O MEU VOTO
António Pedro Ribeiro
Os meus amigos anarquistas e situacionistas defendem a abstenção nas eleições por entenderem que ao irmos votar estamos a legitimar a democracia burguesa. Compreendo perfeitamente essa posição. Mas penso que nas próximas eleições legislativas é importante votar para derrotar José Sócrates. José Sócrates representa o capitalismo no estado bruto com tiques repressivos e robóticos. José Sócrates governa contra os trabalhadores, contra os professores, contra os desempregados, contra a Função Pública. José Sócrates é um inimigo da vida, um ser que tresanda a morte. Importa derrotá-lo.
sábado, 19 de julho de 2008
SE ME PAGARES UMA CERVEJA ESTÁS A FINANCIAR A REVOLUÇÃO

O Arlindo dá-te os bons dias
o Rocha ficou, uma vez mais, a xonar
é Sábado de manhã
e eu estou outra vez cheio de speed
queria ir a Lisboa ver o Lou Reed
queria ir a Paredes de Coura ver os Sex Pistols
mas fico aqui nesta cidade
não fui feito para andar atrás do dinheiro
não fui feito para andar atrás do trabalho
nem tenho uma mentalidade produtivista
o Sócrates que vá trabalhar!
Mulher que me encantas quando soltas a anarquia
pela noite dentro
quando falas do broche de Deus
em jantares de família
apetece-me beijar-te em frente a toda a gente
apesar de estares comprometida
continua com esse pedal, miúda,
continua a pagar-me cervejas
estás a financiar a anarquia
passei meses junto dos livros
e agora volto à cidade
à assembleia ateniense
a palavra flui
troco retórica com os outros cidadãos
e os media vem ter comigo ao "Vip"
há quem diga que me descuidado no trabalho
de depuração dos versos e com razão
ah! No TRABALHO de depuração dos versos
afinal sempre é trabalho
pena que não seja remunerado
pago à letra
uma cerveja por um poema!
olha que se me pagares uma cerveja
estás a financiar a revolução
olha que Deus anda a fazer-me broches
olha que as mulheres gostam de mim
apesar de muitas não compreenderem onde quero chegar
olha que hoje me sinto absolutamente livre
olha que posso ter discussões violentas
olha que se me pagares uma cerveja
estás a financiar a revolução
olha que eu quero ser remunerado ao copo
olha que quando sou levado pela loucura
não tenho limites
olha que cheguei à conclusão que não posso ser político
se fosse eleito deputado era apanhado com brutas bebedeiras
em cenas non-sense e altamente maradas
olha que não atino com direcções
nem com comités centrais
olha que gosto de mandar uns berros
olha que não suporto presidentes de Câmara
nem de Junta
olha que gosto de ser provocatório
olha que tenho a escola da rua
olha que me tornei um punk
olha que não me importo de viver à custa da Segurança Social
ou do caralho que seja
olha que estou, de novo, na estrada do excesso
olha que se me pagares uma cerveja
estás a financiar a revolução
olha que até tenho a retórica
olha que rompi com o Bloco de Esquerda
porque não sou social-democrata
olha que já andei a incendiar carros
olha que simpatizo com os situacionistas,
com os surrealistas e com os dadaístas
olha que deixei de andar deprimido
olha que gosto de gozar com o quotidiano
e com o proletariado
olha que sou considerado perigoso
e tenho ficha na Judiciária
olha que há dias em que ando sem limites
olha que acho imbecil essa merda do casamento,
do estatuto e da carreira
apesar de ter estudado Sociologia
olha que Deus me anda a fazer broches
olha que se me pagares uma cerveja
estás a financiar a revolução.
