quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A REVOLUÇÃO DOS FILÓSOFOS


E novamente a Grécia. E novamente Atenas. De onde veio a filosofia, a sabedoria. Os gregos manifestam-se na rua, combatem a polícia porque já não aceitam esmolas, porque não aceitam que a vida se resuma à fórmula única e irreversível dos mercados e de Angela Merkel. Um povo sábio, que vem dos séculos, que tem Homero, Sócrates, Platão, Aristóteles, Sófloces, Eurípedes, Diógenes, não pode aceitar a escravidão. Um povo sábio teria de seguir os sinais do Cairo e de Tripoli. Já Platão e Aristóteles diziam que o comércio e o acumular dinheiro são actividades primárias, desprezíveis, indignas do filósofo. Um povo sábio não pode sujeitar-se às leis do mercado nem à perda da sua essência, de direitos fundamentais. Um povo sábio não aceita ser humilhado. Por isso, esse povo é também de Dionisos. É um povo de fogo, de explosões, que ama a liberdade. Banqueiros, mercadores, jamais conseguireis calar Homero, Dionisos, Sócrates, Platão. Não estais ao nível deles. Jamais estareis. Limitai-vos a esgravatar na lama, a desenterrar negócios do esterco, a vender pai e mãe. Não sois sequer dignos de ser homens, mulheres. Ides cair como ídolos de pés de barro.

A REVOLUÇÃO DE ATENAS


Protesto contra liberalização generalizada e novos cortes salariais
Greve geral na Grécia provoca confrontos nas ruas de Atenas
23.02.2011 - 10:50 Por Paulo Miguel Madeira, com Pedro Crisóstomo

As manifestações em Atenas, contra o pacote de austeridade negociado pelo Governo para obter ajuda financeira externa, resultaram hoje em confrontos entre a polícia e dezenas de jovens manifestantes.
Mota da polícia em chamas em frente ao Parlamento, em Atenas

(John Kolesidis/Reuters)

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As forças da ordem responderam com gás lacrimogéneo sobre os jovens que se concentravam na praça Syntagma e em outras artérias principais da capital, neste dia de greve geral na Grécia.

Milhares de pessoas saíram às ruas contra as medidas de austeridade do executivo de Georges Papandreou, rompendo com a imagem de aparente acalmia ao início da manhã em Atenas, com lojas de taipais corridos, serviços públicos fechados e transportes a meio gás.

As centrais sindicais dos sectores público e privado que convocaram a greve apontam, até este momento, para uma mobilização de 60 mil nas ruas da capital, enquanto as autoridades calculam apenas 20 mil em Atenas. A agência Reuters contabilizava mesmo cem mil em frente ao Parlamento grego, entre trabalhadores, pensionistas e estudantes.

Num momento em que o primeiro-ministro grego apela aos parceiros europeus para aliviarem o garrote financeiro sobre o país, o “remédio” infligido ao “é pior do que o mal”, criticou o presidente da central sindical do sector privado (GSEE, com cerca de um milhão de membros), Giannis Panagopoulos, na manifestação ao final desta manhã, dirigida aos trabalhadores e pensionistas. “Os ricos tornam-se mais ricos, os pobres mais pobres”, continuou.

A central denuncia a liberalização em curso em todos os sectores como “anti-social” e “anti-trabalhadores”, enquanto no sector público se contesta uma nova redução salarial, depois de no ano passado o Governo já ter diminuído os salários dos funcionários, reduzido as pensões de reforma e aumentado os impostos, para começar a reequilibrar as finanças públicas.

O Governo, por seu lado, destacou um importante dispositivo de cinco mil polícias para acompanhar as manifestações em Atenas, naquela que é a primeira greve geral deste ano, depois de sete ao longo do ano passado, e os sindicatos prevêem já mais contestação.

Hoje de manhã, o país não tinha ligações marítimas com as ilhas (o que se deveria manter durante 24 horas) nem comboios, e estava privado de parte dos transportes urbanos. O tráfego aéreo deverá sofrer perturbações entre as 12h00 e as 16h00 locais (10h00 e 14h00 em Lisboa), devido a paralisações dos controladores. As companhias aéreas Olympic Airways e a Aegean anularam 35 e 13 voos respectivamente.

“Esta greve lança uma vaga de protestos este ano com a participação de trabalhadores, pensionistas e desempregados. Estamos contra estas políticas, que estão a levar à pobreza e a pôr a economia numa recessão profunda”, disse à Reuters Ilias Iliopoulos, da central Adedy, do sector público.

