sábado, 17 de outubro de 2015
O GOVERNO DE ESQUERDA
A vitória da direita transformou-se numa derrota. De repente, Passos Coelho, Paulo Portas, Cavaco Silva e toda essa corja de comentadores comprados até sobem pelas paredes perante a possibilidade real de um governo de esquerda. Notável e histórica a viragem do PCP, construtiva e combativa a posição do Bloco de Esquerda, dialogante e despreconceituosa a postura de António Costa. Claro que ainda há um caminho a percorrer. No entanto, não há dúvida que 40 anos depois do PREC se assiste a uma grande viragem. Porque, de facto, a grande maioria dos portugueses votou contra a austeridade, contra os cortes nos salários e nas pensões, contra a destruição dos serviços públicos, contra o aumento da pobreza e das desigualdades sociais. Há, efectivamente, uma janela de esperança que se abre. Um novo caminho. Quiçá, uma nova era.
O HOMEM ASSASSINADO
O homem está a ser assassinado. Está a ser castrado pela finança, pelos mercados, pelos políticos ao seu serviço. É obrigado a lutar na arena, a disputar uma corrida, uma guerra com os seus semelhantes em busca do emprego, do cargo, do estatuto. As pessoas atropelam-se umas às outras sob a lei do dinheiro e do mercado. Aparentemente existe uma certa paz, uma certa harmonia mas, ao fim e ao cabo, reinam o caos e a barbárie. O homem é reduzido a um número, a uma coisa, a uma mercadoria. As relações humanas são cada vez mais superficiais e mecânicas. Estamos cada vez mais sós e deprimidos. A sociedade capitalista só traz infelicidade. É a lei do mais forte, do mais matreiro, do mais sacana. As próprias relações de amor e de amizade são postas em causa. É a esquizofrenia. Os donos das grandes multinacionais, dos bancos, das bolsas, dos impérios, dos grandes media controlam-nos e lavam-nos o cérebro. Os senhores do dinheiro nadam em milhões e exploram, enquanto outros contam os trocos e outros vegetam na miséria. Não é justo. Não é humano. Não é digno. Não pode haver seres humanos de primeira e de segunda. Trabalha-se mais horas em vez de menos. Há menos tempo para o encontro, para o ser humano dispor de si, para a alegria. O lazer é cada vez mais consumismo. Os jovens estão confusos, não sabem a que valores se agarrar, são empurrados para o safanço, para o sucesso a qualquer preço, por exemplo em concursos de talentos. A televisão atira-nos pimbalhadas, programas da tarde sentimentalóides e imbecis e matraqueia-nos com notícias repetidas que nos fazem a cabeça. É o "Big Brother" de Orwell. Sim, podemos deslocar-nos, vir até ao café, ler, conversar, mas há sempre algo que nos condiciona. Sejam as directivas de Bruxelas ou do imperialismo alemão, sejam os humores dos mercados e da corja financeira, seja esta maldita máquina, a que só alguns escapam, que reprime os nossos impulsos, as nossas forças vitais, a nossa liberdade. Revoltêmo-nos, pois.
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
PUTA DE SOCIEDADE
Como já o
socialista utópico Charles Fourier lembrava a sociedade capitalista reprime as
forças vitais dos cidadãos. O homem não é feliz porque a sociedade impede o
mais que pode o desenvolvimento da vida apaixonada. A maioria de nós não é
livre, eis a verdade. Vivemos acorrentados a preconceitos judaico-cristãos, à
culpa e às castrações da máquina capitalista. Há sempre forças que nos impedem
de explodir. Damos uns beijos, uns abraços, soltamo-nos com o álcool e com as
drogas mas há sempre algo a conter-nos, a impedir-nos de desfrutar da
liberdade, de fazer a grande festa. Parece que a vontade e o entusiasmo esmorecem.
E depois não há pontes, não há ligação. É cada um no seu grupo, na sua ilha.
