quarta-feira, 17 de novembro de 2010

MÁRIO-HENRIQUE LEIRIA

TORAH

Jeová achou que era altura de pôr as coisas no seu devido lugar. Lá de cima acenou a Moisés.

Moisés foi logo, tropeçando por vezes nas lajes e evitando o mais possível a sarça ardente.

Quando chegou ao cimo, tiveram os dois uma conferência, cimeira, claro. A primeira, se não estou em erro.

No dia seguinte Moisés desceu. Trazia umas tábuas debaixo do braço. Eram a Lei.

Olhou em volta, viu o seu povo aglomerado, atento, e disse para todos os que estavam à espera:

- Está aqui tudo escrito. Tudo. É assim mesmo e não há qualquer dúvida. Quem não quiser, que se vá embora. Já.

Alguns foram.

Então começou o serviço militar obrigatório e fez-se o primeiro discurso patriótico.

Depois disso, é o que se vê.

(MÁRIO-HENRIQUE LEIRIA - «Contos do Gin-Tonic»)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

DO ARTISTA-PROVOCADOR


A minha escrita tem mudado de estilo. Tenho escrito de uma forma mais leve, límpida. Isso não quer dizer que tenha abandonado as minhas ideias revolucionárias. No entanto, penso hoje que a linguagem marxista-leninista e mesmo algum anarquismo são muito rígidos, atribuem um papel messiânico à classe operária e aos trabalhadores e desconfiam dos intelectuais. Vejo com cepticismo o papel das pretensas maiorias. Penso até, como Nietzsche, que a maioria e a democracia burguesa são sinónimos de mediocridade, de primarismo intelectual, de rebanho. As revoluções serão sempre, pelo menos numa primeira fase, obra de minorias. Poderei eventualmente acreditar que um dia haverá um grande número de criadores, de mentes esclarecidas. Mas, neste momento, julgo que é a acção pela diferença que faz a diferença. Julgo que é ao artista-provocador, que se distingue do vulgo, da maioria, e aos pequenos (ou maiores) grupos revolucionários que não se limitam a marchar nas manifestações que compete fazer a diferença. Analisando a realidade, o artista-provocador fala uma linguagem diferente da da maioria, da da economia, ridicularizando permanentemente o instituído, utilizando a sátira, a graça, a ironia ou mesmo um tom mais duro. Enquanto os grupos revolucionários partem os vidros dos bancos ou enviam pacotes com explosivos, o artista-provocador-criador desmonta a lei do mercado e dos mercados, no palco ou na escrita, assumindo, portanto, um papel incendiário e chamando mais gente para a causa. Cremos ser esse o legado que Jim Morrison deixou. A sua revolução não é rígida nem dirigida como a dos marxistas-leninistas. A sua revolução é um hino à liberdade absoluta, um convite a que cada um pense por si e se afaste da idelogia dominante, castrante, mercantil e do pensamento da maioria. É do indivíduo, do artista, daquele que tudo põe em causa, e não das massas, da maioria, que nasce a revolta.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

39 ANOS DEPOIS...


Num mítico concerto em Miami
Jim Morrison poderá vir a receber perdão por exibicionismo em 1969
10.11.2010 - 09:51 Por Susana Almeida Ribeiro


O governador da Florida sugeriu que o mítico vocalista da banda The Doors, Jim Morrison, poderá vir a receber um perdão póstumo pelos seus actos de exibicionismo durante um concerto em Miami, em 1969.
James Douglas “Jim” Morrison nasceu no estado da Florida a 8 de Dezembro de 1943 e morreu em França, em Julho de 1971 (DR)

O governador Charlie Crist - que está prestes a abandonar as suas funções - indicou que está a considerar o perdão a Morrison, que foi condenado a meio ano de prisão em 1969 por ter gritado obscenidades e ter mostrado os genitais ao público que pagou bilhete para o ouvir.

“Fiquem atentos”, disse Charlie Crist esta semana ao jornal “The Hill”. “É algo que eu estou disposto a tratar durante o tempo que ainda me resta em funções”.

O caso remonta a 1 de Março de 1969. O concerto dos Doors no auditório Dinner Key, em Miami, transformou-se num evento mítico que entrou para os anais da história do rock na América.