Os hospitais funcionavam com serviços mínimos e havia escolas fechadas, segundo a agência Reuters. Os jornalistas também aderiram à greve, o que se reflectiu na televisão estatal, que emitia documentários, e em estações de rádio que se limitavam a passar música.

A AFP lembra que vários economistas de renome colocaram a hipótese de a Grécia sair do Euro (através de um incumprimento do reembolso da sua dívida soberana).

O primeiro-ministro grego, Georges Papandreou, começou ontem na Alemanha uma viagem pela Europa para tentar convencer os restantes países a facilitarem a situação na Grécia, no âmbito das discussões em curso para a instituição de um mecanismo permanente para resolução de crises das contas públicas na zona euro.

Em resposta a este apelo, Angela Merkel fez já saber que um eventual adiamento dos prazos de reembolso do empréstimo já concedido à Grécia no âmbito da ajuda externa estava “em discussão” na zona euro.


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sábado, 19 de fevereiro de 2011

A PRISÃO

Vivemos no mundo da felicidade controlada, da felicidade castrada. Tudo o que os mercados e os seus agentes nos dão é tédio, sacrifício e uma pequena dose de felicidade e liberdade, muito restrita, que só alguns, pela sua vontade, pela sua criatividade, conseguem ampliar. De resto, isto não passa de uma prisão, imposta pelos números que nos espetam todos os dias nos cornos, pelo desfilar esquizofrénico das notícias, pelas ordens, subtis ou não, do patrão e do papão, pelo medo de falar, de pensar diferente nos empregos, pelo medo de nos expôrmos e de nos revelarmos, pelos cronistas do regime que nos vendem o melhor dos mundos e se banqueteiam à mesa do regime, pelos políticos cinzentos que se servem à vez. Há risos, sorrisos, simpatias, meninas bonitas, claro. Mas isso é o que resta da Humanidade. A beleza que se funde com o espírito. Também isso nos querem tirar. Cabemo-nos a nós defender esse mundo. Cabe-nos a nós ser afecto, mesa partilhada, como diz o padre Mário. Mas jamais condescender com os agentes da castração.

QUANDO A BELEZA...


Quando a beleza se funde
com o espírito
há explosões
que vêm de dentro
quando a beleza se funde
com o espírito
há mundos que se abrem
loucura
criação
quando a beleza se funde
com o espírito
há aves livres
banquetes
celebração
quando a beleza se funde
com o espírito
és tu à mesa
és tu ao balcão
quando a beleza se funde
com o espírito
já não há mais mercado
nem prisão.

MANIF A 12 DE MARÇO


Manifestação convocada através da rede social
Protesto Geração à Rasca alastra no Facebook
19.02.2011 - 09:14 Por PÚBLICO

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seguinte »Mais de 11 mil pessoas já confirmaram, até ao momento, através do Facebook, que vão participar no Protesto da Geração à Rasca, marcado para a tarde do dia 12 de Março.
O movimento é definido como "apartidário, laico e pacífico" (DR)

O movimento de protesto, definido como "apartidário, laico e pacífico", reivindica o direito ao emprego, o fim da precariedade, a melhoria das condições de trabalho e o reconhecimento das qualificações.

Dados recentes do INE ajudam a perceber a elevada adesão que a iniciativa está a ter: no último trimestre de 2010, a taxa de desemprego entre jovens dos 25 aos 34 anos era de 13,4 por cento. Mais de 77 mil portugueses trabalhavam com "recibos verdes".

Às 15h00 do dia 12 de Março, esta geração de desempregados, trabalhadores subcontratados e estagiários reúne-se na Avenida da Liberdade, em Lisboa e na Praça da Batalha, no Porto, para mostrar aos dirigentes políticos e aos empregadores que está "à rasca".

Estão igualmente marcadas manifestações, no mesmo dia e à mesma hora, para o Rossio de Viseu e para Ponta Delgada.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

ESTRELAS



ESTRELAS


Capaz de dar à luz estrelas

crio mundos novos

sem sair da aldeia

estou grávido de potência

estou na estrada larga

de Whitman

bebo à mesa dos deuses

o espírito voa

sai do corpo

"Estás curado,

és livre,

meu filho",

ouço claramente

a voz do meu Pai

"Pedro, segue,

avança, fala."

