terça-feira, 31 de janeiro de 2017
LIBERTAI-VOS!
Imagens. Ruídos. Ecrãs. Pivôs. E depois o controle, exercido mesmo pelos mais próximos. Quero rebentar. Lembro-me de ti, no Candelabro, a dares-me as mãos, a dares-me forças. Partilhámos segredos. Rimos do mundo absurdo. As tuas dúvidas. Querida, eu quero provocar, agitar as consciências. Não ser apenas mais um. Não dizer o que os outros já dizem. Querida, eu quero o poder a arder, sobretudo nesta era de Trumps. Querida, eu já estou a arder. É tempo de caos, de barbárie. Não me imponham regras nem condições. Eu quero incendiar. Vejo-os tão formatados, tão alinhados que até metem dó. Que vida...sempre a obedecer, sempre a cumprir ordens. Não, querida, não vim para isto. Vim para reinar, vim para a liberdade. Sou dos tambores. Sou da dança. Sou do coração. Esta gente monótona aborrece-me de morte. Nem sei em que pensam. Mas também não suporto os detentores da verdade, aqueles que vociferam como cães. Querida, adoro-te. Dizem-me que tenho uma grande alma. Que chego onde os outros não chegam. Ainda assim hoje estou só nesta aldeia, sem ter com quem partilhar as minhas ideias. No entanto, o que vejo na TV a nível de debates é muito superficial, não se abordam as grandes questões. Suprime-se o tempo de reflexão. Mas, ao mesmo tempo, há esta raiva. Há o grito. Há a revolta. Por quanto tempo permanecereis acorrentados? Por quanto tempo aceitareis a máquina? Está tudo na mente. Desbloqueai a mente. Libertai-vos. Abri as portas. Abandonai a doença.
sexta-feira, 27 de janeiro de 2017
JESUS
Desprovido de todo o calculismo, de todo o realismo, de todo o materialismo, Jesus veio contra a ordem do mundo. Veio contra o próprio cristianismo. O seu nome é invocado pelos hereges. Segundo Karl Jaspers, "quando ele irrompia de novo e devastador, insistia em trazer o Reino de Deus, acompanhado pelo fim do mundo". Jesus não trouxe apenas a mensagem do amor universal mas também a mensagem da rebeldia. Por isso expulsou os vendilhões do templo, por isso condenou o dinheiro.
São tempos de fim do mundo estes, tempos de caos e barbárie. As pessoas atropelam-se na corrida. São manipuladas todos os dias. São drogadas todos os dias. Mas, através da luz de Jesus, da sabedoria de Sócrates, Platão e Nietzsche, da revolução de Marx, Bakunine e Che Guevara, o caos transformar-se-à em harmonia. Um novo homem, um novo mundo nascerá. Claro que uma boa parte ficará para trás, agarrada ao dinheiro, à mesquinhez, ao poder, às riquezas. Mas os outros encontrarão o caminho. Falta pouco. É uma certeza.
São tempos de fim do mundo estes, tempos de caos e barbárie. As pessoas atropelam-se na corrida. São manipuladas todos os dias. São drogadas todos os dias. Mas, através da luz de Jesus, da sabedoria de Sócrates, Platão e Nietzsche, da revolução de Marx, Bakunine e Che Guevara, o caos transformar-se-à em harmonia. Um novo homem, um novo mundo nascerá. Claro que uma boa parte ficará para trás, agarrada ao dinheiro, à mesquinhez, ao poder, às riquezas. Mas os outros encontrarão o caminho. Falta pouco. É uma certeza.
