segunda-feira, 22 de junho de 2015

O HOMEM QUE VEM

A maioria da população aceita e é levada a aceitar a sociedade capitalista. Este facto não torna a dita sociedade nem menos irracional, nem menos condenável, segundo Herbert Marcuse. Enquanto liberdade de escolha entre trabalhar e morrer à fome, a livre empresa impôs o "trabalho penoso, a insegurança e o medo à grande maioria da população". O voto e o pluralismo de partidos acabam por constituir uma ilusão. O que impera é a ditadura da economia e da finança, dos banqueiros, dos grandes empresários, dos especuladores, dos mercados e dos políticos ao serviço deles, daqueles que estrangulam a Grécia. Ainda para Marcuse, a liberdade económica significaria libertarmo-nos da economia: a libertação da luta quotidiana pela existência, da necessidade de ganhar a vida. Sim, uma vida consagrada ao estudo, à criação e à festa. Um homem plenamente realizado. Que caminhasse livremente sobre a Terra. Que habitasse poeticamente a Terra. Um homem que reafirmasse o pensamento individual, longe da doutrinação e da alienação. Urge acabar com o trabalho embrutecido, com a escravidão. Urge construir o homem novo, que dialoga como Sócrates, que provoca como Diógenes, Nietzsche ou Rimbaud, que é imensamente livre, que aprende com os mestres. Esse é o homem que vem.

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