quinta-feira, 14 de abril de 2011

TOMEMOS O PRESENTE


TOMEMOS O PRESENTE

António Pedro Ribeiro

"Para um mago que se devota, há quarenta que sonham com o poder e não vivem senão de conjuras e intrigas.
"Vieste falar-me, Mani, de uma fé nova que [...), proibiria aos homens de religião a posse de terras e ouro, e os confinaria à oração, ao ensino e á meditação."
[Amin Maalouf, "Os Jardins de Luz")

Por cada político honesto há quarenta charlatães, vendilhões ou vigaristas, há quarenta que dormem com o poder e "não vivem senão de conjuras e intrigas". Cavaco, Sócrates, Passos Coelho e Portas são alguns deles. Mas não são os únicos. Há os intermédios, os intermediários, os dirigentes de segunda ou de terceira, de Câmara ou de Junta de Freguesia.
Platão dizia que os governantes deveriam ser homens íntegros, sábios, justos, que viveriam numa comunidade sem bens próprios e sem ouro. Outros dizem que o melhor governo é não existir governo nenhum. De qualquer forma, estamos de acordo que o mundo não pode continuar assim. Estamos de acordo que não podemos continuar nas mãos de políticos trapaceiros nem de banqueiros, nem de empresários chupistas, nem de mercados especuladores. Estamos de acordo que temos de tomar o presente e o futuro nas nossas mãos. Façamo-lo, então, sem medos, em nome dos nossos filhos, dos nossos netos, do novo homem que aí vem.

OCUPEMOS A PRAÇA


OCUPEMOS A PRAÇA

"Os banqueiros e seus empregados puseram o mundo de pantanas. Economistas reputados e gestores idolatrados roubaram tanto e tão descaradamente que rebentaram com o sistema. (...) Os mentores da "crise" pensam que vai ser possível, no século XXI, impôr um regime sem direitos, liberdades e sobretudo sem salários."
(Artur Queiroz, "A Voz da Póvoa", 6/4/2011)

Os banqueiros e os seus empregados que paguem a dívida. Não devemos nada a ninguém. Não somos os causadores da crise. Reclamamos a vida. Como na Grécia, como na Islândia. Exigimos o mundo, agora! Ocupemos as praças, os bancos, as empresas. O mundo é nosso. O país é nosso. Não deixemos mais que Sócrates, Cavaco e Passos Coelho tomem conta da nossa vida. Não deixemos mais que os mercados nos espetem números nos cornos. A vida é nossa. Não deixemos mais que eles brinquem com a nossa vida. Tomemos o nosso destino nas nossas mãos. Regressemos à origem, ao Paraíso. Nada acima de nós. Entremos nas casas como Jesus, livres, desprendidos. Roubemos-lhes todos os privilégios. Deixemo-los a chapinhar na merda, como eles nos tem deixado a nós. Construamos o novo homem. Sejamos as mães e as parteiras. Dancemos nas barbas deles. Apropriemo-nos daquilo que é nosso, daquilo que nos roubaram. Dancemos. Festejemos livremente. Mostremos que não somos cinzentos nem de plástico como eles. Mostremos-lhes a vida. A verdadeira vida. Não aquela que eles nos vendem, que nos corta os direitos, o pão, a liberdade. Ocupemos a praça.

www.jornalfraternizar.pt.vu

quarta-feira, 13 de abril de 2011

AI, ANÍBAL

Inspector fiscal no julgamento BPN
Testemunha confirma que Oliveira Costa vendeu a Cavaco Silva e à filha acções da SLN com prejuízo
13.04.2011 - 15:36 Por PÚBLICO, Lusa

Uma testemunha confirmou hoje em tribunal que o ex-presidente do BPN vendeu, em 2001, a Cavaco Silva e à sua filha 250 mil acções da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), a um euro cada, quando antes as adquiriu a 2,10 euros cada à offshore Merfield.
Operação que envolve Oliveira Costa remonta a 2001

(Nuno Ferreira Santos/arquivo)

Respondendo a perguntas dos juízes do julgamento no caso do Banco Português de Negócios (BPN), Paulo Jorge Silva, inspector fiscal que colaborou com a Polícia Judiciária no âmbito deste caso e que é testemunha do Ministério Público, disse “não ter explicação” para o facto de o principal arguido, José Oliveira Costa, ter perdido 1,10 euros em cada acção que vendeu a Aníbal Cavaco Silva e à filha do actual Presidente da República, Patrícia Cavaco Silva Montez.

O inspector das Finanças, que participou na investigação, precisou que de um lote de 250 mil – de 1.750.000 de acções da Sociedade Lusa de Negócios (SLN) que Oliveira Costa adquiriu à Merfield, em 27 de Março de 2001, a 2,10 euros cada – 100.360 acções foram adquiridas por Cavaco Silva e 149.640 acções por Patrícia Montez, em ambos os casos a um euro por título, a 18 de Abril de 2001.

As restantes 1,5 milhões de acções adquiridas por Oliveira Costa à Merfield foram vendidas no mês seguinte (Maio de 2001) às contas de investimento de clientes do BPN, a 2,11 euros, com um lucro de 0,01 cêntimo por acção.

