sexta-feira, 21 de agosto de 2009

AS BELDADES DA CONFEITARIA


Há duas novas beldades na confeitaria
agora, sim, dá gozo vir à confeitaria
depois de ontem ter visto
o documentário da Marylin Monroe
da doce e sensual Marylin
nua na piscina
eis-me aqui perante estas duas beldades
viva a beleza!
Abaixo a fealdade!
Não é o belo que procuramos, ó filósofos?
Talvez até volte a oferecer poemas
às meninas
talvez até volte a escrever poemas
expressamente dedicados às meninas
e estou novamente em cima
mesmo ficando na aldeia
as meninas ao alcance da minha visão
poder beijá-las
poder tocá-las
poder amá-las
e o mundo sorri de novo.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

APR NA RUA DE BAIXO



Visuais & Barulhos
Edição Nº36, Outubro, 2006

António Pedro Ribeiro

O que tem a ver José Socrates com os Doors, Nietszche ou H. Miller?Por vezes, ao observarmos uma fotografia antiga de Oscar Wilde, de Ernest Hemingway ou um qualquer outro mestre da literatura, somos invadidos por uma vaga de nostalgia; a da figura romântica do escritor, despreocupado pelos pormenores secundários de uma vida passada nas boémias tertúlias de café, por entre o tabaco, o ópio e o álcool, em viagem recreativa por entre as paisagens paradisíacas de países estrangeiros ou em comunhão telúrica com a terra em qualquer esconderijo pessoal no meio da Natureza.

Quem nunca teve um secreto ensejo de ser um Fernando Pessoa a escrever na esplanada d’A Brasileira, um Sebastião da Gama a colocar por palavras a beleza da Serra da Arrábida ou um Almeida Garrett a inspirar-se nas paisagens verdejantes do Douro, que atire a primeira pedra.

Claro que estou a exagerar, esta é apenas uma visão romântica do escritor. No entanto, é uma imagem que já não colamos aos autores contemporâneos. A culpa é da sociedade moderna e de conceitos como o capitalismo ou a globalização. Actualmente, existem demasiadas coisas com que nos preocuparmos, demasiada informação para assimilarmos e bastante pouco tempo livre para desfrutarmos.

O poeta portuense António Pedro Ribeiro parece não querer acreditar nisso e poderá vir a ser o último poeta romântico português. Isto apesar de “Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro e Outras Pérolas – Manifestos do Partido Surrealista Situacionista Libertário”, o livro que acaba de editar pela Objecto Cardíaco, ser uma obra política, irónica, satírica e algo surrealista, directa e quase panfletária.

“Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro…” é ainda uma obra influenciada pelos situacionistas, que não se furta a utilizar a técnica da colagem, ao utitilizar machetes ou excertos de notícias da comunicação social escrita misturadas com palavras suas.

A Rua de Baixo decidiu dar a conhecer um pouco mais sobre o poeta (e músico) António Pedro Ribeiro, que fez furor na recente edição do festival Paredes de Coura com as suas declamações. Foi sobre isto, sobre o seu inusitado amor pelo primeiro-ministro, sobre os The Doors e sobre muitas outras coisas que conversámos. Para conferir nas linhas seguintes.

Confessou-se apaixonado pelo primeiro-ministro. Pelo actual em particular?

A “Declaração de Amor…” não se aplica só a um primeiro-ministro, aplica-se a todos os poderes que estão podres, como dizem os surrealistas, os situacionistas, os anarquistas e outros esquerdistas. É claro que José Sócrates merece uma menção especial pela sua postura mecânica, robótica, arrogante e intolerante. Julga-se um super-homem, um homem-providência, cheio de rigor e competência como Salazar, mas é uma grande treta. Aliás, tal como a maior parte dos dirigentes dos partidos portugueses. Além disso, faz o jogo do imperialismo e do capitalismo mundial. Nada faz para combater a pobreza ou o desemprego. Os únicos primeiros-ministros portugueses que estimo são Afonso Costa, Vasco Gonçalves e Maria de Lourdes Pintassilgo.