Eles já não te podem vencer



Desço a montanha

com Zaratustra

dirijo-me ao mercado

à praça

já não receio os homens

nem a intriga

"Segue,

meu filho,

avança,

diz a Palavra."

Eles ouvem-te

alguns invejam-te

desprezam-te

mas outros ouvem-te

trazes o ouro

a Boa Nova

"Segue,

avança,

nada te detém

nem exércitos

nem polícias

nem normas

trazes o ouro

a Luz

a infância

por isso,

sabes provocar

agitá-los

enlouquecê-los

torná-los crianças



Tornaste-te naquele que és.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

ESPÍRITO E GRAÇA


É madrugada. Chove lá fora. Tenho pesadelos. A minha alma é acossada pelos demónios. Não sei se sou homem ou se me estou a transformar em algo mais. Bebi seis minis no "77". Fiquei ao balcão e olhava silenciosamente as mulheres. Que mundo entra nelas? Que novo mundo entra nelas? Aparentemente divertem-se nesta nova Babilónia. Estamos aqui para gozar. Que mais estaríamos a fazer aqui? Mas, depois, no dia seguinte, vem sempre a castração do desejo. A sociedade só permite que gozes até certo ponto. Não permite o gozo permanente. Mas elas até parece que gozam em permanência. Queres viver o mundo delas. Queres filhos delas. Continuar a criação. Já não sabes se és homem ou se te estás a transformar noutra coisa. Os teus demónios abençoam-te e fazem-te alcançar a clarividência. Todos os grandes livros que leste estão em ti. Atingiste a Luz. As mulheres olham-te e dão-te a Luz. Ouves o relógio. Viverias sem relógios e sem televisores. Vives agora num mundo sem castrações. és um dos eleitos. As mulheres olham-te, tentam compreender-te mas parece que receiam chegar a ti. Também te tens fechado na pose da estrela distante. Tens de descer da pose. Tens de descer ao mundo. Procuras o "país dos teus filhos". Por isso, as tens de procurar e amar. Brincas com elas, fazes-las rir quando estás em palco. ÉS o mais louco e o mais insolente dos poetas. Mas ficas muito tempo em silêncio, a observar. Há uma certa beatitude em ti, que vem da infância. Distingues claramente, traças uma fronteira entre o animal de palco e o ser silencioso que observa. Os gatos gemem lá fora. Falam a linguagem da criação. Há qualquer coisa que ultrapassa o corpo. Há qualquer coisa que faz de ti um rei de outras paragens, de outras eras. Ulisses, Artur de Camelot. Não te resignas ao corpo, como Platão. És da Ideia. Nasceste para a Ideia. Não vieste desempenhar tarefas manuais. ÉS aquele que nasce e volta a nascer. Os negócios dos homens nada te dizem. Poeta, a madrugada é tua. Cantas com os animais o cântico da criação. Zaratustra vai descer da montanha, vai ter com os homens à praça pública. Sabe que pode ser vencido, humilhado até. Mas sabe que terá que ser assim. Aproxima-se o Grande Meio-Dia. Marlon Brando no "Apocalipse Now". Os seus discípulos veneram-no como a um deus. Mas nenhum o conhece realmente, nenhum atinge o seu estado de lucidez, nenhum vê a luz como ele vê, estão contaminados pelo mundo do trabalho e do sacrifício. Ele é espírito. Dança com os demónios e com os fantasmas. Vive deles. É Hamlet. Atinge a Ideia e a Graça. Talvez por isso ande encerrado em mim mesmo, Gotucha. Talvez por isso não te esteja a dar atenção. Sabes, o mundo das coisas práticas, do quotidiano fica muito lá em baixo. Sou essencialmente Espírito e Ideia. O mundo dos negócios e das notícias é realmente menor, superficial. Estou no campo da filosofia, da ausência de violência. Vivo o homem bom, a criança sábia, aquele que se ultrapassa a si mesmo mas que retorna eternamente a si mesmo. Não mais guerras. Não mais escravos. A manhã é real. Beija-me. Vem ter comigo como a mulher.

