Segundo os especialistas, as crianças de hoje têm os dias inteiros preenchidos e não têm tempo para brincar, frequentando uma escola que fomenta a competição feroz e não a curiosidade e a aprendizagem. Toda a actividade é preenchida até à exaustão. "As próprias brincadeiras são programadas, o que não ajuda nada a desenvolver a criatividade, a interacção com o outro", afirma Manuel Coutinho, psicólogo e coordenador da linha SOS Criança. A pedopsiquiatra Ana Vasconcelos alerta para as horas que as crianças passam em frente aos ecrãs que acabam por ser boicotadores porque estragam a relação com o outro. A própria escola transformou-se mais num espaço de avaliação e competição do que de aprendizagem. A escola prepara para ter boas notas, mas não para a vida. Preparar para a vida é transmitir valores, é ensinar a pensar e a reflectir.
A sociedade mercantil já é o que é. Mas se preparemos assim as nossas crianças, se não as deixamos sequer brincar, estamos a construir um mundo de robôs, de autómatos. A competição destrói o amor, a amizade, os laços afectivos que ainda nos unem. Estamos a contribuir para que as pessoas se isolem ainda mais, que se invejem umas às outras, que criem ainda mais relações de dominação. Portugal já é dos países da Europa onde as pessoas são mais infelizes. Estamos a contribuir ainda mais para o tédio, para a barbárie, para a depressão. De facto, isto tem que rebentar.
quarta-feira, 3 de junho de 2015
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