Depois de algumas edições de autor, “Declaração De Amor Ao Primeiro-Ministro…” é o seu primeiro livro publicado por uma editora. Como surgiu o encontro com a Objecto Cardíaco?

A “Declaração de Amor” não é o primeiro livro publicado por uma editora. Em 2001 publiquei “À Mesa do Homem Só. Estórias” através da Silêncio da Gaveta, uma pequena editora sedeada em Vila do Conde e na Póvoa de Varzim, dirigida pelo João Rios e pelo José Peixoto. Ainda assim, em Maio desse ano, surgiu uma boa crítica na revista do “Diário de Notícias” [DNA] que já falava numa certa “descida aos infernos do álcool”, só que como nem eu nem a editora éramos conhecidos, a coisa caiu no esquecimento. Eu e o Valter Hugo Mãe, da Objecto Cardíaco, já nos conhecíamos das andanças dos bares e da poesia. Contudo, no ano passado o Valter ouviu-me recitar no café Pátio, em Vila do Conde, o “Poema do Défice” e o texto “Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro”. Perguntou-me se eu tinha mais coisas do género e eu disse que tinha quatro ou cinco coisas antigas e inéditas. Depois, de Julho a Setembro, escrevi o resto, até porque encontrei na casa da minha avó em Braga uma antologia do surrealismo francês e a “Arte de Viver para a Geração Nova” do situacionista Vaneigem. Foi mais uma volta à cabeça. O livro, no fundo, é um manifesto surrealista situacionista libertário em linguagem poética.

É o A. Pedro Ribeiro um autor exclusivamente político, de intervenção, ou o seu próximo livro poderá muito bem ser sobre outra coisa qualquer?

Não me considero um autor exclusivamente político. Até porque, na senda de Breton, a política não existe separada da vida. O amor, o sexo, a liberdade e a revolução são todas uma coisa só que as máquinas castradoras do sistema sempre tentaram dividir. Mas, ao fim e ao cabo, felizmente nunca o conseguiram no que respeita a alguns homens e mulheres. Nietzsche fala no espírito livre e em Dionisos e eu acredito.

Eu tenho um livro para sair há um ano chamado “Saloon”, através das Edições Mortas. O problema é que o editor - António Oliveira, mentor da livraria “Pulga” no Porto - anda teso e eu também. Esse livro é diferente. Tem a ver com a atmosfera dos bares, com as mulheres que estão do lado de cá e de lá, com o sexo que espreita mas raramente vem, com o engate, com as mulheres que amamos e com as outras que passam, com a noite e com os copos até cair, com o pistoleiro que entra no saloon a gingar e que assusta toda a gente, ou então é ostracizado. O meu próximo livro talvez se chame “Um Poeta a Mijar” e terá talvez duas partes ou dois livros: uma das partes vai ser estilo Dada e humorística com textos já conhecidos mas nunca editados em livro, como “Borboletas”, “Futebol Dada” ou “Mamas2″. A segunda parte ou livro poderá conter as tais iluminações, delírios ou alucinações - a fronteira é ténue -, estilo “Eu vi a morte nos olhos de Deus”, os tais textos que não sabemos de onde vêm. Contudo, não deixarei nunca de tomar posições políticas, talvez até funde uma coisa nova, mas não um partido, não suporto mais ver a coisa dividida entre dirigentes e dirigidos.

Não teme que não o levem a sério?

Eu já fiz muitos disparates. Mas se não tivesse feito alguns deles teria apodrecido de tédio ou de depressão. Mesmo quando estou a brincar ou com os copos, penso que as pessoas inteligentes entendem que já escolhi o meu lado da barricada. Há quem me ame e quem me odeie. Isso é natural quando dizemos ou cantamos determinados textos ou tomamos determinadas posições. É claro que custa não reagir às provocações quando insultam aqueles que amamos.

Sente-se um “poeta maldito”, como o eram Rimbaud, Baudelaire ou Sade?