SOU UM HOMEM


Já não suporto mais ouvir falar em mercados. Já não consigo ver mais a cara do ministro das Finanças na televisão. Já não aguento mais o paleio das bolsas e das percentagens. Sou um homem, um ser humano que pensa e que sente. Não sou um mero receptáculo, um mero espectador das vossas patranhas. Existo. Vivo. Tenho uma alma. Sou capaz de amar e de compreender o mundo. Vim ao mundo em busca de uma estrela. Não a pisais, ó banqueiros, não a calcais, ó mercadores. Sou superior a vós. A minha vontade é superior a vós. Não me enganais mais. Não me levais mais na vossa conversa. Estou farto da vossa conversa. Estou farto da paz podre que trouxestes ao mundo. Não vos aguento mais. Sou apenas um homem, um homem só que escreve no Piolho às 22:20 de 15 de Fevereiro de 2011. Não me atireis com as vossas gajas aos cornos. Não me atireis notícias imbecis nem as patetices das tardes e das manhãs televisivas. Sou um homem. Penso. Questiono. Não aceito. Prefiro enlouquecer a aceitar. Não venhais com o bom senso e com as conveniÊncias. Sou um homem. Vi o inferno, vi o que tinha a ver. Nada mais me tendes a ensinar. Para isso tenho os meus livros. Vivo perfeitamente sem vós. Digo-vos mesmo mais, odeio-vos e quero acabar convosco. Sou um homem. Penso. Questiono. Amo. Mas não posso amar aqueles que destroem o meu irmão. Não sois meus irmãos. Odeio-vos. Cuspo-vos na cara. Não sois sequer homens. Sois macacos que trepam uns para cima dos outros, como dizia Nietzsche. A isto chegastes. Não tendes futuro porque não tendes presente, não viveis sequer, andais atrás do poder e do lucro. Odeio-vos. Sou um homem. Podeis até prender-me, matar-me mas continuarei a ser um homem.

CELEBREMOS A QUEDA DO FARAÓ


Sou o poeta que escreve e resiste. Nunca como agora as minhas ideias e ideais estiveram tão de acordo com o novo mundo que nasce. Eis a era do espírito, da partilha, da dádiva. Apesar de estar aqui só no Piolho, presencio o nascimento do novo homem, da nova mulher. A essa causa entrego a minha vida. Não obedeço aos mercados nem aos governos. Sou o homem que ama. Somos, de novo, crianças, Gotucha. Ao mudarmo-nos a nós, mudamos o mundo. Somos livres, absolutos, celebramos a nova era. Há espinhos no caminho, bem sei. A inveja, a ganância, a competividade, a mercearia. Podemos ser humildes. Mas não o temos de ser sempre. Dança. Pinta-te. Veste-te para a festa. Põe-te bonita.
Eis o início da nova era. Celebremos. Não sejamos cinzentos, mesquinhos como eles. Olha! Há apenas o presente. Estou no Piolho. Olho os presentes. Falam, bebem, comem. Ainda não sabem o que aí vem. Ainda não estamos no Egipto, nem no Irão, nem na Tunísia. Mas lá chegaremos. A revolução impossível está a concretizar-se. Já não são só as bolas a entrar, já não são só as vedetas da televisão, há um mundo que reage, que não aceita mais a escravidão. O poder está aqui perto. O poder já treme. Não esperemos mais pelos partidos tradicionais, entretidos em jogos palacianos. Que não haja mais governo. Que caiam os banqueiros e os agiotas. Celebremos, pois, a queda do faraó. Não mais faraós. Celebremos o novo mundo.

REVOLTA NO IRÃO

Cerimónia fúnebre do estudante morto segunda-feira
Confrontos entre manifestantes contra em pró-Ahmadinejad em Teerão
16.02.2011 - 09:11 Por PÚBLICO

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« anteriorseguinte »Um grupo de apoiantes do regime iraniano entrou hoje em confronto com activistas da oposição durante a cerimónia fúnebre de um manifestante morto segunda-feira em Teerão durante um protesto da oposição.
“Estudantes e outras pessoas que estavam na cerimónia fúnebre do estudante martirizado Sanee Zhaleh entraram em confronto com um grupo pequeno de pessoas aparentemente ligadas ao movimento de rebelião e puseram-nas em fuga enquanto entoavam slogans de apelo à morte dos hipócritas”, descreve o canal estatal IRIB.

Zaleh foi morto a tiro durante o protesto de há dois dias na capital iraniana, tendo o Governo atribuído a responsabilidade aos manifestantes anti-regime, ao mesmo tempo que vários grupos da oposição apontam o dedo às forças de segurança. A agência noticiosa semi oficial Fars revelou entretanto que o jovem estudante morto era membro da milícia Basij, o grande movimento voluntário iraniano ligado aos Guardas da Revolução, a tropa de elite do regime

Esta foi a primeira manifestação no país contra o Presidente em mais de um ano, desde as manifestações maciças que se seguiram à reeleição de Mahmoud Ahmadinejad, em 2009.