Morrison chegou ao local do concerto - que estava a abarrotar - depois de um dia de bebidas e depois de ter visto, na véspera, uma peça provocadora em Los Angeles, recorda o “The Guardian”. O ambiente era, por isso, explosivo. O vocalista começou a hostilizar o público e a gritar palavrões. Às tantas, perguntou à audiência se queria que ele mostrasse o seu pénis (não exactamente por estas palavras). Não é totalmente claro se acabou por mostrar ou não os seus órgãos genitais porque os momentos seguintes foram confusos, com pessoas a invadir o palco e Morrison à luta com o promotor do espectáculo. Durante o julgamento houve igualmente testemunhas contraditórias e o processo acabou por se transformar num debate acerca da liberdade de expressão.

Fosse como fosse, Morrison acabou sendo absolvido dos crimes de comportamento lascivo e de embriaguez, mas foi condenado por profanação e por exibicionismo. Foi condenado a uma pena de seis meses de prisão e ao pagamento de uma multa de 500 dólares. O cantor acabou, porém, por pagar a fiança e morrer em Paris, aos 27 anos, enquanto aguardava o resultado do recurso.

O governador Crist já tinha dito, em 2007, que havia “algumas dúvidas acerca da solidez do caso”. Depois de ter perdido, na passada semana - nas eleições intercalares - o seu cargo para o candidato republicano Marco Rubio, o governador tem até Janeiro para emitir um perdão.

A reunião final que ira decidir se haverá ou não clemência terá lugar no passado dia 9 de Dezembro, um dia antes daquele que assinalaria o 68º aniversário de Morrison, caso este estivesse vivo. “Tudo é possível”, prometeu Crist.

James Douglas “Jim” Morrison nasceu no estado da Florida a 8 de Dezembro de 1943 e morreu em França, em Julho de 1971. Foi encontrado sem vida na banheira do seu apartamento arrendado em Paris. Como não foram encontrados vestígios de acção criminosa, acabou por não ser realizada nenhuma autópsia, tal como está previsto na lei francesa, o que contribuiu para adensar o mistério em torno das causas da sua morte e reforçou o estatuto de Morrison como lenda da música.

O artista é ainda hoje considerado como um dos mais carismáticos vocalistas de todos os tempos - em larga medida devido à sua personalidade teatral - e consta no número 47 da lista dos 100 Melhores Cantores de Sempre elaborada pela revista “Rolling Stone”.

www.publico.clix.pt

Não à PRIVATIZAÇÃO DA CP

Lisboa, 10 nov (Lusa) - O líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, defendeu hoje que a concessão a privados dos transportes ferroviários é uma "solução estúpida", que vai fazer aumentar o custo para os cidadãos, significando um corte indireto nos salários.

"A privatização é uma economia estúpida, é uma solução estúpida para um país que precisa de soluções inteligentes, precisa de soluções fortes do ponto de vista económico", defendeu o líder bloquista.

Francisco Louçã viajou nos comboios da CP, na linha de Sintra, e depois no comboio da ponte 25 de abril, explorado pela Fertagus, sendo que a última empresa cobra, segundo as contas do BE, mais 83 por cento por quilómetro pelos serviços.

O bilhete da CP para o troço Lisboa Sintra é de 1,75 euros, enquanto que igualmente para percorrer 27 quilómetros, entre Lisboa e Coina, a Fertagus cobra 2, 95 euros.

O passe mensal da Fertagus custa 66,9 por cento e o passe mensal da CP na linha de Sintra custa 35 euros, sendo que, sublinhou Francisco Louçã, na Fertagus "não há passe social".

"Temos a certeza que a ferrovia é degradada se ela for entregue à gestão privada porque a fatura vai ser paga pelas pessoas quando o Estado fez o investimento", argumentou.

Para Louçã, "as soluções que passam por preços mais caros pelo mesmo serviço não podem ser inevitáveis".

"Quando o bilhete aumenta cinco por cento, que é o que vai acontecer a partir de 1 de janeiro, e os transportes são privatizados e os transportes vão voltar a aumentar isso quer dizer que o salário ou a pensão está a ser reduzida", afirmou.

