quinta-feira, 29 de março de 2018
quinta-feira, 8 de março de 2018
O CAMINHO DO SOLITÁRIO
Podia dar-me para escrever uma história, um romance, mas não dá. Ou saem poemas ou saem crónicas políticas ou filosóficas. Por isso, desconfio que nunca ganharei muito dinheiro com a escrita. No entanto, lá vou remando contra o papel e vão-me saindo coisas novas. Na verdade, hoje também vou ocupando o tempo. Uns anos depois de ter deixado a "Voz da Póvoa" como jornalista conquistei o meu tempo como escritor e leitor. Penso que até deixei de ter depressões. Tempo não me falta. Solidão também não. Eis os requisitos ideais para escrever poemas melancólicos, que não tem saído por aí além. Que falta me fazem as minhas amigas...Irritam-me estas pessoas que parece que estão sempre bem, que parece que não têm problemas. Como já disse, passei grande parte da minha vida sozinho e precisei disso...bom, às vezes custa...mas aprende-se...o caminho do solitário...Recordo os meus amigos do liceu, Jorge e Rui, as conversas que mantínhamos...o que aprendi com eles...as boas notas...a adolescência...lembro-me de ter escrito um texto sobre a liberdade...perdeu-se...as letras dos Vikings...este que está aqui, agora...49 anos...vivo...outros já partiram...os livros...a obra...o sol lá fora...confusões no cérebro...explosões...eu era o menino Pedrinho...o que se portava muito bem na escola...agora tenho fama de maldito...cofio as barbas...trip na Arcada...a Paulinha?...Onde pára?...Demasiado tempo aqui na aldeia...relógio...17,30...ainda é cedo...muito cedo...os livros...os óculos...a chávena de café...O que é a vida? Solidão...muita solidão...pensamento...observação...tenho que sair daqui...falar com amigos...não mereço esta provação...tenho tanto para dizer...tanto para dizer...cara linda...mas há fronteiras, divisões e eu perdi a lata...não, não estou bem...comércio, comércio, comércio. Hipocrisia. Tanta hipocrisia.
sexta-feira, 2 de março de 2018
REDUZIDOS A MERCADORIAS
A grande maioria das pessoas passa a vida a pastar ou a sacrificar-se sem sentido. É a prisão. É a tropa. Se observarmos bem, a maioria dos seus gestos são mecânicos, previsíveis, tal como as conversas. O Poder teme as crianças, talvez mais do que qualquer outra coisa, Daí que as atrofie com ocupações, daí que, desde muito cedo, lhes tente fazer a cabeça. Muitos adolescentes e jovens levam uma existência infeliz, depressiva, tentam ou concretizam mesmo o suicídio, porque não se adaptam ao ritmo mercantil, à ditadura dos relógios, à quantificação da vida. Poucos são livres, poucos vivem a verdadeira vida, livre, solta, sem castrações nem amarras. A própria tecnologia robotiza o homem, limita-lhe o desejo, os sentimentos, a alma. Os personagens e as vedetas televisivas vivem a nossa vida, roubam-na, reduzem-na a uma insignificância, de anónimos contribuintes, de meros votantes num universo de 10 milhões, uma gota de àgua no oceano. Os partidos, os grandes media e os grandes empresários controlam a vida pública. Nós não temos qualquer influência. Alienados, explorados, escravizados, somos reduzidos a números e a mercadorias. Como não questionamos, como não debatemos, o Poder agradece e amealha.