Não me coloco ao nível de Rimbaud, Baudelaire ou Sade. No entanto, tenho a certeza que sou deles, que venho dessa linha de malditos onde incluo também Blake, Lautreamont, Jim Morrison, Nietzsche, Henry Miller, Bob Dylan, Allen Gingsberg, Péret e tantos outros. Não nasci para os empregos das 9 às 5 - dou-me mal neles, a rotina mata-me. Léo Ferré disse que o artista aprende a profissão no inferno. Eu vou lá muitas vezes e gosto, porque o céu, muitas vezes, é uma seca, com todos aos beijinhos, aos abracinhos, aos boatos, aos mexericos, às panelinhas e eu detesto. Serei um poeta maldito, mas isso não significa que não ame a Humanidade, as mulheres bonitas, o sol, as crianças. Esta merda que nos querem impingir é que eu não aceito. De qualquer modo, não sou, não quero ser, o versejador da corte.

São eles as suas referências ou existem outros?

Antes de falar em mais artistas queria elogiar todas as mulheres bonitas que amei e continuo a amar (mesmo quando nos chateiam a cabeça…). O meu amigo António Manuel Ribeiro, dos UHF, dizia que “a mulher é fundamental para o homem na sua criatividade”. Além do mais, tudo quanto nos rodeia, tudo quanto nos vem à cabeça, são referências. Posso também falar de Salvador Dali, Mário de Sá-Carneiro, Pessoa, Herberto, Cesariny, António José Forte, Led Zeppelin, Deep Purple, Breton, Artaud, Monty Phyton, Lucky Luke, Obélix, Eurípedes, Dioniso, Afrodite, Sócrates (o filósofo), Agostinho da Silva, Jack London, Henry Miller, Jack Kerouac, Platão, Marx, Bakunine, Rosa Luxemburgo, Hugo Chavez, Trotsky, Proudhon, Pasolini, Fellini, João César Monteiro, Marlon Brando, Bárbara Guimarães, Merche Romero, Minka, Sharon Stone, Kim Basinger, Pamela Anderson, Zapata, Pancho Villa, Marcos e Che Guevara. E tantos outros e outras…

O A. Pedro Ribeiro foi um dos grandes destaques das sessões de leituras realizadas este ano no festival Paredes de Coura, promovidas pela Objecto Cardíaco. Sentiu-se como uma estrela de música?

Essa coisa da estrela do rock n’ roll… da fama… é muito perigosa. Já me aconteceu antes por motivos políticos enquanto candidato do PSR, do Bloco ou à presidência da República. Os gajos põem-nos nos píncaros e depois, no fim, dão-nos porrada. Todos nos vêm cumprimentar, somos os maiores, mas passado um mês ou dois tudo se esquece no altar do tédio e da rotina. É uma ilusão. É claro que eu sempre tive a noção de que esta é uma sociedade de imagens. Mesmo quando cantava numa banda chamada “Ébrios” em Braga em 1990 e fui acusado de mandar fechar o hipermercado Feira Nova com um bando de guerrilheiros imaginários. Delírios, né? Às vezes temos de utilizar os “media” a nosso favor, sem os desprezar como fazem alguns dos meus camaradas anarquistas. Não nos podemos fechar num “ghetto” elitista, onde somos os detentores da verdade. O Rui Reininho fala em “subir ao povo”. Agora só me falta que o povo suba até mim… a coisa tem de ter uma sequência, senão torna-se uma viagem sem regresso. De qualquer modo, se vier a ser uma estrela (se não for preso ou internado antes…) acho que me vou retirar para o deserto ou para a montanha, para um sítio onde ninguém me conheça, ou então… talvez vá ter com os meus camaradas revolucionários da América Latina.

Ainda Paredes de Coura: um dos poemas que declamou foi «When The Music’s Over», de Jim Morisson. Porquê essa escolha?

