quinta-feira, 11 de junho de 2015

DIA D

A dois dias do dia D. A comunicação social não pega. Talvez o manifesto seja demasiado radical. Mas que querem? Não vim fazer festas. Vim provocá-los, desafiá-los. E, de facto, sou inimigo desses burgueses, desses capitalistas. É gente sem alma, sem coração. Não são mesmo da minha espécie. Não vivem no meu mundo. Claro, não são só eles. Ainda há bocado um vendedor dizia que o toda a gente quer é mais dinheiro, mesmo os ricos. Vendilhões. Gananciosos. Gente imbecil. Não vieramexperimentar a vida, não vieram conhecer, não vieram trocar ideias. Vieram, pura e simplesmente, acumular dinheiro e poder. Não os respeito. E agora muito mais, agora que me posso dedicar por inteiro à criação literária e à acção política. Sou, sem dúvida, anarquista e guevarista. Desprezo os poderes. Coloco a liberdade individual acima de tudo. Sou também algo marxista na crítica do capitalismo e nietzscheano. Defini claramente onde estou. A maioria provavelmente não me compreende. Está demasiado agarrada à máquina. Eu, felizmente, comecei a libertar-me aos 17/18 anos. A vida, a corrida que levais não faz sentido. Sempre atrás do vil metal, do estatuto, da carreira. Sempre a atropelarem-se uns aos outros. Não, mesmo que falhe, continuarei a lutar. A minha vida não faz sentido sem esta luta. Nasci para isto. Já o meu pai o dizia. Há aqueles e aquelas que se adaptam. Eu não me adaptei, eu não me converti. Não me encaixei na função. Por isso sinto esta raiva em relação àqueles que nos roubam a vida, que nos escravizam, que nos subjugam do alto da sua treta financeira. Macacos. Bárbaros. Também aqueles que os seguem. Não, eu acredito na Vida. Na vida como era no princípio. Harmoniosa, livre, autêntica. Eu acredito no milagre da vida. No amor, na criação, na poesia. Acredito no poder do pensamento, na sabedoria. Acredito que somos capazes de ser os nossos próprios deuses. Acredito que este inferno vai terminar. Acredito que não estou só, que há vozes que se juntam à minha. Acredito que é possível criar uma corrente. Mesmo que esta gente se mantenha na vidinha de sempre. Mesmo que esta gente não me acompanhe ou que eu continue a escrever para uma pequena minoria.

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