O líder da oposição Mir-Hossein Mousavi classificou o protesto de segunda-feira como um evento “glorioso” de um “movimento magnífico”, enquanto as autoridades insistem que não mais do que umas 150 pessoas terão participado no protesto.

O chefe da polícia de Teerão, Ahmadreza Radan, revelou entretanto que uma segunda pessoa morreu durante os confrontos daquele dia e outras oito, também atingidas a tiro, estão hospitalizadas. Radan reiterou os argumentos de que a violência registada no protesto, não autorizado, foi causada por “elementos terroristas

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

COMUNICADO DO PARTIDO REVOLUCIONÁRIO LIBERTÁRIO


O PRL vem afirmar a sua firme e total oposição ao mundo dos mercados, dos banqueiros e dos políticos ao seu serviço. São eles que nos roubam a vida, que nos sugam o sangue. O PRL diz não às falinhas mansas do Obama, ao autoritarismo de Merkel, Sarkozy, Durão Barroso, Cavaco, Sócrates. O PRL é pela vida que corre nas veias, pela festa, pela celebração. Acredita que o papel do revolucionário é fazer a revolução de diferentes maneiras, como em Che Guevara, Bakunine, Nietzsche, Buda, Jesus. O PRL acredita que sobre os escombros da velha humanidade do mercado, dos merceeiros, da rapina, da competição, está a nascer um homem livre, insubmisso, louco, exuberante de vida. Um homem que diz, com Henry Miller, que todo o governo é a negação do eu.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A MALDADE


Há alturas em que a maldade se apodera de mim. Apetece-me incendiar aldeias inteiras, pilhar, saquear, roubar as velhotas e os endinheirados. Há alturas em que não tenho lei, em que me apetece destruir tudo. Afinal de contas, não tenho quase nada e eles têm tudo. Tenho uma casa, é certo, não durmo na rua. Mas não tenho dinheiro para almoçar fora nem para comprar livros na livraria, nem para comprar discos, nem sequer para andar de bar em bar noite fora. O que me vale é que tenho amigos que me vão pagando os copos. Mas há alturas em que a maldade se apodera de mim. Quero ver tudo a arder, como Nero. O dinheiro também poderia arder todo e estes gajos ficavam aos papéis. Não suporto mais a vidinha pacata desta gente, não suporto mais a segurança do lar, das telenovelas, do futebol. Não os suporto mais. Só quero ver o país e o poder a arder. E, já agora, dai-me uma gaja para curtir. Eu só quero ver o poder a arder. Telefono às amigas mas estão todas ocupadas. Estou farto da rotina do Piolho. Estou farto das aulas de alemão. Estou farto do que estes gajos me dão. Quero ver as bombas a rebentar. EStou farto deste faz de conta, desta paz pode, deste beber copos sem partir vidros ou pichar paredes. Estou farto da normalidade. Quero aparecer na televisão de cocktail molotov na mão. Estou farto do Tiero e da poesia dos cocós. Estou farto da corte do forrobodó. Apetece-me mesmo incendiar a cidade. EStou farto do porreirismo e da nacional-unidade. Quero apedrejar os bancos e os mercados. Quero deixar de ser bonzinho. Quero ver o poder a arder, os faraós empalados, a humanidade a renascer. Faço pactos com Sade e Satã. Quero bombardear os estádios e a televisão. Quando a maldade se apodera de mim...

GAJAS


A mulher insulta o mundo lá fora. Os putos entram. Não há gajas para mim. Limito-me a beber. A gaja levanta-se. Ontem andei à deriva por aqui, fui ao Púcaros e acabei em casa. Hoje poderia andar, de novo, à deriva. Mas não há gajas para mim. Nem o chato do costume aparece. Está mesmo na hora de começar a pregar. Como Jesus, como Sócrates. Não páram de entrar gajas mas não vêm para mim. As gajas que eu conheço trabalham muito, não são como estas. Eu é que nada tenho a ver com isso dos empregos e das ocupações. Estou aqui livre mas entediado. A Mónica não vem mais. Vou põr-me na alheta.