Feitas as contas pela testemunha em tribunal, Oliveira Costa teve um prejuízo de 275 mil euros com a venda daquelas acções a Cavaco Silva e Patrícia Montez e um lucro de 15 mil euros da venda daquelas acções às contas de investimento de clientes do BPN.

Paulo Jorge Silva já dissera em tribunal, em Fevereiro, que Oliveira Costa vendera as 250 mil acções que comprara no mesmo dia numa operação que implicou um prejuízo de 275 mil euros.

Hoje, indagado pelo colectivo presidido pelo juiz Luís Ribeiro que o interroga no Campus da Justiça de Lisboa, o inspector tributário disse não encontrar qualquer “explicação” para a única venda de acções do grupo SLN SGPS a um euro por acção e com prejuízo avultado para Oliveira Costa, ex-presidente do BPN.

Em resposta a perguntas dos juízes, a testemunha referiu ainda que, uma vez que as acções do grupo SLN não estavam cotadas em bolsa, o seu valor deveria ser efetuado a partir do balanço e demonstração de resultados do grupo SLN (detentor então do BPN), mas que esse cálculo é dificultado porque há uma componente patrimonial não declarada que é detida através de sociedades offshores do grupo, as quais teriam grandes prejuízos resultantes de maus investimentos.

Estes prejuízos, segundo a testemunha, seriam ocultados aos accionistas do grupo e às entidades supervisoras.

O inspector explicou também que Oliveira Costa precisava de liquidez para saldar uma dívida com o grupo SLN resultante do aumento de capital da SLN em Dezembro de 2000, precisando de 1,5 milhões de euros para o efeito, tendo feito um contrato de empréstimo junto do Fortis Bank em Lisboa, no valor de 12,5 milhões de euros, dando como garantia as próprias acções que ainda tinha por pagar.

Assinalou que acabou por ser a SLN a oferecer as garantias para aquele empréstimo feito a Oliveira Costa, tendo esse contrato sido assinado pelos administradores da SLN Dias Loureiro e Luís Caprichoso, este último arguido neste processo.

A testemunha disse ainda que o empréstimo de 12,5 milhões concedido pelo Fortis Bank a Oliveira Costa acabaria por ser pago com verbas desviadas do Banco Insular de Cabo Verde (presidido pelo arguido José Vaz Mascarenhas), sendo que o buraco financeiro do banco cabo-verdiano foi englobado nas contas do BPN, entretanto nacionalizado pelo Estado português.

Oliveira Costa está a ser julgado por burla qualificada, branqueamento de capitais, fraude fiscal qualificada e aquisição ilícita de acções. Outras 14 pessoas ligadas ao universo SLN, como Luís Caprichoso, Ricardo Oliveira e José Vaz Mascarenhas, e a empresa Labicer estão também acusadas por crimes económicos graves.

OTELO

Actualizar: 13-04-2011
Se soubesse como o País ia ficar, não fazia a revolução - Otelo Saraiva de Carvalho
*** Serviços áudio e vídeo disponíveis em www.lusa.pt ***Lisboa, 13 abr (Lusa) - Otelo Saraiva de Carvalho ouve todos os dias populares dizerem-lhe qu...



Se soubesse como o País ia ficar, não fazia a revolução - Otelo Saraiva de Carvalho
*** Serviços áudio e vídeo disponíveis em www.lusa.pt ***

Lisboa, 13 abr (Lusa) - Otelo Saraiva de Carvalho ouve todos os dias populares dizerem-lhe que o que faz falta é uma nova revolução, mas, 37 anos depois, garante que, se soubesse como o país ia ficar, não teria realizado o 25 de abril.

Aos 75 anos, Otelo mantém a boa disposição e fala da revolução dos cravos como se esta tivesse acontecido há dois dias.

Recorda os propósitos, enumera nomes, sabe de cor as funções de cada um dos intervenientes, é rigoroso nas memórias, embora reconheça que ainda hoje vai sabendo de contributos de anónimos que revelam, tantas décadas depois, o papel que desempenharam no golpe que deitou por terra uma ditadura de 28 anos.

Essa permanente atualização tem justificado, entre outros propósitos, a sua obra literária, como o mais recente "O dia inicial", que conta a história do 25 de abril "hora a hora".

Apesar de estar associado ao movimento dos "capitães de abril" e aceitar o papel que a história lhe atribuiu nesta revolução, Otelo não esconde algum desânimo. Ele, que se assume como um "otimista por natureza".

"Sou um otimista por natureza, mas é muito difícil encarar o futuro com otimismo. O nosso país não tem recursos naturais e a única riqueza que tem é o seu povo", disse, em entrevista à Agência Lusa.

Otelo lamenta as "enormes diferenças de carácter salarial" que existem na sociedade portuguesa e vai desfiando nomes de personalidades públicas, cujo vencimento o indigna.

"Não posso aceitar essas diferenças. A mim, chocam-me. Então e os outros? Os que se levantam às 05:00 para ir trabalhar na fábrica e na lavoura e chegam ao fim do mês com uma miséria de ordenado?", questiona, sem esconder o desânimo.

