sexta-feira, 27 de julho de 2012
MRPP CONTRA MACEDO VIEIRA E AIRES PEREIRA
PCTP-MRPP acusa autarquia de não ajudar Varzim .
Sexta, 27 Julho 2012 17:22 0 Comentários .O PCTP/MRPP emitiu um comunicado em que acusa o presidente da Câmara, Macedo Vieira e o seu vice, Aires Pereira, de deixarem “cair o Varzim na segunda divisão, correndo mesmo o risco de descer aos distritais, completamente afogado em dívidas quando é sabido que a Câmara deve dinheiro ao clube”.
“Um clube histórico como o Varzim, com pergaminhos no futebol português, não se pode deixar afundar assim, sem o mínimo de sensibilidade”, lê-se no comunicado assinado por António Pedro Ribeiro, do PCTP/MRPP, que considera que Macedo Vieira e Aires Pereira “têm uma concepção mercantil e merceeira da política, à semelhança de Passos Coelho e dos patrões do PSD, não prestando apoio a associações com provas dadas na cultura da cidade (e não só...) como o Varazim Teatro”.
“A Câmara da Póvoa não tem uma política sustentável de desenvolvimento nem uma verdadeira política de intervenção cultural, estando ao serviço do lucro e dos grandes interesses económicos, ou seja, do capitalismo dos mercados que vai destruindo o homem e o planeta”, conclui o Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses.
RÁDIO ONDA VIVA
quinta-feira, 26 de julho de 2012
TANTAS VIDAS
TANTAS VIDAS
Porque é que um verso
há-de valer menos
do que um golo?
Porque é que eles
ganham milhões
e tu nada?
Quem te pôs aqui?
Quem te amaldiçoou?
Porque enfrentas as feras?
Porque os insultas na cara?
De que bênção, deque maldição
vens?
Que Zeus, que Jesus, que Maomet?
Porque os vês hoje,
porque te tornas neles,
que demónios tens dentro de ti?
És a hybris, a desmesura
o animal de palco
a puta do rock
Morrison ressuscitado
em Braga
Marlon Brando
no "Apocalipse Now"
horror, horror
tantas noites
tantas vidas...
quarta-feira, 25 de julho de 2012
DA REVOLUÇÃO
Como dizem Guy Debord e Adolfo Luxúria Canibal somos meros espectadores da sociedade-espectáculo. Não entramos no jogo, outros jogam por nós. Assistimos passivamente ao espectáculo dos media e o poder, afinal, aqui tão perto. Como na Grécia e em Espanha lutamos com a polícia para ocupar o parlamento. Eis a acção directa. Para lá da revolução dionisíaca há a acção directa. Não deixemos mais que eles nos espetem a cara na lama como dizia Jim Morrison. Não deixemos mais que eles falem por nós. Não deixemos mais que eles nos representem. Construamos a revolução. A liberdade só pode ser absoluta. Reclamemos as nossas vidas. Aumentemos as nossas vidas, como dizia Henry Miller. Não os deixemos mais fazer a nossa mente. Readquiramos a nossa alma. O melhor governo é não existir governo nenhum ou então que venha um governo de filósofos, de homens e mulheres virtuosos, sábios, íntegros. A democracia burguesa está em decadência, tal como a União Europeia. Derrotemos os pregadores da morte e os arautos da finança. Sejamos de novo homens nobres como Sócrates, Platão, Shakespeare, Nietzsche. Não sejamos mais os cegos governados por imbecis, nas palavras de Shakespeare. Somos homens, mulheres, porra! Não somos macacos. Não temos de passar a vida a obedecer. Revoltemo-nos. Ocupemos a rua. Cerquemos os parlamentos. Ocupemos a televisão. Dinamitemos a bolsa. Acabemos com os mercados e com os credores. Nada devemos a ninguém. Somos livres. Absolutamente livres. Este é o novo dia. O dia do homem destruidor e criador. Esta é a era do espírito. Irmãos, irmãs, cantemos. Não deixemos mais que eles nos imponham uma forma de vida, uma fórmula de vida, um modelo de comportamento. Acreditamos, como Rousseau, na bondade, no bem, no belo. Eles não podem mais destruir a nossa alma, o nosso pensamento, a nossa honra. Caminhemos como deuses sobre a Terra. A era do negócio vai chegar ao fim. Irmãs, estou a falar-vos do amor. Companheiros, companheiras, recuperemos Dionisos e a poesia, derrotemos os cinzentos, os financeiros, os burocratas. Não somos sequer da espécie deles. Tomemos a revolução nas nossas mãos. Rebentemos com os bancos. Queimemos o dinheiro.