Aos 16/17 anos, um amigo do Liceu Sá de Miranda, em Braga, – o Jorge Pereira – emprestou-me o disco “Strange Days” dos Doors, banda que eu só conhecia muito vagamente. À primeira audição estranhei. À segunda, sobretudo quando ouvi a canção «When The Music’s Over» parecia que o mundo recomeçava ali. Eu já percebia as letras críticas do Roger Waters, dos Pink Floyd, mas ali foi uma porta que se abriu, uma luz que veio ter comigo e nunca mais foi embora. “We want the world and we want it…Now!”, gritou o Jim Morrison e todos os sinos, todas as missas, todas as convenções, todas as ilusões, todas as falsas convicções, todas as aparências, todas as conveniências, todas as normas, todas as infâncias acabaram ali, naquele momento. E depois veio o “The End” e o “Apocalipse Now” do Coppola com o Marlon Brando no papel de xamã, como o Jim era. E, a partir daí, tive de ir sempre atrás da loucura… até hoje.

A música é também um dos seus prazeres? Houve algum grupo que tivesse gostado particularmente de ver em Paredes de Coura?

“Music is your only friend”, canta outra vez o Jim. A música sempre foi fundamental na minha escrita e na minha alma. Lembro-me do “boom” do rock português em 80/81 com os «Cavalos de Corrida» dos UHF, o «Chico Fininho» do Rui Veloso, a «Chiclete» dos Táxi, os Jafumega. Mais tarde, os Xutos, os GNR, os Mão Morta. E depois, claro, os Pink Floyd, os Doors, os Velvet Underground, a Nico e o Lou Reed, os Bauhaus, os Joy Division, os Led Zeppelin, os Rolling Stones, a Patti Smith, os Who, o Freddy Mercury, o John Lennon e o Bob Dylan. Ultimamente, ando mais virado para o punk (Clash, Sex Pistols), porque a linguagem directa do punk é a que melhor se aplica a estes dias de tédio e imbecilidade militante, e também para os blues – B.B.King, Muddy Waters, John Lee Hooker –, mas continuo a ouvir o José Mário Branco, o Zeca Afonso, o Fausto e o Pedro Barroso.

Em Paredes de Coura adorei os Panico, os Yeah, Yeah, Yeah, os Cramps e os Bauhaus – embora tivesse gostado mais deles no Coliseu em 99, estavam mais “iluminados”. A minha maneira de escrever sempre foi muito musical, muito rítmica. As letras que escrevo para a minha banda – Mana Calórica & Las Tequillas, que inclui o Rui Costa (guitarra), o Henrique Monteiro (guitarra), a Betânia Loureiro (baixo) e o Hélder Sottomayor (bateria) –, reflectem isso mesmo e são cada vez mais directas.

E quanto ao futuro, pode-nos adiantar algo sobre o seu próximo livro, ou sobre os seus planos para o futuro próximo?

De futuro espero estar vivo e inteiro, com ou sem as mulheres que amo, fazer concertos e performances com a Mana por todo o país e pelo estrangeiro e viver disso. Conto também escrever mais livros/fanzines “underground” como o “Sexo, Noitadas e Rock n’ Roll” (2004) e participar activamente na revolução mundial.

Por Pedro Soares

http://ruadebaixo.com/antonio-pedro-ribeiro.html

CONTRA O GOLPE DE ESTADO NAS HONDURAS

RESISTENCIA
El pensamiento revolucionario de Francisco Morazán es revivido en la resistencia popular que rechaza negociar con asesinos golpistas que han ofrecido la vocación democrática del pueblo.
cuando llegue el fin de este régimen inhumano representado por GORILETI, los tribunales internacionales enjuiciaron a estos enemigos de la patria que provocaron la muerte de inocentes. Pero será la historia y los pueblos latinoamericanos los jueces más implacables de los enemigos de la libertad como los facusse, canahuati, ferrari, chukri, kattan, maduro, santos, flores y toda la oligarquía hondureña.
Los falsos pastores como el cardemal Rodríguez y Oswaldo canales también pagaran por la infamia de ampararse en un DIOS de paz para justificar la sangre derramada en las calles.
No se transaran los principios y no se perdonara la represión y el asesinato. esta lucha no se detendrá hasta que se haga justicia, se consiga el retorno del presidente de la república MANUEL ZELAYA y se restaure una democracia participativa a través de la instalación de una asamblea nacional constituyente.