sexta-feira, 18 de julho de 2008
FORA DA LEI

Começas a ficar outra vez farto de ter os controleiros em cima
foi por isso que saiste do partido
começas a não ter pachorra para a poesia lírica
tornaste-te punk mas não usas crista
o cidadão comum irrita-te
dizes poemas como se estivesses num combate de boxe
vomitas poemas
sabes que a loucura vem ter contigo
e deixas-te levar
portas-te mal
partes os vidros dos carros
ocupas hipermercados
derrubas estátuas
nunca te adaptaste aos empregos
nunca gostaste de ter chefes
cospes nos chefes e nos capitalistas
a humanidade leva uma vida imbecil
só ris quando gozas
tudo o resto te dá uma raiva imensa
compreendeste que na escola não eras uma nota
e deixaste de estudar
deixaste também de te levantar de manhã
leste Nietzsche e ouviste o Jim Morrison
e isso deu-te a volta à cabeça
as miúdas direitinhas não te compreendem
e as depressões fodem-te a cabeça
tornaste-te punk
e quando estás no palco só te apetece berrar
para desespero dos controleiros
és um animal de palco
e estás para lá
nada a fazer
nunca gostaste de polícias
nem que te andem a foder a cabeça
tiveste uma boa educação
mas aprendeste a linguagem da rua
há quem te chame desordeiro, arruaceiro
de vez em quando metes-te em confusões
até já apanhaste porrada
quando vais dançar a tua música
passas-te dos cornos
tornaste-te um punk
tornaste-te um roto
nunca tens dinheiro
nem te esforças por ter um trabalho
mandas tudo para o caralho
sentes-te irmão dos bêbados e dos drogados
és um poeta alucinado
um fora da lei
um iluminado
quinta-feira, 17 de julho de 2008
VÊ NO QUE TE TORNASTE

Homem,
vê no que te tornaste
numa mercadoria que se compra e vende
vendes a mercadoria que é a tua força de trabalho
troca-la por outra mercadoria, a pior de todas,
o dinheiro
compras a mercadoria que é o lazer
estás à venda no mercado
tal como as batatas, os detergentes, as melancias
espectador, limitas-te a contemplar o espectáculo
és sempre comandado por outros
alienado
consomes
e se não consegues consumir
ficas na mesma na merda
Homem,
vê no que te tornaste,
num farrapo.
CAMINHOS

Andaste metido em caminhos
não és um homem sério
não és um bom pai de família
não és um bom profissional
andaste metido em caminhos
portavas-te bem na infância e na adolescência
bem demais
depois descambaste
leste livros a mais
nunca mais serás um homem sério
um bom pai de família
um bom profissional
andaste metido em caminhos
desobedeceste ao comité central
quando andas mole até parece
que te convertes
mas depois volta essa onda dionisíaca
esse jeito de gingar
não és um homem sério
um bom pai de família
um bom profissional
andas metido em caminhos
cospes nas conveniências
desprezas a troca e os valores materiais
e gostas de andar à solta
nunca serás um homem sério
um bom pai de família
um bom profissional.
FARTO

Estou farto de velhos
estou farto de controleiros
apetece-me berrar loucamente
estou farto de ver os capitalistas empochar
estou farto de ver a vida imbecil que estamos a levar
estou farto de ver a cara dos políticos na televisão
estou farto das piadinhas dos humoristas
estou farto de boas maneiras
estou farto de coisas porreiras
estou farto de ouvir sempre as mesmas conversas
estou farto de pessoas néscias
estou farto das notícias do Telejornal
estou farto do comité central
de todos os comités centrais
estou farto dos gajos do futebol
só não me farto do rock n' roll
estou farto das conversas imbecis das velhas
estou farto do sorriso imbecil da empregada
estou farto de ver toda a gente atrás do dinheiro
estou farto de ser espectador
estou farto da sociedade espectáculo
estou farto de ver toda a gente alienada o dia inteiro
só não me farto dos bêbados
estou farto da União Europeia
estou farto da democracia burguesa
estou farto dos turistas e do Verão
e o Sócrates é um grande cabrão
estou farto desta gente que não se revolta
estou farto de andar às voltas
estou farto, farto, absolutamente farto
estou farto dos gajos do futebol
só não me farto do rock n' roll.
