio e mesmo que não haja tédio bebo na mesma. É assim desde os 18 anos em Braga. Dizem-me que o álcool também tem um efeito depressor e eu acredito. A seguir à euforia vem a depressão. Eufórico não estou. Mas vou subindo. Aqui no Pátio. Vou chegando à estrela. Vou abrindo caminho. O poeta bebe. Como nos velhos livros. Ganhei a fama. O poeta marginal, o poeta maldito. Eu era feliz. Ebriamente feliz. Dizia poesia no Tuaregue. Já então recebia palmas. E também vaias. Ainda assim agora nem sempre saio em glória. Tenho os meus picos. Os meus fãs, as minhas fãs, temporários ou permanentes. Creio que, em certa medida, a minha linguagem consegue ser mais eficaz do que a dos partidos. Talvez porque consiga ser mais abrangente. Eu falo da alienação, da imbecilização, via media, do agravamento das doenças mentais. Raramente falo do primário, da economia. Falo da vida, da vida autêntica de Rimbaud, de Morrison, de Nietzsche. Talvez aí esteja a diferença. Talvez por isso receba mais palmas.
quinta-feira, 13 de junho de 2013
A VIDA NÃO PRESTA
Bem sei que é necessário derrubar esta gente. Mas não menos necessário é esclarecer as pessoas. Em 2013, sec. XXI, a vida não presta. O safanço, o interesse, a competição, a rapina sobrepõem-se à inteligência, à cultura, à curiosidade, à verdadeira vida. Triunfam os oportunistas, os vendilhões, os executivos. O homem perde até a capacidade de amar, muitos afogam-se na depressão, alguns no suicídio ou então caem na uniformidade do pensamento, no conformismo. O trabalho é intragável, o lazer muitas vezes é controlado pelas modas ou pela ideologia dominante, o desemprego avança, tal como a pobreza e a miséria. A vida torna-se repetitiva, entediante, monótona. As vedetas cor-de-rosa vivem a nossa vida. Não, não há razão para sorrir. No entanto, ainda podemos buscar a vida dentro de nós. No entanto, se ainda não estamos moldados podemos ainda encontrar-nos. Ainda somos donos de nós próprios. Ao contrário do que nos vendem, ainda somos donos da verdade e da beleza, ainda podemos criar e dançar, ainda podemos mudar o mundo.
sábado, 8 de junho de 2013
M.
Tu não sabes os lugares por onde andei. Tu não sabes porque que é que a voz me falha e as pernas tremem. Tu não conheces os meus desertos. Beber sete cervejas e cambalear por causa de uma conversa e de uma foto do Che. Emborcar whisky após whisky e debitar poemas de amor e sangue perante uma plateia que tanto me ama como me odeia. Tu não sabes os paraísos e os infernos que levam a uma só palavra, a uma só canção. Há um mundo entre nós. Um mundo que nos separa e divide. Mas eu estranhamente, primitivamente amo-te.
Tu desconheces os meus caminhos. Conheces parte das minhas fraquezas e dos meus silêncios. Talvez nunca seja possível encontrarmo-nos. Talvez os nossos caminhos nunca mais se cruzem. Talvez o código, a tribo, o ritmo não coincidam. Talvez a linguagem não se esteja a adequar. Talvez eu seja sorumbático. Mas eu estranhamente, primitivamente amo-te.
In “Sexo, Noitadas e Rock n’ Roll”
quarta-feira, 29 de maio de 2013
DO PODER
O homem está aqui para se dar à luz, para desenvolver as suas potencialidades, para se tornar naquele que é, como afirmam Erich Fromm e Nietzsche. O homem está aqui para a liberdade, isto é, para preservar a sua integridade pessoal em face do poder. No entanto, o poder tenta dominar-nos, domar-nos através do mercado, do sucesso, da opinião da maioria, do senso comum, da máquina. E, se bem que nos possa transmitir uma certa sensação de segurança, provoca-nos distúrbios emocionais e mentais que nos podem incapacitar. O capitalismo é inimigo do homem.
quinta-feira, 23 de maio de 2013
LIBERDADE ABSOLUTA
Comecei a publicar cedo. Aos 18/19 anos já publicava no "Correio do Minho", no "DN Jovem". Habituei-me cedo aos media. Por isso os procuro. No fundo, comecei a trabalhar cedo. Mas, a partir de certa altura, pus tudo em causa. O trabalho, a economia, o negócio. Tudo isso é adiar o paraíso, é negar a vida. Quero o paraíso agora! Renego o sacrifício, a vidinha, o sucesso. Renego tudo o que me diminui, me deprime, me castra. Tenho em mim a liberdade absoluta. Quero dar amor para derrotar o inimigo.