www.contraelgolpedeestadohn.blogspot.com

terça-feira, 18 de agosto de 2009

O POEMA QUE CURA

Volto ao "Piolho"
e bebo
todos os meus amigos
estão de férias
todos excepto o Paiva anarquista
escrevo, uma vez mais,
ao sabor da cerveja
ao menos a cerveja
puxa-me para cima
tantos dias na aldeia
tornam-me depressivo
e eu preciso combater a depressão
há um ano
que não tenho depressões prolongadas
curiosamente
chego ao "Piolho"
bebo e sinto-me logo melhor
não tenho grande explicação
para o fenómeno
viva o "Piolho"!
Viva a cerveja!
E, já agora, vivam as gajas!
Já posso olhá-las
com outra cara
até estou ao voltar aos poemas longos
mais um que vai para o livro!
Foi também Nietzsche,
a figura de Nietzsche
em "Quando Nietzsche Chorou"
que me manteve à tona
que me elevou
também recebi, via net,
mais elogios
à minha actuação em Paredes de Coura
é extraordinário!
Estou outra vez cheio de speed
e ainda há poucas horas
a queda parecia irreversível
viva Nietzsche!
Viva o "Piolho"!
Viva a cerveja!
E o poema prossegue
e volta a aparecer
o Paiva anarquista
admiro o Paiva
é um activista incansável
eu não sou um activista
ou deixei de o ser
só faço propaganda
quando subo ao palco
ou quando os meus livros
têm leitores
este ano, no 25 de Abril,
disse um poema na Praça
foi o meu momento
de maior intimidade
com o povo
por um lado,
quero subir ao povo
por outro lado,
há a questão do rebanho,
da populaça
que me faz procurar companheiros,
companheiras
como Nietzsche procurava
Zaratustra foi rejeitado pela populaça
e eu também sinto que o sou
talvez estejamos
demasiado elevados para a populaça

As mulheres vieram para junto de nós
ocuparam os lugares próximos de nós
Nietzsche dizia muito mal das mulheres
dizia que eram falsas e manipuladoras
talvez as mulheres nos queiram ouvir
talvez queiram escutar a nossa canção
talvez queiram abandonar a populaça
agora bebem vinho da caneca
talvez tenha chegado a altura
de despejar a minha poesia
não a posso guardar para mim
a minha poesia dirige-se ao mundo
mesmo que o mundo a não mereça
mesmo que o mundo seja a populaça
tenho de estar preparado para a rejeição
talvez tenha de esperar anos, décadas
como Nietzsche
mas não aguento mais a espera
"estou a ficar farto de tantos rodeios"
como Morrison
quero o aqui e o agora!
Quero a eternidade,
o instante eterno, agora!
Este é o poema
este é, de novo, o poema
que volta ao princípio
à origem
ao Eden
este é o poema que inicia
este é o poema
que começa com Eva
este é o poema que eleva
este é o poema que começou no "Piolho"
com cerveja
este é o poema
que afastou a doença
este é o poema
que vai dar a Zaratustra
este é o poema que dança
este é o poema
que nasce entre as mulheres
este é o poema que queres
o poema que se dirige ao mundo
que sobe ao povo
que faz com que o povo
deixe de ser populaça
este é o poema que salva
este é o poema que não precisa de Deus
este é o poema que eu precisava escrever
este é o poema que se eleva
às 9 e 7 da noite
no meio do "Piolho"
no meio das mulheres
este é o poema que cura
este é o poema que dura
este é o poema que grita
e que fica na cidade.