DIÓGENES, O CÍNICO

Diógenes, "o Cínico"
15.09.2003
Porque serão as pessoas de Atenas tão pouco generosas? Estão fartas, quase todas, deste excêntrico que dorme em qualquer parte, sob o pretexto de que a terra inteira é a sua casa. Que nunca se deixa impressionar pelos ricos nem pelos poderosos, nem sequer pelos deuses. Que vive com o seu casaco de lã grossa dobrado em dois, sempre o mesmo, tanto no Verão como no Inverno, e o seu alforge, onde enfia toda a comida que apanha. “O Cão”, como lhe chamam, há muito que irrita toda a gente. Os atenienses habituaram-se a vê-lo deambular por todo o lado, sempre descalço, qualquer que seja a estação do ano. Viram-no rolar na areia escaldante nos dias de canícula e, por vezes, no Inverno, espojar-se na neve, para enrijar, “exercitar-se”, como ele diz. As pessoas não sabem exactamente em que se exercita, mas não se habituam muito bem à ideia de dar com ele a urinar em qualquer sítio, e ainda menos a masturbar-se na rua, dizendo que seria bom que a fome também desaparecesse assim tão facilmente.
Será que este solitário hirsuto pretende trazê-los à realidade? A maioria dos atenienses encolhem os ombros. Pensam que Diógenes é um exaltado. Quem ouviu Platão dizer que este excêntrico é um “Sócrates que ficou louco” desconfia das suas extravagâncias. Mesmo assim, há muito que o admiram em segredo. Quando Diógenes se instalou na famosa pipa no Metroôn, muitos pensaram que não sobreviveria. Mas Diógenes sobrevive. Persiste, ano após ano. Ele obriga-se a viver duramente. E, para isso, é preciso coragem! Quando um vadio destruiu a pipa, alguns cidadãos perseguiram o culpado e castigaram-no. Reconstruiu-se, para o asceta tonitruante, um abrigo idêntico, que para ele era suficiente.
O que obriga a respeitá-lo é que Diógenes vive como pensa. Não finge. Eis alguém que é coerente nos gestos e frases. Um filósofo nas acções, não só no discurso. E muito menos um belo espírito que faz sempre o contrário do que diz. No entanto, Diógenes escreveu muito, e sobre temas muito diversos, desde tratados políticos a livros de moral. Mas a sua vida quotidiana fala pelas suas ideias. Quase ninguém leu as suas obras. Mas todos vêem o seu comportamento. Ele ensina pelas acções e pelo exemplo.
É verdade que, frequentemente, choca as pessoas. Porque é o primeiro a praticar este modo de vida denominado “cínico”, justamente por causa dos cães (“kunos”, em grego antigo, significa “cão”). Sem querer imitá-lo, aqueles que se cruzam com ele não estão longe, por vezes, de lhe dar razão. Quando Diógenes se refere a Platão como “falador inexaurível”, muitos atenienses partilham a sua opinião. E, quando ele se proclama a si próprio campeão olímpico na “categoria homens”, há quem concorde em segredo.
Mas os atletas, mesmo os virtuosos, têm de se alimentar. É por isso que Diógenes já se instalou, muito tempo antes do nascer do sol, precisamente no ponto de convergência de duas ruas. É o melhor local para mendigar. Dali, encostado à casa que faz esquina, a sua vista alcança toda a praça do mercado. Todos os atenienses que passam conseguem ouvir a sua voz. E ouvem-no, como de costume. Quer se chamem Platão, quer sejam menos famosos, quer sejam comerciantes, guerreiros, camponeses, escravos, homens ou mulheres, jovens ou velhos. Diógenes, como sempre, está decidido a não poupar os que passam por si. Mendigo sim, adulador não.
Maltrata-os para os abanar, para os acordar. Porque acha que são moles, ou estão atordoados, preocupados com os seus prazeres imediatos, incapazes de verem o essencial: serem homens, viverem livres, alcançarem a felicidade. Sim, é verdade que é um mendigo, ele, filho de um banqueiro, o antigo falsário exilado, o homem vindo de Sinope há já vários anos e que hoje vive nas ruas, como um cão, voluntariamente. Ele pede quando tem, de facto, muita fome e não tem nada para comer. Não tem a menor vergonha. Para ele, tudo é de todos. Quando lhe dão esmola, não lhe dão nada — entregam-lhe o que tanto é dele, como dos outros. É por isso que, para obter comida, Diógenes não se rebaixa perante ninguém. Pelo contrário, insulta os transeuntes o mais que pode.
