sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
ANIMAL DE PALCO
Não tenho motivos para estar deprimido. Tenho publicado livros, tenho recitado, tenho feito política. O que quer dizer que tenho estado activo, que mesmo que me levante tarde produzo. Na verdade, apetece-me berrar, desassossegar esta gente. Adoro estar em palco, apesar do nervosismo inicial. Adoro ver as caras do público, os sorrisos, as palmas, o riso. Dizem que sou um animal de palco. Nem sempre o serei. Mas creio que na maioria das vezes o sou. Adoro ser o poeta maldito.
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
GLÓRIA
Ontem no Pinguim tive momentos de glória. Sobretudo com o poema "O Nome nos Jornais". De facto, tenho tido o nome nos jornais mas isso ainda não faz de mim uma estrela. Sou conhecido e reconhecido em alguns meios, nada mais. Brilho em certas noites com certos poemas. Os poemas humorísticos normalmente resultam melhor. Apesar de não ter o êxito dele sinto-me como o Bukowski. Um poeta que bebe, crítico em relação à sociedade. Um poeta maldito. Provavelmente serei coroado depois de morto, como diz o Rui Azevedo Ribeiro. De qualquer modo, já tenho uma obra. Ao que consta, no geral, boa. Outros vão partindo. Eu permaneço aqui na confeitaria de Vilar do Pinheiro. Produzo textos, poemas. Às vezes estou em baixo, outras em cima.
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
A OBRA
Enriqueço-me com Sócrates e Platão. Sou daqueles que procuram perpetuar-se na obra e não na descendência. Sou um poeta. Ainda não sou um grande poeta mas pretendo chegar lá. O que me motiva é a busca da sabedoria. Não o ganhar a vida, não os mexericos, não esta vida de andar atrás do dinheiro. O que me motiva é também a arte, a criação, o vadiar, o andar à solta. E, claro, o amor, a liberdade. É preciso amar para sermos humanos. É preciso que nos dêmos. Que transmitamos o que sabemos. Que nos dediquemos à causa da humanidade.
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
CONTINUEMOS COM A VIDINHA
Há gente que parece sempre contente, que não questiona, que não põe em causa, que se vai safando, adaptando. Não são como nós, diz o Rui Azevedo Ribeiro. Como se o capitalismo e a máquina mediática não nos fossem fazendo a cabeça. Como se o dinheiro não fosse o deus a que todos obedecem. Como se a vida fosse assentar, arranjar um trabalho, ver televisão e depois morrer. Como se o mercado fosse um valor eterno. Não, deixemos andar. Continuemos com as nossas conversas. Está tudo bem. Tudo corre. Desde que venha o dinheirinho ao fim do mês. Desde que continuemos com a vidinha. Continuemos a beber copos, como se nada fosse. O mundo é um paraíso. Não questionemos. Não ponhamos em causa. Estamos a ser tramados pelos mercados, pela troika. Estamos a ser comidos todos os dias. Não há brilho. Ouçamos os comentadores do sistema, os políticos do sistema. Deixemo-nos anestesiar. Vivamos no engano. Sacrifiquemo-nos.
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
O 13º LIVRO
Sou um escritor, um poeta. Vou no 13º livro, o 10º nos últimos 8 anos. Não, não creio que me esteja a precipitar. Os textos de "O Caos às Portas da Ilha" já estavam prontos antes dos "Poemas de Natal para Homens Crescidos". Eu preciso de falar ao mundo, de expressar as minhas ideias. Preciso mesmo de mostrar-me ao mundo. Já me tenho mostrado, é certo. Com o "Café Paraíso" fui à Antena 1 e ao "Alvinex". Com o "Fora da Lei" fui à "Prova Oral" do Fernando Alvim e ao programa do Valter Hugo Mãe no Porto Canal. Outros também tiveram cobertura mediática, a começar pela "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro". Tem sido um longo percurso. É claro que poderia ter trocado este ou aquele texto por outro. Mas agora está feito. Lanço mais um livro ao mundo. Estou feliz. Muito feliz. Que venha muita gente ao lançamento. Que o mau tempo se afaste no sábado. Em grande parte do livro falo de mim. Não leveis a mal.
Sou um escritor, um poeta. Começo a ter responsabilidades perante os meus admiradores. Não estou como há 13 anos. Não estou vencido ou incapaz de falar. Vivo. Sonho. Sou.