domingo, 11 de fevereiro de 2018
ILUMINADO
Que fazer? Agora tenho um nome, uma banda, uma missão a cumprir. Compreendo as razões dos pacifistas mas ao ver tanta maldade, tanta podridão, tanta ignorância tenho que cavalgar o caos, tenho que destruir. Ainda ontem ouvi um gajo dizer no café que os sírios não querem trabalhar, só querem distúrbios e guerra. É com estes imbecis que me deparo. São estes imbecis que votam nos nazis e na direita. Estes imbecis merecem uma lição. Uma grande lição. Tal como os politiqueiros e os cães capitalistas. Tanta ignorância, Leonardo. Tanta ignorância, Sócrates, Platão, Nietzsche, Henry Miller. Só se divertem com futebóis, com imbecilidades. Mas não perdem pela demora. A revolução está aí às portas. Teremos que fazer certos pactos estratégicos, naturalmente. Contudo, nunca me senti tão forte. Nunca em mim foi tão evidente a vontade de potência. E as pessoas ouvem-me, dialogam comigo. A revolução começou em Braga. Na sexta. Penso que não me engano. Desta vez é mesmo. Estou confiante, G. Os deuses abençoam-me. Os partidos andam à nora, não percebem quase nada, não entendem a psicologia profunda. São sempre as mesmas fórmulas gastas. Eu falo como um profeta, como Zaratustra, como Jesus, como Che Guevara. As palavras ardem, cortam, matam como facas. Agora não posso voltar atrás. Este é o meu tempo. Esta é a minha hora. Tantos anos. Tantas noites. Humilhações, depressões, tristezas. Agora reino. Como Artur de Camelot, como D. João I, como D. Afonso Henriques. Como um rei anarquista. Não estou louco. Delineio planos, estratégias, como diz o Valter Hugo Mãe. O mundo é meu. Todo meu. Escutai o meu riso infame, soberano. Escutai o meu grito animal em palco. Deixai as vossas merdinhas. Chegou a hora. A minha hora. O meu espírito é divino e infinito. Nada está acima de mim. Nem Deus, nem Estado, nem partidos, nem empresários. Olhai como danço. Como estou em comunhão com as estrelas, com o universo. Como sou luz. Como estou iluminado.
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018
O MUNDO É NOSSO
É o cultivar do espírito que nos torna sábios, não a experiência. Há os seres do mundo da luz e os seres do mundo das trevas. Os do mundo da luz movem-se sem cadeias nem grilhetas, segundo diz Henry Miller.
Quando o ser humano alcançar todos os seus poderes será divino. Quando se converter no deus que é será livre. Só existe uma coisa: o espírito. O espírito responde ao espírito. O resto é conversa. Nem sequer é preciso praticar quaisquer exercícios físicos ou espirituais. Devemos ser inteiros, completos, santos. Daí que todas as sombras que nos impingem não passem de ilusões. Nós somos mais fortes, mais poderosos. Que importância tem um Trump se eu posso ser divino? Que importância têm esses personagens que desfilam nos ecrãs? Sombras. Meras sombras. Nós somos superiores, nós somos da luz de Platão. Deixêmo-los a rastejar como vermes. O espírito é nosso. O mundo é nosso.
Quando o ser humano alcançar todos os seus poderes será divino. Quando se converter no deus que é será livre. Só existe uma coisa: o espírito. O espírito responde ao espírito. O resto é conversa. Nem sequer é preciso praticar quaisquer exercícios físicos ou espirituais. Devemos ser inteiros, completos, santos. Daí que todas as sombras que nos impingem não passem de ilusões. Nós somos mais fortes, mais poderosos. Que importância tem um Trump se eu posso ser divino? Que importância têm esses personagens que desfilam nos ecrãs? Sombras. Meras sombras. Nós somos superiores, nós somos da luz de Platão. Deixêmo-los a rastejar como vermes. O espírito é nosso. O mundo é nosso.