“Ei tu, sim, tu, o gordo, estás-me a ouvir? Dás-me alguma coisa para comer? Em vez de encheres o bandulho, farias melhor dares-me alguma comida! Olha que tenho fome! E proíbo-te de me deixares assim! Estás a ouvir?” O outro continua o seu caminho sem voltar a cabeça. Então Diógenes reconhece, no meio da multidão, um avarento, que já lhe prometeu algumas moedas várias vezes, sempre para o dia seguinte, e começa a gritar: “Ó meu amigo, é para comer que eu quero o teu dinheiro e não para a minha sepultura! Se demoras tempo de mais, as tuas moedas servirão para me enterrar!” Alguns transeuntes riem-se. Ninguém dá nada. As horas passam. Ninguém atira a Diógenes um só cêntimo. Nem sequer uma côdea de pão ou algumas azeitonas. Fica sozinho, faminto, de mão estendida e com o seu discurso injurioso.
O sol já vai alto e ainda ninguém lhe deu nada. Diógenes não arreda pé. Continua a insultar as pessoas. O filho de uma prostituta atira- lhe uma pedra e ele gritalhe: “Atenção, meu rapaz, podias ter atingido o teu pai!” Um careca é injurioso e ele responde: “Felicito os teus cabelos por terem abandonado essa tua cabeça porca.” Um mercador ameaça-o de punho cerrado, Diógenes replica: “Enganas-te! Quando se estende a mão aos amigos, não se cerram os punhos!”
Provocar Diógenes é quase um passatempo para alguns transeuntes. Sob a violência aparente, procuram réplicas profundas. Um estrangeiro de passagem avança e interpela-o: “Ei, filósofo, sabes o que envelhece mais rapidamente nos humanos?” “A benevolência”, responde Diógenes. “E o que há de mais belo no mundo?” “Falar francamente! E tu és um chato”, acrescenta o cínico, antes de pedir, pela centésima vez, alguma coisa para comer. Um outro jovem toma a palavra. “É verdade, Cão, que vives aqui no exílio? “Estou muito feliz por estar exilado. Foi graças a isso que comecei a filosofar!” “E o que ganhas com a filosofia?” “Pelo menos o seguinte: estar pronto para qualquer eventualidade.” “Disseram-me também que tiveste de sair da tua terra porque tinhas falsificado dinheiro...” “É totalmente verdade”, diz Diógenes. “E também é verdade que, quando eu era muito mais novo, fazia chichi na cama, e agora já não faço.”
“Falsificar moeda” é a frase-chave da vida de Diógenes de Sinope, aliás, o “Cão”, ou ainda o “Cão real”. Ele próprio, ou o pai, ou ambos, passaram por traficantes de dinheiro, em Sinope, a sua cidade natal, e viram-se obrigados a exilar-se, quando o subterfúgio foi descoberto. Porém, Diógenes pensava ter agido bem. Em tempos, consultara o oráculo de Apólo sobre o seu destino. Resposta: falsificar moeda. Ora, o oráculo de Apólo não se iria enganar, todos sabem disso, mesmo aqueles que, como Diógenes, têm uma relação distante com os deuses. Então, onde estaria o erro?
Mais tarde, depois de se tornar filósofo, Diógenes compreendeu. A moeda que tinha de falsificar não era dinheiro! Mas as convenções sociais, os valores, o conjunto das relações sociais. Honras, poderes, riquezas, sabedoria, até mesmo os prazeres, todas as coisas de que os humanos tanto gostam e onde o sábio vê a falsidade que nelas existe, cabendo-lhe a ele fazer ver aos outros essa mesma falsidade. Tudo o que agita a humanidade: desejo, orgulho, receio, infelicidade, alegria — ele dá-se conta que tudo isso são pedras de imitação, peças sem valor, que circulam, passam por importantes, mobilizam e fazem sofrer, mas são apenas vento.