Puta de sociedade que construímos
sábado, 10 de outubro de 2015
VIRGÍNIA
A Raquel a vender erva
no Bairro Alto
alucinada
o Garcia a recitar Pessoa
tu e eu a distribuir panfletos
tu a catequizar os putos
eu a carburar, a provocar
chamaram-me comuna e filho da puta
hoje aqui a subir
no meio da ignorância
a curtir a música
esta gente elegeu o Passos
continuam lá os mesmos filhos da puta
não, não sou democrata
esta gente explora
esta gente escraviza
esta gente matou o Che
matou os meus camaradas
valha-me a arte
valha-me a música
para poder dançar
celebrar o dia
independentemente desses cabrões
esses cabrões não me fodem a alma
e esta gente continua aqui
sempre igual
sempre servil
sempre estúpida
a votar nos mesmos gajos
a máquina lava-lhes o cérebro
não, há um lugar para nós
um lugar livre
um paraíso
onde podemos ficar
a dizer poemas
a contar histórias
sim, façamos o banquete
definitivamente não somos como eles
somos de outra espécie
nascemos de outra estrela
percorremos outra estrada
temos pena
podemos até sorrir-lhes
mas não somos daqui
inventámos novos mundos
novos céus
novas galáxias
está tudo cá dentro
também estou farto de certos poetas, sabes
é só técnica e uns floreados
não têm verdadeiramente alma
nem sangue nem esperma
não transmitem uma mensagem
sabes, não sei como me hei-de dirigir
a esta gente
claro que há gente boa, honesta, simpática
mas, sabes, parece que me estou
a transformar outra vez
parece que a luz veio ter comigo
que a mente se eleva
mesmo sem LSD ou mescalina
e até parece que me esqueço das horas
e até das pessoas que me rodeiam
que importa a loira que já
não me fala?
Que importam estes cabrões
que castram?
Eu estou aqui vivo
inteiro
e vou prosseguir aqui
por uns anos
a escrever
a publicar
a lutar contra os moinhos
porque eu era esse menino
que brincava com os irmãos
eu era esse menino
que dava a mão à Virgínia
eu era esse menino
em quem os pais
depositavam muitas esperanças
e que se tornou um beatnick
um não-alinhado
e que agora nada tem a perder.
no Bairro Alto
alucinada
o Garcia a recitar Pessoa
tu e eu a distribuir panfletos
tu a catequizar os putos
eu a carburar, a provocar
chamaram-me comuna e filho da puta
hoje aqui a subir
no meio da ignorância
a curtir a música
esta gente elegeu o Passos
continuam lá os mesmos filhos da puta
não, não sou democrata
esta gente explora
esta gente escraviza
esta gente matou o Che
matou os meus camaradas
valha-me a arte
valha-me a música
para poder dançar
celebrar o dia
independentemente desses cabrões
esses cabrões não me fodem a alma
e esta gente continua aqui
sempre igual
sempre servil
sempre estúpida
a votar nos mesmos gajos
a máquina lava-lhes o cérebro
não, há um lugar para nós
um lugar livre
um paraíso
onde podemos ficar
a dizer poemas
a contar histórias
sim, façamos o banquete
definitivamente não somos como eles
somos de outra espécie
nascemos de outra estrela
percorremos outra estrada
temos pena
podemos até sorrir-lhes
mas não somos daqui
inventámos novos mundos
novos céus
novas galáxias
está tudo cá dentro
também estou farto de certos poetas, sabes
é só técnica e uns floreados
não têm verdadeiramente alma
nem sangue nem esperma
não transmitem uma mensagem
sabes, não sei como me hei-de dirigir
a esta gente
claro que há gente boa, honesta, simpática
mas, sabes, parece que me estou
a transformar outra vez
parece que a luz veio ter comigo
que a mente se eleva
mesmo sem LSD ou mescalina
e até parece que me esqueço das horas
e até das pessoas que me rodeiam
que importa a loira que já
não me fala?
Que importam estes cabrões
que castram?
Eu estou aqui vivo
inteiro
e vou prosseguir aqui
por uns anos
a escrever
a publicar
a lutar contra os moinhos
porque eu era esse menino
que brincava com os irmãos
eu era esse menino
que dava a mão à Virgínia
eu era esse menino
em quem os pais
depositavam muitas esperanças
e que se tornou um beatnick
um não-alinhado
e que agora nada tem a perder.
Vilar do Pinheiro, 3.10.15
terça-feira, 6 de outubro de 2015
A VITÓRIA AMARGA
A coligação de direita venceu as eleições sem maioria. Mas não deixa de ser uma vitória amarga. Agora tem de se haver com uma maioria de esquerda no Parlamento, sobretudo graças à subida estrondosa do Bloco de Esquerda (10%). Catarina Martins esteve em grande nível nos debates, nos comícios e na rua. O PS de António Costa, com uma campanha desastrada, é o grande derrotado. A CDU sobe ligeiramente. A esquerda, se Costa quiser, pode derrubar o novo governo em dois tempos. O PAN (Pessoas, Animais e Natureza) elegeu um deputado mas ainda não sabemos claramente quais são os propósitos deste partido. O PCTP/MRPP mantém sensivelmente a votação de 2011 (1,1%) e alcança bons resultados em Beja (2,6%), Portalegre (1,7%), Setúbal (1,6%), Faro (1,6%), Évora (1,5%) e Santarém (1,3%). O partido tem de mudar o discurso no sentido da crítica do capitalismo global, da corrida e da guerra diárias a que as pessoas se sujeitam, tem de falar mais nos fenómenos do suicídio, da depressão e da ignorância. A luta continua.