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018
A GLÓRIA
A Glória. Finalmente, a Glória. O artigo do Valter Hugo Mãe no Jornal de Letras. Sou, finalmente, um poeta reconhecido. Não me queira vingar de ninguém. Não que me pôr em bicos de pés. Simplesmente, a Glória. A "profunda honestidade" do poeta subversivo. Escrevo no Pátio. Teria que escrever num café. Ouço Jimi Hendrix. Os cafés tornaram-se parte essencial da minha vida. Como em Mário de Sá-Carneiro, como em Fernando Pessoa. Não escrevo histórias da Carochinha. Escrevo manifestos, programas de governo, como diz o Valter. Já há 30 anos escrevia bons poemas. Agora sou um dos melhores poetas deste país. Sem falsas modéstias. Escrevo a um ritmo estonteante. Embriago-me no acto da escrita. Outra vez Hendrix. "Foxy Lady". Desejo desesperadamente as mulheres belas. Passei muito tempo só na minha vida. Agarrei-me à leitura, à música e aos poemas. Ultimamente a poesia até é mais prosa. Hendrix incendeia, traz consigo Satã. O Hard Rock. A velha guitarra eléctrica. Vontade de beber. A verdade é que a grande maioria está morta. Não explode. Não rebenta. Não procura a Glória. Fica-se pelas meias-medidas, pelo supermercado, pela mercearia. E eu aborreço-me, G. Raramente há contacto com o desconhecido. Raramente há o espanto, a surpresa, a poesia, a filosofia. Há uma mera simpatia, nada mais. Uma simpatia de conveniência. Sou uma estrela mas estou só. Não te queixes, Pedro. Alcançaste a Glória. Não és um gajo qualquer. O teu pai bem te dizia.
quarta-feira, 31 de janeiro de 2018
DO AMOR E DA LIBERDADE
O mundo inteiro nunca parou simultaneamente para escutar palavras de sabedoria. Se isso acontecesse a resposta seria a palavra "amor", segundo Henry Miller. Se essa palavra fosse apreendida, o mundo instantaneamente transformar-se-ia. "Quem poderia resistir se o amor se tornasse a ordem do dia?" Quem ambicionaria o poder ou o dinheiro se fosse iluminado pela glória do amor?
Os homens dos tempos antigos conheciam os deuses. Nós não estamos preparados para isso. Estamos castrados, isolados. Somos escravos uns dos outros. Ainda de acordo com Miller, no momento em que efectivamente desejarmos a liberdade, seremos livres. Agora somos máquinas, ávidas de poder e de dinheiro, vítimas desses elementos. "No dia em que aprendermos a exprimir amor, conheceremos o amor e teremos amor". O mal é uma criação da nossa mente. Só existe como ameaça ao reino eterno do amor. Há homens que têm visões de uma humanidade liberta. Visões dos deuses que, em tempos, foram.
Como disse Lawrence: "Para o homem, a imensa maravilha é estar vivo". Tornêmo-nos inteiramente livres, inteiramente vivos.
Os homens dos tempos antigos conheciam os deuses. Nós não estamos preparados para isso. Estamos castrados, isolados. Somos escravos uns dos outros. Ainda de acordo com Miller, no momento em que efectivamente desejarmos a liberdade, seremos livres. Agora somos máquinas, ávidas de poder e de dinheiro, vítimas desses elementos. "No dia em que aprendermos a exprimir amor, conheceremos o amor e teremos amor". O mal é uma criação da nossa mente. Só existe como ameaça ao reino eterno do amor. Há homens que têm visões de uma humanidade liberta. Visões dos deuses que, em tempos, foram.
Como disse Lawrence: "Para o homem, a imensa maravilha é estar vivo". Tornêmo-nos inteiramente livres, inteiramente vivos.
domingo, 21 de janeiro de 2018
REGRESSO AO PIOLHO
Regresso ao Piolho. Há muito tempo que não escrevia no Piolho. De qualquer forma, continuo a sentir-me bem no Piolho. O Piolho continua a ser o meu café no Porto. Depois de quase uma semana de abstinência voltei a beber álcool. Pouquinho, para começar. Lembro-me do Carlos Pinto, do Joaquim Castro Caldas, do Rui Costa. Já partiram todos. Eu continuo aqui, apesar dos sustos. E o ano está a começar em grande. Apareço em todo o lado. Hoje tenho mais mais um concerto, no Rés-de-Rua. Dia 2 há o Hard Club. E como me afasto das imbecilidades, como me afasto do Big Brother. Definitivamente abandonei o rebanho. Definitivamente encontrei o caminho. Só preciso de uma mulher bela e inteligente. E da revolução, claro. De resto, sinto-me poderoso. I'm the Lizard King/ I Can Do Anything. No JN já me publicam textos proféticos. Uma mulher...uma fêmea. Quero-a. Não mais atrofiadas. Danço com Dionisos e as Bacantes. Não estou agarrado às horas. Sou um homem plenamente livre. Sou o poeta que foge da moda e da moeda. Sim, eu estou a triunfar. Os meus poemas circulam. Já sou reconhecido, quer queiram, quer não. Sei, no entanto, que, se aguentar, aparecerei muitas mais vezes. Porque eu tenho uma mensagem, porque eu tenho algo de novo a dizer. Os media procurar-me-ão mais e mais porque eu não sou como os outros. Porque eu sou um dos loucos divinos. Porque eu faço da vida um experimento permanente. Porque eu nasço hoje, porque eu nasço todos os dias. E não me contento com homens pequenos nem com meias-medidas.
