A REVOLUÇÃO DOS FILÓSOFOS
E novamente a Grécia. E novamente Atenas. De onde veio a filosofia, a sabedoria. Os gregos manifestam-se na rua, combatem a polícia porque já não aceitam esmolas, porque não aceitam que a vida se resuma à fórmula única e irreversível dos mercados e de Angela Merkel. Um povo sábio, que vem dos séculos, que tem Homero, Sócrates, Platão, Aristóteles, Sófloces, Eurípedes, Diógenes, não pode aceitar a escravidão. Um povo sábio teria de seguir os sinais do Cairo e de Tripoli. Já Platão e Aristóteles diziam que o comércio e o acumular dinheiro são actividades primárias, desprezíveis, indignas do filósofo. Um povo sábio não pode sujeitar-se às leis do mercado nem à perda da sua essência, de direitos fundamentais. Um povo sábio não aceita ser humilhado. Por isso, esse povo é também de Dionisos. É um povo de fogo, de explosões, que ama a liberdade. Banqueiros, mercadores, jamais conseguireis calar Homero, Dionisos, Sócrates, Platão. Não estais ao nível deles. Jamais estareis. Limitai-vos a esgravatar na lama, a desenterrar negócios do esterco, a vender pai e mãe. Não sois sequer dignos de ser homens, mulheres. Ides cair como ídolos de pés de barro.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
O HOMEM DO MUNDO

João voltou à confeitaria. Observa a empregada. Há dias ofereceu-lhe um poema. Ela agradeceu humildemente mas não voltou a falar nele. João tem-se entusiasmado com o "Livro da Sabedoria" do Padre Mário de Oliveira e com as revoluções que vão do Egipto à Grécia. Permanece estático na confeitaria mas julga-se um profeta dos novos tempos. Os jovens ouvem-no e vêm ter com ele no Pinguim. Sente-se o sucessor do Joaquim Castro Caldas. Anda entre o Porto e Braga. Bebe. Celebra. É o cowboy solitário que entra no "Saloon". ri dos mercados e do ridículo do mundo. É um agitador, dizem. Mas também tem esta face recolhida de leitor, de escritor, de poeta. Reflecte, analisa. Observa as mulheres e as crianças. Em tempos, teve grandes depressões. Esteve no inferno, não conseguia comunicar, queria adormecer e não voltar a acordar. Era bipolar. Também teve alucinações, julgava-se Deus, Jesus, um revolucionário que vinha salvar o mundo. Partiu vidros dos carros, das lojas, dos bancos. Mas agora parece lúcido. Observa as pessoas e vê escravos. Dominados pelo trabalho, pelo sacrifício, pela mercearia. E sobretudo pelo medo. João sabe que pode ser o Homem Integral do padre Mário. Vê gestos de amor nas pessoas mas é um amor contaminado, subjugado. Contudo, está confiante, eufórico, com os sinais do Egipto, da Líbia, da Grécia. Crê que está a chegar a sua hora. Quer a empregada da confeitaria. Sente-se, de novo, um deus, como Zeus, como Posseidon, um deus, no sentido em que se tornou o homem livre, integral. Está no mundo do Grande Dinheiro, do Grande Mercado, mas combate-o, não é escravo dele. Sente-se elevado mas não deixa de ser o homem à mesa. O homem que escreve à mesa. Dono do papel e da caneta. Nada mais. Deseja a empregada. Mas, tal como Ulisses, não pode revelar-se nas vestes do grande rei que regressa. Adopta a postura do intelectual distante. De qualquer modo, duvida que ela seja Penélope. Arruma as mesas. A Sónia de Braga tem mais alma. Com as revoluções no cérebro, João permanece à mesa. É o primeiro e o último dos homens. Recomeça. É Zaratustra que desce da montanha. Um santo por estas terras. Não fala. Lê, estuda. Vai ao fundo do mundo. Vai ao Hades e regressa. É, ele próprio, a vida. Toca-a. Dança com ela. Não tem obrigações nem compromissos. É livre como os animais. Publica nos jornais mas não se deixa levar por eles. Esta noite levantou-se às seis da manhã. Escreveu. O mundo é seu.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
EM JESUS