sábado, 3 de outubro de 2015
O NO FUTURE E A REVOLUÇÃO
A grande maioria dos jovens anda confusa. Não sabe bem o que quer. Agarra-se aos copos. Não há futuro. A vida tornou-se esquizofrénica. Uma sucessão de imagens, de smartphones, de facebooks, de publicidades, de propaganda. É um mundo louco que promete desemprego, trabalho precário, trabalho escravo, um mundo que outros vivem por nós. É um mundo que nos põe num atropelo, numa corrida louca, permanente, em busca do prémio, do troféu, da recompensa, ou seja, do estatuto, do poder, da carreira. Regredimos. Tornámo-nos mais animalescos. O capitalismo é mais feroz, mais feroz do que no séc. XIX. As pessoas estão cheias de medo, cheias de medo também umas das outras. Curiosamente, umas até gritam "vêm aí os comunas!Vêm aí os anarcas!". Cheias de medo. É claro que se somos revolucionários, viemos fazer a revolução, não viemos beber copos de água. No entanto, esta gente prossegue com o Porto e o Benfica, com a vidinha de todos os dias, sem uma visão de conjunto, a votar no facho do Passos e noutros que lhes têm roubado a vida. É uma barca de loucos. Onde a depressão e o suicídio aumentam assustadoramente. Onde, de facto, a vida normalmente não presta. Há pessoas. Claro, há pessoas de bem, de coração, que nos ouvem, que nos compreendem, que dialogam connosco abertamente, que fazem o banquete. Mas ainda somos poucos. No entanto, qual é o problema de apelar já à revolução? O que temos a perder, companheiros? O que nos dá esta vida de dinheiro e de intriga? O que nos adianta passar a vida a falar de números e de economia? O que nos adianta sermos iguais a eles? Porra, camaradas, sejamos os nossos próprios deuses, celebremos a vida na praça.
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
CATALUNHA LIVRE E INDEPENDENTE!
A vitória dos independentistas na Catalunha constitui uma forte machadada no Estado Espanhol, em Mariano Rajoy e na própria União Europeia. A Catalunha será independente. O PP de Rajoy obteve uma votação diminuta e deverá ser derrotado nas eleições gerais espanholas. O povo catalão deu ao mundo uma lição de liberdade e cidadania. Barcelona voltou aos anos 30. A monarquia espanhola também está em xeque. Deve seguir-se o País Basco. A "União" Europeia financeira e do imperialismo alemão começa a ficar em cacos. Catalunha livre e independente!
domingo, 27 de setembro de 2015
O VOTO NA REVOLUÇÃO
Esses gajos como Passos, como Portas são mesmo uns copinhos de leite imbecis e são lá postos por um bando de cegos, como já dizia William Shakespeare. Estes imbecis seguiram sempre uma carreira calculada, ordeira, nunca apanharam uma verdadeira bebedeira, nunca estiveram no céu nem no inferno. Daí que sejam desprezíveis, pequenos, que se limitem a falar o economês e a fazer intriga política. Servem os seus senhores de Berlim, de Bruxelas, de Wall Street. Servem o capitalismo que atropela, a corrida de todos contra todos, a desumanidade. Um voto no PCTP/MRPP, pelo contrário, é um voto que não aceita, que não se submete, que chama os bois pelos nomes. Um voto no PCTP/MRPP é um voto na liberdade livre, contra a exploração e a escravização, é um voto no novo mundo que aí vem. Um voto no PCTP/MRPP é um voto na revolução.