terça-feira, 17 de julho de 2012
DERROTEMOS A MÁQUINA
Por muito que aqui na confeitaria se continuem a servir cafés, por muito que haja uma aparente serenidade, o caos e a barbárie estão à porta. O amor perde-se, o amor louco de Breton já quase não existe, já quase não há paixões como as de Ulisses e Penélope, de Romeu e Julieta, o amor é cronometrado, mercantilizado, controlado pelos relógios e pelo trabalho, o amor é aprisionado, escravizado. As relações entre as pessoas são movidas pelo interesse, luta-se por um emprego, por um lugar, por uma promoção, por um tacho. As próprias conversas primam pela falta de imaginação, pela vulgaridade, pela rotina. Fala-se de futebol 24 horas por dia, sete dias por semana. Mexerica-se. E depois "está tudo bem", está sempre tudo bem, sempre a mesma vidinha, o mesmo trabalhinho (quando o há), sempre o recolher a casa, o olhar para a TV, o injectar telejornais, concursos, telenovelas.
Onde está o sol? Onde está o céu? Onde está a beleza dos pássaros? Onde está o homem livre? Certamente que não aqui, Sócrates, tu que pregavas o conhecimento e a virtude. Este é o homem destroçado. Este é o homem que permanece na caverna. Que já nem as sombras discute. Este é o homem morto. Este é o homem que precisa acordar. Regressemos aos xamãs e a Dionisos. Busquemos a alma perdida. Falemos como no princípio do mundo. Homem e mulher. Sozinhos no mundo. Dêmos as mãos. Amemo-nos. Falemos do que vem do espírito. Chamemos as musas. Regressemos ao uno primordial, à poesia. Dancemos em redor da fogueira. Celebremos o novo começo. Celebremos o caos e a revolução. Mas também o amor. A alma que entra em contacto com a beleza. Desliguemo-nos do dinheiro e do capitalismo. Passemos para o outro lado. Sejamos totais. Derrotemos a máquina.
domingo, 15 de julho de 2012
O ÚNICO
O que vêm as pessoas fazer ao mundo? Trabalhar, falar sempre do mesmo, comer, beber, viver no medo do papão que pode ser o chefe, o governo, os mercados. Só as crianças ainda divergem, correm sem uma direcção definida, brincam. De resto, aparte as aparências, anda tudo muito ordenado. Alguns, como Jim Morrison, foram contra a corrente: "ó grão criador dos seres/ concede-nos uma hora mais/ para representarmos as nossas artes/ e completarmos as nossas vidas". De facto, se estamos na vida devemos dignificá-la, devemos completá-la. No fundo, continuamos a ser crianças, agora amigas da sabedoria, da música, da poesia. A rir soberanamente do direitinho, do ordenadinho. A rir na cara dos deuses do capitalismo.
Andar à solta, gozar com o instituído. Ser um ser de luz, um iluminado. Sair dos trilhos. Ser um louco divino como Morrison, como Blake, como Whitman. Ser um actor, não se deixar levar pela televisão nem pela máquina. Ser único, não ser apenas mais um. Ser autêntico, puro, como no nascimento.
sábado, 14 de julho de 2012
O BANQUETE
Segundo Sócrates, trazem-se as crianças ao mundo no sentido de elas alcançarem a sabedoria e a verdade e aperfeiçoarem a sua alma. Ora, a maioria dos pais transmitem aos filhos o valor do sucesso material com uns resquícios de cristianismo. O passar por cima dos outros, o empurrar, o ser "o melhor" à custa dos outro, dissimulados pela moral burguesa, são inculcados na família, na esco...la, no trabalho, nos media. Ao convertermos as crianças às leis do capitalismo vamos destruindo a vida e o sentido da vida, o estar aqui, a eterna curiosidade, o prazer da descoberta. As crianças, salvo as excepções que sempre aparecem, tornam-se adultos competitivos, invejosos, intriguistas, medrosos, quase sem alma. Em suma, vêm ao mundo fazer número, levando uma existência ignorante, entediante, sem novidade, sem amor, sem verdadeira paixão. Quando, no fundo, deveriam vir para se constuirem, para construirem o homem, para partilharem a sabedoria mas também para rirem, para estarem à mesa do grande banquete.