É novamente madrugada. Os galos cantam. Estou com a sabedoria do padre Mário. Sinto o chamamento da maiêutica, de me dirigir às vítimas do Mercado Global, de as despertar, de as provocar. Sou filho de Jesus. Passo a mensagem. É claro que, por outro lado, continuo a ser nietzscheano. Não tenho de ter pena dos coitadinhos. Não passam de macacos. Não são seres humanos integrais. Sinto sobretudo necessidade de companheiras, companheiros. Mas as minhas amigas andam muito ocupadas. Estão a ser escravizadas pelo trabalho. Não são mulheres livres. O trabalho mata a vida. Por isso, optei por esta "carreira" de escritor. Não tenho horários e raramente tenho compromissos. Voltei a ter fãs no Pinguim. Depois da morte do Carlos passou a ser definitivamente o bar da poesia. É lá que está a juventude. Mas dizia eu como, de resto, afirma o meu amigo Nuno, optei pela "carreira" de escritor. Continua a ser doloroso não ter dinheiro para as minhas despesas. Contudo, o "Nietzsche, Jim Morrison, Henry Miller, os Mercados e Outras Conversas" está aí. Um livro diferente dos outros. De crónicas, reflexões, textos filosóficos e místicos. Pode ser que, desta vez, pegue. E depois ainda há o "Café Paraíso" e o "Fora-da-Lei", ambos de poesia. É madrugada e eu aqui. Teria algo a dizer à televisão e aos media. O padre Mário vai-me publicando no "Fraternizar". Teria a dizer que a revolução tem de vir para aqui. Que o PRL é necessário. Tenho um projecto político e místico, global. Preciso de companheiros, companheiras. É madrugada. Escrevo na sala. Venho da Graça e da Sabedoria. Tenho todo o direito de estar aqui. Sou o xamã desta tribo. Canto, danço, faço a festa. Não me apanhais, ó agiotas, não me apanhais, ó financeiros. Não sou escravo de nada. Não sou como vós. Escolhi esta via. Sou um homem do pensamento, mesmo sendo dionisíaco. A Palavra vem ter comigo. Procuro a luz no grande mar, na grande mãe. A missão está a cumprir-se. Já não receio a praça. Estou em Jesus.
A REVOLUÇÃO LÍBIA

Minuto a minuto: Aperta-se cerco a Khadafi
24.02.2011 - 11:40 Por Dulce Furtado, Pedro Crisóstomo
O leste da Líbia está “libertado” e partes do Oeste do país estão também a fugir ao controlo do regime líbio. Há relatos de confrontos e os balanços de centenas ou milhares de mortos são impossíveis de confirmar. Muammar Khadafi promete lutar até ao fim para manter o controlo do país que lidera há 42 anos. O minuto a minuto da terceira revolução do mundo árabe em dois meses.
(Suhaib Salem/Reuters)
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12h10 Laurence Pope, arabista, diplomata reformado e antigo conselheiro do exército americano, foi o primeiro conselheiro da embaixada americana em Tripoli, de 1974 a 1976. Em entrevista ao Le Monde diz que há "o risco de ver surgir uma nova Somália nas margens do Mediterrâneo".
11h57 Há uma forte presença do exército líbio em Zauia, com vários postos de controlo e mais de 40 jipes militares, é relatado por testemunho local à agência noticiosa Reuters. Foi anunciado para “muito em breve” um novo discurso de Khadafi a ser feito nesta mesma cidade, a 44 quilómetros de distância de Trípoli, que tinha sido dada esta manhã como tendo já caído nas mãos da revolta popular.
11h54As forças de segurança leais a Khadafi lançaram um ataque contra os revoltosos que controlam a cidade Misurata, a 200 quilómetros de Trípoli, na região oriental da Líbia, dada desde ontem como perdida pelo regime. Testemunhas relatam que ocorreram vários mortos nos combates, em que esteve envolvida a unidade paramilitar controlada por um dos filhos do líder líbio, Khamis Khadafi.
11h44 “Tiroteios nos subúrbios - e medo, fome e rumores na capital. Milhares de pessoas tentam comprar os últimos bilhetes para abandonar uma cidade que se está a afundar no caos”, escreve o jornalista Robert Fisk, do Independent de Londres, na sua primeira reportagem enviada de Tripoli.
11h40 Mais de 5000 pessoas que fugiram da Líbia chegaram esta manhã à Tunísia, atravessando o principal posto fronteiriço de Ras Jedir, disse à AFP uma responsável do Crescente Vermelho.
11h35 Marrocos: A USFP, um dos principais partidos da coligação governamental marroquina, quer que “seja fixada uma agenda para reformas políticas” e “reconhece a importância” das manifestações do dia 20 de Fevereiro
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
A REVOLUÇÃO DOS FILÓSOFOS

E novamente a Grécia. E novamente Atenas. De onde veio a filosofia, a sabedoria. Os gregos manifestam-se na rua, combatem a polícia porque já não aceitam esmolas, porque não aceitam que a vida se resuma à fórmula única e irreversível dos mercados e de Angela Merkel. Um povo sábio, que vem dos séculos, que tem Homero, Sócrates, Platão, Aristóteles, Sófloces, Eurípedes, Diógenes, não pode aceitar a escravidão. Um povo sábio teria de seguir os sinais do Cairo e de Tripoli. Já Platão e Aristóteles diziam que o comércio e o acumular dinheiro são actividades primárias, desprezíveis, indignas do filósofo. Um povo sábio não pode sujeitar-se às leis do mercado nem à perda da sua essência, de direitos fundamentais. Um povo sábio não aceita ser humilhado. Por isso, esse povo é também de Dionisos. É um povo de fogo, de explosões, que ama a liberdade. Banqueiros, mercadores, jamais conseguireis calar Homero, Dionisos, Sócrates, Platão. Não estais ao nível deles. Jamais estareis. Limitai-vos a esgravatar na lama, a desenterrar negócios do esterco, a vender pai e mãe. Não sois sequer dignos de ser homens, mulheres. Ides cair como ídolos de pés de barro.
A REVOLUÇÃO DE ATENAS

Protesto contra liberalização generalizada e novos cortes salariais
Greve geral na Grécia provoca confrontos nas ruas de Atenas
23.02.2011 - 10:50 Por Paulo Miguel Madeira, com Pedro Crisóstomo
As manifestações em Atenas, contra o pacote de austeridade negociado pelo Governo para obter ajuda financeira externa, resultaram hoje em confrontos entre a polícia e dezenas de jovens manifestantes.
Mota da polícia em chamas em frente ao Parlamento, em Atenas
(John Kolesidis/Reuters)
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As forças da ordem responderam com gás lacrimogéneo sobre os jovens que se concentravam na praça Syntagma e em outras artérias principais da capital, neste dia de greve geral na Grécia.
Milhares de pessoas saíram às ruas contra as medidas de austeridade do executivo de Georges Papandreou, rompendo com a imagem de aparente acalmia ao início da manhã em Atenas, com lojas de taipais corridos, serviços públicos fechados e transportes a meio gás.
As centrais sindicais dos sectores público e privado que convocaram a greve apontam, até este momento, para uma mobilização de 60 mil nas ruas da capital, enquanto as autoridades calculam apenas 20 mil em Atenas. A agência Reuters contabilizava mesmo cem mil em frente ao Parlamento grego, entre trabalhadores, pensionistas e estudantes.
Num momento em que o primeiro-ministro grego apela aos parceiros europeus para aliviarem o garrote financeiro sobre o país, o “remédio” infligido ao “é pior do que o mal”, criticou o presidente da central sindical do sector privado (GSEE, com cerca de um milhão de membros), Giannis Panagopoulos, na manifestação ao final desta manhã, dirigida aos trabalhadores e pensionistas. “Os ricos tornam-se mais ricos, os pobres mais pobres”, continuou.
A central denuncia a liberalização em curso em todos os sectores como “anti-social” e “anti-trabalhadores”, enquanto no sector público se contesta uma nova redução salarial, depois de no ano passado o Governo já ter diminuído os salários dos funcionários, reduzido as pensões de reforma e aumentado os impostos, para começar a reequilibrar as finanças públicas.
O Governo, por seu lado, destacou um importante dispositivo de cinco mil polícias para acompanhar as manifestações em Atenas, naquela que é a primeira greve geral deste ano, depois de sete ao longo do ano passado, e os sindicatos prevêem já mais contestação.
Hoje de manhã, o país não tinha ligações marítimas com as ilhas (o que se deveria manter durante 24 horas) nem comboios, e estava privado de parte dos transportes urbanos. O tráfego aéreo deverá sofrer perturbações entre as 12h00 e as 16h00 locais (10h00 e 14h00 em Lisboa), devido a paralisações dos controladores. As companhias aéreas Olympic Airways e a Aegean anularam 35 e 13 voos respectivamente.
“Esta greve lança uma vaga de protestos este ano com a participação de trabalhadores, pensionistas e desempregados. Estamos contra estas políticas, que estão a levar à pobreza e a pôr a economia numa recessão profunda”, disse à Reuters Ilias Iliopoulos, da central Adedy, do sector público.
Os hospitais funcionavam com serviços mínimos e havia escolas fechadas, segundo a agência Reuters. Os jornalistas também aderiram à greve, o que se reflectiu na televisão estatal, que emitia documentários, e em estações de rádio que se limitavam a passar música.
A AFP lembra que vários economistas de renome colocaram a hipótese de a Grécia sair do Euro (através de um incumprimento do reembolso da sua dívida soberana).
O primeiro-ministro grego, Georges Papandreou, começou ontem na Alemanha uma viagem pela Europa para tentar convencer os restantes países a facilitarem a situação na Grécia, no âmbito das discussões em curso para a instituição de um mecanismo permanente para resolução de crises das contas públicas na zona euro.
Em resposta a este apelo, Angela Merkel fez já saber que um eventual adiamento dos prazos de reembolso do empréstimo já concedido à Grécia no âmbito da ajuda externa estava “em discussão” na zona euro.
www.publico.clix.pt
sábado, 19 de fevereiro de 2011
A PRISÃO
Vivemos no mundo da felicidade controlada, da felicidade castrada. Tudo o que os mercados e os seus agentes nos dão é tédio, sacrifício e uma pequena dose de felicidade e liberdade, muito restrita, que só alguns, pela sua vontade, pela sua criatividade, conseguem ampliar. De resto, isto não passa de uma prisão, imposta pelos números que nos espetam todos os dias nos cornos, pelo desfilar esquizofrénico das notícias, pelas ordens, subtis ou não, do patrão e do papão, pelo medo de falar, de pensar diferente nos empregos, pelo medo de nos expôrmos e de nos revelarmos, pelos cronistas do regime que nos vendem o melhor dos mundos e se banqueteiam à mesa do regime, pelos políticos cinzentos que se servem à vez. Há risos, sorrisos, simpatias, meninas bonitas, claro. Mas isso é o que resta da Humanidade. A beleza que se funde com o espírito. Também isso nos querem tirar. Cabemo-nos a nós defender esse mundo. Cabe-nos a nós ser afecto, mesa partilhada, como diz o padre Mário. Mas jamais condescender com os agentes da castração.
QUANDO A BELEZA...

Quando a beleza se funde
com o espírito
há explosões
que vêm de dentro
quando a beleza se funde
com o espírito
há mundos que se abrem
loucura
criação
quando a beleza se funde
com o espírito
há aves livres
banquetes
celebração
quando a beleza se funde
com o espírito
és tu à mesa
és tu ao balcão
quando a beleza se funde
com o espírito
já não há mais mercado
nem prisão.
MANIF A 12 DE MARÇO

Manifestação convocada através da rede social
Protesto Geração à Rasca alastra no Facebook
19.02.2011 - 09:14 Por PÚBLICO
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de 3 notícias em Política
seguinte »Mais de 11 mil pessoas já confirmaram, até ao momento, através do Facebook, que vão participar no Protesto da Geração à Rasca, marcado para a tarde do dia 12 de Março.
O movimento é definido como "apartidário, laico e pacífico" (DR)
O movimento de protesto, definido como "apartidário, laico e pacífico", reivindica o direito ao emprego, o fim da precariedade, a melhoria das condições de trabalho e o reconhecimento das qualificações.
Dados recentes do INE ajudam a perceber a elevada adesão que a iniciativa está a ter: no último trimestre de 2010, a taxa de desemprego entre jovens dos 25 aos 34 anos era de 13,4 por cento. Mais de 77 mil portugueses trabalhavam com "recibos verdes".
Às 15h00 do dia 12 de Março, esta geração de desempregados, trabalhadores subcontratados e estagiários reúne-se na Avenida da Liberdade, em Lisboa e na Praça da Batalha, no Porto, para mostrar aos dirigentes políticos e aos empregadores que está "à rasca".
Estão igualmente marcadas manifestações, no mesmo dia e à mesma hora, para o Rossio de Viseu e para Ponta Delgada.
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
ESTRELAS

ESTRELAS
Capaz de dar à luz estrelas
crio mundos novos
sem sair da aldeia
estou grávido de potência
estou na estrada larga
de Whitman
bebo à mesa dos deuses
o espírito voa
sai do corpo
"Estás curado,
és livre,
meu filho",
ouço claramente
a voz do meu Pai
"Pedro, segue,
avança, fala."
Eles já não te podem vencer
Desço a montanha
com Zaratustra
dirijo-me ao mercado
à praça
já não receio os homens
nem a intriga
"Segue,
meu filho,
avança,
diz a Palavra."
Eles ouvem-te
alguns invejam-te
desprezam-te
mas outros ouvem-te
trazes o ouro
a Boa Nova
"Segue,
avança,
nada te detém
nem exércitos
nem polícias
nem normas
trazes o ouro
a Luz
a infância
por isso,
sabes provocar
agitá-los
enlouquecê-los
torná-los crianças
Tornaste-te naquele que és.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
ESPÍRITO E GRAÇA

É madrugada. Chove lá fora. Tenho pesadelos. A minha alma é acossada pelos demónios. Não sei se sou homem ou se me estou a transformar em algo mais. Bebi seis minis no "77". Fiquei ao balcão e olhava silenciosamente as mulheres. Que mundo entra nelas? Que novo mundo entra nelas? Aparentemente divertem-se nesta nova Babilónia. Estamos aqui para gozar. Que mais estaríamos a fazer aqui? Mas, depois, no dia seguinte, vem sempre a castração do desejo. A sociedade só permite que gozes até certo ponto. Não permite o gozo permanente. Mas elas até parece que gozam em permanência. Queres viver o mundo delas. Queres filhos delas. Continuar a criação. Já não sabes se és homem ou se te estás a transformar noutra coisa. Os teus demónios abençoam-te e fazem-te alcançar a clarividência. Todos os grandes livros que leste estão em ti. Atingiste a Luz. As mulheres olham-te e dão-te a Luz. Ouves o relógio. Viverias sem relógios e sem televisores. Vives agora num mundo sem castrações. és um dos eleitos. As mulheres olham-te, tentam compreender-te mas parece que receiam chegar a ti. Também te tens fechado na pose da estrela distante. Tens de descer da pose. Tens de descer ao mundo. Procuras o "país dos teus filhos". Por isso, as tens de procurar e amar. Brincas com elas, fazes-las rir quando estás em palco. ÉS o mais louco e o mais insolente dos poetas. Mas ficas muito tempo em silêncio, a observar. Há uma certa beatitude em ti, que vem da infância. Distingues claramente, traças uma fronteira entre o animal de palco e o ser silencioso que observa. Os gatos gemem lá fora. Falam a linguagem da criação. Há qualquer coisa que ultrapassa o corpo. Há qualquer coisa que faz de ti um rei de outras paragens, de outras eras. Ulisses, Artur de Camelot. Não te resignas ao corpo, como Platão. És da Ideia. Nasceste para a Ideia. Não vieste desempenhar tarefas manuais. ÉS aquele que nasce e volta a nascer. Os negócios dos homens nada te dizem. Poeta, a madrugada é tua. Cantas com os animais o cântico da criação. Zaratustra vai descer da montanha, vai ter com os homens à praça pública. Sabe que pode ser vencido, humilhado até. Mas sabe que terá que ser assim. Aproxima-se o Grande Meio-Dia. Marlon Brando no "Apocalipse Now". Os seus discípulos veneram-no como a um deus. Mas nenhum o conhece realmente, nenhum atinge o seu estado de lucidez, nenhum vê a luz como ele vê, estão contaminados pelo mundo do trabalho e do sacrifício. Ele é espírito. Dança com os demónios e com os fantasmas. Vive deles. É Hamlet. Atinge a Ideia e a Graça. Talvez por isso ande encerrado em mim mesmo, Gotucha. Talvez por isso não te esteja a dar atenção. Sabes, o mundo das coisas práticas, do quotidiano fica muito lá em baixo. Sou essencialmente Espírito e Ideia. O mundo dos negócios e das notícias é realmente menor, superficial. Estou no campo da filosofia, da ausência de violência. Vivo o homem bom, a criança sábia, aquele que se ultrapassa a si mesmo mas que retorna eternamente a si mesmo. Não mais guerras. Não mais escravos. A manhã é real. Beija-me. Vem ter comigo como a mulher.