"Num momento em que a economia é atingida por vagas especulativas, em que os juros aumentam, em que as dificuldades aumentam, nós precisamos de uma economia mais competente", defendeu, sublinhando que a privatização dos comboios é uma opção de uma "economia que está a ser pior para as pessoas".

ACL.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico ***

Lusa/Fim.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

RECLAMAMOS A VIDA


Reclamamos a vida.
A vida não é a vida pequena
que se fecha na família
nem no paleio sentimentalista
dos programas televisivos
a vida não é o que os mercados cagam
nem aqueles que se deixam cagar
pelos mercados

Reclamamos a vida.
O direito a dizer o que pensamos
homens livres
não escravos da lei, do poder,
do que quer que seja

Reclamamos a vida.
A vida não é uma nota nem uma moeda
não é negócio nem troca
nem castração do desejo

Reclamamos a vida.
A vida que eles nos roubam
a vida que não tem preço
o estar aqui
a vontade livre
que não está sujeita às cotações da bolsa
às medidas dos políticos
aos lucros dos banqueiros.

Reclamamos a vida.
Não estamos às ordens
estamos aqui livres, puros
como no dia em que nascemos
nada devemos a ninguém
estamos no começo.

Reclamamos a vida.

VIP

O "Vip" mudou de gerência. Lá se foram o Luís e a Carla. Dava-me bem com eles. É pena. Eram das únicas pessoas com quem falava aqui em Vilar do Pinheiro. Afeiçoamo-nos aos lugares e às pessoas. E as pessoas estão nos lugares. As pessoas são os lugares. É pena.
A Cláudia Pinho hoje apareceu no "Jornal de Notícias". Um abraço ao Luís e à Carla.

domingo, 7 de novembro de 2010

ONDE ISTO VAI...

Ficaram sem ter como pôr comida na mesa e começam agora a engrossar as filas nas instituições que prestam ajuda assistencial. Muitos dos 280 mil portugueses que dependem dos cabazes do Banco Alimentar contra a Fome são da classe média. Tinham emprego, férias, acesso à net e tv por cabo, cartão de crédito. Ficaram com uma casa para pagar ao banco, um subsídio de desemprego que tarda a chegar - quando chega - ou que já acabou. Um carro que já não sai da garagem.
É pelas idades e roupas mais cuidadas que se notam os novos utentes (Foto: Manuel Roberto)

Chegam à Assistência Médica Internacional (AMI), à Caritas ou às Misericórdias e pedem comida, ajuda para pagar os livros dos filhos, a mensalidade da casa, a conta da farmácia. Pedem, sobretudo, que não lhes divulguem o nome, porque nunca se imaginaram na posição de quem faz o gesto de estender a mão a pedir ajuda. "São pessoas que [nas cantinas comunitárias] comem viradas para a parede, têm vergonha de ser vistas ali, se lhes perguntamos o nome, fogem...", ilustra Manuel Lemos, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), em cujos refeitórios comunitários (que substituíram as velhíssimas sopas dos pobres) "a procura aumentou entre 200 a 250 por cento".

Ainda nos refeitórios das misericórdias, as médias etárias baixaram "dos 65 ou mais para os 42 anos ou menos", calcula Manuel Lemos. E que quem ali vai já não são só os sem-abrigo, os velhos e os inempregáveis do costume. Prova-o a forma como se vestem. "São pessoas arranjadas e cuidadas, nota-se que já tiveram a vida mais equilibrada. Ficaram desempregadas, ou aconteceu-lhes outro qualquer desarranjo, mas naturalmente não deitaram a roupa fora...", conjectura o padre Rubens, da Igreja do Marquês, no centro do Porto, onde noite sim, noite sim, comem cerca de 200 pessoas, num serviço que foi concebido no ano passado para 40 (ver texto ao lado).

Na maioria das vezes, os pedidos chegam por email. "Desde o ano passado que nos chegam pedidos de professores, advogados, engenheiros: profissões que nada fazia prever que precisariam de ajuda institucional", diz Daniela Guimarães, educadora social na Cáritas do Porto. Por causa destes novos utentes, a Cáritas ampliou a sua oferta, que era alimentar e de vestuário. "Este ano criámos apoio medicamentoso, e, entre Janeiro e Outubro, investimos 5063 euros em medicação. Os apoios pontuais para pagar a água, a luz ou renda também não existiam, mas as pessoas começaram a chegar aqui já com a luz cortada ou com as casas em situação de execução fiscal e tivemos que começar a intervir aí também."