O segredo, o que contém e condiciona tudo o resto, é viver “segundo a natureza”. O ser humano que consegue encontrá-la encontrá- la e segui-la viverá feliz, despojado dos artifícios e dos males que a civilização engendra. Assim, Diógenes exercita- se, sistematicamente, a desfazer-se das convenções da vida social. A seus olhos, não são só engodos ou incómodos. São ciladas. Amizades que se tornam nefastas. Começou a compreendê-lo ao observar um rato. Certa manhã, pouco tempo depois de ter chegado a Atenas, quando dormia numa quinta, interrogava- se como iria viver. Começou a observar um rato e constatou que este animal não se preocupava em ter um tecto nem um trabalho. Era livre de comer o que encontrava no seu caminho e de dormir em qualquer parte e em qualquer altura. Eis o que é viver segundo a natureza: permanecer livre, bastarse a si próprio, não ceder a nenhuma das convenções da civilização.
Para conseguir isto, Diógenes decidiu, de repente, que tinha de seguir uma via abrupta, um caminho escarpado. Nada de meias medidas. Radicalmente. É indispensável desfazer-se das coisas inúteis. E há sempre coisas inúteis, mesmo quando julgamos termo-nos despojado de tudo — por exemplo, Diógenes apenas guardou uma tigela, um pequeno recipiente para beber. No dia em que viu uma criança, na fonte, a beber com as mãos, partiu este último utensílio. Não passava de uma espécie de moeda sem valor, uma falsa utilidade.
Nesta falsificação dos valores comuns, Diógenes vai muito longe. Não se limita à rejeição das honras e ao desprezo do poder. Dirige-se directamente às leis, na Cidade, a qualquer incarnação da autoridade. Desprezando Alexandre, o filósofo proclama-se, sem dúvida pela primeira vez na história, “cidadão do mundo”. Não poupa a religião. Chega a pilhar, nos templos, as oferendas destinadas aos deuses. E, quando uma mulher se prostra para rezar, olhando de soslaio o seu traseiro assim oferecido, o sábio agitado pergunta se ela não tem medo que um deus venha por trás, uma vez que eles estão em toda a parte...
E isto não é tudo. A instrução é posta de lado. A virtude só é apropriada para o sábio. Portanto, não há nada a fazer nem nas artes, nem nas ciências. É inútil até aprender a ler. Inútil casar-se. Inútil ter amigos. Inútil esconder-se para copular. Diógenes não é um homem de compromissos. Nenhuma combinação, nem qualquer aproximação. É um extremista da virtude, um hércules da coerência. Se queremos viver segundo a natureza, é com os animais que temos de aprender. Diógenes preconiza que as mulheres pertencem a todos, que as crianças são de todos, que não se preocupem com o incesto.
Diógenes não está sozinho simplesmente porque o rejeitam, o caluniam ou o condenam. Foi ele quem escolheu o refúgio, a grande solidão da liberdade total. Um dia, à saída do teatro, na altura em que a multidão deixava o hemiciclo, Diógenes pôs-se a caminho para entrar. “Que estás a fazer?” “Aquilo que fiz toda a minha vida!” Diógenes simboliza a existência contra a corrente, tanto com a sua grandeza, como com os seus limites. O seu desprezo pela carneirada, a sua exigência de coerência podem suscitar admiração. Podemos também pensar que tanta ostentação na simplicidade é sinal de um imenso orgulho.
O homem da pipa inventou o refúgio ante a civilização. Esta atitude acompanhará sempre, depois dele, a História ocidental de formas muito diversas, desde os ascetas do princípio do cristianismo até à “beat generation”. Com vantagens: denúncias da hipocrisia, coragem da virtude. E também com perigos: recusa da lei que desumaniza, o sonho da animalidade que desemboca na barbárie. Podemos também retirar daqui apenas a resistência face à adversidade, o desejo tenaz de nunca ser apanhado desprevenido pelo pior. É isto que testemunha o fim da história. Ei-la.