terça-feira, 21 de maio de 2013
O ESTAR VIVO
Passou a euforia, a desmesura. Venho à "Confeitaria da Casa" como o poeta que escreve à mesa. Talvez me torne famoso, talvez não. O que é facto é que vou fazendo o meu caminho, com os meus picos, com os meus êxtases. Tenho 45 anos. Já vi muita coisa. Já tive as minhas descidas aos infernos, os meus filmes. Já estive nos palcos de Paredes de Coura, do Campo Alegre, do Púcaros, do Pátio, do Olimpo, do Deslize, do Pinguim. Já tive a ovação, o aplauso mas também o insulto, a indiferença, a negação. Já fui à rádio, aos jornais, à televisão. Já fui ameaçado e apanhei porrada. Agora estou aqui na aldeia do meu pai. Olho as mulheres bonitas. Para onde haveria de olhar? Não sou bem como os outros. Procuro algo que só alguns procuram. Procuro a Ideia, o Graal, a verdadeira essência de estar vivo, como diz a Sandra. Estar vivo é certamente demandar, gozar, celebrar. Estar vivo é certamente ultrapassar-se, ultrapassar os homens pequenos, o negócio, a mercearia. Estar vivo é alcançar as alturas, a poesia, a águia e a serpente. Estar vivo é viver a verdadeira vida de Rimbaud. Estar vivo é ter alma, pensamento, ultrapassar o corpo. Estar vivo é regressar à infância, aos dias grandes, aos dias sem preço. Estar vivo é não pagar.
sábado, 18 de maio de 2013
JORNAL FRATERNIZAR
Edição 88, Sexta-feira 10 Maio 2013
DO CAPITALISMO
O capitalismo é inimigo de tudo o que é humano- o sentimento, a sensibilidade, o amor, a amizade, a poesia. Reduz tudo á mercadoria, à mecanização, ao cálculo. O homem vende-se a si mesmo e á sua força de trabalho no mercado. Tudo é medido pelo dinheiro e pela sua acumulação. Uns nadam na riqueza e no poder, outros morrem de fome. O capitalismo é absolutamente desumano. Como diz Charles Dickens em "Tempos Difíceis": as pessoas são parecidas umas com as outras, "saindo e voltando a casa todas às mesmas horas, andando com o mesmo passo pelo mesmo passeio, fazendo o mesmo trabalho, e para as quais cada dia era parecido com o da véspera e com o seguinte, como cada ano condizia com o anterior e com o que se lhe seguia". Em suma, uma vida sem brilho, sem luz, entediante. Só os artistas e os filósofos podem contrariar esta tendência através do espírito crítico, da transgressão, da criatividade. Só através da busca interior, do culto do amor e da amizade, das mesas partilhadas é possível contrariar o poderio do dinheiro e do capitalismo. E também através da curiosidade, da descoberta. Só assim poderemos atingir o homem pleno, integral, o inimigo do capitalismo.
SABEDORIA, ÉTICA E AMOR UNIVERSAL
"Os profetas e os sábios, com poucas excepções, têm qualidades de valor diferentes das do poder- sabedoria, ética ou amor universal- e persuadiram grandes sectores da humanidade de que são objectivos mais merecedores de serem prosseguidos do que o sucesso pessoal. Aqueles que sofrem através de alguma parte do sistema social que o profeta ou o sábio deseja alterar têm razões pessoais para apoiarem as suas opiniões e a união do seu egoísmo com a sua ética impessoal que torna o movimento revolucionário vitorioso, irresistível." (Bertrand Russell)
Sabedoria, ética, amor universal. Eis o caminho. Temos de convencer os homens a não pensarem só no sucesso pessoal. Temos de ter uma educação voltada para o bem, para a virtude, para o belo. Temos de acreditar nos sábios e nos profetas. Aqueles que perseguem a felicidade da humanidade. O mundo dos executivos, dos politiqueiros, do cálculo, do safanço é intragável. Regressemos à pólis. Discutamos na rua. Estudemos, enriqueçamo-nos. Afastemo-nos da barbárie, da selvajaria, da competição selvagem. Questionemos o domínio dos media, da tecnocracia, da economia. Dêmos amor e bondade aos nossos semelhantes. Acreditemos nos poetas e nos filósofos. Façamos da vida um banquete permanente. Dancemos. Cantemos. Matemos em nós o capitalismo.
www.jornalfraternizar.pt.vu
terça-feira, 14 de maio de 2013
CIDADÃOS DA TERRA
Devemos educar as nossas crianças no amor, na busca do saber, na descoberta. Devemos formar cidadãos íntegros, virtuosos, que se preocupem com as grandes questões da humanidade, com o sentido da vida, que não se fechem no egoísmo. Devemos fazer da vida um experimento permanente, uma aventura. Devemos ser todos cidadãos da Terra, das mesas partilhadas. Devemos cumprir o que viemos fazer à vida.