Na distribuição de roupa também houve alterações. "As terças-feiras à tarde continuaram a ser maioritariamente para os sem-abrigo e depois abrimos mais um dia para as outras pessoas que sempre viveram bem e que de repente...". E que repente ficam com os bolsos vazios a sugerir a necessidade de um emprego. Pessoas que, mesmo com emprego, de repente baixam a cabeça para contar que o dinheiro já não chega sequer para o café diário. "Há dias uma funcionária pública contava-me que, perante as colegas, disse que o médico a proibira de tomar café, porque tinha vergonha de assumir que não tinha dinheiro para as acompanhar."

Na maior parte das vezes, os pedidos chegam quando a retaguarda familiar já se desmoronou. E depois há "os recibos verdes, que não se encaixam nas "gavetas", porque não preenchem os requisitos para nenhum tipo de apoio", nota Daniela Guimarães.

Fechados em casa com fome

Menos mal quando pedem ajuda. Nos centros Porta Amiga, da AMI, 7026 pessoas pediram apoio social no primeiro semestre de 2010. Cerca de 75 por cento do total de 2009. A maioria entre os 21 e os 59 anos, ou seja, com idade para estar a trabalhar. Mas a coordenadora regional do Porto da AMI, Cristina Andrade, lamenta é pelos que não chegam a sair de casa. "Há muita gente fechada em casa, a passar fome. Com vergonha de sair porque nunca na vida pensaram ter que recorrer a uma instituição. Antes de cá chegarem, já venderam o recheio da casa, acumularam dívidas e só vêm quando as coisas estão em tribunal ou quando não têm para dar de comer aos filhos", relata. E insiste numa ideia que há-de repetir várias vezes: "Pedir ajuda é um direito, as pessoas têm que perder a vergonha de o fazer."



www.publico.clix.pt

sábado, 6 de novembro de 2010

APOIO A ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO

O síndrome poético de Alegre e a politiquinhez de Cavaco
Manuel Alegre é um poeta, e por consequência, pelo menos no seu caso, vive num estado de delírio que só lhe faz mal à saúde. Vendo-se preso entre o apoio do PS e do BE, tenta com um jogo de cintura pouco eficaz agradar a gregos e a troianos. Um dos seus principais handycaps na campanha que se avizinha é o de ter um discurso muito parecido com o de há cinco anos atrás, com as baterias apontadas apenas a Cavaco Silva, mas detendo-se em pormenores insignificantes. Poderia ter feito uma maratona controlada e ganhar a corrida apenas com um pouco de desgaste e agora vai ter de fazer um sprint de cem metros sendo que Cavaco colocou o seu bloco de partida cinquenta metros à frente. Cavaco que andou a estudar durante o ano a melhor estratégia a seguir, sem falar muito para não fazer asneiras, a criar tabus onde eles não existiam para que fosse depois empolado o anúncio da sua candidatura, classificado por todos como a notícia mais previsível do ano, tão previsível que Cavaco ficou chateado com Marcelo Rebelo de Sousa por este ter antecipado a data do anúncio: seria essa a única surpresa para dar aos portugueses. Enquanto que de Manuel Alegre se esperavam ideias novas, em Cavaco o discurso acaba por ser sempre o mesmo. Os eleitores já sabem isso e não estão à espera de mais, o que pode ser uma vantagem para o actual presidente.
Em clara pré-campanha desde há muito, tem mandado cá para fora umas farpas a dizer: "estou presente, não se esqueçam de votar em mim". O facto de ter dispensado os outdoors não passa de pura demagogia, já que em todas as aparições públicas, vestindo o fato de presidente, calça as botas de candidato a presidente, num sinal de politiquinhez, a política mesquinha de quem está seguro no lugar.
Manuel Alegre disse há dois dias que "Cavaco não gosta dos políticos", e só fez um favor a Cavaco porque é exactamente essa a ideia que ele quer passar: que não tem nada a ver com a crise e os actuais políticos (como se não tivesse sido político nos últimos trinta anos), relembrando a todos os que nele acreditem que o país só está assim por causa dos outros políticos, Manuel Alegre incluído (não referindo como é óbvio que este tem sido sempre contra as políticas anti-sociais dos últimos anos). Cavaco com a classe política parece um pai a ralhar aos filhos mal comportados. Alegre, de barbas brancas, assemelha-se a um avô a contar histórias aos netos junto à lareira, a passar-lhes a mão pelo cabelo mas a dizer que só têm feito asneiras.