Para este eterno capitão de abril, o que mais o desilude é "questões que considerava muito importantes no programa político do Movimento das Forças Armadas (MFA) não terem sido cumpridas".

Uma delas, que considera "crucial", era a criação de um sistema que elevasse rapidamente o nível social, económico e cultural de todo um povo que viveu 48 anos debaixo de uma ditadura".

"Este povo, que viveu 48 anos sob uma ditadura militar e fascista merecia mais do que dois milhões de portugueses a viverem em estado de pobreza", adiantou.

Esses milhões, sublinhou, significa que "não foram alcançados os objetivos" do 25 de abril.

Por esta, e outras razões, Otelo Saraiva de Carvalho garante que hoje em dia não faria a revolução, se soubesse que o país iria estar no estado em que está.

"Pedia a demissão de oficial do exército, nunca mais punha os pés no quartel, pois não queria assumir esta responsabilidade", frisou.

Otelo justifica: "O 25 de abril é feito em termos de pensamento político, com a vontade firme de mudar a situação e desenvolver rapidamente o nível económico, social e cultural do povo. Isso não foi feito, ou feito muito lentamente".

"Fizeram-se coisas importantes no campo da educação e da saúde, mas muito delas têm vindo a ser cortadas agora outra vez", lamentou.

"Não teria feito o 25 de abril se pensasse que íamos cair na situação em que estamos atualmente. Teria pedido a demissão de oficial do Exército e, se calhar, como muitos jovens têm feito atualmente, tinha ido para o estrangeiro", concluiu.

SMM.

Lusa/Fim

terça-feira, 12 de abril de 2011

FERNANDO NOBRE

Não gosto de santos. Nem de moralizadores de qualquer espécie. Apesar de tudo, considero os pecadores mais fiáveis. Ou leais, digamos. Fernando Nobre vai ser cabeça-de-lista do PSD por Lisboa. E talvez Presidente da Assembleia da República. Percebe-se agora que ele queria ser presidente de alguma coisa. Eis, pois, como 600 mil votinhos destinados a moralizar a política e subverter o sistema partidário foram assim, direitinhos, para o galheiro. Pois bem: o PSD pensou que Nobre era uma boa carta. Cheira-me que a originalidade vai sair cara aos dois. Se chegar às urnas, claro. (Pelo meio, agradeçam também ao doutor Mário Soares o contributo para a «invenção» Fernando Nobre).

“A implementação dogmática do “quanto menos Estado melhor Estado” e do “mercado auto-regulador por excelência” levou à derrocada do sistema ultraliberal tóxico. (…) os estados, tão vilipendiados e sob permanente suspeita (…) socializaram as colossais perdas, injectando doses maciças de dinheiro tanto em avales como a fundo perdido.”
Fernando Nobre

in A DEVIDA COMÉDIA

sexta-feira, 8 de abril de 2011

GARCIA PEREIRA

PS E PSD ESTÃO BEM UM PARA O OUTRO!


Se a demissão de Sócrates foi uma magnífica vitória do Povo Português e se a sessão parlamentar de chumbo do PEC-IV foi uma derrota estrondosa da chamada Esquerda Parlamentar, que sempre se opôs ao derrube de Sócrates, e permitiu que a Direita tratasse de se apropriar daquela vitória, também é verdade que Cavaco deveria ter aceite logo a demissão e deve agora marcar rapidamente as eleições uma vez que o apodrecimento da situação apenas serve os interesses do seu Partido, o PSD, cada vez mais empenhado em deter uma maioria absoluta nas próximas eleições.


Mas há uma outra providência que deve ser tomada desde já, que se revela indispensável a uma correcta definição de medidas quanto à dívida soberana portuguesa e que é a realização de uma auditoria pelo Banco de Portugal à mesma dívida, para responder essencialmente a três perguntas: quanto, a quem e porquê se deve?


Ora Cavaco, com o apoio do PS, do PSD e do CDS, inviabilizou essa medida e assim impossibilitou o Povo Português não apenas de alcançar o conhecimento de quanto da tal dívida não deve ser paga pelos trabalhadores portugueses (por respeitar pura e simplesmente ao custo da gestão fraudulenta e da especulação financeira) como também de compreender que aquilo que constante e eufemisticamente se designa hoje de “os mercados” não passar afinal dos grandes bancos europeus, e em particular dos bancos alemães, que, com a compra da dívida pública portuguesa a juros absolutamente exorbitantes, se estão a encher à tripa forra à custa dos sacrifícios cada vez maiores do Povo Português!


Cavaco, Sócrates, Passos Coelho e Paulo Portas lá sabem porque é que trataram de impedir que os cidadãos portugueses tivessem acesso a essa informação e pudessem decidir o que é mais adequado aos seus interesses, do mesmo passo que esses mesmos responsáveis pela actual situação do País se apressaram a garantir, até parece que por escrito, que tudo farão para que os portugueses paguem aquilo que a senhora Merkel lhes ordenar!