Diógenes encontra-se sempre na rua, de mão estendida. O sol baixa, e a sua mão continua vazia. Mas ele mudou de sítio. No início da tarde, instalou-se em frente a uma estátua, sempre de mão estendida. Permanece à frente da estátua, imóvel, mendigando sempre. “Ei, Diógenes, o que fazes aí?” “Exercito-me a receber recusas.”
DIÓGENES

DIÓGENES DE SÍNOPE
Summary rating: 5 stars
17 Avaliações
Autor : WIKIPÉDIA / MAGNUS AMARAL CAMPOS
Resumo escrito por : MAGNUSAMARALCAMPOS
Visitas : 327 palavras: 900 Publicado em: julho 31, 2007
Diógenes de Sínope Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Ir para: navegação, pesquisa A Wikipédia possui o
Portal de filosofia Diógenes de Sínope Diógenes de Sínope (c. 413 a.C., Sinop, hoje na Turquia – c. 323 a.C., Corinto) foi um filósofo grego e o maior representante do Cinismo. Essa escola filosófica foi fundada por Antístenes de Atenas, que fora discípulo de Sócrates e mestre de Diógenes. Segundo Diógenes Laércio, a morte de Diógenes ocorreu no mesmo dia em que Alexandre, o Grande, morreu na Babilônia. Outra lenda conta que Sócrates morreu no dia em que Diógenes nasceu. Segundo a tradição, Diógenes vivia a perambular pelas ruas na mais completa miséria até que um dia foi aprisionado por piratas para, posteriormente, ser vendido como escravo. Um homem com boa educação chamado Xeníades o comprou. Logo ele pôde constatar a inteligência de seu novo escravo e lhe confiou tanto a gerência de seus bens quanto a educação de seus filhos. Diógenes levou ao extremo os preceitos cínicos de seu mestre Antístenes. Foi o exemplo vivo que perpetuou a indiferença cínica perante o mundo. Desprezava a opinião pública e parece ter vivido em uma pipa ou barril. Seus únicos bens eram um alforje, um bastão e uma tigela (que simbolizavam o desapego e auto-suficiência perante o mundo), sendo ele conhecido como o filósofo que vivia como um cão. A felicidade - entendida como autodomínio e liberdade espiritual - era a verdadeira realização de uma vida. Sua filosofia combatia o prazer, o desejo e a luxúria pois isto impedia a auto-suficiência. A virtude - como em Aristóteles - deveria ser praticada e isto era mais importante que teorias sobre a virtude. Diógenes é tido como o primeiro homem a afirmar, "Sou uma criatura do mundo (cosmos), e não de um estado ou uma cidade (polis) particular", manifestando assim um cosmopolitismo relativamente raro em seu tempo. Diógenes parece ter escrito tragédias ilustrativas da condição humana e também uma República que teria influênciado Zenão de Cítio, fundador do estoicismo. De fato, a influência cínica sobre o estoicismo é bastante saliente. Provavelmente, Diógenes foi o mais folclórico dos filósofos. São inúmeras as histórias que se contavam sobre ele já na Antigüidade. É famosa, por exemplo, a história de que ele saía em plena luz do dia com uma lanterna acesa procurando por homens verdadeiros (ou seja , o ANIMAL SER HUMANO , aquele que não se importa em delimitação de terras, em manter família ou propriedade, aquele que come apenas quando tem fome, aquele que não se importa em manter um status social , diferentemente do SER HUMANO SOCIAL que se importa com tudo isso e que fez co que o animal ser humano desaparecesse, o que levou AUDOUS HUXLEY a perguntar se existe ainda algum lugar na Terra onde poder-se-ia ter férias, ou trirar férias ) . Igualmente famosa é sua história com Alexandre, o Grande, que, ao encontrá-lo, ter-lhe-ia perguntado o que poderia fazer por ele. Acontece que devido à posição em que se encontrava, Alexandre fazia-lhe sombra. Diógenes, então, olhando para o Sol, disse: "Não me tires o que não me podes dar!". Essa resposta impressionou vivamente Alexandre, que, na volta, ouvindo seus oficiais zombarem de Diógenes, disse: "Se eu não fosse Alexandre, queria ser Diógenes." Outra história famosa é a de que, tendo sido repreendido por estar se masturbando em público, simplesmente exclamou: "Oh! Mas que pena que não se possa viver apenas esfregando a barriga!".