A ideia que passa nos dias que correm é que a Presidência, enquanto instituição democrática, é um cargo distituído de importância, e Cavaco só acentuou isso nos últimos anos. Se Jorge Sampaio foi muitas vezes criticado porque não se percebia metade do que dizia, tão complexas e subtis eram as suas mensagens, com Cavaco não há esse problema: tudo o que ele diz já foi dito por alguém e toda a gente o sabe de antemão.
De facto o que precisamos, para além de um bom governo, é de um verdadeiro líder para o país, um presidente que se quer interventivo e que diz o que pensa. Que não venha com paninhos quentes nestes tempos difíceis, que para isso existem os ex-presidentes da República.
A escolha não vai ser fácil. À direita não existe uma escolha plausível. Ponto parágrafo.
À esquerda as possíveis escolhas não são animadoras: Francisco Lopes nem o PCP sabe quem é, e para além disso é comunista. Fernando Nobre está muito bem na AMI e não tem estofo para a Presidência, ironicamente por não ser político. Sendo uma pessoa de bom senso ia ter problemas a nível internacional, problema comum a Manuel Alegre.
Talvez vote em António Pedro Ribeiro ou Manuel joão Vieira: esses ao menos são delirantes assumidos.

http://jamesblackhill.blogspot.com

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

À MEMÓRIA DO CARLOS PINTO, ALMA DO PÚCAROS E DAS QUARTAS DE POESIA


Sem o Carlos Pinto, o Púcaros já não é o Púcaros. Sem o Carlos não há mais aquele abraço fraterno, aquela voz que dizia que no Púcaros não há classes e que, às quartas, era a anarquia. Sem o Carlos já não há aquela piada nem o homem da sineta que, de vez em quando, "rabujava". Sem o Carlos já não há aquele afecto, aquela camaradagem que quase já não se usa porque vem de dentro e é autêntica. Sem o Carlos há quem se sinta órfão à quarta-feira. Sem o Carlos eu já não sei o que vou fazer à quarta-feira. Sem o Carlos não há tertúlia, nem democracia, nem discussão até às tantas. Sem o Carlos não há socialismo nem liberdade à solta. Sem o Carlos a generosidade fica mais fraca. Sem o Carlos eu já não tenho boleia.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A 7 DE DEZEMBRO TIREMOS O DINHEIRO DOS BANCOS!

Este evento começou na França http://www.facebook.com/event.php?eid=101996426533405&ref=ts , e está a espalhar-se pela Europa e já alcançou alguns jornais. Para os restantes eventos europeus veja o fundo da descrição.

Prefácio
Aproveitemos o momentum!
Este evento não tem como objectivo fazer o sistema colapsar de imediato.
...Protestar, de pouco vale. Acções pacificas e não-violentas em larga escala é a única maneira de reivindicação dos nossos direitos. À semelhança dos Movimentos de Gandhi e Martin Luther-King.

Como os banqueiros têm tantos triliões para emprestar a tantas nações? A verdade é que não os tem.

"É bom que a população da nação não perceba como funciona o sistema bancário e monetário, se soubesse haveria uma revolução já amanhã" Henry Ford

A crise financeira é artificial, criada pelos banqueiros internacionais. Não queremos que os mesmos que criaram a crise, venham a Portugal e baixem ainda mais os nossos salários, e precarizem ainda mais o trabalho.

Sim estamos a falar do FMI. Vejam o exemplo grego.

Se não querem ver miséria e desemprego a uma escala nunca vista, é altura de resistir.
Esta crise irá tocar a TODOS, excepto à elite.


Chamada (traduzido - Retirado do Stop-Banque Alemão)
Stop Bank é um convite à escala europeia para levantamento maciço de fundos nas contas bancárias e fechamento das contas de poupança.

