domingo, 15 de julho de 2012

O ÚNICO

O que vêm as pessoas fazer ao mundo? Trabalhar, falar sempre do mesmo, comer, beber, viver no medo do papão que pode ser o chefe, o governo, os mercados. Só as crianças ainda divergem, correm sem uma direcção definida, brincam. De resto, aparte as aparências, anda tudo muito ordenado. Alguns, como Jim Morrison, foram contra a corrente: "ó grão criador dos seres/ concede-nos uma hora mais/ para representarmos as nossas artes/ e completarmos as nossas vidas". De facto, se estamos na vida devemos dignificá-la, devemos completá-la. No fundo, continuamos a ser crianças, agora amigas da sabedoria, da música, da poesia. A rir soberanamente do direitinho, do ordenadinho. A rir na cara dos deuses do capitalismo. Andar à solta, gozar com o instituído. Ser um ser de luz, um iluminado. Sair dos trilhos. Ser um louco divino como Morrison, como Blake, como Whitman. Ser um actor, não se deixar levar pela televisão nem pela máquina. Ser único, não ser apenas mais um. Ser autêntico, puro, como no nascimento.

Sem comentários: