domingo, 18 de agosto de 2013
O GRITO PRIMITIVO
É claro que há gente amável. Contudo, como dizem os filósofos, este mundo não presta. O capitalismo pôs-nos a competir uns com os outros. Está tudo nas mãos dos especuladores, dos usurários, dos agiotas. Um mundo com o amor controlado, com a liberdade controlada, quase sem poesia. É também um mundo onde não se questiona a própria existência, onde não se questiona o que se está a fazer aqui. É claro que há gente amável, que nos ouve, que nos respeita, gente que até se aproxima das nossas ideias. No entanto, a máquina é implacável, torna o homem detestável, um predador, um competidor, cheio de medo do seu semelhante e da própria máquina. Não, não me canso de dizer. Esta vida não serve. Destrói-nos, diminui-nos, faz de nós escravos e macacos. Urge ir atrás da liberdade, do grito primitivo.
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
INSPIRAÇÃO
E, de repente, volta aquilo a que chamam a inspiração. De repente, as palavras vêm fáceis. E até aprecio o sorriso burguês da patroa. As mulheres enlouquecem com os bebés. Beijam-os, fazem-lhes festas. Outros vêm aos bolos e ao pão. Como se a vida fosse bela. Mas não é. Estas pessoas vão ganhando a vida, distraem-se com os bebés, com as revistas e com a televisão. Eu não me contento com isso. Eu quero chegar lá, à glória, à revolução. Não ganho a vida nem me esforço por isso. Não faço negócios. Eu quero dizer o que penso na televisão. Já lá estive. Quero voltar. No fundo, quero ser um filósofo. Já sou o poeta maldito, marginal, underground. Já cheguei a muitos lugares. Vivi noites e noites, no Porto, em Braga, na Póvoa, em Vila do Conde. Vivi copos e copos, aventuras, putas, diversões. Estive no bar até ser dia, tive conversas filosóficas, tripei, tive alucinações. Estive onde muita gente nunca esteve, sou diferente. Estou pronto para dar o próximo passo.
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
É necessária uma revolução porque o capitalismo não presta. A imbecilização, a publicidade, o "Big Brother" que tudo comanda fazem do homem um escravo, um ser desprovido de humanidade. Os banqueiros, os mercados e os governos ao seu serviço estão a destruir o homem de tal modo que este raramente se questiona, raramente sabe o que está a fazer na Terra. Daí que seja necessária uma tomada de consciência desde a juventude, desde a adolescência. Urge um forte abalo nas mentes, nos espíritos para que, de uma vez por todas, se comece a vencer o capitalismo e a ditadura da economia. A revolução começa nas nossas cabeças, nos nossos corações. Daí partirá para a rua. Não basta combater este ou aquele governo, é necessário combater o capitalismo dos mercados na sua essência, é necessário ir à essência do homem, promover ao máximo o livre desenvolvimento das suas potencialidades, questionar o dinheiro e o lucro. O homem livre, o homem plenamente desenvolvido, derrotará o capitalismo.
sexta-feira, 26 de julho de 2013
segunda-feira, 22 de julho de 2013
domingo, 21 de julho de 2013
POETAS QUE VIVEM COMO POETAS
Há poetas que vivem como poetas. Conheci o Joaquim Castro Caldas, o Sebastião Alba, o Jaime Lousa. Conheço o Armando Ramalho. O Alba e o Jaime acabaram na rua. Todos eles levaram uma vida de excessos, à margens das normas e do instituído. O Joaquim inventou as noites de poesia no Porto, no Pinguim. Dizia poesia de uma forma única, explosiva. Era um homem dado, generoso. O Jaime ensinou-me a ver mais alto, para lá das aparências. E foi com estes senhores que também aprendi a noite e a vida. Foi com estes senhores e com Ginsberg, Bukowski, Rimbaud, Nietzsche, Jim Morrison, Cesariny, Luiz Pacheco, Henry Miller que aprendi o lado maldito, que andei de bar em bar, que estive no bar até ser dia. Não quero com isto dizer que outros não sejam bons escritores, bons poetas. Quero dizer que segui a via. Que sou desses senhores. Que não suporto a vidinha.