sábado, 21 de janeiro de 2017
REI
Cada palavra tua é uma cidade que arde. É o álcool maldito, os paraísos. Como Miller, como Bukowski, como Jim Morrison. Bebo até cair. De nada me importam as aparências. Putas de Deus. Putas do inferno. "Há poetas heróis e poetas somente/ buscando prazeres, quebrando correntes" (AMR). Hoje vou incendiar a Vila ou, talvez, a Póvoa. As mulheres excitam-me, fazem-me beber. E eu sou o rei. Reino sobre estas terras. Reino contigo, V. Estou a caminho dos céus. E a gaja ri. A grande puta. Puta de Deus. Sois tão imbecis, tão tapados. Não compreendestes Nietzsche, nem Sócrates, nem Jesus. Imbecis, tão imbecis. I love women/ I think they are great/ they're a blessing to the eyes/ a balm to the soul (Lou Reed). Estou demasiado acelerado para o mundo.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2017
REINO
O apocalipse é, simultaneamente, a chegada do reino. Estamos às portas do apocalipse e às portas do reino. Os sinais do reino- Jesus, Bakunine, a sua mensagem, estão entre nós. O reino pode vir a qualquer momento. "Não vos preocupeis mais com a vossa vida, com aquilo que comeis. Não vos preocupeis com o dia de amanhã; o dia de amanhã preocupar-se-à consigo mesmo". "Não junteis tesouros na Terra. (...) Juntai antes tesouros no Céu". Assim falou Jesus. Não discutais números, não façais contas. A vida virá ter convosco. Desprezai os moedeiros, os acumuladores. Não é essa a vossa riqueza. Olhai os sinais do reino. O mundo corre a nosso favor.
terça-feira, 17 de janeiro de 2017
SÓCRATES
É no pensamento que nós atingimos a nossa mais elevada possibilidade. Eis a grande lição de Sócrates, segundo Karl Jaspers. O pensamento é bem, é verdade, é a eternidade do Ser, ultrapassa-se a si mesmo, de acordo com Sócrates e Platão. Sócrates aproxima-se de Jesus, na medida em que entende "que unicamente com um espírito puro, imaculado de paixões terrestres, é que o homem poderia aproximar-se do divino". Sócrates é o homem auto-consciente da razão e da liberdade. Representa também a genialidade da personalidade sobre-humana. Sócrates é o diálogo, o deambular pela cidade, a interrogação, a curiosidade, o espanto. Sócrates é a filosofia.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
REVOLUÇÃO
Manhã cedo no café da Vera. A Vera não está. Levantei-me às 4 com ideias revolucionárias. Saí de casa às 7. Provavelmente vou dar uma volta pela aldeia. Assim o recomendam as médicas. E tu, L., em que mundos paras? Um grande escritor deve começar a trabalhar logo pela manhã. Ainda não fui capaz de criar personagens, além de mim próprio. Olha, uma coisa boa. Cada vez estou menos toxicodependente da televisão. Hoje até prometi sangue, incêndios. Dinheiro não me falta. Houve uma tentativa de infiltração de revolucionários no BE. É tempo de endurecer o discurso. É tempo de cerrar fileiras. A extrema-esquerda e os anarquistas têm que ser duros. Vamos meter medo a esta gente que só sabe trabalhar e ver passar as horas. Coitados, não evoluíram. Contudo, apesar de tudo, com um esforço dá para entrar em diálogo com eles. Como o Che na Bolívia, como Fidel em Cuba, como Chávez na Venezuela. Tenho eternidades à minha frente. Posso ainda ser o grande xamã. Vera, o teu café faz lembrar os filmes do Vasco Santana e do António Silva. Há cenas hilariantes, piadas, brincadeiras. Agora chegaste e volto a ser o poeta solitário que escreve versos à mesa do café. Haja amor, haja alegria, haja crianças. Temos de proteger os nossos, L. e V. A grande batalha aproxima-se. Eles matam-nos de guerra, fome e tédio. Nós temos que atacar. No centenário da Revolução de Outubro temos que atacar. "Anjos de Deus, tende cuidado, e vós, juízes, tende cuidado, com os por vós rejeitados" (Ian Curtis). Nada de negociações ou parlamentarismos. Catarina, Mariana, Marisa, nada de esquerda caviar. É tempo de combater. Olho por olho, dente por dente. Nada temos a ver com os fanáticos de Alá mas temos que fazer a guerrilha. Olha, que mulher linda entrou. A mão treme a segurar o café. Problemas iguais aos meus? Retiro os óculos. Tenho que ser forte. Superdragões, Jorge Jesus, guerras na bola e o povo a ver. Imbecis. Onde estão os meus exércitos? Já cá deveriam estar. Dai-me tempo de antena na rádio, nos jornais, na televisão. Mulheres, minha perdição. As notícias não dão bombas, incêndios em Lisboa. Paz na Terra. Morrerias por mim? Não quero qualquer cargo oficial, só lugares clandestinos. Quero pôr a minha inteligência ao serviço da revolução. Na Póvoa marquei terreno, consegui algumas vitórias. Com a candidatura à Presidência também. Todavia, é preciso mais. Muito mais. Tenho de conquistar novos reinos. Temos de derrotá-los, a todos esses imbecis, como Artur com Lancelot. Filhos da puta. A maldizer os meus comandantes. Não deixo. Não permito. Não sou. Reino aqui como no inferno. Não tenhas medo. Não tenhas medo. Não te faço mal. Nunca te farei mal. Só a esses bandidos. Vingarei o meu pai, os meus camaradas, os meus companheiros. Estou às portas do céu. A mente abre. Loucuras tantas. Amo-vos, meus irmãos, minhas irmãs.
quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
MEU AMOR
Chamaste-me "meu amor". Ainda assim sinto a tua falta. Sinto a falta daquela noite, daquele dia em demos as mãos e nos beijámos e em que o tempo foi nosso. Sinto a falta dos teus risos, dos teus sorrisos e das tuas histórias. Como concordávamos em quase tudo, como me fizeste soltar as ideias. És linda, L. És linda. Fizeste-me rejuvesnescer 20 anos, regressar àquele rapaz que enfrentava as feras. Ontem estive no Pinguim a gritar "O País a Arder" e o Jim Morrison. Consegui provocar e surpreender como um animal de palco. No entanto, sinto a tua falta. A falta da tua bondade, da tua verdade, da tua ternura. Apetece-me ir imediatamente ter contigo onde quer que estejas. Amo-te, querida.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2017
O JOGO
Segundo Buda, o conquistar o mundo não corresponde à vontade soberana do homem. Essa vontade integral encontra-se onde o homem se supera a si mesmo, onde não se deixa aprisionar nem por si mesmo nem pelas tarefas do mundo. Ser livre, abandonar as leis do lar, da família, da sociedade, eis o caminho a seguir. De facto, é o homem que não entra no jogo, que atira a bola fora, que diz: "isto não passa da merda de um jogo, para que me hei-de andar a mata?!", que é livre e soberano. É aquele que cresce na criação e na sabedoria. Porque, efectivamente, desde a nascença que nos impõem um jogo com as suas regras absurdas: um jogo que nos encaminha para o dinheiro, para a conquista, para o mercado, para a competição, para a manha. Um jogo que nos impede de ser livres e crianças sábias. Um jogo que nos destrói e nos mata.
quinta-feira, 5 de janeiro de 2017
TRANQUILIDADE
Apoderou-se de mim uma certa tranquilidade. Não que tenha alterado as minhas ideias políticas, não que tenha deixado de desejar as mulheres. Talvez o facto de me relacionar melhor com as gentes da aldeia, nomeadamente com o sr. Filipe, o farmacêutico, que professa ideias comunistas e é um homem culto. O que é certo é que hoje não estou virado para lançar o caos nem para gestos incendiários. Sou apenas o homem à mesa, sem pressas, antes de ir ao café da Vera beber uns copos.
domingo, 1 de janeiro de 2017
BRAGA, MEU AMOR
Há gajos que me atacam, que vociferam contra mim. Talvez já me temam. Talvez eu represente tudo quanto eles receiam. Incomodo tanto essa ralé. Miúdos e graúdos. Insisto, continuo a provocar. Fui humilhado, crucificado. Ai, o que eu passei. Não me conseguia expressar. Agora chegou a hora do caos, do meu grito, do meu reino, da vingança. Ah, como me sinto poderoso. E vós aí, a chapinhar na lama, a disputar o lugar, o cargo, a carreira. Ainda por cima estou na minha cidade. Braga, meu amor. Presentemente no "Chave d' Ouro" a dar dinheiro aos mendigos e a receber pulseiras com sorrisos. Ah, como eu tenho resistido. Como combati os dragões que dizem "tu deves!". Como passei aos leões que rugem "eu quero!". Ah, não passais de macacos vendilhões. Julgais que me feris mais, que me atingis, mas eu tenho companheiros, companheiras, tenho a águia e a serpente de Zaratustra. Ah, como reino. Como vislumbro o super-homem. Como o álcool desliza, como brilha a beleza. Ah, como este é o meu tempo. O tempo do caos e da anarquia. Ah, como gozo. Como sou soberbo. Como danço em cima de Deus.
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