"Piolho", 17. Ago. 2009

NIETZSCHE


Nietzsche! Nietzsche!
Como és grande
e os outros tão pequenos
Nietzsche! Nietzsche!
A solidão torna-nos divinos
Nietzsche! Nietzsche!
Também eu tenho a minha Lou Salomé
sofro por ela
desespero com a sua ausência
Nietzsche! Nietzsche!
Cada palavra tua
é um relâmpago
cada palavra tua
é a loucura que me cura
a loucura
que me enche de sabedoria
Nietzsche! Nietzsche!
Como és grande
e os outros tão pequenos.

HOMEM LIVRE

Homem livre
tu amas a solidão
homem livre
buscas a verdade
homem livre
não vieste ao mundo
para fazer contas
não tens objectivos materiais
nem profissionais
homem livre
renegas o sobrenatural
és tu mesmo Deus
não tens as preocupações do rebanho
vives segundo a tua própria vontade
homem livre
os animais amam-te
o mundo sorri
o rio corre a teus pés
homem livre
és o que és
homem livre
nada se sobrepõe a ti
homem livre
acabas de nascer.

NÃO HÁ GOLOS PARA NINGUÉM


Levo a vida que Nietzsche levava
falta-me levantar mais cedo
dar uns passeios
a Gotucha é a minha Lou Salomé
e o futebol é sempre a mesma merda
22 imbecis atrás duma bola
nem sei como é que um gajo
se prende tanto àquela merda
deveria estar em Braga
com a Gotucha
mesmo que estivesse a olhar
para a bola
era mais feliz
e os técnicos da bola
fazem um ar sério
como se estivessem a fazer
grande merda
enfim, cada um na sua
uns bebem
outros escrevem
outros dão pontapés na bola
nada é mais importante
do que a outra coisa
e o jogo acaba
0-0
não há golos para ninguém
nem gajas boas.

domingo, 16 de agosto de 2009

SHE´S LOST CONTROL

Título: Re: Melhor concerto PdC 2009
Enviado por: caoserrano em Agosto 04, 2009, 12:18:31
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Citação de: Runcolho em Agosto 04, 2009, 12:13:02
Citação de: caoserrano em Agosto 04, 2009, 12:00:55
Citação de: LuisMiguel em Agosto 04, 2009, 11:57:03
Não entendo a razão de não incluirem para votação o concerto de Manuel D`Oliveira, no Palco Jazz Relva, pois a seguir a NIN e Franz Ferdinand, foi o melhor concerto de Pardes de Coura 2009.


Por acaso estiveram muito bem! :)

x2


Foram beneficiados pela actuação do poeta (Mana Calórica), que pôs toda a gente bem disposta. ;D
O tributo a Ian Curtis (Ela perdeu o controlo...) foi definitivamente muito melhor que o tributo a Joy Division, do ano passado! 8)

sábado, 15 de agosto de 2009

Tornar a nossa actividade economicamente rentável. Eis a premissa que a sociedade do lucro e do mercado exige. Neste momento, não exerço actividades economicamente rentáveis mesmo que elas tenham o seu público.
A televisão impõe-se ditatorialmente. Mesmo que estejamos absortos nos livros ou na escrita, mesmo que detestemos o programa, ela impõe-se.
Não, definitivamente o que me entusiasma mais não é o sexo mas a busca da verdade. Não em todas as àreas, bem entendido. O sexo é apenas uma coisa temporária. A busca da verdade é permanente, é a razão da minha existência. Só assim permaneço vivo, actuante e curioso.