sábado, 6 de julho de 2013
DO AMOR
Karl Marx fala do amor. "Se uma pessoa ama sem inspirar amor, isto é, se não é capaz, ao manifestar-se uma pessoa amável, de tornar-se amada, então o amor dela é impotente e uma desgraça", escreve nos "Manuscritos Económicos e Filosóficos". Marx fala do amor pleno, do amor correspondido. E é do amor unido com a liberdade e com a inteligência que temos de falar. Quão pequenas e ridículas são as jogadas e piruetas para segurar o poder a qualquer custo de Paulo Portas e Passos Coelho. Quão absurdos são esses personagens de "reality-show". Procuramos, como Marx, a essência do homem. Procuramos o encontro do homem consigo próprio. Rejeitamos o homem frio e calculista, o homem do interesse e da mercearia, o homem conformista que absorve imagens. Somos de Quixote, dos grandes rasgos, das grandes ideias, do homem que grita e se liberta. Nada temos a ver com esses castradores, sejam eles domésticos ou sejam eles os cães especuladores dos mercados. Queremos o homem livre, que se constrói, que se completa, que se dá e não se vende.
quinta-feira, 4 de julho de 2013
terça-feira, 25 de junho de 2013
UMA VIDA SEM DINHEIRO
Apesar das doenças e das ameaças de doença, posso dizer que me estou a encontrar. Realmente a mente abre-se. Olho de cima o mundo da intoxicação e da imbecilidade. Sou um homem. Não sou uma coisa. Não estou à venda no mercado global. Não sou um receptáculo dos computadores nem da TV. Vivo. Sou dono de mim. Não tenho de vos ouvir, ó vendilhões! Não me lavais o cérebro nem me atirais para o tédio e para a depressão. Aqui na velha "Padeirinha" atinjo as alturas. Todo eu sou dança, celebração. Abandonei a felicidade da maioria. Sigo a estrada larga de Whitman. Amo a vida autêntica, a vida que está no àlcool e em algumas mulheres. Não tenho que ser bem comportado, não tenho de andar ordenadinho. Não tenho que ser vosso, ó polícias. Vivo. Reino. Sou. Sou o poeta maldito. O grande doido. Não sou vosso, ó normais. Mesmo que às vezes pareça. Afastai-vos! Não me tenteis vender o vosso mundo! Recuso. Tenho convicções. Tenho ideias. Bebo, ainda bebo. Essa vida que vendeis não presta, ó coquetes televisivas. Afastai de mim os pimbas! Sou dos outros, sou dos grandes. Venho das estrelas. As palavras vêm como facas. Como é que pude aguentar esta merda tanto tempo? Como é que se pode ser conivente com a imbecilidade, com estes palhaços? O dinheiro, sempre o dinheiro a comandar a vida. Como é possível ser tão limitado? Quero uma vida sem dinheiro, uma vida sem amos, sem vendilhões, uma vida onde cada um desenvolva livremente as suas potencialidades, uma vida de criação. Não vos suporto mais, ó comentaristas.
sábado, 22 de junho de 2013
O HOMEM PARA LÁ DO HOMEM
E se a nossa mente explodisse, se elevasse ao máximo as suas potencialidades? O que seríamos capazes de criar? Muita coisa perderia o valor. Como a compra e venda, a relação comercial, o dinheiro. Seríamos deuses, seres de luz, efectivamente filhos das estrelas, da primeira luz. A ideia seria realmente soberana, seríamos capazes de tudo, de atingir o belo, o bem, o sublime. Poderíamos ser terríveis mas também infinitamente bons, capazes de dar amor a todo o momento. Ultrapassaríamos a política, a economia, tudo seria alma e céu. Sim, o que poderíamos ser se nos realizássemos aqui na Terra e além dela. Seríamos reis, rainhas, seres encantadores, extáticos, livres. Deixaríamos de andar ordenados, ao ritmo do relógio, sem tempo, sem limites, sem trabalho. O que seria o homem para lá do homem? Belo, soberbo, magnífico, um senhor sem escravos, ao seu ritmo, como no início dos tempos.