domingo, 14 de janeiro de 2018
A REVOLUÇÃO E O APOCALIPSE
No café da Vera ouço a Vera e ouço os operários. Agora compreendo melhor os operários mas entendo que a classe operária é uma classe em decadência, já nada tem de revolucionário, como dizia Marcuse. Apenas luta por reivindicações salariais e sectoriais. Não se quer educar como no tempo de Marx, como no tempo de Lenine, como nos anos 60. Só podemos contar com alguns. De resto, os grandes revolucionários continuam a sair da burguesia e da pequena burguesia instruída. De resto, anda tudo enfeitiçado pelo deus-dinheiro e pela ilusão dos euromilhões. Claro que, por outro lado, não vale a pena um homem andar-se a matar. As loucuras do Trump, do Putin, do palhaço da Coreia do Norte, dos terroristas de Alá, da extrema-direita, as alterações climáticas, o Big Brother dos media, a loucura tecnológica, a corrida desenfreada pelo lugar, pelo emprego, pela carreira, a luta pela vida, tudo isso, mais tarde ou mais cedo, levará necessariamente ao caos, à revolução. Não tenho dúvidas. A revolução e o apocalipse estão próximos.
segunda-feira, 8 de janeiro de 2018
DA GLÓRIA
Agora, sim, a glória. Até começo a fartar-me dela, de ver a minha cara em todo o lado. Até me começo a fartar de certas gajas bonitinhas. Ontem na Biblioteca de Vila do Conde, com o Valter Hugo Mãe, com o Aurelino, com o Francisco, soltei-me completamente, dei-me à assistência. Uma noite a valer por mil anos. Ir do céu ao inferno, do inferno ao céu numa só tarde, numa só noite como Rimbaud, como Baudelaire. A estrela, de novo, a estrela. Agora já não está tesa. Teresa. Barbas brancas à mesa. As Sereias. Sexo, noitadas e rock n' roll. A GLÓRIA, outra vez, a GLÓRIA. O poeta à solta.
sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
FÁTIMA LOPES, BRAGA E OS DOORS
Dia dos Doors. Agora até as telenovelas passam Doors. Sinais dos tempos. Tempos de apocalipse mas também de iluminação. De redenção dos pecados. De idas à missa. Em Braga, Sempre Braga. E eu a subir. A ganhar forças. A procurar as moças. A Fátima Lopes. Quero-a nua. Quero-a na cama. Agora é tudo meu. TUDO MEU. Sou um semi-deus. Rei destas terras. Farto-me de ouvir propaganda, macacos, macacas e imbecis. O ouvido até dói. Não tanto como no dia 1, claro. Anjo em chamas, como te chamas? Quero as boazonas da TV. Fora com o colesterol! Não quero ouvir falar do colesterol! Conversa de velhas. Não gozes, Pedro. Podes cair. Também tu. Tu bem sabes. Provaste desse veneno na passagem de ano. Jesus salvou-te. Contudo, não és bem como ele. És mais como o Jim, como o Mário de Sá-Carneiro. Tens a tua loucura. A tua divina loucura. Ai, coração! Agora falam em cardiologia. Bate, bate, coração. Não bebas whisky hoje, Pedro. Não bebas whisky. Apesar de ser dia dos Doors. Não bebas, Pedro. Bebe apenas cerveja. Pouca cerveja. Não abuses. Escuta o bom doutor. Ó Fátima, não me fales de doenças. Fatinha, não me ponhas doente. Eu amo-te. Eu perdoo-te. Eu não digo mais mal de ti. Eu dou-te filhos. Uma carrada de filhos. Eu não sou padre, eu sou de Zaratustra. Eu sou de Morrison, eu sou de Jesus.