Assina - Magnus Amaral Campos - CREMESP - formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - curso Tradicional - em 1.979 - 62@ turma e que vai disputar, com a anuência de Deus, as próximas eleições ao Egrégio Órgão de Classe , ano que vem , em 2.008.
MANIFESTO ANTI-PRAXE

Manifesto anti-praxe
Porque vemos na praxe uma prática que atenta contra os mais elementares direitos humanos, nomeadamente a liberdade, a igualdade, a integridade física e psicológica e a livre expressão da individualidade, ao mesmo tempo que exalta os valores mais reaccionários da nossa sociedade.
Porque não vemos qualquer motivo para a existência de hierarquias entre estudantes, tendo em conta que todos devem ser tratados por igual nas relações interpessoais.
Porque acreditamos que a tradição nunca poderá ser um entrave à mudança, muito menos, poderá alguma vez legitimar um comportamento inaceitável emqualquer sociedade.
Porque não aceitamos o poder auto-instituído e nada democrático dos organismos da praxe, que se constituem em estruturas paralelas com regras próprias.
Defendemos que a recepção aos novos alunos, sempre que se justifique a sua existência, se deve basear em relações de igualdade.
Nesta iniciativa, os estudantes olhar-se-ão nos olhos e tratar-se-ão por "tu", construindo um conjunto de redes de solidariedade e de camaradagem não exclusivas.
Todos se divertirão por igual, deixando a diversão de uns de ser a humilhação de outros.
Desta forma, incentivar-se-á o verdadeiro altruísmo que consiste em ajudar osoutros sem exigir qualquer contrapartida. Defendemos igualmente que a faculdade deve ser uma instituição aberta ao mundo que a rodeia, transformando-o e sendo por ele transformada.
Uma instituição quedeve proporcionar a livre intervenção e fomentar a criatividade, não impondo códigos de conduta nem promovendo a segregação. Mas este ideal nunca será concretizável enquanto o espírito da praxe reinar na faculdade. Exigimos ainda que as instituições de Ensino Superior tomem sobre si a responsabilidade de prestar todas as informações e aconselhamento necessáriosaos estudantes, quebrando assim com o princípio paternalista do "apadrinhamento" que compromete e fragiliza a autonomia dos recém-chegados.
Exercemos desta forma o nosso direito à indignação. Como parte da sociedade civil pensamos que o que se passa no interior das faculdades diz respeito a todos. Logo, jamais poderemos fechar os olhos à triste realidade das "tradições académicas". E juntamos a nossa voz à voz de todos os que lutam diariamente contra o cinzentismo da praxe e se batem por uma faculdade crítica, aberta e democrática!
Elaborado pelos Antipodas, MATA, República das Marias
Subscrito pela República Prá-kys-tão, e algumas dezenas de intelectuais e músicos portugueses como Sérgio Godinho, Prado Coelho, Luís Afonso, e mais uns quantos que a memória não recorda...
terça-feira, 15 de julho de 2008
segunda-feira, 14 de julho de 2008
sábado, 12 de julho de 2008
A BALADA DO SÓCRATES

SÓCRATES É UMA SECA
António Pedro Ribeiro
José Sócrates é um profeta da morte. Sócrates representa tudo aquilo que é contrário à vida autêntica. Sócrates é repressão, Sócrates é estatística, Sócrates é tecnológico, Sócrates é programado, Sócrates não tem coração. Sócrates é cinzento, Sócrates é polícia, Sócrates não teve infância, Sócrates nunca cometeu uma loucura, Sócrates é uma seca. Sócrates não tem emoção, Sócrates é gelo, Sócrates nunca deu a mão, Sócrates é um cabrão. Sócrates anda sempre perturbado, Sócrates faz amor com o mercado, Sócrates é um quadrado. Sócrates dá cada cambalhota, Sócrates só gosta da nota, Sócrates é uma anedota. É preciso derrotar o Sócrates, custe o que custar.
A ODISSEIA NO NOVA EUROPA

Acordo de manhã e sinto-me um conquistador. A saúde esplêndida. Sou o rei punk que regressa enquanto o Rocha hiberna. Bues de fixe altamente como a Carlinha. A cidade onde nasci é bela e cinzenta. A gaja do café limpa os vidros. O Manuel controla. Até me apetecia beber uma cerveja. Mas não o vou fazer. Não preciso. Sou o rei punk que regressa. No alto da barca. A vida sorri como nos anúncios. Mas sei que se escapa aos bocados. Aos poucos, não sobra nada. Sobras tu amor perdido na aldeia. Amor perdido em Braga. Coxas, voz doce, bandeja, "Astória". Era em Braga que deveria estar. Uma vez mais. Rei punk na tua imagem. Cinto desapertado, cowboy que chicoteia. Quanto te vir quero um beijo, um beijo louco na boca. E o Rocha que hiberna. E tu, loirinha, no "Púcaros". E tu no filme da poesia. No concerto cancelado da banda. "Loirinha". Sabes que temos uma canção chamada "Loirinha"? E o teu poema é o "Trip na Arcada". Sim, deveria estar em Braga à tua procura. Menina que vens do Gerês e entras na cama. Que me dás o amor e a vida.
Agora sim, estou possesso. Li dois livros de madrugada. Um sobre os Clash e outro de Eduardo Lourenço. Rei punk. Punk aristocrata. Eis a súmula. E o Manuel carrega as águas. E o Rocha que não sai da cama. 11:20. Nova Europa. Estou só e não preciso de ninguém. O pasteleiro carrega os bolos. Falta o Rocha para analisar os golos. Estou speedado demais para este pessoal. Estou noutro comprimento de onda. E o Aires e o Macedo que se cuidem. Rei punk. Poeta punk. Com o António Variações no ar. Estou com um speed do caralhão. Até me apetece discursar acerca do Estado da Nação. Anda apanhar-me agora, ó bardo da corte. Podes vir de fato e gravata e pastinha na mão. Anda apanhar-me que eu estou para lá. E tu, musa do Velvet, nunca mais te vi. Poeta punk. Vomito poemas ao som dos Clash. Sandinista! Combat Rock, London Calling. E os engravatados abandonam o café apavorados. Coitados, fogem de mim. Estou cheio de pedal. Até apareço no Telejornal. E o Rocha sempre a xonar. Eu produzo e os outros xonam. Como tu, Xoninhas, no Funchal. E tu, na rádio, a gozar. Sinto-me uma estrela. Ah!Ah! De novo, a estrela. Rei punk. Poeta punk. Há tanto tempo que não danço. Nietzsche deve andar satisfeito comigo, o Jim também. Não, não fui feito para linhas rectas nem para quadrados, nem para a razão. Sou do outro lado. Do lado louco, do lado subversivo, do lado punk. Rei punk. Um punk com maneiras. Um punk à maneira. É este o manifesto que fica. Até o Manuel já sorri. Sou doido. Absolutamente doido. Estou-me a despir perante vós. Não importa. Já passei por muita merda. E o Rocha permanece na cama. E se tu me desses um beijo? Quem vem amar-me ao palco? Hoje estou na companhia do divino marquês. Não há limites. O mundo começa hoje. Rei doido. Rei punk. Rei anarquista aos papéis em Paredes de Coura. Ouço vozes. Delírios. Alucinações.
Odisseia no "Nova Europa". Idade do ouro. E o Quim pede um queque. E o Rocha a dormir. E a gaja agarrada à loiça. Estou aqui a expôr-me. E daí? São 11:35. Estou no "Nova Europa". O destino da Humanidade passa por aqui. O padre renegado trata-me por rapaz. E eu rejuvesneço 20 anos. Ou talvez 2500. Volto à Idade do Ouro. À maravilha da criação. Zaratustra dança comigo e com as Bacantes. Dionisos punk. Quem vem amar-me? Hey! Isto é um happening. Dança! Sou o rei punk. Sou absolutamente sem limites.
COXAS
Subscrever:
Mensagens (Atom)