quinta-feira, 13 de agosto de 2009

BIG BEN


Volto ao "Big Ben"
e olho
observo
a puta que come
não é mais do que eu
nem menos
come
já aqui escrevi poemas brilhantes
espero pelo metro
já bebi o suficiente hoje
cerveja e vinho
o empregado confirma
a aniversariante
foi para casa
os amigos foram
aos bares da moda
e eu permaneço aqui
depois de ter ido ao "77"
a camisola branca
salpicada de vinho
as putas que chegam
noite feita
sangue do poeta
o cu que chama
há gajos que acham graça
à minha poesia
outros que permanecem sérios
à segunda rodada
sou o poeta que escreve
à mesa
ninguém mais o faz
nem o Prémio Nobel
nem o gajo do lado
escrevo poemas, sabes,
escrevo poemas
já não sou quem era
e há gajos que se armam
em vedetas
já não tenho mais dinheiro
mas já não posso
beber mais
ainda rebento
até ando de garrafola
pelas ruas
faço o que quero
só te quero a ti
que vens ter comigo
a meio da noitada
que até vens dizer
que és boa
e que me agradas
ninguém liga
ao poeta
nem sequer o gajo
que bate palmas
o que importa
é satisfazer o instinto
andar noite fora.

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