Sacudir a canga que nos querem pôr ao pescoço passa, de forma cada vez mais clara, por sacudir também os respectivos donos!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A REVOLUÇÃO MUNDIAL


Contra as máquinas reguladoras, contra a disciplina e o controle, contra os relógios é preciso construir uma nova sociedade, assente na liberdade e na poesia. Contra o cinzentismo, a não vida, os quadrados da política, os postiços, o racionalismo económico, a ditadura do tempo e da norma, a revolução é precisa. Contra a lei do sacrifício, do trabalho imposto, da mais-valia, da acumulação capitalista, é preciso construir uma sociedade assente na criação, no prazer. Contra os fascismos, os senhores da guerra, a intriga, a usura, o meio mundo a lixar outro meio, o "queremos o mundo e exigimo-lo, agora!" de Jim Morrison.
Contra os consumismos, os artificialismos, o tédio quotidiano, as drogas televisivas, opomos a criança sábia, o bailarino, Nietzsche, Che, o Homem Novo! Contra a perpetuação da miséria, contra o luxo, contra o grande capital, contra o imperialismo, contra a ideologia do "status quo", contra a máquina infernal do sistema, o complexo militar-industrial, a Revolução Mundial!

António Pedro Ribeiro

quarta-feira, 6 de abril de 2011

OCUPEMOS A PRAÇA


"Os banqueiros e seus empregados puseram o mundo de pantanas. Economistas reputados e gestores idolatrados roubaram tanto e tão descaradamente que rebentaram com o sistema. (...) Os mentores da "crise" pensam que vai ser possível, no século XXI, impôr um regime sem direitos, liberdades e sobretudo sem salários."
(Artur Queiroz, "A Voz da Póvoa", 6/4/2011)

Os banqueiros e os seus empregados que paguem a dívida. Não devemos nada a ninguém. Não somos os causadores da crise. Reclamamos a vida. Como na Grécia, como na Islândia. Exigimos o mundo, agora! Ocupemos as praças, os bancos, as empresas. O mundo é nosso. O país é nosso. Não deixemos mais que Sócrates, Cavaco e Passos Coelho tomem conta da nossa vida. Não deixemos mais que os mercados nos espetem números nos cornos. A vida é nossa. Não deixemos mais que eles brinquem com a nossa vida. Tomemos o nosso destino nas nossas mãos. Regressemos à origem, ao Paraíso. Nada acima de nós. Entremos nas casas como Jesus, livres, desprendidos. Roubemos-lhes todos os privilégios. Deixemo-los a chapinhar na merda, como eles nos tem deixado a nós. Construamos o novo homem. Sejamos as mães e as parteiras. Dancemos nas barbas deles. Apropriemo-nos daquilo que é nosso, daquilo que nos roubaram. Dancemos. Festejemos livremente. Mostremos que não somos cinzentos nem de plástico como eles. Mostremos-lhes a vida. A verdadeira vida. Não aquela que eles nos vendem, que nos corta os direitos, o pão, a liberdade. Ocupemos a praça.

A. PEDRO RIBEIRO NA WORLD ART FRIENDS


Convidado do mês Abril de 2011: A.Pedro Ribeiro

Enviado por admin el Mar, 04/05/2011 - 19:56.

A. Pedro Ribeiro ou António Pedro Ribeiro nasceu no Porto no Maio de 68. Tem permanecido em Braga, Porto, Trofa e Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). Está a lançar o livro de crónicas e pensamentos "Nietzsche, Jim Morrison, Henry Miller, os Mercados e Outras Conversas" (Corpos/World Art Friends" e publicou as obras de poesia "Um Poeta no Piolho" (Corpos, 2009), "Queimai o Dinheiro" (Corpos, 2009), "Um Poeta a Mijar" (Corpos, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Pirata, 2004), "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001) e "Gritos. Murmúrios" (Com Rui Soares, Grémio Lusíada, 1988). É fundador da revista literária "Aguasfurtadas". Colaborou o colabora nas revistas "Piolho", "A Voz de Deus", "Cráse", "Bíblia", entre outras. Actuou como diseur/performer nos Festivais de Paredes de Coura de 2006 (ao lado de Adolfo Luxúria Canibal e Isaque Ferreira) e de 2009 (com a banda Mana Calórica) e nas "Quintas de Leitura" do Teatro Campo Alegre em Outubro de 2009 com o espectáculo "Um Poeta no Sapato", local onde regressa a 26 de Maio com a performance "Se me Pagares uma Cerveja estás a Financiar a Revolução", acompanhado de Susana Guimarães. Coordena, com Luís Carvalho, as sessões de "Poesia de Choque" no Clube Literário do Porto e tem dinamizado as sessões de poesia dos bares Púcaros e Pinguim, no Porto. Foi activista estudantil na Faculdade de Letras do Porto e no Jornal Universitário do Porto. É licenciado em Sociologia e é cronista em jornais. Há quem lhe chame provocador, agitador profissional.

És um dos poetas portugueses com maior ascensão mediática da atualidade. O que significa para ti estar na moda?