Que viemos cá fazer? Amar, dar, descobrir, conhecer. Por isso leio, por isso escrevo. Tenho 45 anos. Não vim fazer negócios, não vim atrás do dinheiro. Vim para muito mais. Vim abrir portas. Vim construir mundos, ideias. Vim também para o mito, para o Graal, para a magia. Por isso não aceito entregar-me ao útil, ao quantificável, ao cronometrado. Por isso sou luz, sol, embriaguez. Não me dou com controlos, castrações, mecanizações. Procuro o enigma da vida. Estou na demanda. Percorro com Sócrates as ruas de Atenas. A mente explode, abre-se. Posso saber mais, posso saber sempre mais. A caneta desliza no papel. Sou um poeta. Desejo a mulher. Canto-a. Endeuso-a. Nasci hoje há 45 anos. Vim para reinar, para me dar. Há dias, noites em que me solto, em que não tenho limites. Que sentido faz toda a barbárie? Amemo-nos. Sejamos cidadãos da Terra.
terça-feira, 7 de maio de 2013
A EMPRESA E O MERCADO
"Nas relações administrativas amiúde os superiores experimentam um prazer intenso em afirmar o seu poder sobre os subordinados. Nas relações com os colegas há competição pela hierarquia e pela posição. Todo o sistema profissional está construído como ascensão na escala do poder e do prestígio."
(Francesco Alberoni, "A Amizade")
Mundo terrível este. Dominado pela lógica da empresa e do mercado. Procura-se a vantagem, o lucro, o interesse. Os homens são usados como meios e não como fins. A eficiência é a lei. A vida de trabalho é quase sempre cansativa, dura, frustrante. Predominam o cálculo e a economia. Segundo certas teorias, o indivíduo possui a mesma natureza de um empresa ou de um mercado. O objectivo é maximizar os lucros. No entanto, a lógica da empresa e do mercado não atende aos nossos desejos mais secretos e às nossas aspirações mais profundas. Nós nem sempre sabemos quais são os nossos objectivos e andamos à procura. Daí o papel do encontro, do amor, da amizade. A linguagem do amor não é a do custo nem a do lucro. É a da partilha, da comunhão, da celebração. O amor é a solução, o amor é o contrário do capitalismo. Tal como a liberdade.
sábado, 4 de maio de 2013
O MUNDO É NOSSO
O mundo é nosso, o mundo é gratuito. Não temos de pagar nada por ele. Por isso, segundo Nietzsche, só a arte é capaz de o apreender. Daí que façamos arte, daí que interpretemos o mundo. Daí que sejamos crianças, "inocência e esquecimento, um jogo, uma roda que rola sobre si mesma, um primeiro movimento, o dom sagrado de dizer sim". Sim, solitários, dizemos sim à terra e ao mundo. É na imensa solidão que criamos, que estamos à mesa, que proclamamos a gratuitidade do mundo. O dinheiro e o capitalismo têm que desaparecer da face da terra para que o homem seja homem. O dinheiro e o capitalismo matam o homem. Permaneçamos fiéis à terra, que nos ama. Brindemos, pois, à vida
quinta-feira, 2 de maio de 2013
SABEDORIA, ÉTICA, AMOR UNIVERSAL
"Os profetas e os sábios, com poucas excepções, têm qualidades de valor diferentes das do poder- sabedoria, ética ou amor universal- e persuadiram grandes sectores da humanidade de que são objectivos mais merecedores de serem prosseguidos do que o sucesso pessoal. Aqueles que sofrem através de alguma parte do sistema social que o profeta ou o sábio deseja alterar têm razões pessoais para apoiarem as suas opiniões e a união do seu egoísmo com a sua ética impessoal que torna o movimento revolucionário vitorioso, irresistível."
(Bertrand Russell)
Sabedoria, ética, amor universal. Eis o caminho. Temos de convencer os homens a não pensarem só no sucesso pessoal. Temos de ter uma educação voltada para o bem, para a virtude, para o belo. Temos de acreditar nos sábios e nos profetas. Aqueles que perseguem a felicidade da humanidade. O mundo dos executivos, dos politiqueiros, do cálculo, do safanço é intragável. Regressemos à pólis. Discutamos na rua. Estudemos, enriqueçamo-nos. Afastemo-nos da barbárie, da selvajaria, da competição selvagem. Questionemos o domínio dos media, da tecnocracia, da economia. Dêmos amor e bondade aos nossos semelhantes. Acreditemos nos poetas e nos filósofos. Façamos da vida um banquete permanente. Dancemos. Cantemos. Matemos em nós o capitalismo.
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