A REVOLUÇÃO NÃO DESARMA


“O Exército tem de salvar o país agora”, diz ElBaradei
Mubarak recusa sair e deixa Egipto à beira da explosão
10.02.2011 - 23:18 Por Sofia Lorena

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22 de 22 notícias em Mundo
« anteriorA uma tarde de expectativa seguiu-se uma noite de desilusão e raiva no Egipto. A praça Tahrir encheu-se como nunca em antecipação do discurso de Hosni Mubarak e gritou em desespero ao perceber que ele não se demite.
“Liberdade ou morte”, gritava-se na praça Tahrir (Goran Tomasevic/REUTERS)

“O Egipto vai explodir. O Exército tem de salvar o país agora”, escreveu no Twitter depois das dez da noite o opositor Mohamed ElBaradei, ecoando os avisos de muitos.

Ao décimo sétimo dia de protestos, quando todos esperavam que Mubarak anunciasse que deixava o poder, o homem à frente dos destinos do Egipto há três décadas afirmou antes comprometer-se com uma “transferência de poderes a quem vencer as eleições de Setembro".

O ainda Presidente prometeu emendas na Constituição e anunciou a transferência de poderes para o vice-presidente – não ficou claro se Mubarak passou todos ou alguns poderes a Omar Suleiman, nem que poderes foram transferidos. Segundo o embaixador egípcio nos Estados Unidos, Sameh Chukri, Suleiman é agora o “presidente de facto” e “Mubarak um presidente de direito”.

Para terminar, o Presidente lembrou que serviu o Egipto a vida toda e garantiu que não deixará o solo egípcio “até ser enterrado debaixo dele”, enquanto na praça Tahrir, epicentro dos protestos no Cairo desde o primeiro dia, centenas de milhares gritavam “Sai, sai, sai”. As últimas frases do discurso que chegava à Tahrir projectado numa faixa branca já tinham sido quase inaudíveis. “Vai-te embora”, era a frase cada vez mais repetida.

Os manifestantes continuaram a gritar e muitos ergueram na mão os seus sapatos – um sinal de especial falta de respeito entre os muçulmanos.

Muitos permaneceram na praça, outros iniciaram marchas – para a televisão estatal, para o palácio presidencial – enquanto os líderes da oposição e os analistas se mostravam absolutamente surpreendidos com o discurso e temiam antecipar cenários.


Insulto à inteligência dos egípcios
“O meu palpite é que veremos manifestações massivas em muitas cidades – não apenas no Cairo – na sexta-feira, dia tradicional de protestos. Na verdade, Mubarak e Suleiman acabaram de insultar a inteligência do povo egípcio – e eles vão responder. O regime conseguiu galvanizar os manifestantes e talvez esteja a cometer um suicídio”, escreveu Nicholas Kristof num blogue do jornal “The New York Times”.

As palavras de Mubarak soaram como inacreditáveis a quem tinha acompanhado as últimas horas no Egipto. Primeiro o Exército anunciara para breve “ordens que vão agradar ao povo”. Quase em simultâneo, o novo secretário-geral do partido no poder, o Partido Nacional Democrático (PND), Hassan Badrawi, dizia que Mubarak poderá "responder às reivindicações do povo" até sexta-feira.

Em declarações à BBC, Badrawi não parecia deixar margem para dúvidas, garantindo que era seu desejo ver Mubarak abandonar o poder e que essa é “a posição de todo o partido”.

Pouco depois, num comunicado, os militares consideravam “legais e legítimas” as reivindicações do povo egípcio, que desde 25 de Janeiro pede nas ruas a saída do Presidente Mubarak. O Exército afirmava ainda “o seu compromisso e a responsabilidade pela salvaguarda do povo e pela protecção dos interesses da nação, e o seu dever em proteger as riquezas do povo e do Egipto”.

Seguiram-se especulações sobre a possibilidade de estar em curso um golpe militar – num cenário em que Mubarak tivesse tentado transferir os seus poderes para Suleiman e o Exército recusasse esta transferência.

Apanhado numa audiência no Congresso, o director da CIA, Leon Panetta, afirmava ser “muito provável que Mubarak abandone o poder esta noite”. Pouco antes do discurso de Mubarak, já depois das 19h00 (21h00 em Lisboa), o Presidente Barack Obama afirmava que “estamos a testemunhar história à medida que ela acontece”.

Entretanto, na praça Tahrir cantava-se, dançava-se e assobiava-se. Através do Twitter, Wael Ghonim, o executivo da Google que se tornou uma poderosa figura de liderança dos jovens que pedem a saída de Mubarak, escrevia “Missão cumprida. Obrigado a todos os corajosos egípcios”.