R:Eu não sei se estou na moda. Mas sei que nestes tempos de agitação nacional e internacional os meus poemas e textos têm uma maior receptividade, sobretudo junto da juventude. Julgo que fenómenos como os "Homens da Luta" ou os Deolinda não tem acontecido por acaso, se bem que não se possam comparar a Zéca Afonso, José Mário Branco ou, claro, aos Doors. Contudo, creio que não podemos andar sempre agarrados ao passado. Penso que estamos a atravessar uma fase é que há muita gente que se começa a fartar dos políticos cinzentos, escravos dos mercados e de Bruxelas e mesmo da própria linguagem financeira, que só alguns iluminados entendem. Daí que um certo tipo de escrita mais subversiva, que apele à liberdade e à vida plena, entre mais nas pessoas. Acrescento, no entanto, que a moda e a fama, como há vários exemplos na história da arte, podem ser perigosas e criar ilusões desmedidas.

Uma das tuas facetas mais conhecidas é a declamação. Consegues reunir à tua volta mesmo quem por norma não gosta de Poesia. Fala-nos deste fenómeno.

R: Penso que isso também tem que ver com a resposta anterior. Eu não escrevo só textos subversivos ou sarcásticos mas creio que no contexto actual há um conjunto de pessoas que não se revê em certa poesia mais lírica, que eu respeito, e que aderem mais a algo que tenha a ver com a revolução interior, com as questões que colocam a si próprias no dia-a-dia, com a revolta pura e simples perante um mundo que não serve. Digo poesia há mais de 22 anos, já fui vaiado, já tive recepções indiferentes, mas também tive, digamos assim, noites de glória, onde há pessoas que se comovem e que vem falar comigo no fim. Eu não vou dizer que falo a linguagem do cidadão comum, nem sequer ando atrás de maiorias, mas penso que, e este último livro é também um livro de reflexão, que a minha linguagem, talvez por influência do jornalista que já fui, não é hermética nem difícil e fala da vida concreta, não a vida da mecearia, mas, muitas vezes, a vida do homem que vai ao café ou ao bar e observa os outros, sendo também actor. Por outro lado, para dizer bem um texto meu ou de outro, eu tenho de senti-lo. Penso que é também por viver sobretudo os meus textos que as pessoas aderem mais.

Onde entra, na tua carreira artística, o A.Pedro Político?

R:A política, para mim, não faz sentido sem a arte. Como diziam os surrealistas é impossível separar os problemas do amor, da liberdade, da revolução. Fui militante do PSR e do Bloco de Esquerda e candidato a várias coisas mas fartei-me da separação dirigentes/dirigidos e duma linguagem eleitoralista, quase sempre económica, que não questiona o que estamos a fazer aqui, o sentido da vida. Eu intervenho na praça pública. Ainda há dias fui dizer poemas contra os mercados e os banqueiros para a Avenida dos Aliados. Tenho colaborado com organizações anarquistas. Mas sei que o essencial é a construção de um homem novo, na esteira de Nietzsche, Jim Morrison, Henry Miller e mesmo Jesus, um homem livre que dance e cante, que ultrapasse o homem pequeno dos mercados, da competição e da mercearia. É por esse homem que me bato

Qual foi para ti o momento mais alto, até agora, da tua carreira?

R: O momento mais alto da minha carreira foi a actuação no Festival de Paredes de Coura 2006 ao lado do Adolfo Luxúria Canibal e do Isaque Ferreira. Foi no Centro Cultural. Estavam 500/600 pessoas. Eu improvisei. As pessoas riam, divertiam-se, tive uma ovação enorme. Depois veio a bad trip. A fama subiu-me à cabeça...ouvia vozes, tive alucinações.

Fala-nos dos teus projetos futuros.

R: Quero que os meus livros andem por todo o lado, como a Bíblia.


Obras marcantes:
"Assim Falava Zaratustra", Nietzsche.
"Plexus", Henry Miller.
"Os Cantos de Maldoror", Lautréamont.

Fonte de inspiração:
Algumas mulheres.
Tudo o que me rodeia.

Filme Preferido:
"Appocalipse Now", Francis Ford Coppola.

Canção de Eleição:
"The End" dos Doors.

Imagem:
a morte de Che Guevara.

Palavra:
Livre.

Jantar:
com aquela que amo.

www.worldartfriends.com

OS BANQUEIROS QUE PAGUEM A DÍVIDA

Texto no seu blogue
Ana Gomes acusa os banqueiros portugueses de “esmifrar o Estado”
06.04.2011 - 18:36 Por Luciano Alvarez

A eurodeputada socialista Ana Gomes disse esta quarta-feira que “a maior parte dos banqueiros portugueses merece muito pouco crédito” e acusa-os de “ajudarem a esmifrar o Estado e viverem a sua conta”.
Para a eurodeputada “chazinho de camomila a rodos, recomenda-se” (Nuno Ferreira dos Santos)

No blogue causa nossa (http://causa-nossa.blogspot.com/), onde escreve regularmente, Ana Gomes afirma ainda: “Querem ver que tanto stress significa que nos andaram a contar mentiras sobre a resiliência dos seus testados bancos? Ignorantes, alguns pomposamente pedem uma ajuda intercalar à UE - que não existe, Barroso confirma, descartando-os liminarmente.”