O ÚNICO POETA


Sou o único poeta
que escreve nos cafés
e nas esplanadas
não vejo mais nenhum
vejo sim gajos com altos carros
com a conta recheada
gajos que subiram na vida
mas há dias
em que isso nada me diz
há dias em que estou
para além disso
nem sequer me apetece
ser realista
já há realistas que cheguem
porra!
Não tenho que ser como os outros
não tenho que ser como a maioria dos outros
não tenho que escrever o que os outros escrevem
não tenho que dizer o que os outros dizem
nem tenho de andar atrás deles
nem tenho de tomar "speeds"
como os gajos e as gajas da tarde
na televisão
nem tenho de ser simpático
com toda a gente
nem tenho de ser amigo
de toda a gente
nem tenho de dizer
poemas alegres
nem tenho de estar sempre alegre
há dias em que só me sinto alegre
depois de beber umas tantas
mesmo que esteja sozinho
e é sozinho que estou agora
uma vez mais
não é por isso que me sinto mal
habituei-me a estar sozinho
mesmo que seja Agosto
e que a Gotucha
já tenha chegado
sim, Carlos,
escrevemos sobre nós próprios
estamos sempre
a escrever sobre nós próprios
nada há a fazer
desenvolvemos este estilo
é claro que também
nos referimos aos outros
à televisão omnipresente
às riquezas
ao cacau
mas estamos sempre
a falar de nós próprios
num monólogo sem fim
é isto a vida
é isto a escrita
é isto o que sobra
de um dia de tédio.

PUTAS E ROCK N' ROLL


Escrevo, merda,
escrevo
e há quem ache graça
a Gotucha na Madeira
parece que vem hoje
e eu aqui
a aguentar a noite
a puta na mesa da frente
não dá uma da graça
sei lá se é puta
se calhar é uma respeitável senhora
uma aristocrata
não tenho dinheiro
não tenho mais nada
resta-me a Gotucha
as outras não têm pedalada
ou, se calhar, sou eu que não tenho
a meio da noitada
dizem que tenho
a letra bonita
mas de nada me adianta
é só mais um bar
na puta da minha vida
já estive muitas vezes
até ser dia
pouco me importa
as coisas rolam
e as putas lá fora
mamas à mostra
shorts
mini-saia
e eu sem nada
só me resta
o cacau para o metro.

O APOIO A ANDREA PENICHE

O APOIO A ANDREA PENICHE

António Pedro Ribeiro

Fez bem o Bloco de Esquerda em escolher a minha amiga Andrea Peniche como candidata à Câmara da Póvoa de Varzim. Já nos conhecemos desde as lutas estudantis na Faculdade de Letras do Porto e do PSR. A Andrea garante honestidade e combatividade contra o autismo e a arrogância de Macedo Vieira. A Andrea Peniche seguiu sempre a linha oficial do partido enquanto que nós nos fomos afastando- ainda fomos candidatos à Junta de Freguesia da Póvoa em 2005- por considerarmos que o Bloco abandonou as perspectivas revolucionárias de transformação da sociedade que estiveram na base da sua formação
e que vinham da UDP e do PSR e também por considerarmos que o Bloco, por vezes, se torna numa espécie de partido da ética, de paladino de uma virtude quase franciscana. Estas críticas, porém, não nos impedem de apoiar a candidatura de Andrea Peniche por ser, ainda assim, aquela que, a nível local, mais se aproxima das nossas ideias.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

BIG BEN


Volto ao "Big Ben"
e olho
observo
a puta que come
não é mais do que eu
nem menos
come
já aqui escrevi poemas brilhantes
espero pelo metro
já bebi o suficiente hoje
cerveja e vinho
o empregado confirma
a aniversariante
foi para casa
os amigos foram
aos bares da moda
e eu permaneço aqui
depois de ter ido ao "77"
a camisola branca
salpicada de vinho
as putas que chegam
noite feita
sangue do poeta
o cu que chama
há gajos que acham graça
à minha poesia
outros que permanecem sérios
à segunda rodada
sou o poeta que escreve
à mesa
ninguém mais o faz
nem o Prémio Nobel
nem o gajo do lado
escrevo poemas, sabes,
escrevo poemas
já não sou quem era
e há gajos que se armam
em vedetas
já não tenho mais dinheiro
mas já não posso
beber mais
ainda rebento
até ando de garrafola
pelas ruas
faço o que quero
só te quero a ti
que vens ter comigo
a meio da noitada
que até vens dizer
que és boa
e que me agradas
ninguém liga
ao poeta
nem sequer o gajo
que bate palmas
o que importa
é satisfazer o instinto
andar noite fora.