quarta-feira, 3 de janeiro de 2018
PASSAGEM DE ANO EM BRAGA
Braga. Passagem de ano. Ouvia a tua voz, Goreti. O coração batia. Caminhava até à igreja de S. Vítor. Inferno. Parecia que ia morrer. Àgua. Bendita água. Salvaste-me. Agora eles divertem-se e eu escrevo num bar que encontrei perto da Sé. Uma gaja falou do Bloco. Falou sem parar. Ontem ouvi o Arnaldo de Matos. Ao menos é directo, apesar de tudo. De facto, vão rolar cabeças, quer se queira, quer não. Mas hoje é passagem de ano. Let the children play. Já cá estás há muitos anos. Burgueses filhos da puta. Marx, Lenine, Bakunine. Meteu-me nojo o imbecil de trás a rir do Arnaldo de Matos. Esses putos burgueses vão levar uma lição. A música a bater. Olá, Braga. Miúdas bonitas. Dinheiro no bolso. Senhor doutor, faça cara de mau. Observas o mundo, observas o que te rodeia como um velho leão. Mas não há dança. Não há Juno. Só música e miúdas bonitas. Mas a dança agora aquece. Personagens da noite. Finalmente. O poeta bebe, negro, maldito. Observa. Ao balcão o sexo convida. Hora de sair.
domingo, 31 de dezembro de 2017
SEIOS
Ouço o comboio ao longe. Um carro na rua. A mesa das festas. A amiga que acolhe. A miúda que me encanta, que me enlouquece. Os seios. Os grandes seios. O abraço. O sexo. O coração que bate. Tantas noites à procura. Crescei e multiplicai-vos. Fecundar a fêmea. Fundar a própria tribo. Estou às portas dos 50. As barbas estão brancas. A noite. O sonho. A ressaca.
segunda-feira, 25 de dezembro de 2017
É UMA CHUVA TERRÍVEL AQUELA QUE VAI CAIR
Agora que, aparentemente, está afastada a hipótese de doença e a quadra natalícia vai chegar ao fim, posso pensar noutros voos: nos livros, na banda, na revolução. De facto, por estes dias tenho-me mantido em sossego, com incursões à revolta catalã. Uns são muito simpáticos comigo, outros parecem recear qualquer coisa. A hora está a chegar. E vai ser uma chuva terrível aquela que vai cair, como cantava Bob Dylan.
quarta-feira, 20 de dezembro de 2017
O POETA E JESUS
É, de novo, madrugada. O poeta arde. Não sabe se é Jesus ou se está em Jesus. Não sabe se o que está a viver é o princípio de uma alucinação ou se é algo mais, capaz de unir os povos da Terra. Tal como Jesus, o poeta quer derrubar os banqueiros e os mercados mas hesita quanto ao uso da violência. Vê as montras partidas em Paris, Roma, Atenas e acredita que a revolução passa por aí. Também Jesus apelou à espada. Também Jesus era provocador e insolente: "No mundo tereis aflições, mas tende confiança! Eu venci o mundo", disse. Venceremos o mundo, derrubaremos o poder. Companheiros, companheiras. Aproxima-se a hora. Contudo, o poeta ainda tem dúvidas. Teme a barbárie pura. Deseja o amor entre os homens mas odeia os governantes, os mercadores, os banqueiros. Quer um mundo novo e um homem novo despidos da moeda e da mercearia.