A campanha de Stop Banque, em França, foram 13.100 participantes, e espera mais 57 mil.
Este é o primeiro grupo de acção espontânea, a fim de proteger-vos da comunicação social e corrupção política e nos libertar da escravidão que nos foi imposta pelos grandes banqueiros.

Nossa acção é legal, sossegada, secular, não política e não-sindicalizada.

Fazemos isso porque, obviamente, mais manifestações não trás benefícios porque a elite não ouve e mesmo assim o poder real está nas mãos de bancos internacionais e corporações.

Portanto, em 7 Dezembro retirar o dinheiro em massa dos nossos bancos!

Estamos conscientes de que estamos em crise, com desemprego elevado, e que a maioria emprega angústia pura, e que não faz sentindo mudar alguma coisa. ERRADO!

"pequenos riachos fazem os grandes rios!"

Precisamos construir tanta pressão para fazer os políticos perceberem que o poder deles existe porque nós o toleramos. Mas nós também podemos mudar as regras!

Esta acção deve acontecer em conjunto e ser contínua, para que possamos fazer as nossas elites "tremer".

Aqui está uma proposta de um modelo de carta para aqueles que estão expostos e que não tenham dinheiro na conta bancária.

E aqueles que param para decidir o financiamento de sua própria escravidão, esta carta deve terminar a retirada de seu dinheiro dado como uma carta de despedida aos seus funcionários.

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"Querido banqueiro, o meu banqueiro,

Gostaria por este meio de fazê-los entender que "nós sabemos o que você está fazendo com o nosso dinheiro.

Como já sabíamos há algum tempo que os seus "patrões" influenciam a política mundial, gostaria de expressar discórdia com a sua política da sociedade prejudicial.

Eu não posso participar nesta acção espontânea e pacífica civil. No entanto, alguns cidadãos decidiram hoje pela retirar o seu dinheiro, e fechar as suas contas correntes e de poupança em seu "banco" para tomar seu destino nas suas próprias mãos agora. Porque sabemos que são os capangas da elite apátrida e egoísta.

Este primeiro acto individual será talvez insignificante, mas vai aumentar.

Espero, como cidadão, que a regulação da nossa moeda não seja feita por privados, mas sim revertida para o interesse público.

Obrigado por respeitar essa carta.

Com os melhores cumprimentos, um cidadão.
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Esta acção é: não-sindicalizada, livre, legal, tranquila, longe de questões raciais, fora das crenças religiosas e filosóficas dos participantes individuais.

Juntos, estamos unidos sob a bandeira:

BANCO STOP!
CIDADÃOS espontânea iniciativa!

Em 7 Dezembro, nós vamos ter todo o nosso dinheiro fora dos bancos!
Todos estão convidados a participar neste esforço.

Para um valor de vida na Europa!

Tradução incompleta do alemão:
http://alles-schallundrauch.blogspot.com/2010/10/die-franzosen-lassen-andere-wie.html.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

ATÉ SEMPRE, CARLOS PINTO!

Sem o Carlos o Púcaros nunca mais será o Púcaros. Sem o Carlos não há mais aquele abraço fraterno.

sábado, 23 de outubro de 2010

DA GOTUCHA


DA GOTUCHA

Sente-se mais senhor. Sente-se o homem em construção, um homem nobre. Sabe que agora não há volta a dar-lhe. Não há ponto de retorno. Seguiu determinada via, seguiu a via da liberdade e da vida aumentada, seguiu os ensinamentos de Nietzsche, Morrison e Miller, apesar de haver ocasiões em que se deixa bombardear pelo sistema. É preciso que a Gotucha o compreenda. É preciso compreender também que o escritor trava batalhas terríveis consigo próprio. É preciso compreender que o capitalismo e a castração entram por nós dentro e nós temos de vencê-los. É preciso derrotar também os nossos demónios, os nossos fantasmas. Sim, a luta está dento de nós, Gotucha. É também graças à nossa vida interior que acrescentamos vida. O escritor procura o triunfo da vida. O escritor enfrenta os pregadores da morte e da economia. O escritor escreve e aguarda o avião da Gotucha. Que nada de mal aconteça à sua menina, é tudo quanto deseja. O escritor escreve à esplanada da “Padeirinha”. Está muito calor. Pouco ou nada se passa à sua frente. Sente-se mais apto para enfrentar o mundo. Sente-se mais sábio. Com mais palavras. Sente-se dono da palavra. Escreve livremente. Sente-se solto. A loira não está. Mas isso não o desmoraliza. Olha as horas. Tem que se preocupar com o avião da Gotucha. Com a Gotucha preocupa-se verdadeiramente. Fica triste quando ela está triste. Ri quando ela ri. Acredita na Gotucha. A Gotucha deu-lhe a volta à cabeça.