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
DE DALI
Já tive acesso aos media locais, regionais e nacionais. Falta-me talvez uma SIC, uma TVI. De qualquer modo, julgo que, sem ser um político tradicional, tenho coisas a dizer que muitos não dizem. Claro que tenho os meus mestres. Claro que me baseio em Guy Debord, Raoul Vaneigem, Marcuse, Sartre, Erich Fromm, Aldous Huxley, Agostinho da Silva, Nietzsche, Platão, Bukowski, Henry Miller ou Jim Morrison. Todavia, vejo, pelo menos aqui em Portugal, muitas poucas pessoas defenderempublicamente ideias semelhantes às minhas. E, no entanto, estou convencido de que tenho razão. Posso nem sempre defender-me da melhor forma. Posso nem sempre ter a retórica. Mas, porra. Eu tenho andado inclusive por estradas erráticas, eu tenho procurado a iluminação em copos de cerveja mas eu não sou, nunca fui um vendido, um convertido ao sistema. Por isso não sei o que esses escritores que inventam umas historiecas têm a dizer a mais do que eu. Não sei realmente o que as pessoas vêem neles. Não sei que luz, não sei que bênção os distingue de mim. Eu que já atravessei para o outro lado, que me julguei Deus e o Diabo, que tive visões e iluminações, que percorri o deserto. Não, não é a esses que me devo comparar. Eu sou dos mestres. Eu procuro o infinito. Há coisas que ainda me prendem à terra, nomeadamente a política, mas eu sou do surrealismo de Dali, das vacas voadoras, dos relógios pendurados nas árvores. Sim, há uma válvula no meu cérebro que se solta e então eu fico doido, não tenho limites. Talvez ainda não tenha sido capaz da grande criação, da louca criação. Contudo, sei que faço parte dos eleitos. Por isso acho muita desta gente, a começar pelos políticos lavadinhos, absolutamente limitada e quadrada. Porque não explode, porque não arde, porque não vibra. Porque realmente não transgride, nem conhece, nem quer conhecer o outro mundo. Ficarão sempre agarrados às posses, ao dinheiro, ao trabalho forçado e ao tédio. Nunca experimentarão a novidade, o inesperado, o diferente. Nunca apanharão a grande bebedeira. Por isso são diferentes de nós e daqueles que sigo. Por isso nunca sairão da mediania.
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
PASSOS RELES
Passos Coelho e Paulo Portas, além de terem roubado nos salários e nas pensões e de terem aumentado os impostos, além de terem mergulhado o país na pobreza e na desigualdade social, são castradores e inimigos da vida e da beleza. Passos e Portas fazem o jogo do imperialismo alemão e do fascismo financeiro, reduzindo a vida a uma corrida onde as pessoas se atropelam, sem qualquer ponta de sentimento, sem qualquer ponta de humanidade. Essa gentalha só conhece o raciocínio económico, do deve e haver, da compra e venda, ignorando o sentido do belo, da virtude, do maravilhoso, da poesia. Essa gentalha viveu sempre no mundo da intriga, da sacanagem, da luta pelo poder e pelo dinheiro, nunca se transcendeu, nunca teve uma iluminação, nunca se passou para o lado de lá. No fundo, Passos e Portas são gente reles, pequena, que, com a ajuda dos grandes grupos económicos e dos media, nos querem explorar, rapinar, amordaçar, ao mesmo tempo que querem instaurar o fascismo.
terça-feira, 15 de setembro de 2015
FASCISMO E REFUGIADOS
Foi o Ocidente que provocou as guerras do Afeganistão, do Iraque, da Líbia e da Síria. Durão Barroso foi um dos mentores da tristemente Cimeira dos Açores que deu origem à guerra do Iraque. Por isso, os países da Europa e os Estados Unidos têm o dever de acolher os refugiados. É xenófoba a posição de repor o controlo das fronteiras por parte da Alemanha, da Eslováquia, da República Checa e da Holanda. É fascista a nova lei de imigração da Hungria que prevê penas de prisão de três anos para quem entre ilegalmente no país. É fascista porque é imposta por um louco fascista, Viktor Orban. É igualmente fascista a posição daqueles que em Portugal organizam petições e movimentos contra a entrada de refugiados no nosso país. Trata-se de gente ignorante, sem coração, que não percebe que o mundo é de todos e que todos vimos de África. No fundo, é gente que alinha no atropelo, no salve-se quem puder, na luta pelo dinheiro e pelo poder, só a defender o seu quintal, sem uma ponta de ética, sem uma ponta de humanidade.
domingo, 13 de setembro de 2015
CAPITALISMO E SUICÍDIO
Já houve 567 suicídios desde o início do ano em Portugal. No entanto, estes números até podem vir a duplicar, como afirmou o psiquiatra Ricardo Gusmão, presidente da Eutimia- Aliança Europeia Contra a Depressão em Portugal, uma vez que dizem respeito àqueles óbitos que são logo declarados como suicídio no dia em que acontecem. Falta acrescentar as mortes que se encontram ainda a ser investigadas.