Sou um escritor, um poeta. Começo a ter responsabilidades perante os meus admiradores. Não estou como há 13 anos. Não estou vencido ou incapaz de falar. Vivo. Sonho. Sou.
sábado, 8 de fevereiro de 2014
O SOCIALISMO COMO LIBERTAÇÃO
"O socialismo só tem sentido como libertação dos indivíduos das suas preocupações económicas para que possam enfim abrir-se aos verdadeiros problemas da alma, aos aspectos interiores, silenciosos e irracionais da vida humana", escrevem Michael Lowy e Robert Sayre em "Revolta e Melancolia", a propósito de Ernst Bloch. Daí que o mundo do primado da economia, do cálculo, do interesse, das percentagens tenha de ser ultrapassado. O homem deve dedicar-se aos problemas da alma, ao amor, à liberdade, deve enriquecer a sua vida interior, deve cultivar-se. O homem deve dedicar-se ao que é gratuito, qualitativo, dádiva. Deve voltar à criança que foi, deve brincar com a vida e desenvolver plenamente as suas potencialidades fora das pressas, das pressões, das castrações da sociedade capitalista.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
ESTE MUNDO NÃO PRESTA
Em Portugal 83 mil pessoas
perderam os apoios sociais. Só 45% dos desempregados recebem o subsídio de
desemprego. Onde está o "milagre económico"? Onde está a recuperação
apregoada pelo Governo? Há cada vez mais pessoas na pobreza ou em vias disso. É
desumano.
Para além do mais, somos governados pelas leis da economia e da técnica, pela ideologia do rendimento e do progresso que tudo devora. É a desnaturação das relações humanas, o mundo das mercadorias, o "Big Brother" mediático, a destruição e marginalização de todos os valores espirituais. Não, esta sociedade não presta. Destrói o ser humano, converte-o em escravo do seu semelhante- aqueles que governam, que dirigem as grandes multinacionais, os investidores, os especuladores, os agiotas. Nunca o espírito e o coração do homem foram tão violentados. Nunca foi tão urgente tomar a palavra e passá-la. Sim, o capitalismo vai rebentar nem que seja daqui a 20 ou 30 anos. O homem e os seus ideais estão feridos de morte. Urge uma tomada de consciência. Eles querem destruir a nossa vida. O andar livre pelas ruas, a discussão livre, a criação. O homem livre. Amor, liberdade, poesia- gritam os surrealistas. Discutamos o homem, proclamemos o homem livre. Juntemo-nos. Reinemos sobre os merceeiros.
Para além do mais, somos governados pelas leis da economia e da técnica, pela ideologia do rendimento e do progresso que tudo devora. É a desnaturação das relações humanas, o mundo das mercadorias, o "Big Brother" mediático, a destruição e marginalização de todos os valores espirituais. Não, esta sociedade não presta. Destrói o ser humano, converte-o em escravo do seu semelhante- aqueles que governam, que dirigem as grandes multinacionais, os investidores, os especuladores, os agiotas. Nunca o espírito e o coração do homem foram tão violentados. Nunca foi tão urgente tomar a palavra e passá-la. Sim, o capitalismo vai rebentar nem que seja daqui a 20 ou 30 anos. O homem e os seus ideais estão feridos de morte. Urge uma tomada de consciência. Eles querem destruir a nossa vida. O andar livre pelas ruas, a discussão livre, a criação. O homem livre. Amor, liberdade, poesia- gritam os surrealistas. Discutamos o homem, proclamemos o homem livre. Juntemo-nos. Reinemos sobre os merceeiros.
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
BRAGA, MEU AMOR
Vivo o que escrevo. Não faço
floreados. Em plena "A Brasileira" renasço. Sou o que vem de dentro.
Não deixo de ser amável com as pessoas. Amo esta cidade. As suas ruas, os seus
edifícios, os seus monumentos. Por isso a celebro. Por isso aqui amo a
humanidade. Por isso aqui reino. Aqui fervilha a vida. Aqui as pessoas parecem
diferentes. Aqui vivo, aqui sou. Aqui em Braga proclamo o novo mundo. Um mundo
sem relógios nem TV. Um mundo de invenção e descoberta. Um mundo sem opressão.
Aqui sinto-me mais próximo do super-homem, do homem pleno, do homem que se dá.
Aqui sou eu próprio, o homem que pensa e cria, o homem que compreende e
desafia. Aqui sou fogo, aqui me acendo. Aqui sou poema. Aqui sou mais eu.
domingo, 19 de janeiro de 2014
TRIUNFANTE
Há noites de poesia em que
me custa a soltar, em que fico atado, em que não me consigo expressar fora do
poema. É claro que já aconteceu o completo contrário. Noites em que me soltei
completamente, em que o discurso flui, em que sou o dono da palavra. Ontem à
noite, no Olimpo, entrei a medo e depois fui subindo mas não cheguei ao animal
de palco. Noutras ocasiões fui a estrela. É claro que o número de espectadores também conta. Puxa mais a sala cheia.