SOU UM HOMEM

Já não suporto mais ouvir falar em mercados. Já não consigo ver mais a cara do ministro das Finanças na televisão. Já não aguento mais o paleio das bolsas e das percentagens. Sou um homem, um ser humano que pensa e que sente. Não sou um mero receptáculo, um mero espectador das vossas patranhas. Existo. Vivo. Tenho uma alma. Sou capaz de amar e de compreender o mundo. Vim ao mundo em busca de uma estrela. Não a pisais, ó banqueiros, não a calcais, ó mercadores. Sou superior a vós. A minha vontade é superior a vós. Não me enganais mais. Não me levais mais na vossa conversa. Estou farto da vossa conversa. Estou farto da paz podre que trouxestes ao mundo. Não vos aguento mais. Sou apenas um homem, um homem só que escreve no Piolho às 22:20 de 15 de Fevereiro de 2011. Não me atireis com as vossas gajas aos cornos. Não me atireis notícias imbecis nem as patetices das tardes e das manhãs televisivas. Sou um homem. Penso. Questiono. Não aceito. Prefiro enlouquecer a aceitar. Não venhais com o bom senso e com as conveniÊncias. Sou um homem. Vi o inferno, vi o que tinha a ver. Nada mais me tendes a ensinar. Para isso tenho os meus livros. Vivo perfeitamente sem vós. Digo-vos mesmo mais, odeio-vos e quero acabar convosco. Sou um homem. Penso. Questiono. Amo. Mas não posso amar aqueles que destroem o meu irmão. Não sois meus irmãos. Odeio-vos. Cuspo-vos na cara. Não sois sequer homens. Sois macacos que trepam uns para cima dos outros, como dizia Nietzsche. A isto chegastes. Não tendes futuro porque não tendes presente, não viveis sequer, andais atrás do poder e do lucro. Odeio-vos. Sou um homem. Podeis até prender-me, matar-me mas continuarei a ser um homem.
CELEBREMOS A QUEDA DO FARAÓ

Sou o poeta que escreve e resiste. Nunca como agora as minhas ideias e ideais estiveram tão de acordo com o novo mundo que nasce. Eis a era do espírito, da partilha, da dádiva. Apesar de estar aqui só no Piolho, presencio o nascimento do novo homem, da nova mulher. A essa causa entrego a minha vida. Não obedeço aos mercados nem aos governos. Sou o homem que ama. Somos, de novo, crianças, Gotucha. Ao mudarmo-nos a nós, mudamos o mundo. Somos livres, absolutos, celebramos a nova era. Há espinhos no caminho, bem sei. A inveja, a ganância, a competividade, a mercearia. Podemos ser humildes. Mas não o temos de ser sempre. Dança. Pinta-te. Veste-te para a festa. Põe-te bonita.
Eis o início da nova era. Celebremos. Não sejamos cinzentos, mesquinhos como eles. Olha! Há apenas o presente. Estou no Piolho. Olho os presentes. Falam, bebem, comem. Ainda não sabem o que aí vem. Ainda não estamos no Egipto, nem no Irão, nem na Tunísia. Mas lá chegaremos. A revolução impossível está a concretizar-se. Já não são só as bolas a entrar, já não são só as vedetas da televisão, há um mundo que reage, que não aceita mais a escravidão. O poder está aqui perto. O poder já treme. Não esperemos mais pelos partidos tradicionais, entretidos em jogos palacianos. Que não haja mais governo. Que caiam os banqueiros e os agiotas. Celebremos, pois, a queda do faraó. Não mais faraós. Celebremos o novo mundo.
REVOLTA NO IRÃO
Cerimónia fúnebre do estudante morto segunda-feira
Confrontos entre manifestantes contra em pró-Ahmadinejad em Teerão
16.02.2011 - 09:11 Por PÚBLICO
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2 de 5 notícias em Mundo
« anteriorseguinte »Um grupo de apoiantes do regime iraniano entrou hoje em confronto com activistas da oposição durante a cerimónia fúnebre de um manifestante morto segunda-feira em Teerão durante um protesto da oposição.