É, de novo, madrugada. O poeta arde. Não sabe se é Jesus ou filho de Jesus. A mente e o coração expandem-se. O poeta sente que está a iniciar uma nova vida. Uma vida de entrega ao próximo e ao longínquo, sem caridadezinhas. 0 poeta sabe que, sendo naturalmente irresponsável, tem responsabilidades. Como Nietzsche, cria, dança em redor da sabedoria. As suas palavras vão chegar mais longe. Sabe-o. Os próximos dias poderão ser decisivos. O poeta chegou onde queria. Não haverá mais escritos menores, gratuitos. O poeta é de graça e é da Graça. Canta, ri. O mundo está a seus pés, tal como as mulheres mais belas. Se bem que seja necessária alguma prudência com as mulheres. Mas o poeta começa a conhecer as mulheres. Já não é o rapaz ingénuo dos 18 anos. As ideias vêm. O cérebro quase rebenta. O poeta quer construir um mundo novo. Acredita. É isso que o distingue dos outros. Hesita entre a paz e a espada. Sabe que a morte espreita. Contudo, vai continuar. É para isso que veio ao mundo. Vai ao fundo do ser. Vive. É. Está a chegar a hora, companheiros, companheiras. Chegou o tempo de cerrar fileiras. O poeta sabe que a manhã virá. E com ela a luz. Mas também a vida da rotina. Talvez ainda não amanhã, domingo. Mas segunda-feira. O poeta escreve e os homens dormem. Já não é Natal. O poeta nasceu outra vez. Vai pregar na praça. Vai sujeitar-se ao desprezo dos homens e das mulheres. Mas vai chegar a muita gente. Dentro e fora dos livros. O poeta é aquele que quer ser. Pensa na amada. Os galos cantam. Pedro não o nega. Está a escrever verdadeiramente como os mestres. É aqui que queria chegar. Ou melhor, esta é uma das etapas do processo. O poeta já quase não sente medo. Prossegue. Escreve madrugada fora. Está na casa da mãe e dos irmãos. Consulta o Evangelho de João. Vive. Chama o pai. Ele ouve-o. A voz do pai ecoa na sua mente. Está em paz. Há outra vida na mente. Uma vida sem economistas nem conta-corrente.
É, de novo, madrugada. O poeta arde. Não sabe se é Jesus ou filho de Jesus. A mente e o coração expandem-se. O poeta sente que está a iniciar uma nova vida. Uma vida de entrega ao próximo e ao longínquo, sem caridadezinhas. 0 poeta sabe que, sendo naturalmente irresponsável, tem responsabilidades. Como Nietzsche, cria, dança em redor da sabedoria. As suas palavras vão chegar mais longe. Sabe-o. Os próximos dias poderão ser decisivos. O poeta chegou onde queria. Não haverá mais escritos menores, gratuitos. O poeta é de graça e é da Graça. Canta, ri. O mundo está a seus pés, tal como as mulheres mais belas. Se bem que seja necessária alguma prudência com as mulheres. Mas o poeta começa a conhecer as mulheres. Já não é o rapaz ingénuo dos 18 anos. As ideias vêm. O cérebro quase rebenta. O poeta quer construir um mundo novo. Acredita. É isso que o distingue dos outros. Hesita entre a paz e a espada. Sabe que a morte espreita. Contudo, vai continuar. É para isso que veio ao mundo. Vai ao fundo do ser. Vive. É. Está a chegar a hora, companheiros, companheiras. Chegou o tempo de cerrar fileiras. O poeta sabe que a manhã virá. E com ela a luz. Mas também a vida da rotina. Talvez ainda não amanhã, domingo. Mas segunda-feira. O poeta escreve e os homens dormem. Já não é Natal. O poeta nasceu outra vez. Vai pregar na praça. Vai sujeitar-se ao desprezo dos homens e das mulheres. Mas vai chegar a muita gente. Dentro e fora dos livros. O poeta é aquele que quer ser. Pensa na amada. Os galos cantam. Pedro não o nega. Está a escrever verdadeiramente como os mestres. É aqui que queria chegar. Ou melhor, esta é uma das etapas do processo. O poeta já quase não sente medo. Prossegue. Escreve madrugada fora. Está na casa da mãe e dos irmãos. Consulta o Evangelho de João. Vive. Chama o pai. Ele ouve-o. A voz do pai ecoa na sua mente. Está em paz. Há outra vida na mente. Uma vida sem economistas nem conta-corrente.
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