segunda-feira, 17 de junho de 2013
O ESCRITOR E AS PALMAS
Sou escritor. Assim o dizem. Devo escrever. Devo passar para o papel o que penso e sinto. Habituei-me a beber e será muito díficil deixar. A bebida ajuda-me a enfrentar os dias de tédio e mesmo que não haja tédio bebo na mesma. É assim desde os 18 anos em Braga. Dizem-me que o álcool também tem um efeito depressor e eu acredito. A seguir à euforia vem a depressão. Eufórico não estou. Mas vou subindo. Aqui no Pátio. Vou chegando à estrela. Vou abrindo caminho. O poeta bebe. Como nos velhos livros. Ganhei a fama. O poeta marginal, o poeta maldito. Eu era feliz. Ebriamente feliz. Dizia poesia no Tuaregue. Já então recebia palmas. E também vaias. Ainda assim agora nem sempre saio em glória. Tenho os meus picos. Os meus fãs, as minhas fãs, temporários ou permanentes. Creio que, em certa medida, a minha linguagem consegue ser mais eficaz do que a dos partidos. Talvez porque consiga ser mais abrangente. Eu falo da alienação, da imbecilização, via media, do agravamento das doenças mentais. Raramente falo do primário, da economia. Falo da vida, da vida autêntica de Rimbaud, de Morrison, de Nietzsche. Talvez aí esteja a diferença. Talvez por isso receba mais palmas.
quinta-feira, 13 de junho de 2013
A VIDA NÃO PRESTA
Bem sei que é necessário derrubar esta gente. Mas não menos necessário é esclarecer as pessoas. Em 2013, sec. XXI, a vida não presta. O safanço, o interesse, a competição, a rapina sobrepõem-se à inteligência, à cultura, à curiosidade, à verdadeira vida. Triunfam os oportunistas, os vendilhões, os executivos. O homem perde até a capacidade de amar, muitos afogam-se na depressão, alguns no suicídio ou então caem na uniformidade do pensamento, no conformismo. O trabalho é intragável, o lazer muitas vezes é controlado pelas modas ou pela ideologia dominante, o desemprego avança, tal como a pobreza e a miséria. A vida torna-se repetitiva, entediante, monótona. As vedetas cor-de-rosa vivem a nossa vida. Não, não há razão para sorrir. No entanto, ainda podemos buscar a vida dentro de nós. No entanto, se ainda não estamos moldados podemos ainda encontrar-nos. Ainda somos donos de nós próprios. Ao contrário do que nos vendem, ainda somos donos da verdade e da beleza, ainda podemos criar e dançar, ainda podemos mudar o mundo.
sábado, 8 de junho de 2013
M.
Tu não sabes os lugares por onde andei. Tu não sabes porque que é que a voz me falha e as pernas tremem. Tu não conheces os meus desertos. Beber sete cervejas e cambalear por causa de uma conversa e de uma foto do Che. Emborcar whisky após whisky e debitar poemas de amor e sangue perante uma plateia que tanto me ama como me odeia. Tu não sabes os paraísos e os infernos que levam a uma só palavra, a uma só canção. Há um mundo entre nós. Um mundo que nos separa e divide. Mas eu estranhamente, primitivamente amo-te.
Tu desconheces os meus caminhos. Conheces parte das minhas fraquezas e dos meus silêncios. Talvez nunca seja possível encontrarmo-nos. Talvez os nossos caminhos nunca mais se cruzem. Talvez o código, a tribo, o ritmo não coincidam. Talvez a linguagem não se esteja a adequar. Talvez eu seja sorumbático. Mas eu estranhamente, primitivamente amo-te.
In “Sexo, Noitadas e Rock n’ Roll”
quarta-feira, 29 de maio de 2013
DO PODER
O homem está aqui para se dar à luz, para desenvolver as suas potencialidades, para se tornar naquele que é, como afirmam Erich Fromm e Nietzsche. O homem está aqui para a liberdade, isto é, para preservar a sua integridade pessoal em face do poder. No entanto, o poder tenta dominar-nos, domar-nos através do mercado, do sucesso, da opinião da maioria, do senso comum, da máquina. E, se bem que nos possa transmitir uma certa sensação de segurança, provoca-nos distúrbios emocionais e mentais que nos podem incapacitar. O capitalismo é inimigo do homem.
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