Para a eurodeputada “chazinho de camomila a rodos, recomenda-se”.

“Tanto mais que, se caminharmos para a bancarrota, não iremos sozinhos - o Euro vai connosco. Antes tremerão os maninhos bancos espanhóis, alemães, franceses, britânicos e todos os que cá investiram, empurrando-nos para o endividamento fácil mas suicida”, acrescenta.

Ana Gomes salienta que “então Merkeles e seus amestrados no Conselho Europeu se assustem, acordem e façam o que há a fazer” para “salvar Portugal, mas sobretudo para salvar a Europa”. “No fundo, para se salvarem a si próprios e de si próprios”, acrescenta.

A eurodeputada socialista afirma ainda que a “maior parte dos banqueiros portugueses merece muito pouco crédito”, independentemente “do rating que lhes possam ter dado e dêem hoje as ratazanas das agências de notação”.

“Se atentarmos em tudo o que disseram, não disseram, fizeram e não fizeram: contradições, truques e passes de off shore incluídos... Doces ou salgados, os banqueiros não mandam no país. O país ficou hoje com ainda mais dúvidas sobre eles e os bancos que dirigem. Mandaria o decoro que, ao menos, afivelassem a mais elementar dose de patriotismo”, conclui.

www.publico.clix.pt

MANIFESTO "EM CADA ROSTO IGUALDADE"


Manifesto

Vivemos num mundo doente!

Doente, um mundo que circula indiferente perante Seres Humanos que vivem no chão da rua e comem de uma sopa nada mais que caridosa.
Doente, um mundo que assume como lei natural meia dúzia possuírem algarismos virtuais que os torna bem alimentados, bem vestidos, bem vividos, perante milhões de outros que, sem algarismos virtuais, sobrevivem de uma fome bem real.
Doente, um mundo em que a propriedade do Ter, roubou a dignidade de Ser.
Doente, um mundo que ajuíza o que cada um é pelo que cada qual possui, assim pretendendo fazer crer que entre seres iguais um possa ser mais e outro menos.

Não!
Não chegamos ao fim da História!
Porque o sabemos reclamamos um outro mundo!

Nós ousamos contrariar as regras com que nos tentam ajoelhar todos os dias.
Nós queremos construir um Mundo mais são, justo e digno para todos os seres.
Nós assumimos que o que nos estrutura enquanto Seres Humanos é a forma como vemos o outro.
E em cada rosto desconhecido, triste ou feliz, rude ou amável, amargo ou gentil vemos um Ser Humano Igual.

O Mundo que queremos é outro!
O que queremos é um Mundo de gente igual por dentro e gente igual por fora!
O Mundo que queremos é a Terra da Fraternidade - sentida, vivida e contada por José Afonso.

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade

ASSOCIAÇÃO JOSÉ AFONSO

A. PEDRO RIBEIRO NA WORLD ART FRIENDS




...Convidado do mês Abril de 2011: A.Pedro Ribeiro
Submitted by admin on Tue, 04/05/2011 - 19:56

A. Pedro Ribeiro ou António Pedro Ribeiro nasceu no Porto no Maio de 68. Tem permanecido em Braga, Porto, Trofa e Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). Está a lançar o livro de crónicas e pensamentos "Nietzsche, Jim Morrison, Henry Miller, os Mercados e Outras Conversas" (Corpos/World Art Friends" e publicou as obras de poesia "Um Poeta no Piolho" (Corpos, 2009), "Queimai o Dinheiro" (Corpos, 2009), "Um Poeta a Mijar" (Corpos, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Pirata, 2004), "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001) e "Gritos. Murmúrios" (Com Rui Soares, Grémio Lusíada, 1988). É fundador da revista literária "Aguasfurtadas". Colaborou o colabora nas revistas "Piolho", "A Voz de Deus", "Cráse", "Bíblia", entre outras. Actuou como diseur/performer nos Festivais de Paredes de Coura de 2006 (ao lado de Adolfo Luxúria Canibal e Isaque Ferreira) e de 2009 (com a banda Mana Calórica) e nas "Quintas de Leitura" do Teatro Campo Alegre em Outubro de 2009 com o espectáculo "Um Poeta no Sapato", local onde regressa a 26 de Maio com a performance "Se me Pagares uma Cerveja estás a Financiar a Revolução", acompanhado de Susana Guimarães. Coordena, com Luís Carvalho, as sessões de "Poesia de Choque" no Clube Literário do Porto e tem dinamizado as sessões de poesia dos bares Púcaros e Pinguim, no Porto. Foi activista estudantil na Faculdade de Letras do Porto e no Jornal Universitário do Porto. É licenciado em Sociologia e é cronista em jornais. Há quem lhe chame provocador, agitador profissional.