Mas enfim, o dia prossegue e estamos aqui vivos. Ainda estamos muito a tempo, a
tempo de escrever e de fazer a obra. Nem sei porque há dias em que me preocupo
tanto. Há, de facto, uma missão a cumprir. Uma missão que pode recomeçar aqui
no Ceuta. Bem sabemos que o capitalismo é feroz, que nos inferniza os dias. Mas
nós, em certos aspectos, saímos do capitalismo. É claro que temos de pagar o
café. No entanto, não temos chefes a mandar em nós nem temos a máquina do
trabalho em cima de nós. Temos todo o tempo do mundo. Vimos até ao Ceuta,
lemos, estudamos e escrevemos o que nos apetece, o que nos vem à cabeça. Aí
somos o homem livre. Mesmo não escrevendo romances, histórias, somos o homem
livre. No fundo, estou a escrever a história da minha vida. Tenho todo o tempo
do mundo. O meu compromisso é com a escrita. Venho até ao Porto. Até porque se
ficasse em casa entrava em depressão. Escrevo o texto contínuo. Sempre disseram
que eu sou inteligente. Talvez não esteja ao meu alcance a genialidade de
alguns. Não tenho que ser narcisista como tenho sido. Não tenho que me armar em
prima-dona. Sou capaz de atingir certos cumes, outros não. Às vezes escrevo
para matar o tempo, para me exercitar. Mantenho-me fiel ao caderno e à caneta.
Não trago o computador para o café. Às vezes sinto-me um bicho diferente dos
outros. Talvez não tenha aquela erudição. Vou-me construindo. Vou-me
enriquecendo. Se bem que haja dias em que parece que ando para trás. Os tais
dias em que me deixo levar pelo capitalismo, pela bola, sei lá. No entanto,
aqui chegados, sentimo-nos triunfantes. Triunfantes, sem euforias. Convencidos
de que a máquina apenas nos afecta em parte, às vezes quase nada. Sim, estamos
triunfantes.
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
A PEÇA DA ENGRENAGEM
Segundo Erich Fromm, com o capitalismo a actividade
económica, o sucesso, as vantagens materiais, passam a ser fins em si mesmos.
"O destino do homem torna-se contribuir para o crescimento do sistema
económico, acumular capital, não tendo em vista a sua própria felicidade ou
salvação, mas como um fim em si mesmo". O homem converte-se numa peça da
engrenagem da máquina económica, cada vez mais isolado, solitário e imbuído de uma sensação de insignificância e
impotência. O homem alienou-se do produto das suas próprias mãos. O mundo por
si construído converteu-se no seu patrão, no seu Deus. As próprias relações
entre os homens são regidas pelo mercado, marcadas pela manipulação e pela
instrumentalidade. As relações entre os seres humanos são de negócio, entre
coisas. Daí que, com o capitalismo levado até aos seus extremos, com as
lavagens ao cérebro que nos tentam fazer todos os dias, o mundo tenha chegado a
um ponto sem saída. O homem está a ser destruído. Se ainda somos humanos temos
que rebentar com isto.
domingo, 5 de janeiro de 2014
O RENASCIMENTO DO HOMEM
O homem
está a ser violentado na sua essência. Não é apenas o imperialismo alemão, não
são apenas os cortes nos salários e nas pensões, não é apenas o empobrecimento
das pessoas. É o próprio espírito humano que está a ser violentado, que não
consegue completar-se, acossado pela TV e pelo capitalismo que o reduzem ao
número, à coisa, à mercadoria. Seria necessário um renascimento do homem que se
impusesse a um quotidiano
entediante e insuportável, que se impusesse à grande mercearia, que vencesse as
lavagens ao cérebro e o "Big Brother". Seria necessário um
renascimento do homem que o devolvesse a si mesmo, às suas profundezas, à sua
genialidade, que o fizesse reencontrar-se com o sonho, com a luz, com a poesia.
Seria necessário um renascimento do homem que o restituísse ao amor e à
liberdade, que o fizesse reviver o seu ser, o seu espírito na sua plenitude.
Que o fizesse dançar
domingo, 29 de dezembro de 2013
OBEDECE
Obedece.