“Estudantes e outras pessoas que estavam na cerimónia fúnebre do estudante martirizado Sanee Zhaleh entraram em confronto com um grupo pequeno de pessoas aparentemente ligadas ao movimento de rebelião e puseram-nas em fuga enquanto entoavam slogans de apelo à morte dos hipócritas”, descreve o canal estatal IRIB.
Zaleh foi morto a tiro durante o protesto de há dois dias na capital iraniana, tendo o Governo atribuído a responsabilidade aos manifestantes anti-regime, ao mesmo tempo que vários grupos da oposição apontam o dedo às forças de segurança. A agência noticiosa semi oficial Fars revelou entretanto que o jovem estudante morto era membro da milícia Basij, o grande movimento voluntário iraniano ligado aos Guardas da Revolução, a tropa de elite do regime
Esta foi a primeira manifestação no país contra o Presidente em mais de um ano, desde as manifestações maciças que se seguiram à reeleição de Mahmoud Ahmadinejad, em 2009.
O líder da oposição Mir-Hossein Mousavi classificou o protesto de segunda-feira como um evento “glorioso” de um “movimento magnífico”, enquanto as autoridades insistem que não mais do que umas 150 pessoas terão participado no protesto.
O chefe da polícia de Teerão, Ahmadreza Radan, revelou entretanto que uma segunda pessoa morreu durante os confrontos daquele dia e outras oito, também atingidas a tiro, estão hospitalizadas. Radan reiterou os argumentos de que a violência registada no protesto, não autorizado, foi causada por “elementos terroristas
Confrontos entre manifestantes contra em pró-Ahmadinejad em Teerão
16.02.2011 - 09:11 Por PÚBLICO
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“Estudantes e outras pessoas que estavam na cerimónia fúnebre do estudante martirizado Sanee Zhaleh entraram em confronto com um grupo pequeno de pessoas aparentemente ligadas ao movimento de rebelião e puseram-nas em fuga enquanto entoavam slogans de apelo à morte dos hipócritas”, descreve o canal estatal IRIB.
Zaleh foi morto a tiro durante o protesto de há dois dias na capital iraniana, tendo o Governo atribuído a responsabilidade aos manifestantes anti-regime, ao mesmo tempo que vários grupos da oposição apontam o dedo às forças de segurança. A agência noticiosa semi oficial Fars revelou entretanto que o jovem estudante morto era membro da milícia Basij, o grande movimento voluntário iraniano ligado aos Guardas da Revolução, a tropa de elite do regime
Esta foi a primeira manifestação no país contra o Presidente em mais de um ano, desde as manifestações maciças que se seguiram à reeleição de Mahmoud Ahmadinejad, em 2009.
O líder da oposição Mir-Hossein Mousavi classificou o protesto de segunda-feira como um evento “glorioso” de um “movimento magnífico”, enquanto as autoridades insistem que não mais do que umas 150 pessoas terão participado no protesto.
O chefe da polícia de Teerão, Ahmadreza Radan, revelou entretanto que uma segunda pessoa morreu durante os confrontos daquele dia e outras oito, também atingidas a tiro, estão hospitalizadas. Radan reiterou os argumentos de que a violência registada no protesto, não autorizado, foi causada por “elementos terroristas
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
COMUNICADO DO PARTIDO REVOLUCIONÁRIO LIBERTÁRIO

O PRL vem afirmar a sua firme e total oposição ao mundo dos mercados, dos banqueiros e dos políticos ao seu serviço. São eles que nos roubam a vida, que nos sugam o sangue. O PRL diz não às falinhas mansas do Obama, ao autoritarismo de Merkel, Sarkozy, Durão Barroso, Cavaco, Sócrates. O PRL é pela vida que corre nas veias, pela festa, pela celebração. Acredita que o papel do revolucionário é fazer a revolução de diferentes maneiras, como em Che Guevara, Bakunine, Nietzsche, Buda, Jesus. O PRL acredita que sobre os escombros da velha humanidade do mercado, dos merceeiros, da rapina, da competição, está a nascer um homem livre, insubmisso, louco, exuberante de vida. Um homem que diz, com Henry Miller, que todo o governo é a negação do eu.
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