1- Eu não sei se estou na moda. Mas sei que nestes tempos de agitação nacional e internacional os meus poemas e textos têm uma maior receptividade, sobretudo junto da juventude. Julgo que fenómenos como os "Homens da Luta" ou os Deolinda não tem acontecido por acaso, se bem que não se possam comparar a Zéca Afonso, José Mário Branco ou, claro, aos Doors. Contudo, creio que não podemos andar sempre agarrados ao passado. Penso que estamos a atravessar uma fase é que há muita gente que se começa a fartar dos políticos cinzentos, escravos dos mercados e de Bruxelas e mesmo da própria linguagem financeira, que só alguns iluminados entendem. Daí que um certo tipo de escrita mais subversiva, que apele à liberdade e à vida plena, entre mais nas pessoas. Acrescento, no entanto, que a moda e a fama, como há vários exemplos na história da arte, podem ser perigosas e criar ilusões desmedidas.

2- Penso que isso também tem que ver com a resposta anterior. Eu não escrevo só textos subversivos ou sarcásticos mas creio que no contexto actual há um conjunto de pessoas que não se revê em certa poesia mais lírica, que eu respeito, e que aderem mais a algo que tenha a ver com a revolução interior, com as questões que colocam a si próprias no dia-a-dia, com a revolta pura e simples perante um mundo que não serve. Digo poesia há mais de 22 anos, já fui vaiado, já tive recepções indiferentes, mas também tive, digamos assim, noites de glória, onde há pessoas que se comovem e que vem falar comigo no fim. Eu não vou dizer que falo a linguagem do cidadão comum, nem sequer ando atrás de maiorias, mas penso que, e este último livro é também um livro de reflexão, que a minha linguagem, talvez por influência do jornalista que já fui, não é hermética nem difícil e fala da vida concreta, não a vida da mecearia, mas, muitas vezes, a vida do homem que vai ao café ou ao bar e observa os outros, sendo também actor. Por outro lado, para dizer bem um texto meu ou de outro, eu tenho de senti-lo. Penso que é também por viver sobretudo os meus textos que as pessoas aderem mais.

3- A política, para mim, não faz sentido sem a arte. Como diziam os surrealistas é impossível separar os problemas do amor, da liberdade, da revolução. Fui militante do PSR e do Bloco de Esquerda e candidato a várias coisas mas fartei-me da separação dirigentes/dirigidos e duma linguagem eleitoralista, quase sempre económica, que não questiona o que estamos a fazer aqui, o sentido da vida. Eu intervenho na praça pública. Ainda há dias fui dizer poemas contra os mercados e os banqueiros para a Avenida dos Aliados. Tenho colaborado com organizações anarquistas. Mas sei que o essencial é a construção de um homem novo, na esteira de Nietzsche, Jim Morrison, Henry Miller e mesmo Jesus, um homem livre que dance e cante, que ultrapasse o homem pequeno dos mercados, da competição e da mercearia. É por esse homem que me bato

4- O momento mais alto da minha carreira foi a actuação no Festival de Paredes de Coura 2006 ao lado do Adolfo Luxúria Canibal e do Isaque Ferreira. Foi no Centro Cultural. Estavam 500/600 pessoas. Eu improvisei. As pessoas riam, divertiam-se, tive uma ovação enorme. Depois veio a bad trip. A fama subiu-me à cabeça...ouvia vozes, tive alucinações.

5- Quero que os meus livros andem por todo o lado, como a Bíblia.


Obras marcantes:
"Assim Falava Zaratustra", Nietzsche.
"Plexus", Henry Miller.
"Os Cantos de Maldoror", Lautréamont.

Fonte de inspiração:
Algumas mulheres.
Tudo o que me rodeia.

Filme Preferido:
"Appocalipse Now", Francis Ford Coppola.

Canção de Eleição:
"The End" dos Doors.

Imagem:
a morte de Che Guevara.

Palavra:
Livre.

Jantar:
com aquela que amo.

www.worldartfriends.com

CAOS

ALTRI SGPS 1,654 -0,121% BANCO BPI SA 1,233 2,154% BANIF SGPS 0,810 0,124% BCO ESP.SANT 2,818 1,623% BCP NOM. 0,582 2,827% BRISA 4,805 0,292% CIMPOR 5,020 -0,377% EDP 2,758 0,547% EDP RENOVAVE 4,835 -2,520% GALP ENERGIA 15,500 -0,513% J.MARTINS 11,475 -0,131% MOTA ENGIL 1,795 1,700% PORTUCEL 2,485 0,689% PT TELECOM 8,260 -0,229% REN 2,519 0,399% SEMAPA 8,520 0,472% SONAE 0,814 0,123% SONAE IND. S 1,558 -1,0

Director-geral do FMI diz que o principal problema é o financiamento dos bancos e a dívida privadaPortugal volta hoje ao mercado
Bancos compram hoje dívida pela última vez antes de suspenderem financiamento ao Estado
06.04.2011 - 09:13 Por PÚBLICO

9 de 16 notícias em Economia
« anteriorseguinte »O Estado faz hoje uma nova emissão de dívida no mercado, que poderá ser a última nos moldes actuais. Espera-se que alguns bancos portugueses assegurem o êxito do leilão, que poderá contar com uma ajuda complementar, a do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social.
Mas este leilão, cujo montante indicativo se situa entre os 750 mil e os mil milhões de euros, deverá ser o último a contar com a participação dos bancos nacionais, que já fizeram saber que não pretendem continuar a financiar o Estado português.