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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

PERMANECES, ANÍBAL

Campanha eleitoral marcada pelos estilhaços do BPN
Cavaco comprou acções da SLN a um preço mais baixo que os accionistas
08.01.2011 - 10:52 Por Rosa Soares, Raquel Almeida Correia

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« anteriorseguinte »A polémica compra de acções da SLN por Cavaco Silva tem estado centrada no valor de venda; mas é sobre o valor de compra que ainda subsistem dúvidas.
Cavaco Silva numa acção de pré-campanha, em Novembro de 2010 (Foto: Pedro Cunha)

Meses antes de Cavaco Silva ter comprado acções da Sociedade Lusa de Negócios (SLN, que controlava o capital do BPN), a empresa tinha realizado um aumento de capital. Aí, no dia 24 de Novembro de 2000, o valor dos títulos foi fixado em três categorias: a 1,8 euros para venda aos accionistas, a 2,2 euros a outros investidores e a um euro para um lote de acções que Oliveira Costa reservou para si e para algumas sociedades do grupo, entre as quais a SLN Valor. Deste lote de acções a um preço inferior ao que fora fixado para os accionistas, 105.378 acabaram por ser vendidas a Cavaco Silva, que na altura estava afastado de qualquer cargo de responsabilidade política.

Dado que a SLN Valor não estava cotada em bolsa, a referência para o preço de compra das acções realizada por Cavaco Silva acaba por ser o do último aumento de capital da SLN. Uma vez que o investimento do candidato foi realizado em 2001, desconhecendo-se o mês e dia em concreto, e o último aumento de capital foi realizado em Dezembro de 2000, regista-se uma proximidade temporal muito grande.

A operação de aumento de capital, realizada pela emissão de 200 milhões de acções, foi realizada em três modalidades. Uma das fatias do aumento de capital, no montante de 35 milhões de acções, foi reservadas aos accionistas, ao preço de 1,8 euros por acção. O valor nominal da cada acção era de um euro, pelo que os accionistas pagaram um prémio de 80 cêntimos acima desse valor. Outra fatia, no montante de 92 milhões de acções, foi destinada a uma lista de investidores, identificada em documento anexo à acta da assembleia geral, onde figuravam Abdool Vakil, Dias Loureiro, José Roquette, entre muitos outros. Para estes, o preço por acção foi fixado em 2,2 euros, pagando, assim, um prémio de 1,2 euros.

A última tranche, a maior, no montante de 108 milhões de títulos, foi colocada a um euro, ou seja, sem qualquer prémio de subscrição. Segundo a escritura de aumento de capital a que o PÚBLICO teve acesso, esta fatia foi destinada a um conjunto de investidores, identificados numa lista anexada à acta da assembleia geral de accionistas de Novembro. Dessa lista de subscritores de acções ao preço especial de um euro fazia parte o nome de Oliveira Costa, presidente e accionista da SLN, e do BPN, e mais três sociedades instrumentais do mesmo grupo: a SLN Valor, a SLN Participações e a NextPart.

Quem vendeu as acções?

Na acta da assembleia, é referido que a compra de acções da SLN por parte da SLN Valor estava relacionada com o projecto de admissão à bolsa da casa-mãe, e que a subscrição por parte da NexPart estaria relacionada com acções a subscrever por quadros, como forma de premiar o seu desempenho. Não é perceptível a razão por que Oliveira Costa compra acções a um euro, quando o valor fixado para os accionistas em geral é de 1,8 euros. A questão chegou a ser colocada na assembleia geral por um accionista, mas a resposta do então presidente está omissa na acta.

Chegados a este ponto, percebe-se que o valor de um euro fixado para as acções de Cavaco tinha um precedente muito recente. Quem vendeu as acções ao ainda Presidente da República, não se sabe. O PÚBLICO apurou que os accionistas não foram informados sobre as operações de venda das acções por parte de algum accionista com vista a satisfazer a compra de Cavaco, como obrigam os estatutos, ao abrigo de um direito de preferência na movimentação de acções.

Em declarações ao PÚBLICO, um antigo accionista da SLN, que pediu anonimato, explicou que a venda, ou foi ilegal - venda directa de um accionista sem a respectiva comunicação aos restantes - ou foi feita através de uma das sociedades instrumentais, que de acordo com os mesmos estatutos (artigo 7.º) estavam isentas de prestar informação sobre compra e venda de acções. As sociedades isentas dessa comunicação eram as que subscreveram acções a um euro.