DE MIGUEL CARVALHO

Sabes, José?

Sabes, José? Nos quarteirões da minha cidade, voltaram os pedidos de meio frango com ar envergonhado e dinheiro contado. Na repartição dos correios, diante da minha porta, os funcionários já viram mãos alheias perto do gasganete em dias em que faltou dinheiro na caixa para pagar a pensão do mês. E há mais clientela esperando a sua vez.

Uma tragédia, José, quem havia de dizer que os nossos antigos iam morrer vivendo, de pé?

Também tenho reparado que os carrinhos de supermercado andam menos recheados, sabes? Mas deve ser das minhas vistas, tenho de mudar as lentes, certamente. Uma coisa tenho reparado e essa eu vejo bem: na hora de pagar, algo fica para trás. Um pacote, um algo que vinha e já não vem.

Nas farmácias, os velhos dizem que seleccionam medicamentos por não terem forma nem maneira de pagar a ementa dos remédios gourmet das suas eternas maleitas. Entre a doença, as dores e a boca, escolhem o pão, como não?

Olha, José, vê os portões das fábricas a fechar, o presente a definhar.

No nosso País de misérias e angústias, há um rumorejar a borbulhar, José. Ouve-se por toda a parte, até aqui ao pé, no escritório do lado, na mercearia da esquina ou no balcão do café.

Já não é só futebol, José, o penalty que é ou não é.

São conversas fartas, raivas incontidas, vidas fora-de-jogo à espera da reviravolta que nunca vem para quem sempre joga limpo.

Olha, José, vocês aí no alto discutem números, austeridade, a salvação nacional e a saúde da pátria depois do leite derramado. Mas aqui em baixo, no País terra-a-terra e na nação sem parlapié, há gente com défice de crença e paciência para acreditar de novo na sobrevivência.

Não sei, José, que dias virão a seguir.

Um dia, talvez mais cedo do que julgamos, vão juntar-se os deserdados do futuro, a polícia empobrecida e desprestigiada e os que pouco já tinham e agora não têm nada. Nesse momento, juntos, vão encher a praça. E aí, José, uma coisa eu garanto: não vai ter graça.

M.C.

http://adevidacomedia.wordpress.com

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A REVOLTA CONTINUA


França: Continuação dos protestos para a próxima semana

"Esperamos mais umas jornadas em força na próxima semana", declaram os sindicatos, indicando que as centrais sindicais não abrem mão da mobilização conseguida nas últimas semanas com sucessivas manifestações por todo o país, além das greves e bloqueios que atingem sectores vitais.

Instalações petrolíferas em todo o país continuam a ser alvo de acções diversas dos trabalhadores em greve, os 14 depósitos de combustível continuam bloqueados, apesar das intervenções das forças da polícia, que têm ordens Nicolas Sarkozy…

O aeroporto de Marselha esteve ontem bloqueado durante algumas horas e as 12 refinarias francesas continuam em greve por tempo indeterminado. A situação faz com que o abastecimento de combustível seja intermitente e cada vez mais escasso, com 3.200 estações de serviço encerradas, de um total de 12.300 postos em toda a França.

O final de semana é também decisivo porque na sexta-feira as escolas francesas encerram para as férias intercalares de Todos-os-Santos, o que poderá ter impacto no nível de mobilização dos estudantes do ensino secundário e universitário.

Os estudantes juntaram-se ao movimento de contestação e greve que refuta o novo regime de reformas, levando na prática ao encerramento de cerca de 400 liceus em todo o país e de, pelo menos, quatro universidades, devido ao bloqueio de instalações e, em vários pontos do país, havendo notícias de confrontos com as forças de repressão, a exemplo do centro da cidade de Lyon.

http://lutapopularonline.blogspot.com

ESTA NOITE A POESIA DE CHOQUE ENCHEU-SE DE GENTE BONITA