Consome. Dorme. Vê TV. Submete-te. Conforma-te. Não há livre pensamento. Não
questiones a autoridade. O dinheiro é Deus. Casa e reproduz-te. Eis o
capitalismo do séc. XXI. Eis no que eles- capitalistas, especuladores,
políticos do sistema- querem no que te tornes. Eles entram no teu pensamento,
formatam-te as ideias, via media, via publicidade. Qual "1984" de
Orwell, qual "Admirável Mundo Novo" de Huxley. Eles controlam-te. Por
isso tens de seguir a via do pensamento soberano, da criação. Por isso tens de
despertar, de te revoltar contra o instituído, de ir às profundezas de ti mesmo, de te
encontrar. Por isso tens de te unir àqueles que pensam como tu.
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
O EU TODO-PODEROSO
É madrugada. Escrevo. Não estou na rua Carlos Teixeira mas na rua da Senra. A Leonor não dorme a meu lado. Zangou-se comigo. Não consigo dormir. Os comprimidos não fazem efeito. Tenho altos e baixos durante o dia. Serei eu, de facto, um grande poeta ou terei a capacidade de vir a sê-lo? Ou não passo de um escritor mediano? Sim, creio que tenho em mim a grandeza, a busca da idade do ouro, de um Graal. Vou encontrando as respostas nos livros. Há ouro dentro de mim. Há a infância. Como Rimbaud derramo fogo. Não, não sou dos menores. Tenho em mim a vida. Celebro-a. Os galos cantam. Não estou na Carlos Teixeira. A Leonor não está. Apesar disso, sinto-me mais senhor. A caminho do "eu todo poderoso" de Stirner. Insulto o universo. Amaldiçoo os poderosos, os ricos, os banqueiros. Porque hão-de ter eles tudo enquanto eu ando aqui a contar os trocos? Que valem eles mais do que eu? Quanto vale a minha obra? Atingi um patamar em que sou realmente um Poeta, um filósofo até.
É madrugada. Escrevo. Os deuses vêem ter comigo e coroam-me rei. Rei de outras eras, de Camelot, de Elsenor. Rei nestes tempos do mercado e da troca. Rei que corteja as mulheres. Senhor do tempo e da vida. Não, não me apanhais. Estou liberto. Não tenho as vossas maneiras. Venho buscar o indivíduo todo inteiro, o novo messias. Venho procurá-lo na cidade, na aldeia. Venho procurá-lo nos livros. Acendo-me. Sou. Faço parte de uma tribo de iluminados. Não sei explicar. Venho de uma estrela. Sou o Eu todo-poderoso.
É madrugada. Escrevo. Os deuses vêem ter comigo e coroam-me rei. Rei de outras eras, de Camelot, de Elsenor. Rei nestes tempos do mercado e da troca. Rei que corteja as mulheres. Senhor do tempo e da vida. Não, não me apanhais. Estou liberto. Não tenho as vossas maneiras. Venho buscar o indivíduo todo inteiro, o novo messias. Venho procurá-lo na cidade, na aldeia. Venho procurá-lo nos livros. Acendo-me. Sou. Faço parte de uma tribo de iluminados. Não sei explicar. Venho de uma estrela. Sou o Eu todo-poderoso.
domingo, 15 de dezembro de 2013
TRISTEZA E ALEGRIA
A
tristeza, a alegria, a depressão, a euforia são elementos fundamentais da nossa
vida. Daí que devamos estar sempre atentos a esses sintomas, mais do que às
flutuações da economia. E cada vez há mais pessoas tristes, deprimidas, devido
a um sistema capitalista que nos afasta, que nos torna avarentos, mesquinhos,
interesseiros, sem coração. Estamos a caminho da barbárie. Guerreamo-nos por
lugares, por empregos, pelo estatuto. O amor vai rareando. Tudo é frio, gélido
como os números dos mercados. A vida perde o sentido.
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
TÉDIO
Além dos problemas económicos, o principal problema é o tédio. "As pessoas vivem, mas não se sentem vivas", como diz Erich Fromm. O homem moderno sente-se como uma coisa, "a materialização de energias a serem investidas com lucro no mercado". (O homem) "experimenta o seu próximo como uma coisa a ser usada numa troca lucrativa", ainda Fromm. O tédio de nos sentirmos como coisas, como mercadorias, como peças da engrenagem. Daí que nos perguntemos o que estamos a fazer aqui, porque nascemos para viver este inferno, esta "vida" onde somos infelizes, onde nos limitamos a seguir os outros, a desenvolver as mesmas tarefas. Daí que estejamos deprimidos, que pensemos no suicídio, que não encontremos sentido nisto. Raramente há amor, a liberdade está castrada por um mundo de números, de percentagens, de ecrãs. Urge romper.
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