A crise económica, a pobreza, o governo fascista de Passos Coelho, que governa sem qualquer sensibilidade social, mas sobretudo uma vida sem sentido, onde as pessoas competem e se atropelam levam cada vez mais indivíduos a pôr fim à vida. É esquizofrénica esta sobreposição de imagens, onde as vedetas televisivas vivem a nossa vida, onde meia-dúzia de poderosos se exibe e factura, onde o tédio impera. Os laços de amor, de amizade são postos em causa. As pessoas estão cada vez mais isoladas no reino do dinheiro e do mercado onde se encontram à venda. As pessoas são transformadas em números, em mercadorias. Perde-se a vontade de viver. Já nada importa. Eis no que deu o capitalismo.
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
VIM SER O POETA
Não sou da mesma espécie dos politiqueiros, dos banqueiros, dos empresários, dos especuladores. Não ando para aí a enganar, nem a roubar, nem a explorar, nem a escravizar. Nem tão-pouco me identifico com os competitivos, com os corredores, com os merceeiros. Vim para experimentar, para criar, para conhecer, para amar. Vim para pisar livremente a Terra. Vim de graça e para a graça. Não suporto mais o tédio imposto. Vim celebrar noite e dia. Vim ser o poeta.
domingo, 6 de setembro de 2015
ESQUIZOFRENIA
Mesmo que não entenda certos textos mais herméticos sinto-me a caminho de fazer a síntese. Com efeito, creio que estou próximo de construir um sistema de ideias, uma filosofia própria. Esta mescla do pensamento, com os livros e com a realidade resulta nisso. Não escondo que na cidade as conversas são mais ricas e variadas, se bem que haja grupos fechados que impedem a comunhão, o diálogo com o desconhecido, a celebração. Parece-me até que estamos num estado de esquizofrenia, com crimes hediondos a torto e a direito, com a desumanidade com que são tratados os migrantes, com os media a fazer de nós atrasados mentais, com o Estado Islâmico a destruir tesouros da Humanidade, com os banqueiros, os agiotas, os especuladores, as grandes corporações, os políticos corruptos a facturar, com a depressão e o suicídio a aumentar a olhos vistos. Tudo isto é de loucos. Tudo isto tem que ser discutido na praça pública. O mundo é nosso. Não é deles. Temos de repensar o homem. De voltar ao início. Ao xamã que comunicava com os espíritos. Sim, existem espíritos em nós. Somos muito mais do que o quotidiano, do que o dinheiro, do que a compra e venda a que nos querem reduzir. Inventámos deuses. Somos também hybris, loucura. Procuramos o infinito e o céu na Terra. Eles é que querem roubar-nos os sonhos, reduzir-nos os horizontes. Transformar-nos em mercadorias. Eles é que querem roubar-nos a vida. Pois é pela vida que me bato. Pela vida enquanto festa, conhecimento, criação. Todavia, vejo ainda muita confusão nos meus semelhantes. Muitos ainda estão na caverna de Platão a comentar as sombras. Não questionam o trabalho, nem o dinheiro, nem o mercado. Vêem o capitalismo como uma inevitabilidade. Mas, enfim, como pensador, como poeta, compete-me esclarecê-los, entrar nas conversas, provocar. Uma parte importante deles já não terá salvação. Ainda assim insisto.
sexta-feira, 4 de setembro de 2015
A CIDADE DO SER
De acordo com Erich Fromm, os métodos de lavagem cerebral na publicidade comercial e na propaganda política levam-nos a comprar coisas que nem queremos nem necessitamos e a escolher representantes políticos que nem queremos nem necessitamos se não estivermos no pleno controlo das nossas mentes. A questão é que não somos inteiramente senhores das nossas mentes devido a métodos hipnóticos empregues para nos doutrinar e domesticar. Esses métodos constituem um grave perigo para a saúde mental, nomeadamente para o pensamento crítico e para a independência emocional. Somos bombardeados, sobretudo pela televisão, por programas imbecilizantes e notícias manipuladas e muitos de nós caem numa vida mental pobre, com conversas repetitivas, sem qualquer tipo de elevação. É certo que há muita gente que se sente deprimida, que tem consciência do vazio, do seu isolamento, da falta de significado da sua vida e põe em causa a vida de consumo e de futilidade que leva. No entanto, daí a que isso se traduza em união e revolta, daí a que isso se traduza na construção de uma nova sociedade, de um novo homem vai um longo caminho. Sabemos, contudo, que para que a vida volte a fazer sentido uma nova sociedade será necessária, uma nova sociedade baseada, ainda segundo Fromm, no ser, no participar e no compreender e não no ter, no lucro e no poder. Uma sociedade onde o carácter mercantilista seja substituído pelo carácter criativo e amoroso, uma sociedade de homens livres, a cidade do Ser.
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