Ontem, circulavam informações nos meios financeiros de que um dos compradores potenciais dos bilhetes de tesouro seria o fundo de capitalização da Segurança Social. O envolvimento do instituto que gere o orçamento da Segurança Social visaria assegurar o sucesso da emissão, realizada em condições extremamente adversas: cortes sucessivos do rating da República,
para níveis próximos de “lixo”, e a escalada dos juros da dívida pública.


www.publico.clix.pt

terça-feira, 5 de abril de 2011

A. PEDRO RIBEIRO ENTRE OS MALDITOS SEGUNDO VALTER HUGO MÃE

Diário da Madeira

Sexo, pilas, drogas e outros prazeres e maldições. O dia estava bonito e os escritores da segunda mesa do Festival Literário da Madeira deixaram-se de precauções. Libertaram o verbo e, com isso, foram malditos, como o tema proposto. Uma sessão, portanto, sem tabus, a caminho de uma definição do que poderá ser isso de escritores malditos.
Para Valter Hugo Mãe, maldito começou por ser o que a dona Alicinha lhe chamava, quando ele roubava cachos de uvas do seu quintal. Só mais tarde se tornou terreno literário, quando com 15 ou 16 anos passou a comprar livros da editora Hiena. Malditos passaram a ser Baudelaire, Genet, Artaud e outros que tais. "Levava os livros como sangue de um crime dentro da pasta da escola que parecia pingar no chão um rasto vermelho", recordou o autor de A máquina de fazer espanhóis. "Os textos a pesarem-me na pasta haveriam de ser muitos, e eu sempre corado quando alguém percebia que não estava a ler as carochices inventadas para entreter os povos e anestesiar-lhes o pensamento". Foi este sentimento que o levou a pensar: "O escritor maldito será, por isso, aquele que tendencialmente lemos às escondidas, por representar um compromisso desconfortável, talvez induzindo a uma concordância com as ideias destemperadas que veicula. Noutro sentido, estando vivo, maldito pode ser o que nos cria um frisson entre o susto e o expectante que tanto nos fascina como nos desregula no cara a cara." E com o tempo uma conclusão impôs-se: "Na realidade, vistos com nitidez, os malditos são invariavelmente moralistas e jogam com o que nos pode ofender para que, ofendidos, pronunciemos a culpa e procuremos a terapia. Dito isto, explica-se simplesmente, os malditos são, afinal, boas pessoas".
Pegando em alguns exemplos que Valter Hugo Mãe deu - Lautréamont, Eduardo Pitta, Alberto Pimenta, José Emílio-Nelson, Isabel de Sá, A. Pedro Ribeiro e sobretudo Adília Lopes -, Isabela Figueiredo afirmou logo a abrir: "Não há nenhuma arte que não seja maldita. A arte é sempre amoral e imoral". Que maldição é esta? "Mostar que os escritores são pessoas normais, nem melhores, nem piores. E revelam o que nos mandam calar na família, na igreja, na escola e na sociedade". E que temas são esses? "O que é privado: o sexo, o pé de atleta, a hipocrisia, as relações de interesse, no fundo, a lama e a merda de que somos feitos".
Foi essa liberdade que mais impressionou Sandro William Junqueira, quando descobriu a obra de Herberto Helder. E, entre vários exemplos, que não deixaram de quebrar outros tantos tabus, atirou: "Gosto de leitores que me dão pancada. Porque essa é uma das funções da literatura: dar uma outra visão das coisas."
A sessão ia animada, com muitas perguntas por parte do público, até que Raquel Ochoa, da plateia, lançou mais lenha para a fogueira: "E o que acham dos escritores que escrevem sob o efeito de qualquer droga ou alucinogénico?". O dia estava mesmo bonito, como no poema de Adília Lopes ("um dia tão bonito/ e eu não fornico").
No fim, Violante Saramago recolocou a questão: não será o escritor maldito também aquele que propõe rupturas sociais? "A ver como respondo a esta confusão", brincou Valter Hugo Mãe. E sintetizando, disse: "O que me interessa é saber o que é isto de ser mais do que uma pessoa e viver em sociedade. E os malditos que me interessam são os que têm um pensamento político". E fechou: "Não fumo cigarros, nem tomo drogas, nem bebo café ou álcool. A minha única alienação é aquela que entra pelos livros adentro".
Posted by Luís Ricardo Duarte at 5:20 PM Email This
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Labels: Diário da Madeira

sexta-feira, 1 de abril de 2011

LANÇAMENTO DO LIVRO "NIETZSCHE, JIM MORRISON, HENRY MILLER..."

A. Pedro Ribeiro lança o livro "Nietzsche, Jim Morrison, Henry Miller, os Mercados e Outras Conversas" (Corpos/World Art Friends) amanhã, sábado, dia 2, pelas 22,00 h no Plano B no Porto. O evento inclui o lançamento de livros de outros autores e performances de Ex-Ricardo de Pinho Teixeira, Luís Carvalho e A. Pedro Ribeiro.