Só Cavaco comprou acções a esse preço? Não. Vários investidores e mesmo alguns accionistas da empresa têm admitido que compraram acções da SLN a um euro. O mesmo ex-accionista da SLN explicou ao PÚBLICO que Oliveira Costa atraiu, durante vários anos, muitos investidores para a SLN, através da venda de acções a um preço relativamente baixo, com a promessa de altas rentabilidades em poucos anos. "Da mesma forma que se ofereciam rentabilidades de 10 por cento em depósitos a prazo, a cidadãos desconhecidos, o antigo presidente oferecia rentabilidades anuais de 20, 30 ou 40 por cento a grandes investidores", explicou a mesma fonte.Muitos desses contratos foram reduzidos a escrito, através de contratos de recompra, de que há vários casos tornados públicos, como será o caso da situação denunciada ontem por Paulo Portas (ver texto na Economia). Muitas outras promessas de rentabilidade eram meramente verbais, apesar da legislação de banca de investimentos exigir a sua redução a escrito.

Até ao momento, ainda não foi possível saber se a ordem e condições de investimento dadas por Cavaco foram objecto de contrato escrito. O que se sabe é que Cavaco escreveu ao presidente do conselho de administração da SLN, Oliveira Costa, a solicitar que procedesse à venda das respectivas acções, de que era titular através de conta no BPN. Apesar do silêncio de Cavaco, que se recusou a aceitar o repto dos restantes candidatos para que dissesse a quem vendeu e quem fixou o preço, a questão foi esclarecida com a divulgação do referida carta. É que Oliveira Costa autorizou a compra das acções pela SLN Valor, ao preço de 2,40 euros por acção.

Como é que o ex-presidente do banco chega a este valor? Não se sabe. Sabe-se apenas que não é muito mais do que o preço máximo a que foram vendidas acções no aumento de capital de 2000 e que há vários contratos de recompra com valores superiores, que chegam aos três euros. Ontem, em declarações à TSF, o actual presidente da SLN Valor e membro da Comissão de Honra de Cavaco disse que, "para o que se praticava na altura", o valor pago a Cavaco estava até "abaixo da maioria das compras". Sobre o timing da saída, Alberto Queiroga Figueiredo deixa no ar a possibilidade de Cavaco ter "tido um feedback de que as coisas não estavam a correr bem".

Cavaco teve seguros e fundos no BPN em 2005

Além das acções da SLN - Sociedade Lusa de Negócios, dona do BPN, que deteve em 2002 e 2003, Cavaco Silva esteve directamente ligado ao BPN enquanto cliente pelo menos em 2005 e 2006, de acordo com as declarações de património que entregou no Tribunal Constitucional - e que o candidato já recomendou, várias vezes, aos seus concorrentes que consultem.

O PÚBLICO consultou as que estão disponíveis, referentes à sua candidatura anterior (sobre rendimentos de 2004), entrada para o cargo de Presidente da República (rendimentos de 2005), e actual candidatura (2009).

Em Novembro de 2005, quando se candidatou, Cavaco tinha seguros de capitalização do BPN no valor de 210.634 euros.

Seis meses depois, ao assumir a Presidência, declarou possuir uma conta no BPN à qual estavam associados vários fundos de investimento: 483,310 unidades de participação do fundo Quam Multimanager 10%; 578,034 do Quam Multimanager 5%; e ainda 817,140 unidades do SISF Euro Cash Enhanced Return Portfolio. De acordo com informação de sites especializados em fundos de investimento, cada unidade dos Quam Multimanager valia então no mínimo 110 euros e, apesar de na declaração, preenchida à mão, o número de participações aparecer com vírgulas, entende-se que sejam sempre na ordem das centenas.

A declaração mais recente, feita a 14 de Dezembro último, não tem qualquer referência ao BPN.

Uma leitura conjunta das três declarações mostra que Cavaco Silva é um investidor diversificado e trabalha com quatro bancos: BCP, BPI, CGD e Montepio. Tem, há vários anos, dezenas de milhares de acções da banca (BCP, BPI), EDP, Jerónimo Martins, Brisa, PT, Zon, Sonaecom, a que se somam obrigações, variados fundos de investimento (milhares de unidades de participação), obrigações, PPR no valor de 52.583 euros, depósitos à ordem no valor de 56 mil euros, e a prazo no valor de 560 mil euros. Mas declara dever "ao Banco de Portugal 14.421 euros fruto de empréstimo bancário". Maria Lopes

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