sexta-feira, 2 de março de 2018

REDUZIDOS A MERCADORIAS

A grande maioria das pessoas passa a vida a pastar ou a sacrificar-se sem sentido. É a prisão. É a tropa. Se observarmos bem, a maioria dos seus gestos são mecânicos, previsíveis, tal como as conversas. O Poder teme as crianças, talvez mais do que qualquer outra coisa, Daí que as atrofie com ocupações, daí que, desde muito cedo, lhes tente fazer a cabeça. Muitos adolescentes e jovens levam uma existência infeliz, depressiva, tentam ou concretizam mesmo o suicídio, porque não se adaptam ao ritmo mercantil, à ditadura dos relógios, à quantificação da vida. Poucos são livres, poucos vivem a verdadeira vida, livre, solta, sem castrações nem amarras. A própria tecnologia robotiza o homem, limita-lhe o desejo, os sentimentos, a alma. Os personagens e as vedetas televisivas vivem a nossa vida, roubam-na, reduzem-na a uma insignificância, de anónimos contribuintes, de meros votantes num universo de 10 milhões, uma gota de àgua no oceano. Os partidos, os grandes media e os grandes empresários controlam a vida pública. Nós não temos qualquer influência. Alienados, explorados, escravizados, somos reduzidos a números e a mercadorias. Como não questionamos, como não debatemos, o Poder agradece e amealha.

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