segunda-feira, 12 de agosto de 2013

INSPIRAÇÃO

E, de repente, volta aquilo a que chamam a inspiração. De repente, as palavras vêm fáceis. E até aprecio o sorriso burguês da patroa. As mulheres enlouquecem com os bebés. Beijam-os, fazem-lhes festas. Outros vêm aos bolos e ao pão. Como se a vida fosse bela. Mas não é. Estas pessoas vão ganhando a vida, distraem-se com os bebés, com as revistas e com a televisão. Eu não me contento com isso. Eu quero chegar lá, à glória, à revolução. Não ganho a vida nem me esforço por isso. Não faço negócios. Eu quero dizer o que penso na televisão. Já lá estive. Quero voltar. No fundo, quero ser um filósofo. Já sou o poeta maldito, marginal, underground. Já cheguei a muitos lugares. Vivi noites e noites, no Porto, em Braga, na Póvoa, em Vila do Conde. Vivi copos e copos, aventuras, putas, diversões. Estive no bar até ser dia, tive conversas filosóficas, tripei, tive alucinações. Estive onde muita gente nunca esteve, sou diferente. Estou pronto para dar o próximo passo.

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