SENHORES SEM ESCRAVOS
Porque não somos espontâneos como quando éramos crianças? Impuseram-nos regras, as necessárias e as não necessárias, começaram a adaptar-nos ao mercado, ao ganhar a vida, estrtagaram o que nós éramos. Alguns de nós, a dada altura, revoltamo-nos. Ouvimos certos discos, lemos certos livros, vimos certos filmes, conhecemos certas pessoas e chegámos à conclusão que a lógica disto está errada. Que o nosso pensamento, que o nosso espírito ultrapassa a prisão imposta pela economia. Claro que depois pagámos um preço. Dificilmente nos adaptaremos a determinado emprego. Dificilmente seremos aceites em determinados círculos. Mas, em contrapartida, somos livres. Quanto aos outros, cumprem a vida. Nascem, trabalham, morrem. Mesmo os seus lazeres são controlados. Não, de facto, não viemos para isto. Viemos para a celebração, para o amor, para a dádiva. Bebemos dos grandes. Vivemos poeticamente mesmo que estejamos deprimidos, tristes, abatidos. Amamos a vida, não a morte em vida. Escrevemos, pintamos, subimos ao palco. Não, não nos atireis a sociedade-espectáculo, não nos enganais com as imagens televisivas, com aqueles que supostamente vivem por nós a nossa vida. Nós estamos para lá. Nós abandonámos o vosso jogo, atirámos a bola fora. Por isso, resistimos. Por isso, seguimos a nossa via. Outros o fizeram no passado. Chamaram-lhes loucos, infames, malditos. Mas nós continuamos aqui. Vivemos o instante. Não aceitamos que nos imponham uma forma de vida. Não aceitamos pagar a vida. Não aceitamos que nos digam o que fazer. Não somos como vós. Não viemos para ser como vós. Somos senhores sem escravos. Renegámos os vossos deuses.
quinta-feira, 12 de julho de 2012
A DÁDIVA E O GANHO
Textos de António Pedro Ribeiro
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Edição 80, 13 Julho 2012
A DÁDIVA E O GANHO
O pão com queijo que a nossa mãe nos dava na infância, era dado, não ganho. Havia um mundo de descobertas, "um mundo dominado pela magia", como diz Henry Miller. A vida da infância parecia "um universo ilimitado", enquanto que a vida de adulto parece "um reino a diminuir constantemente". Obter o pão passa a ser mais importante do que comê-lo. Perde-se o valor da dádiva, tudo se torna calculado e com um preço. O capitalismo apodera-se das nossas mentes na escola, nos media. "Ninguém dá nada a ninguém", diz-se. Seres humanos passam fome nas ruas. É um mundo cão, com pouca generosidade, com pouca bondade. E a situação tende a agravar-se. Porque é que a vida não é dada como na infância? Porque nos impõem a luta pelo ganho, pela sobrevivência? Porque temos de seguir sempre a mesma via?
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O MEDO DO MERCEEIRO
Como diz o filósofo José Gil, a poupança, a economia, o apelo ao sacrifício corresponde à "redução do espaço de expansão dos corpos, de investimento afectivo, de liberdade corporal, de espontaneidade do desejo", ao "controlo permanente, à autodisciplina mutiladora da vontade de vida (e da vida da vontade)". Por isso, o capitalismo dos mercados e o discurso e a prática do governo são em si mesmos castradores. Geram cidadãos obedientes, pequenos, cumpridores, sem uma ponta de criatividade ou de excesso. A máquina de propaganda, o "Big Brother" está sempre aí a formatar, a encarreirar os carneiros, com cada vez menos opiniões próprias sobre a coisa pública, limitando-se à vidinha e à contemplação de imagens televisivas. Eis o merceeiro, o homem do medo, do calculismo e das pequenas vantagens. Não foi para isto certamente que nascemos, que a vida nos foi dada, não foi para isto que brincávamos na infância. Não é esta a vontade de vida, a vontade soberana.
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